Jennie suspirou aliviada após sair da sala, havia acabado de apresentar seu TCC e o professor aparentou fazer uma expressão boa. Não era de se estranhar, afinal Jennie tinha notas muito boas e era boa em estudar e entregar seus trabalhos. Provavelmente passaria com uma nota boa e se formaria de vez.
Como não tinham com quem deixar, acabaram levando Lego para a bendita faculdade, todos no campus acharam ele tão bonito e fofo que o garotinho foi carregado e puxado por toda a faculdade, isso até Chaehee o pegar de vez e negando para quem queria o pegar só um pouquinho alegando que era a tia favorita. Lisa estava apenas quase desmaiada no sofá e agradecida por finalmente não ter mais que sofrer fazendo TCC, ao menos não por agora.
— Qual é, Chaehee! Deixa ele vir com a gente um pouquinho!— Um de seus colegas pediu com um biquinho querendo pegar o garotinho.
— Não! Ele vai ficar comigo! Eu sou a tia dele então é comigo que ele tem que ficar!— Chaehee disse e mostrou a língua.
— Na verdade, quem tinha que ficar com ele são as mães.— Jisoo disse ao lado de Chaehee. Rosé estava agarrada no braço de sua namorada e ria da cena.
— Vocês não perceberam? Ela já monopolizou a criança! Não duvido nada que ela sequestre essa criança e a polícia ainda acredite que ela é a mãe.— Bambam disse inventando uma suposta teoria. Jennie riu e negou com a cabeça, era tão absurdo que era engraçada. Ten achou engraçado o que o amigo disse, mas se segurou para não rir ao sentir o olhar de Chaehee em si.
— Olha, sinceramente eu não duvido muito dessa daí.— Kai disse de braços cruzados.
— Quem?
— Quem o que, garota?— Kai perguntou confuso a olhando.
— Te perguntou? Vai arrumar o que fazer, garoto! Eu nem gosto de você!— Chaehee disse o olhando. Kai bufou irritado.
— Argh, por que você é assim? Por que você tem que ser minha amiga? Sua infantil!— Kai perguntou.
— Obviamente porque sua mãe me paga pra ser sua amiga, inclusive esse mês ela esqueceu de pagar, avisa ela.— Chaehee disse e mostrou a língua para o amigo de infância.
— Acho melhor vocês tirarem a criança do meio, tadinho.— Rosé disse rindo do que Chaehee acabou de falar, pegando Lego do colo de Chaehee rapidamente.
— E não é bom que ele fique com tanta gente, Lego é tímido e tem vergonha de tantas pessoas em cima dele.— Jennie riu acariciando os cabelos do garotinho.— Não é, amor?
Lego assentiu com a cabeça quieto, estava agarrado em Rosé, não queria ir com mais ninguém, então se agarrou na tia para não o pegarem. Inteligente, Lisa diria. Isso se ela estivesse consciente, pois estava dormindo e praticamente babando naquele sofá. Acabou ficando cansada por estar fazendo as coisas do seu estágio e depois lembrou que ainda havia que terminar de montar o que diria na apresentação, isso lhe levou a noite toda. Jennie sorriu, sentou ao lado de Lisa e a acordou carinhosamente tocando em seu ombro.
— Ei, Lili, já está na hora de ir pra casa. Levante, assim que chegarmos você dorme na cama.— Jennie disse, mas Lisa pareceu não mexer um músculo sequer ou ter algum tipo de reação.— Meu deus, o Lego caiu e ralou toda a cara!
Lisa praticamente pulou de susto na mesma hora, olhando para todos os lados assustada, se levantou rápido procurando Lego com o olhar.
— O que? Cadê o meu filho? O meu filho se machucou?— Lisa perguntou preocupada. Na mesma hora ficou confusa por todos estarem rindo de sua reação, não era assim que uma mãe teria que se portar ao escutar que o filho se machucou?
— Puta que parilez, só comédia com vocês.— Bambam disse rindo.
— Olha, eu acho que não é assim que se fala.— Ten disse o olhando.
— Ai, não importa, garoto.
— Tá, né.— Ten deu de ombros.
— Ai, sério? O que foi?— Lisa perguntou já mais acordada e percebendo a situação.
— Temos que ir pra casa, amor. Logo logo o Lego vai ficar com fome, e você também.— Jennie rindo ao ver Lisa esfregando os olhos por ter acabado de acordar, Lego fazia a mesma coisa.
— Tá, tá.— Lisa disse bocejando e estendeu os braços para Lego.— Vamos lá, goyangi.
Lego foi para os braços de Lisa, bocejando e se encolhendo como um gato, na mesma hora Lisa bocejou junto, quando os dois terminaram de bocejar, esfregaram seus olhos cansados. Todos riram ao ver a cena, deixando os dois confusos.
— É, ele não nega ser seu filho, Lalisa.— Rosé disse rindo.
— Ele está cansado de ser jogado pra cá e pra lá pela faculdade toda, não podemos o culpar.— Jennie disse rindo.
Os três se despediram a começaram a caminhar de volta para casa, sentindo o frio que estava começando a aumentar. Jennie suspirou, porém se assustou um pouco quando viu a fumaça saindo de sua boca, mas riu logo depois e começou a fazer várias fumacinhas, seus olhos estavam brilhando enquanto ela brincava com o ar, nunca havia feito isso. Lisa riu da namorada brincando, era extremamente fosse ver Jennie soprando para ver a fumaça. Lisa começou a fazer o mesmo e soltou uma próximo ao ouvido de Jennie, que colocou a mão e riu encarando Lisa, Lego olhou as mães fazendo e começou a tentar imitar, soltando pequenos gritinhos ao fazer, rindo logo depois e percebendo que a fumaça também aparecia quando ria, ficando feliz.
— Eu amo vocês dois, amo tanto que meu peito dói.— Lisa disse deixando um beijinho sobre a cabeça de Lego e um nos lábios de Jennie.— Agora eu... me sinto mais feliz que nunca. Não sou mais solitária.
— Nós também amamos você, Lili.— Jennie disse dando um selinho demorado em Lisa, fazendo as duas tentarem controlar a risada pelo atrito dos dois narizes gelados se encostando.
— Vocês realmente são tudo o que eu mais quis. Queria que nunca mudasse.— Lisa disse sorrindo, realmente se considerava uma garota de sorte, pois encontrou sua felicidade.
As duas ficaram se encarando enquanto conversavam, Jennie parou de falar e sentiu algo, se fosse um gato, com certeza suas orelhas estariam levantadas. Ela olhou para o lado e viu um gato marrom, aquele gato marrom. Ele encarava Jennie com intensidade daquele local escuro, seus olhos verdes se ressaltavam bastante em toda aquela sombra.
— Amor, algum problema?— Lisa perguntou. Jennie olhou para Lisa um instante, e quando olhou de volta não viu o gato mais lá.
— Eu vi alguma coisa bem ali.— Jennie disse.— Vamos ver.
— E-Ei! Você não pode sair entrando em becos assim! Jennie!— Lisa a chamava enquanto a seguia.
Quando as duas entraram e enxergaram melhor, não viram nada demais por lá. Jennie suspirou, sabia que não estava enganada, havia visto um gato ali, um gato estranho, mas talvez ele tivesse fugido.
— Esquece, acho que não vi nada. Vamos embora.— Jennie disse.
Quando os três sairiam dali, viram uma caixa se mexendo. Passaram alguns segundos olhando, e logo ela se mexeu novamente, dessa vez fazendo alguns barulhinhos. Eles se aproximaram para ver o que era, escutando algo como um latido. Estranharam e decidiram abrir.
No momento em que abriram, viram um filhotinho, era um cachorrinho bem pequeno mesmo, pareceu confuso com elas abrindo a caixa e rosnou. As duas estranharam ele estar no lixo, mas obviamente já sabiam o que era.
— Coitadinho, como tiveram coragem de abandonar um filhotinho no frio? Isso é tanta crueldade...— Jennie murmurou o olhando.
— É verdade. Eu odeio do fundo do coração quem faz isso.— Lisa disse irritada.— Droga, se eu levar mais um pra casa a Jisoo vai querer me afundar no chão...
— Lili, ele vai morrer de ficar aqui no frio.— Jennie disse fazendo os seus olhos de pidona.— Temos que levar ele.
— Temos que levar ele, mamãe.— Lego disse fazendo a mesma expressão que Jennie.
— Isso é golpe baixo...— Lisa murmurou, eles dois continuaram a encarando assim e fizeram até beicinho, fazendo Lisa suspirar.— Tudo bem, vamos levar ele pra casa.
— Yay!— Os dois comemoraram.
— Mas ele não parece querer vir.— Jennie disse ainda olhando o cachorro rosnar para si, quando Jennie tentou o tocar, ele latiu e até mesmo tentou a morder.
— Vocês entendem o que ele fala?— Lisa perguntou, eles assentiram.
— Ele disse que não vai ir com a gente porque estava esperando o dono dele, então é pra gente sair daqui.— Lego disse com o seu falar enrolado de criança.— Mas, mamãe, o dono dele vai voltar?
— Provavelmente não, goyangi.— Lisa disse negando com a cabeça.
O cachorro continuou latindo e rosnando, parecia querer continuar no frio para esperar o suposto dono. Elas poderiam tentar fechar a caixa e levar ele, porém a caixa está tão podre que provavelmente vai rasgar com o cachorro se movimentando. Lisa suspirou e deixou Lego no chão, só havia uma coisa a se fazer.
— Tá, vamos lá.
Lisa pegou o cachorrinho com as mãos, apertou ele contra si e começou a correr. Lego e Jennie começaram a correr atrás dela confusa. Acontece que o cachorrinho começou a morder sua mão e a arranhar, estava doendo e nem era do jeito bom como era com Jennie, então ela queria chegar o mais rápido possível em casa.
— E lá se vai minha foda de comemoração de hoje. Eu só espero que no mínimo você seja vacinado...— Lisa murmurou para apenas ela mesma ouvir enquanto corria, ficando agradecida e até mesmo confusa por Jennie e Lego correrem tão rápido. Era meio humilhante uma criança de três anos correr mais rápido que você, mas por sorte ele só conseguia se tivesse com as mãos no chão, o que não podia mais fazer, então Jennie estava com ele no colo. Lisa sentiu uma gota na cabeça e olhou para cima vendo o céu cinza.— Acelera o passo, Nini! Vai chover!
Ao chegarem em casa, agradeceram por terem corrido e não terem pegado chuva. Lisa foi dar banho no cachorro enquanto Jennie foi fazer alguma coisa que não fizesse mal ao filhote, pois só havia ração para gato ali, e nenhuma das duas tinha ideia se o cachorro podia consumir isso. Lego foi apenas encher a tigela que Jennie a deu de água.
Quando Lisa saiu com o cachorro nas mãos, Jennie percebeu o estado da namorada e sua cara nada feliz, talvez ela não fosse muito com a cara de cachorros, Dalgom talvez pode ser uma prova disso, mas ela realmente merece o que ele fez às vezes. Lisa o deixou no chão para andar pela casa, os gatos começaram a o olhar, ele latia para eles se afastarem.
— Fique agradecido por estar aqui, você morreria de frio lá fora.— Lisa disse, fazendo apenas com que o cachorro rosnasse para ela.
— A comida e a água.— Jennie disse e colocou no chão junto de Lego, o cachorro ainda rosnava.— Amor, se afasta.
Ele ficou um tempo as encarando, até que cheirou a comida, então começou a comer. Ele comeu tudo tão rápido que as duas até se assustaram com a velocidade, ele realmente estava com fome. Morreria de frio e fome se passasse mais tempo naquela caixa suja. Jennie se aproximou, ele pareceu se encolher na defensiva, porém acabou deixando Jennie o acariciar aceitando de bom grado seu carinho. Jennie o colocou em seu colo e sorriu o acariciando, Lego sorriu e fez carinho no bichinho também. Lisa levantou a mão e ele rosnou, não pareciam se dar muito bem.
— Eu não vou te machucar, tá bom? Pode confiar em mim.— Lisa disse aproximando sua mão, ele acabou a mordendo, assustando Jennie e Lego. Lisa deu um sorriso fraco sem se mexer.— Tudo bem, pode me morder se você quiser, carinha.
Quando viu que Lisa realmente não faria nada, parou de a morder. Lisa sorriu e passou a mão sobre a cabeça do cachorro lentamente o acariciando.
— Precisamos dar um nome.— Jennie disse o olhando.
— Tem que ser com “L”.— Lisa disse logo.
— Por quê?
— Porque é a família L, não tem graça se ele não tiver “L”.— Lisa disse.
— Ei! E eu?— Jennie perguntou apontando para si.
— Você é a minha gatinha especial, amor. Era pra ser a última, então eu iria encerrar a família L.— Lisa disse e sorriu.— Mas pode ser a família Manoban.
— E como eu vou fazer parte dela?— Jennie perguntou.
— Sendo minha esposa.— Lisa disse, mas logo depois percebeu o que disse e ficou vermelha, do mesmo jeito que Jennie.— E-Eu não quis dizer isso! Na verdade eu quis, mas eu... eh, e-eu...
— Love!— Lego disse salto fazendo as duas o olharem confusas.— O nome do Au-Au pode ser Love.
Lisa sorriu e afagou a cabeça do filho, provavelmente era a única palavra em inglês com “L” que ele conhecia, era de se esperar.
— Tudo bem, Love. Agora você vai ser da família, querendo ou não.— Lisa sorriu e acariciou o bichinho.