Blueberry [ Kth+Jjk ]

Bởi LeeVtk

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[ CONCLUÍDA ] Jungkook possui a aparência típica de badboy, onde todas as garotas e garotos dariam de tudo p... Xem Thêm

Orégano e Bicarbonato de Sódio
Torta de Limão e Caffé Macchiato
Naked de Blueberry e Morango

Atum branco com salada de papaia verde

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Bởi LeeVtk


Entrei dentro do banheiro apressado, sentindo o meu rosto queimando pela vergonha. Onde eu estava com a cabeça quando considerei seguir os conselhos do Jimin? Respirei fundo, ligando a torneira para enxaguar o rosto. 

O cheiro de nicotina assim como chocolate estavam impregnados na pele pálida, o último eu sabia que era por conta da preparação dos muffins. Os braços fortes demarcados com várias tatuagens, não estavam me fazendo bem. Chegou uma hora que até enrolei um pouco na preparação do café e quase deixei passar do ponto. 

Jungkook, o nome dançava nos meus lábios assim como a memória do beijo. Eu queria ter aprofundado, queria que ele me pegasse com força contra a bancada daquela cozinha mas a única reação que eu tive foi os olhinhos de jabuticaba arregalados de surpresa. 

E ali eu constatei, um garoto tão popular e viril, podendo ter qualquer um na sua cama é lógico que não ligaria para um caipira, vindo do interior – como todos me chamavam – ele tinha opções melhores. Mas eu não queria me convencer dessa forma, quero achar que tenho uma mera chance, nem que fosse apenas uma única vez na sua cama. 

Não, eu não queria ser apenas isso pois o meu coração era tolo e apaixonado. Eu sabia que se isso ocorresse, sofreria demais, mas não me importava. 

Jungkook é o meu exemplo, mesmo ele sendo mais novo, a única coisa que eu queria era a sua atenção, ser notado e retribuído com os sorrisos que eu dava em toda aula de treinamento na cozinha. Mas ele me ignorava, como um mero estudante arrogante. Por mais que o Jimin me falasse para eu ser mais firme e que, ao invés de distribuir sorrisos, deveria distribuir provocações por ter ganhado do Jeon em quatro concursos seguidos. 

Eu não conseguia ser dessa forma, quero trabalhar com ele e quem sabe dar uns beijinhos naquela mandíbula bem marcada. Confesso ter ficado surpreso, quando Jungkook disse que queria fazer os muffins comigo, eu saltitava de felicidade por dentro, apesar de sempre ter aquela desconfiança. Por que ele estaria fazendo tudo isso? 

Enxuguei o rosto em uma toalhinha pendurada no banheiro e sai, encontrei tudo silencioso, me aproximei da cozinha vendo os muffins em cima da pia. Olhei pela janela, Jungkook estava lá embaixo, os lábios finos tragando o cigarro, os olhos fechando-se em deleite. Vi o exato momento em que ele vestiu a jaqueta e subiu na moto, achava que ele só havia descido para fumar mas realmente estava indo embora. 

Caminhei de volta para a sala, notando um pedaço de post-it pendurado na televisão. Peguei ele, lendo as letras engarrafadas e apressadas. 

"Precisei ir embora, os muffins não tive como experimentar mas espero que estejam bons e que você goste. Qualquer coisa pode me chamar por esse número..."

Observei o número por alguns instantes, peguei o meu celular adicionando no Kakao. A foto de perfil chamava atenção, Jungkook encostado em sua moto de braços cruzados e a típica sobrancelha levantada, demonstrando todo o seu poder e rebeldia. Não queria parecer um desesperado, afinal ele acabou de sair da minha casa, dessa forma apenas bloquei o celular e voltei para a cozinha. 

                               🍰🥘

Caminhei pelos corredores da imensa casa, os tons pastel e preto dominaram cada pedacinho, se não estivesse familiarizado ficaria perplexo com tamanha riqueza. Os lustres pareciam ser de cristais, assim como as maçanetas lembravam ouro. O sol escaldante lá fora mas aqui dentro, o frescor e o cheiro de limpeza adornavam o ar. 

Cheguei na cozinha depositando os bolinhos de chuva em cima da bancada, minha mãe lavava a pilha de pratos e o meu pai dominava a limpeza do chão. 

— TaeTae! — Ela exclamou sorridente, erguendo a bochecha como sempre para eu depositar os beijinhos, assim como o meu pai. 

— Trouxe os bolinhos para a senhora Oh — Meu pai assentiu, inclinando o corpo para frente juntamente com o aspirador de pó. 

— Da última vez ela faltou saltitar por essa casa inteira com o cheesecake. — Sorri constrangido, meus pais amavam a minha comida, principalmente as sobremesas, uma herança passada de geração em geração. Eu sentia o orgulho transmitido e o brilho no olhar quando eles falavam que alguém havia adorado algo que eu fiz. 

— Deixou um agrado para você, embaixo do vaso chinês.— Ela indicou com o queixo o objeto em cima de uma mesinha no canto, caminhei apressado, o vaso era branco com diversos soldados azul claro como pintura. 

Encontrei um envelope de camurça inteiramente preto e com as bordas douradas, abri vendo uma quantidade exorbitante de dinheiro, pagando quase o dobro ou triplo do valor que eu vendia os bolinhos. Peguei tudo em choque mostrando para os meus progenitores que encaravam a cena estarrecidos. 

Tinha um bilhete, em um papel diferente do que eu estava acostumado, as letras eram perfeitas como se tivessem desenhado cada uma. 

"Querido TaeTae, permita-me lhe chamar assim, visto que estou tão habituada com sua mãe falando de você dessa forma que não poderia deixar de lhe chamar também. Agradeço imensamente pelos cheesecake e com certeza os bolinhos de chuva não valem o preço que você cobrou, percebi que tudo dessa família Kim é maravilhoso. Com isso venho aqui lhe propor um convite. Daqui a três meses irei preparar um baile para a minha filha do meio comemorar sua maioridade, contratei uma equipe de cozinheiros para fazer os pratos principais e gostaria muito que você ficasse responsável pelos quitutes servidos ao decorrer do baile. Para mais acertos, vamos marcar uma reunião. 

Assinado: Oh jihye" 

— Meu Deus! — Minha mãe pulou animada, sorrindo e abraçando o meu pai. — Podemos pagar uma parcela da dívida. 

A dívida, toda vez que ela falava disso o meu coração se entristecia, queria ser um filho melhor para não precisarmos passar por essa situação. A minha família possuía uma padaria há muitos anos. Porém não sabíamos que os ingredientes para a preparação dos bolos sofresse um aumento absurdo, entre pagar os funcionários e preparar os alimentos para a revenda, preferimos a confecção de bolos mas nenhum foi vendido, visto que um boato espalhou-se pela rua dizendo que não éramos bem higienizados, a vigilância sanitária foi averiguar tudo e eu percebi ali que fomos sabotados. 

Um rato morto fora jogado atrás da geladeira, não havíamos percebido o bichinho pois tinha certeza que passei pano naquela cozinha inteira, afinal eu era o responsável pela limpeza. A culpa se instaurou pelo meu ser, a padaria foi fechada com uma multa muito alta, fora a dívida que tínhamos com os funcionários. 

— Podemos pagar a dívida toda se eu vencer o concurso. — Já tinha comentado sobre isso por uma ligação que fizemos, mas eles não ligaram muito. Pois não poderiam criar esperanças em algo incerto. 

— Eu sei que você pode ganhar TaeTae, mas vamos manter o pé no chão por enquanto tudo bem? — Kim Areum falou, passando a mão delicada pela minha  bochecha e logo depois suspendendo os pés para depositar um beijo na testa. 

— A senhora Oh é uma mulher de respeito mesmo, até agora só tem nos ajudado. — Dessa vez foi seu pai que falou, com o bilhete em mãos. 

— Ela se ofereceu para pagar a nossa dívida. — Relatou a mais velha — Não quero envolver outras pessoas nisso Tae, já está sendo duro demais. 

Meus pais trabalham nesta casa a três meses, duas vezes por semana e os outros dias passavam em outros locais. Cada mísero dinheiro era depositado em uma conta separada, especialmente para a dívida. Eu nunca cheguei a encontrar a senhora Oh, pois ela trabalhava o dia todo junto com o marido na empresa que eles possuíam. 

— Vamos conseguir, vou depositar esse dinheiro agora. — Relatei pegando a quantia do envelope e guardando no bolso, no entanto a minha mãe negou com o rosto. 

— Desde que entramos nisso tudo você não se diverte, meu amor, aproveite esse dinheiro do seu próprio suor para comprar algo que queira. — Neguei com o rosto, o que eu mais queria nesse momento era ver a padaria renovada. 

— O que eu mais quero é o nosso lugarzinho de volta, cozinhar é o meu divertimento. — Relatei sorrindo gentil, ela por outro lado começou a chorar me puxando para um abraço apertado. 

— Filho como você não existe mais hoje em dia. — Meu pai se juntou ao abraço, me espremendo naquele pequeno ninho de amor. 

— Eu preciso ir, vim aqui rapidinho, deixei o Jimin na faculdade com as coisas para vender — Eles assentiram, minha mãe enxugando as lágrimas com a manga da blusa e o meu pai voltando para o aspirador como se não estivesse chorando também. 

— Qualquer coisa nos ligue meu pequeno, e esse dinheiro aqui. — Empurrou a quantia sobre meu peito — Aproveite uma vez que te dão oportunidade. 

Ela não esperou uma resposta, voltando a lavar as louças de porcelana, respirei fundo guardando tudo no bolso e me retirando pela porta dos fundos. 

O caminho até a faculdade foi tranquilo, tive sorte que o Jimin apareceu na minha casa mais cedo e eu pedi para ele montar a pequena mesa com os Caffé Macchiato juntamente com os muffins, em frente ao campus de humanas. 

Caminhei despreocupado por entre os corredores, no entanto franzi o cenho quando vi um amontoado de gente onde normalmente a mesa era depositada. Apressei os passos, vendo Jungkook e Jimin, os dois pareciam em uma discussão fervorosa com direito a apontar o dedo um no rosto do outro.

— Você não tem um pingo de direito de ficar aqui Jungkook, então pode sair! — O Jeon riu descrente, jogando a cabeça para trás como se ele tivesse dito uma piada.

— Ligue para o Taehyung, eu tenho direito tanto como você! 

— Por que você não liga?! A é mesmo tenho certeza que não tem o número dele, visto que NÃO é o amigo dele. — Jungkook se aproximou, depositando as mãos com força em cima da mesa. 

— É aí que você se engana, meu caro Jimin, vou esperar o Taehyung aparecer e confirmar tudo que eu disse agora a pouco. — Resolvi aparecer, para tentar entender o motivo da briga. 

— O que está acontecendo? — perguntei, cruzando os braços e encarando os dois. 

Jungkook esta manhã parecia mais bonito do que os outros dias, dessa vez ele estava com um moletom enorme preto juntamente com uma calça colada jeans inteiramente rasgada nas coxas musculosas. 

— É ele Hyung! — Apontou visivelmente alterado, com um biquinho enorme nos lábios. Parecia uma criança quando tomavam o doce, pisquei surpreso, ele nunca havia me chamado de Hyung. — Não quer deixar eu ficar aqui também, eu mereço. 

— Jungkook porque você quer ficar aqui? — perguntei baixinho, apenas para ele escutar, não queria chamar mais ainda atenção das pessoas. 

— Só quero ver a reação das pessoas quando comerem os muffins, Hyung. Fora que fiquei esperando sua mensagem ontem e você não me enviou nada. — Ele falava tudo com um pesar na voz, parecia decepcionado. Se eu soubesse que estava esperando, com certeza eu teria mandado mas não queria parecer desesperado. 

— Eu fiquei muito ocupado, assim que você foi embora eu limpei a cozinha e capotei na cama. — O tatuado assentiu, compreendendo a situação. 

— Eu posso ficar… aqui? — Queria apenas saber, quem negaria um pedido desses com o rosto extremamente fofo dele, o oposto do corpo todo trabalhado na academia e as tatuagens no braço. 

— É claro… — Fui interrompido pelo Jimin, entrando na minha frente com as sobrancelhas arqueadas. 

— Você vai deixar esse projeto de tatuagem ficar aqui?! Vai espantar os clientes com essa cara feia. — Acabei rindo quando Jungkook olhou feio para ele. Principalmente pelo fato do Jimin estar com ciúmes e não saber demonstrar a sua preocupação com outros gestos, além desses. 

— Pelo menos eu não sou pequeno como você! Seu projeto de gente! — Dessa vez Jungkook aproximou-se de mim, tentando alcançar meu amigo que estava atrás. 

— É melhor vocês pararem com isso se não vão espantar de vez os meus clientes! — Me exaltei, puxando pelo braço o meu melhor amigo que me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas, em completo desafio. — Depois eu te explico. 

— Eu acho bom mesmo. — O olhar que ele lançou para o Jungkook foi profundo, mas o moreno revidou com tudo que possuía, a carinha de bravo que ele fazia era fofa. — Toma, eu teria vendido mais se ele não tivesse aparecido. 

Ele me entregou uma bolsinha cheia de dinheiro, juntamente com um caderno do que tinha vendido mais. Peguei tudo colocando dentro da minha bolsa de couro marrom. 

— Depois conversamos mais, vou precisar ir agora. — Ele deu dois tapinhas na minha bunda e se afastou, olhou para o Jeon no qual atendia um cliente. — Estou de olho em você!

Jungkook apenas revirou os olhos e voltou a sorrir para a garota que entregava o café, me aproximei para pegar o dinheiro e anotar no caderno o que tinha vendido. Era um costume desde quando eu abri o meu próprio negócio, decidi anotar tudo para avaliar no final do dia o que mais tinha dado lucro. 

— Você vai continuar vendendo aqui, Oppa? — Peguei a conversa pela metade, por isso foquei apenas em organizar os muffins, só tinha quatro, o Jimin vendeu muito, mais cedo.

— Eu não sei, tudo depende do cozinheiro, se ele me quiser, eu ainda continuarei aqui. — Ele jogou a indireta e eu levantei o rosto para encará-lo, no qual me olhava sorrindo de canto. 

— Eu espero que você esteja aqui. — Ela se inclinou para pegar dois muffins e um caffé, o decote fazendo um certo volume nos seios fartos. — Será um prazer comprar todos os dias. 

— O prazer será inteiramente nosso, mas ainda não tenho certeza se vou continuar. — Ela fez um biquinho com os lábios cor de pêssego, pegando dentro da bolsa o dinheiro para os alimentos e depositando em cima da mesa. 

— Eu entendo perfeitamente, qualquer coisa. — Ela piscou um dos olhos — Sou da área da computação. 

Dito isso virou as costas, inclinei meu rosto para o lado vendo a saia extremamente curta, ela estava indo realmente para a faculdade ou uma festa? 

— Desculpa por estes eventos  inconvenientes. — O Jeon curvou-se constrangido, pegando o dinheiro e depositando na minha mão. 

— Está tudo bem, contanto que venda bastante e não atrapalhe em nada. — Ele assentiu, bagunçando de leve os cabelos cor de ébano. — Não precisa ficar com vergonha, eu sei que você arrasa corações por aí. — Empurrei seu ombro de leve, aproveitando que não tinha nenhum cliente. 

— O que? Lógico que não, é só complicado explicar. — Observei seu rosto ficar vermelho e me surpreendi, o famoso bad boy, rei da pegação ficou constrangido por isso?

— Vamos poupar a sua explicação, você foi embora ontem sem experimentar o meu caffé macchiato. — Ele arregalou os olhos, formando praticamente várias constelações na esfera redonda. 

— Me desculpa Hyung! Eu tive uma emergência de última hora! Eu tinha prometido não é? — Sorri de canto, feliz por ele ter me chamado novamente de Hyung, preferi não falar nada com medo dele ficar emburrado. 

Durante esse pouco tempo que passei ao lado do Jungkook, observei que o seu humor era relativo e um pouco complicado, às vezes estava mais aberto a conversar já outras apenas se fechava em seu próprio mundo e agia de uma forma grosseira, um claro sinal para não perturbá-lo. E hoje ele estava com aquela personalidade meiga e gentil, com aqueles incríveis olhos de coelhinho.

— Não tem problema, esse aqui é para você! — Entreguei um copo com o Caffé. — Uma recompensa pela ajuda de ontem. 

— Não precisa, ele vai fazer falta no seu lucro. 

— Pare de bobagem, se eu estou te dando é para aceitar. — Ele sorriu de canto e pegou o copo personalizado, encarando o objeto. — Não vai experimentar? É melhor beber logo antes que seu amigo beba. 

Ele riu dessa vez, negando com o rosto em seguida, franzi o cenho com sua ação mas logo sorri quando ele experimentou, ficando bons segundos extremamente sério. 

— O que achou? — Ele tomou mais um pouco e fez barulhinhos como se estivesse mastigando o gosto. 

— Olha Taehyung… — Fechei os olhos esperando o seu olhar julgador e as críticas internas. Porém senti algo macio tocar os meus lábios, abrir os olhos surpresos encarando o rosto tão perto ao ponto de estar me beijando. 

Eu realmente não entendo o Jungkook, e quando falo não entender é o caso de nunca saber o que ele está prestes a fazer ou falar, ontem eu o beijei e agora ele vem me beijando do nada? Uma retribuição ou apenas seguindo o modo como eu disse sobre trocar selinhos com amigos? Eu nunca havia feito isso com o Jimin, só foi uma desculpa esfarrapada que inventei para não sair na merda. 

Me afastei confuso e um pouco atordoado, vendo o seu sorrisinho de canto e ele limpar o pequeno bigodinho que formou com a espuma do leite.  

— Eu nunca experimentei um Caffé tão bom como esse, acho que agora sei porquê você chegou derrubando tudo. — Juntei minhas sobrancelhas formando vínculos, não entendendo a sua fala. 

— O que eu derrubei? — Ele negou rindo incrédulo mais uma vez, antes de levar o canudo à boca. 

— Você sabe… desde quando chegou, eu perdi o meu posto de primeiro lugar nos concursos. — Arregalei os olhos, esquecendo completamente desse detalhe. 

No começo confesso que foi massacrante ganhar todos os concursos seguidos, eu ficava altas horas da madrugada junto com o meu pai, aperfeiçoando técnicas e elaborando receitas, apenas para ganhar os concursos, esses o qual sempre tinha escolha entre o dinheiro ou ir viajar para outro lugar, escolhia sempre o primeiro mas nunca foi o suficiente para pagar a dívida dos meu pais.

Fora todas as vezes que eu ganhava um concurso, era destratado em sala de aula, eles diziam que eu era caipira demais para ganhar algo e com certeza tinha subornado os superiores e jurados. Jungkook foi o único a não me destratar, tudo bem que ele quase sempre me ignorava nas minhas tentativas de conversa mas nunca chegou ao ponto de me insultar apenas por andar no mesmo local. Talvez fosse o destino esperando o tempo certo. 

— Você sabe que os primeiros lugares que eu conquistei não foram nada, certo? — Desdobrei a mesa e o Jeon me ajudou a pegar a cadeira para levar ao carro. — Não significam nada quando eu sou um caipira vindo do interior, acho que o status influencia muito. 

Esperei o tatuado responder algo mas ele apenas tirou um cigarro do bolso, com uma mão e a outra continuou carregando a cadeira, parou rapidamente para acendê-lo. Conseguir distinguir algumas pessoas parando para observar, os cochichos ficando cada vez mais agonizantes, talvez eu não deva aceitar sua ajuda, não quero as pessoas falando mal dele por andar com uma pessoa como eu. 

Continuei caminhando fingindo não ligar pela fofoca alheia, esperando no fundo que o mais novo estivesse me seguindo, mas eu conseguia sentir pelo cheiro da nicotina, assim como do seu perfume amadeirado.

Cheguei próximo ao meu carro destravando o porta-malas, ele não era um dos mais novos do mercado e nem velho, havia ganhado dos meus pais quando tudo ainda era perfeito, sem dívidas e contas para pagar. Pensei em vendê-lo também, mas os progenitores alegaram que seria muito difícil para a entrega dos bolos e sobremesas. 

— Eu acho que você não deveria ligar para as pessoas que te chamam dessa forma, afinal o seu status não é posto na mesa quando você ganhou todos os concursos e eles são sim de grande valor, Hyung! — Ele colocou a cadeira com cuidado no porta-malas, se afastando para tragar mais uma quantia para os pulmões, tossi um pouco por conta da fumaça — Incômodo? Se quiser eu apago. 

— Não incomoda, pode continuar. — Coloquei a mesa no mesmo local que ele havia colocado, fechando e me encostando ao porta-malas. — Acho que estamos em realidades diferentes para discutirmos sobre isso.

— Talvez seja a forma que você encontrou para argumentar comigo. — Ele levantou uma das sobrancelhas desafiante, sua mandíbula trincada mais ainda por conta do cigarro. Pisquei os olhos tentando desviar a atenção do seu corpo e principalmente daquela boca mais vermelha que o normal.

— Achava que não tinha gostado do meu selinho de ontem. — Agora sim eu conseguia ver um garoto tímido, suas bochechas coraram e ele precisou apagar o cigarro por conta da tosse repentina. 

— O de hoje foi só porque você estava nervoso, queria que você relaxasse. — Se o relaxamento dele fosse sempre dessa forma, eu faço questão de sempre me mostrar nervoso. — Afinal, amigos fazem isso certo? 

Assenti com o rosto, caminhando até ficar frente a frente consigo, talvez eu estivesse em algum momento de insanidade ou fosse acordar de um sonho a qualquer momento por um beliscão do Jimin. 

Queria que o Jungkook me visse da mesma forma que eu o vejo, decerto ele não me queira ver nem pintado de ouro depois do que pretendo fazer, mas eu estou pronto para arriscar tudo. 

Passei minhas mãos pela sua mandíbula, vendo os olhinhos confusos, a respiração demonstrando um claro sinal de alteração. Aproximei meus lábios, passando a língua de leve no seu lábio superior, um gostinho de cigarro misturado com morangos e caffé, descobrir que o da fruta deveria ser de algum lip balm, os pelinhos da sua nuca arrepiaram diante do meu toque e eu achei mesmo que ele iria fugir e fingir que nada tinha acontecido igual ao selinho, mas fui enganado. 

O mais novo passou as mãos tatuadas pela minha cintura, puxando o meu corpo para colar ao seu, ele entreabriu os lábios  dando-me permissão para fazer o que bem queria e eu estaria mentindo se dissesse que não aproveitei bastante. Até o meu último fôlego. 

A pressão em volta da minha cintura era gostosa, queria ficar ali para sempre se pudesse, no entanto tudo que é bom dura pouco e foi isso que ocorreu, o beijo se encerrando por falta de ar.

— É lógico que amigos fazem isso é completamente normal. — relatei um pouco ofegante demais para a minha mente maligna, traçando pensamentos impuros. 

Jungkook continuava de olhos fechados, tentando regular a sua respiração enquanto assentiu, concordando com a minha fala plenamente. Quando ele iria falar algo o sinal indicando que o primeiro horário havia se iniciado tocou, me afastei das suas mãos apesar de não ser isso que eu pretendia naquele momento. 

— Até mais, Jungkook! — Pisquei um dos olhos antes de me afastar, vendo seu semblante confuso e entorpecido. 

🍰🍙

Definitivamente o meu "até mais" não foi um "até daqui a pouco, depois das aulas" eu esperava que fosse isso. Antes de chegar na sala de aula mandei uma mensagem para o Jungkook salvar o meu número, porém horas depois, quando já estava quase no fim, ele me ligou dizendo que não podia sair comigo hoje, pois acabou tendo um imprevisto. 

Apesar de tudo eu estava um pouco feliz, a lista dos cozinheiros para a final da competição havia sido anunciada no mural da faculdade e o meu nome estava em destaque, assim como o de Jungkook e mais dez cozinheiros. Em baixo do comunicado dizia que eles iriam enviar um e-mail para mais informações e datas da competição. 

Queria que o Jungkook não tivesse desmarcado o compromisso, comemorar com ele seria uma grande maravilha, havia me programado todo e até pensei em levar o dinheiro que os meus pais me deu caso precisasse mas no fim me contive em ir ao mercado comprar os ingredientes para fazer alguns 'oniguiri e 'moti. Amanhã eu pretendo vender na parte da faculdade onde mais tem japoneses e eles adoram esses quitutes. 

Quando estava quase chegando ao meu carro, escuto passos correndo atrás de mim, olhei na direção vendo Jimin extremamente vermelho, os cabelos loiros bagunçados por conta do vento e da correria. 

— Estava te procurando, droga! — Ele parou e se jogou no capô do carro. 

— Eu te avisei que estaria aqui. — Abri a porta traseira do carro, colocando todas as compras que eu fiz, e lá se foi o meu dinheiro, mas pelo menos vou lucrar com as coisas gastas. 

— Eu sei, eu sei. Achava que você iria sair com o projeto de gente. — Cruzei os braços encarando o mais baixo. 

— O que você tem contra o Jungkook? O garoto não tem um minuto de paz. — Ele levantou o tronco e me encarou, tirando de dentro da mochila uma garrafa de água. 

— Não quero que ele te use Taehyung, essa é a fama dele aqui no campus, transar e jogar fora. Não entendo o porquê dessa aproximação repentina sendo que antes ele te desprezava. — O mais velho falou enquanto dava goles de água. Ele tinha razão, sempre tinha praticamente e eu botava a minha mão no fogo toda vez e ela sempre se queimava. 

— Acho que ele não falava comigo antes por vergonha. — Dei de ombros, abrindo a porta do motorista para entrar, sendo acompanhado pelo Jimin ao lado do passageiro. 

— Vergonha? Aquilo ali não tem vergonha de nada Tae. — Respirei fundo tentando argumentar com o meu amigo, as vezes era difícil quando o baixinho queria se especializar em advocacia, no fundo eu ainda acho que as nossas discussões são um treino para quando ele estiver nos tribunais. 

 — Tudo bem, você venceu. Mas isso não me impede de ser apenas mais um, certo? — Ele me encarou de soslaio e eu preferi manter o foco na estrada, com medo do seu olhar julgador. 

— É impressão minha ou você já deu em cima dele? — Sorri de canto, eu adorava o quanto ele conseguia ler as minhas expressões. 

— Não só dei em cima como 'lasquei um beijo naquela boca gostosa. — Encarei meu amigo rapidamente antes de voltar a atenção para a avenida. 

— Ok, você não brinca no serviço, já entendi. Só não saia magoado, qualquer coisa me fala. — Assenti, apreciando o leve carinho na minha nuca. 

O resto da semana que se sucedeu eu não encontrei o Jungkook, mas para compensar os sumiços conversamos até altas horas da madrugada, sem contar os vários bom dia ou apenas para falar algo sobre o nosso cotidiano. Teve uma vez que ele me enviou uma foto da cozinha do restaurante do pai, especificamente um prato com os alimentos inteiramente queimado com o seguinte "Teste falho" eu dei muita risada e no final decidimos o que ele poderia ter feito para dar certo. 

Durante esse tempo percebi que o Jungkook era como as ondas do mar, dependendo do dia ele se encontrava agitado e super intenso, já outros ele apenas demonstrava o seu lado fofo e compreensivo. Eu nunca sabia o que iria encontrar quando conversava com ele, e isso era o que me deixava com mais vontade ainda de tê-lo por perto. 

Poderia ser a forma que ele demonstrava ser sensível assistindo filmes de romance ou competitivo quando assistia reality shows de cozinhas, a sua forma singular e única me encantava a cada segundo mas a minha razão, lembrava-se a todo momento das palavras que o Jimin me falou. 

Suspirei cansado, os dias estavam exaustos principalmente pelas madrugadas perdidas que eu passava estudando ou confeccionando alimentos para as vendas, hoje em específico eu decidi me dar uma folga, depois dessa aula eu iria para casa colocar o sono em dia. 

Estava distraído encarando o professor no qual explicava alguma coisa sobre análise sensorial de alimentos, quando senti o meu celular vibrar duas vezes no meu bolso, peguei o aparelho tomando cuidado para não ser repreendido. Sorri vendo a mensagem do Jungkook na tela. 

[ Tatuado Gostoso - 17:45 ] 
Sua aula já terminou? 

Ainda não, faltam quinze minutos, por quê?

[ Tatuado Gostoso - 17:46 ] 

Estou aqui fora te esperando! 😏 

Sorri com o pequeno emoji, bloqueando o celular e guardando no bolso novamente. Fazia tempo, mas um dia ele me disse que quando tivesse tempo iria me buscar em uma aula e me levar para algum lugar, e algo me dizia que seria hoje, acho que era o destino lutando para nós ficarmos de vez, pois justamente nesse dia eu não iria ter nada para fazer. O sono que se ferre! 

O restante da aula eu passei encarando o relógio atrás do professor, contando os segundos para passarem o mais depressa possível. Quando bateu o sinal não tive tempo de sair primeiro, visto que lotaram a saída. 

Mas a espera valeu super a pena, Jungkook estava encostado em uma das pilantras encarando a sala de onde eu havia saído, seus olhos estavam brilhando como estrelas em um céu tempestuoso, as roupas não era as costumeiras pretas e sim um moletom mostarda juntamente com uma calça preta e tênis brancos, a mochila estava jogada de qualquer forma em um dos ombros. 

Com esse moletom enorme ele mais parecia um garotinho perdido do que o badboy que a faculdade toda torcia para ter nem que fosse um segundo da sua atenção. Seus olhos pararam no meu e eu juro que escutei ele falar um "Hyung" mas fui interrompido pelo Bogum aparecendo na minha frente. 

— Taehyung, eu preciso falar com você. — Bogum era um ano mais velho e foi um dos classificados para participar do concurso de culinária. Desde quando ele chegou a gente se deu bem e chegamos até a ficarmos em uma festa, mas não passou de beijos. 

— Precisa ser agora? É que eu tenho um compromisso. — Indiquei Jungkook atrás de mim, ele pareceu chatear-se mas mantive firme a minha fala, afinal eu estava esperando esse encontro com o Jeon a dias! 

— Tudo bem eu… — Ele encarou o chão, talvez pensando no que dizer. — Podemos marcar outro dia? 

— Claro, Bogum. Não vejo nenhum problema, marcamos pelo celular, tudo bem? — Ele assentiu, eu queria terminar essa conversa o mais depressa possível e comemorei internamente quando o mais velho se despediu com um aceno. 

Me virei para encarar Jungkook no qual me olhava com uma das sobrancelhas levanta, porém sua pinta de bad boy foi abandonada quando eu contornei seu corpo, em um abraço apertado, pela primeira vez ele não cheirava a nicotina e sim um perfume suave e refrescante. 

— Senti sua falta, Tae. — Ele retribuiu o abraço, ali mesmo, no meio do corredor. 

— Eu também! Mas tem algo de errado. — Sai dos seus braços, aproximando o meu nariz do seu pescoço e cheirando, observei os pequenos pelinhos se arrepiarem. — Você não fumou hoje? 

— Hoje não, você não gostou? 

— Gostei, conseguir sentir seu cheiro melhor. — O mais novo sorriu de canto, a expressão sexy dando forma no rosto que antes demonstrava fofura. 

— Nunca tive esse problema com você. — Ele fez menção de se aproximar novamente mas parou. — Você é amigo do Bogum? 

— Vamos ficar parados aqui no corredor? — Mudei de assunto, demonstrando com o olhar as poucas pessoas que pararam para nos observar. Ele negou, caminhando por entre os corredores até chegar na garagem. 

— Você veio com o seu carro? — Neguei com o rosto. 

— Hoje não teve vendas, eu só venho com ele quando tem. — Ele concordou com um aceno, me entregando um capacete da moto e pegando outro para si, que estavam pendurados no guidão da moto Harley Davidson. 

— Tem medo de moto? Porque se tiver vai perder hoje. — Acabei rindo da sua fala, tentando colocar o capacete mas o fecho não estava conectando. — Me dê isso. 

O tatuado aproximou-se suspendendo o meu queixo suavemente para ter uma visão completa do fecho, ele inclinou-se em minha direção, consegui sentir o click indicando que já estava tudo fechado, o mais novo aproximou seu rosto com a intenção de me beijar mas foi interrompido pelos nossos capacetes se batendo, acabei rindo do seu olhar confuso. 

— Vamos parar de enrolação. — Dei dois tapinhas no seu ombro antes de caminhar até a moto. 

🍙🍜

O restaurante do seu pai estava fechado, tivemos que entrar pela porta dos fundos, o beco atrás do restaurante estava sujo e mal iluminado com uma grande caçamba de lixo onde os cozinheiros jogavam tudo que restava depois de um dia cheio. 

Jungkook me explicou quando descemos da moto que o pai tinha viajado para o Japão esses três dias seguintes e preferiu fechar o estabelecimento para se dedicar totalmente a sua filial da outra cidade. 

Observei quando ele tirou um molho de chaves da mochila, destrancando a porta que dava diretamente para a cozinha. 

O ambiente cheirava a limpeza, as panelas que não estavam dentro do armário se encontravam penduradas em suportes específicos, o brilho de cada uma era singular quando eu passava. Particularmente nunca tinha entrado em uma cozinha de um chefe renomado como o pai do Jungkook, as ofertas que me foram oferecidas como prêmio, eu aceitei em dinheiro para juntar para pagar a dívida. 

— Uau! Essa cozinha é perfeita. — Elogiei, encarando o fogão acoplado. Jungkook jogou a mochila dele em qualquer lugar, pegando a minha e colocando em cima de uma bancada. 

— Achava que você já tinha ido em várias assim, os concursos… — Neguei com o rosto, me virando em sua direção e encostando o quadril em uma das pias. 

— Eu peguei todos os prêmios em dinheiro, então nunca fui em um restaurante com a cozinha assim. 

— Por que você pegou o prêmio em dinheiro?! Todos os alunos dariam de tudo para ficar três dias em restaurantes desse porte, fora que o valor do estorvo não é quase nada comparado a experiência — Na medida que ele falava, indignação pairava na sua voz, respirei fundo, encarando a parede bem pintada da cor azul escuro. 

— Os meus pais não estão passando por uma condição financeira boa, então tudo que eu faço é para ajudar eles, o mínimo dos mínimos eu uso para pagar as contas. Então qualquer dinheirinho já ajuda. — O silêncio predominou na cozinha, desviei os meus olhos para encará-lo.

— Taehyung eu posso te ajudar, emprestando dinheiro ou até… — Cortei sua frase com movimentos desesperados de mão. 

— Não precisa Jungkook, não iria adiantar nada você me emprestar dinheiro a dívida só iria mudar de dono. — Ele negou com o rosto, caminhando em minha direção. 

— Não vou te cobrar, você me paga quando  a situação melhorar. — Neguei com o rosto, olhando para qualquer cômodo da cozinha. 

Os meus pais sempre me ensinaram a não precisar pedir a ninguém, com seu próprio esforço e tempo tudo iria se ajeitar, basta termos a virtude da paciência. Fora que eu não seria nenhum louco a aceitar dinheiro de um homem que eu acabei de conhecer. 

Encarei uma foto no meio de vários troféus, nela continha Jungkook, ele aparentava ser mais novo, uma mulher bem sofisticada ao seu lado, os olhos e a expressão fofa eram idênticos o pai sorria contente assim como os outros, reparei que a fotografia transmitia sensações boas de uma família completa e harmônica. Ele olhou para a mesma direção que eu e sua expressão fechou-se, o antigo assunto sobre a minha dívida sumiu. 

Observei Jungkook começar a tirar várias coisas dos armário e geladeira, depositando tudo em cima da bancada de mármore, eu não sabia se ficava olhando ou ia ajudar o mais novo, porém quando eu fiz menção de arregaçar minhas mangas para o cotovelo, ele me parou sorrindo gentil. 

— Hoje eu vou te servir, Hyung! Quero que descanse bastante e assista às minhas habilidades. — Acabei rindo com o gesto dele de tirar onda, arrebitando o nariz como se fosse o dono de tudo, e realmente era. 

— Não vai deixar sequer eu cortar umas batatas? — Ele riu da minha carinha de menino pidão, negando logo em seguida.

— Hoje você será um dos meus jurados, mas só fala coisa boa, por favor! — Ri ainda mais com o desespero alheio, sentando-me em uma das cadeiras altas perto do balcão de mármore. 

O tatuado começou cortando alguns legumes, assim como tratando uma das carnes que havia tirado da geladeira, eu estava com uma leve impressão que ele já sabia o prato que iria fazer pois quando ele pegou a carne já estava em ponto para ser tratada, não precisou descongelar. O silêncio era estranho, visto que o único barulho era o da faca cortando os ingredientes. Respirei fundo em completo tédio e o Jungkook me olhou com as sobrancelhas arqueadas. 

— Está sentindo-se entediado? — Assenti, passando as mãos pelo meu cabelo preto de leve para não voar nenhum para dentro dos alimentos. 

O cozinheiro da vez me observou atento, caminhando até uma estante mais afastada, tirando duas touquinhas de chefe, o armário era rústico de madeira em tons escuros. Ele voltou colocando delicadamente uma dessas nos meus fios e a outra pós em si. 

— Para você se sentir no clima. — Neguei com o rosto, ajeitando os meus fios dentro da touca. Em consequência ele colocou a sua também e voltou a cozinhar. — Quer escutar música? Eu trouxe a minha caixinha de som. 

— Posso escolher qualquer música? — Jungkook assentiu, acho que se concentrou demais na comida para prestar atenção na minha pergunta. 

Caminhei até a sua mochila abrindo despreocupadamente, mesmo que ele não tenha me dito para fazer tal coisa, encontrei uma pequena caixinha de som, junto com algumas camisinhas no bolso interno, talvez eu deva estar sendo enxerido demais, abrindo todos os bolsos de dentro mas o que eu poderia fazer nesse tédio? Peguei uma dessas colocando no bolso de trás da minha calça. 

Acho que de "cozinheiro caipira ganhou todos os concursos da faculdade", meu nome irá mudar para "roubador de camisinhas alheia". Oras, não era por mal, jamais seria para isso, só queria provocar um pouco o mais novo e saber até onde ele aguentava. 

Conectei o som com o meu celular via bluetooth, as opções eram infinitas mas eu decidi apenas colocar algo envolvente para preparar o psicólogo do Jeon, a voz sedutora da Ariana Grande cantando 34+35 preencheu a cozinha e na mesma hora eu sentir o tatuado me encarar, mas logo depois sorriu docemente. 

— Eu adoro a Ariana, não sabia que você gostava. — O sorriso de coelhinho havia voltado e ele balançava o corpo levemente com a batida da música. Ok, ele não capturou a indireta. 

— Eu gosto dela de vez em quando, a voz é tão profunda que me acalma. — Ele concordou com um aceno, dessa vez cortando várias acelgas e temperando a carne tratada. 

— Aqui começou a fazer calor! — Balancei a camisa que eu usava de leve, não estava sentindo nenhum pouco de calor mas eu queria achar um motivo para tirar a camisa. 

— É por conta da comida, quer que eu ligue o ar condicionado? — Eu acho que o Jungkook não está cooperando. Ou ele entendeu as minhas indiretas e está se fazendo de sonso para não ter nada comigo ou apenas está sendo lerdo demais para prestar atenção. 

— Acho que dá para suportar. 

Os únicos planos mirabolantes que a minha mente criou já tinham se esgotado, o Jeon não caiu em nenhum deles e eu como um bom "puritano" decidir observar mais um pouco a cozinha. 

Eu queria que meus pais chegassem a conhecer, pois esse tipo de ambiente a gente só encontrava na televisão, a higienização do local foi o que mais chamou minha atenção, eu não conseguia encontrar um mínimo de poeira nas bancadas e nem nos utensílios. 

Parei novamente na foto no meio dos troféus, eu queria saber o que tinha acontecido para o Jungkook ter mudado totalmente de expressão em apenas um gesto, não iria julgar até porque o próprio conhecia a minha história, mas também não queria ser enxerido para ficar perguntando. 

— É a minha mãe. — Ele quebrou o silêncio mais uma vez, olhando para o mesmo local que eu encarava. 

— Ela é muito bonita, parece com você. — Ele sorriu, mas o sorriso não atingiu seus olhos, era um misto de decepção e tristeza, eu não soube explicar mas ele olhou para o teto suspirando. 

— Todos falavam isso. 

— Ela cozinha tão bem como você? Pois o prato do último concurso que experimentei estava divino! — Exasperei com a mão o quanto a comida estava deliciosa. 

— Ela cozinhava muito bem, mas infelizmente não posso dizer que você vai experimentar um dia. — Ele largou a carne que estava cortando em rodelas e me encarou, os ohos negrume opacos e sem vida. — Ela faleceu faz cinco anos. 

— Jungkook eu… 

— Não, não fale "eu sinto muito" ou "meus pêsames" acho que só eu consigo sentir a dor da perda total e essas palavras não ajudam em nada. — Neguei com o rosto, saindo da cadeira alta, andando para ficar atrás de si. 

Passei meus braços por todo o seu tronco, me aconchegando nas costas largas, prendi ele entre a pia e mim, sentindo seu coração batendo aceleradamente contra as minhas mãos em cima do seu peito. 

— Não irei te dizer essas coisas, pois eu nunca vivenciei a dor da perda mas acredito que de lá de cima. — Apontei para o céu, e logo me aproximei do seu ouvido para 'cochichar. — Ela está muito orgulhosa do homem que você se tornou. 

Apenas senti quando ele virou de frente e seus braços rodearam a minha cintura, o rosto afundou sobre meu pescoço, olhei ao redor preocupado se alguma panela estava no fogo mas tudo encontrava-se no balcão e o fogão desligado.

— Obrigado por tudo isso, Hyung. — Acariciei seus fios sedosos. Agora o Jungkook estava me mostrando seu eu solitário e perdido, pois nesse momento comparei ele com um garotinho, apenas querendo amor e atenção. 

Por um momento pensei seriamente em não investir mais em Jungkook, eu sabia que assim que fizessemos sexo, ele não manteria contato e sumiria da minha vida pois era dessa forma que todos falavam e que o próprio amigo dele falava para o Jimin, no caso o Namjoon. 

Não queria perder as inúmeras facetas, as carinhas fofas quando estava confuso e o gaguejar quando estava nervoso, queria abraçar todos esses Jungkook vistos até hoje e colocar dentro de um potinho para ficar apreciando todos os dias.

— Hyung. — Jungkook chamou baixinho, próximo demais da minha orelha, me fazendo arrepiar. 

— Oi? 

— Por que você carrega uma camisinha no seu bolso? — Sobressaltei, porém reparei que ele não estava com a mão no meu bolso e nem havia tirado nada de lá, então como…?

— Você viu? — Ele me soltou rindo incrédulo, mas logo cruzou os braços contra o peito, evidenciando os bíceps bem definidos. 

— É claro que sim, ou acha mesmo que eu estava concentrado na comida? A indireta da música logo depois. — O tatuado riu ainda mais do meu rosto confuso e perdido. O ambiente mudou completamente de tristeza para tesão sexual. Ele definitivamente estava se fazendo de sonso o tempo inteiro. 

— Espero que não vá usar com outra pessoa além de mim. — Evidenciou puxando o meu quadril para juntar-se ao seu, e eu fui com um arfar pesado. No qual foi sufocado com seus lábios esmagando cada canto de sanidade que eu ainda tinha, a língua morna com gosto de menta entrelaçando-se na minha, suas mãos descendo com gosto até chegar aos meus glúteos, apertando com força, como se eu fosse escapar de suas mãos a qualquer momento. 

Puxei sua toca dos fios, assim como tirei a minha jogando em qualquer local daquela cozinha. 

Os beijos desceram em uma tortura descomunal para o meu pescoço exposto. Jungkook encaixou-se entre as minhas pernas, pegando com força uma das minhas coxas, fazendo um certo impulso para eu sentar em cima da bancada de mármore. Entrelacei minhas pernas pela sua cintura, segurando com certa brutalidade na sua nuca, deixando arranhões vermelhos. 

Eu queria marcar o Jeon, deixar ele todo roxo para quando passasse no corredor da faculdade todos parassem para observar o quanto sua noite foi intensa, o quanto ele pertenceu a mim por uma noite. Eu tinha certeza que me entregaria da forma mais crua possível, mas sabia que não seria o mesmo da parte dele. 

Dessa forma, desci os beijos para o seu pescoço, chupando a pele pálida assim como a pintinha singela que eu sonhava todas as noites em deixar uma marca roxinha e vermelha, o Jeon gemeu quando logo em seguida mordi o local, agarrando os meus cabelos e tirando a minha camisa logo em seguida com a outra mão. 

Com pressa e afobado demais continuei descendo as minhas mãos para tirar a sua calça em um puxão brusco, mas ele logo entendeu o recado tirando tudo de vez, inclusive a camisa. 

— Wow, que abdome! — Passei minhas mãos levemente pelos gominhos, sentindo os pelos ralos arrepiarem-se e eu como um bobo sorrir por essa sensação ser graças a mim. 

— Não acha que você está vestido demais? — perguntou arqueando uma das sobrancelhas, as tatuagens em seu braço contrastando com a pele pálida. 

Desci meus olhos observando o seu pau clamando por um toque, mas eu queria provocar mais um pouco, ver até quando ele iria se controlar para me foder com força. 

— Por que você não toma uma providência contra isso? 

— Ah Taehyung, você não sabe o quanto eu esperei por isso. — Ele não esperou eu pensar em uma resposta, pois inclinou o seu tronco até lamber um dos meus mamilos, agarrei com vontade seus ombros entrelaçando minhas pernas pelo seu corpo. 

As mãos passearam entre a minha barriga e por um momento fiquei com vergonha, mas logo tratei de me recuperar, não tinha músculos mas sabia que o essencial eu tinha para fazer um homem como Jungkook delirar de prazer. Ele tirou a minha calça, passando as mãos pela minha panturrilha levemente até chegar entre a parte interna das minhas coxas. 

— Eu olhava para essas coxas todos os dias quando você desfilava com aquelas calças coladas que raramente usa. — falou, apertando o local e logo dando um tapa forte ao ponto dos seus dedos marcarem a minha pele beijada pelo sol.

— E o que você pensava? — perguntei, tentando não gemer quando o tatuado se inclinou e começou a chupar e morder, era uma tortura pois ele fazia tudo devagar mas forte o suficiente para me desmanchar inteiro. 

— Eu pensava o quanto queria te marcar de todas as formas. — Me apoiei com os cotovelos na bancada, curvando as minhas costas no processo em que ele enfiou de vez o meu pênis na boca, era intenso demais, viril e completamente entorpecente. 

Vi pontinhos cintilarem na minha visão, o boquete continuou rápido, entrelacei as minhas pernas no seu pescoço e minhas mãos agarraram seus cabelos, fodendo a sua boca como eu queria, acho que os sonhos nunca foram páreo para a realidade de agora. 

— Jungkook, eu … — Não consegui verbalizar, pois ele parou tudo o que estava fazendo, tirando as minhas pernas envolta do seu ombro. 

— Vira de costas Tae — Eu queria soar como um brat e recusar até ele me pôr no lugar, mas a necessidade e o desejo soaram mais altos, fiz o que ele pediu, descendo do balcão e rmpinando toda a minha bunda em direção ao seu rosto. 

Porém não foi isso que o Jungkook fez, observei ele ir novamente até a sua mochila, tirando um frasco pequeno preto, despejando o líquido viscoso em dois dedos. Gemi quando o meu pau bateu na superfície gelada do mármore. 

O Jeon aproximou-se por trás inclinando o rosto até ficar próximo a minha orelha, agarrando as laterais das minhas nádegas e fechando em torno de si, o líquido pegajoso do lubrificante ajudava no esfregar de peles. Procurei algo para descontar o imenso prazer mas não achei, descontando tudo na beirada do balcão. 

Rebolei contra seu membro, sentindo suas mãos apertarem a minha cintura para o contato ficar mais apertado, simulando uma espanhola. 

— M-mais forte — Fui interrompido quando um primeiro dedo entrou, sua outra mão passeando pelo meu peito até beliscar a aréola de um deles, o que me fez arquear mais uma vez. 

— É sensível nessa área Hyung? 
— Assenti, desnorteado demais para pôr em palavras. — Quer mais um dedo? 

— P-por favor — Os pontinhos na minha visão triplicaram e as lágrimas não tiveram controle, quando o segundo entrou, ele curvou os dedos indo diretamente na minha próstata. Gritei, torcendo os dedos dos pés e me empinando mais ainda. — Jungkook! 

A partir disso tudo ficou mais intenso, os beijos e mordidas na minha nuca aumentaram de força. As mãos não paravam em um lugar, marcando totalmente a minha pele, algo muito difícil de ocorrer por conta do tom caramelizado, mas ele conseguia tudo com uma extrema facilidade. 

O dedo entrava e saia em uma velocidade constante, por um impulso me empinei para atrás e logo depois para frente, me fodendo completamente com os seus dedos, queria que ele sentisse o meu desespero e aplacasse o meu desejo antes de precisar pedir. 

Virei de leve o rosto para encarar o Jeon, os cabelos não estavam mais alinhados como mais cedo e nem o rosto pálido. O tatuado estava vermelho, os lábios chamavam atenção de tanto morder e apreciando os seus dedos saindo e entrando, suor escorria pela sua têmpora assim como pelo abdômen trincado. 

Vi quando ele pegou a camisinha ao meu lado e desembalou, colocando com maestria no seu pênis e dessa vez ele me olhou, os orbes banhando desejo mas com um toque de preocupação e pedindo para introduzir. Não respondi, apenas confirmei com o rosto antes de fechar os olhos e encostar o rosto de lado no balcão, esperando a dor excruciante para depois vim o prazer delirante. 

O membro entrou pela metade, a grossura não se comparava a de dois dedos e o Jeon vendo a minha situação parou um pouco, até recuperar o ar que eu havia perdido. Ardia para caramba, mas eu sabia que logo vinha a melhor parte. 

— Posso continuar, Hyung? — O pedido não parecia nenhum pouco que era para ele afundar o pênis inteiro, pois a pergunta soou inocente demais para um momento tão impuro. 

— Pode ir. — Ele não esperou uma confirmação pela segunda vez, enfiando tudo que restou, o que me fez gritar e encostar a testa na bancada, havia esmagado o meu pontinho mágico mas ele parou! Eu odiei, queria mais forte, mais intenso e foi isso que eu disse. — Mais forte! Rápido.

E ele obedeceu, colocando todo o seu talento que existia em um ato tão profundo e carnal. Jungkook depositou a mão na minha barriga me puxando para encostar minhas costas em seu peito, apoiei o rosto em um dos seus ombros e virei, começando a desferir várias mordidas no pescoço, era a única forma que eu encontrei para amenizar a agonia do meu peito. 

Suas mãos me sustentaram quando as minhas pernas começaram a tremer, ameaçando cair no chão de porcelana, ele me sustentou bem, apoiando uma das mãos no meu quadril e a outra massageando de leve a minha glande. 

As estocadas eram fortes e certeiras, como se o seu corpo já soubesse onde cada terminação nervosa de prazer encontrava-se, foi em uma dessas que ele puxou o meu queixo, o beijo era obsceno, as nossas línguas de fora apenas esfregando-se, a saliva escorrendo pelo meu queixo no qual ele tratou de lamber cada gota. O barulho do seu pênis entrando no meu orifício preenchiam o ambiente, além das respirações descompensadas. 

Grunhi abafado, quando em uma dessas pressões e constantes apertos, desmanchei-me em cima da bancada, o líquido derramou contra o piso no chão e eu não aguentei ficar encostado contra seu peito, caindo em cima do mármore porém ainda me empinei para prolongar o prazer enquanto ele ainda me fodia com força.

Jungkook veio depois de duas estocadas, preenchendo a camisinha antes vazia e debruçando-se em cima de mim para depositar alguns curtos beijinhos na minha orelha. 

— Você está bem? — Assenti, tentando recuperar a respiração, ainda de costas para si. — Vou buscar alguns papéis toalhas no depósito, já volto. 

Me desencostei da bancada, olhando todas as roupas espalhadas pelo local, vi alguns guardanapos em cima de uma superfície pendurados e achei estranho o Jeon ter saído do nada, porém me toquei do que ocorreu, caminhando até os papéis e me limpando cuidadosamente com uma pequena quantidade de água. 

Era o fim, já tínhamos transado e feito tudo o que eu mais queria, no entanto o arrependimento bateu no primeiro instante na minha consciência. Jungkook não falaria mais comigo, a regra que eu soube de alto por alguns, não poderia ser quebrada. Eu só fui mais um na lista imensa de todos da faculdade. Não era para esse pensamento me deixar triste, mas deixou e com isso eu queria sair daqui o mais rápido possível e fingir que nada ocorreu. 

Peguei a minha cueca embolada com as roupas, me apressando para vestir assim como a camisa dois números maiores que eu, adorava esse tipo de estilo largo. 

Porém antes de pegar a calça, escutei Jungkook falando alto de longe. 

— Demorei mais procurando lenços umedecidos, meu pai que às vezes desorganiza as coisas. Oh! — Ele me encarou, parando no lugar ao observar que eu já estava meio vestido enquanto o tatuado ainda estava totalmente nu, desta vez sem a camisinha, talvez tenha jogado em algum lixo que viu pelo caminho. — Que rapidez é essa? 

Ele riu, mas seus olhos não transmitiam o mesmo brilho quando sorria espontâneo, não soube dizer mas acho que pairou um clima mórbido no ar. 

— Não vai nem se limpar? Nem jantamos ainda. — Eu não soube o que dizer, achava que ele iria me tratar indiferente e arrogante. 

— Eu me limpei — Apontei para o rolo de papéis higiênicos atrás de si. — Limpei com um pouco de água. 

— Tudo bem, mas passa pelo pescoço também — Ele se aproximou, passando o lencinho pelo meu pescoço que estava todo suado, rindo com a situação. — Todo afobado. 

Relaxei com o carinho de leve e ri quando observei que ele ainda estava totalmente pelado e sem um pingo de vergonha de estar dessa forma. 

— Você não vai se vestir? — perguntei, quando ele caminhou para jogar os lenços fora. 

— Não estou com pressa, você está? — Neguei com o rosto, deixando a calça de lado e ficando apenas com a camisa grande. O cozinheiro da noite foi em direção a sua cueca box preta, vestindo ela preguiçosamente e logo depois pegando um avental para voltar a preparar o jantar. 

— Eu poderia claramente filmar essa cena, está erótica demais para apreciar apenas olhando. — Relatei, observando o tatuado de costas cortando alguns legumes, os músculos das pernas e a bunda arrebitada me fazia querer ser ativo apenas para comer aquela bunda durinha e as coxas cheias de músculo. 

Balancei o rosto, tentando dissipar os pensamentos. O que o Jungkook estava fazendo comigo? Havíamos acabado de transar e eu já estava pensando nisso de novo. 

— Já que você me filmaria, também faria o mesmo, começando por esse par de pernas bonitas. — Coloquei minhas pernas em cima da bancada, puxando a blusa mais ainda para cima — Taehyung… Não me provoque, agora é sério. 

Acabei rindo do seu aviso, mas não fiz nenhum movimento para retirá-las da bancada. 

— Medo de perder a cabeça, Jeon? — Droga! Eu não sabia o que acontecia comigo, mas ele libertava o meu lado mais safado. 

— Com certeza, fui forte mais cedo, mas não sei se serei novamente. 

— Você não precisa ser. 

Talvez, o jantar daquela noite não tenha sido apenas o Atum branco com salada de papaia verde, pois fodemos mais uma vez, porém contra a parede de frente para um espelho no salão do restaurante. 

No final da noite, Jungkook me deixou em casa de moto, com um beijo digno de novela e uma promessa que iríamos nos encontrar pela manhã na faculdade para matar um pouco a saudade. 

🍰🍲

O dia ensolarado combinava com o meu bom humor, hoje decidi não vender nada pois queria encontrar o Jungkook e chegar mais cedo na sala de aula pois era um dos treinos que iríamos ter antes da competição. 

Encontrei o Jimin no caminho no qual sorriu de uma forma safada para mim, não me abraçou como das outras vezes, apenas puxou a gola da minha camisa que era alta, revelando as marcas roxas e mordidas da noite anterior. 

— Pelo visto a noite foi intensa! — Sorriu safado, dando um tapinha na minha bunda — Ele foi bom para você? Aconteceu algo depois? 

— Ele me levou para casa e marcamos de nos encontrar daqui a pouco. — Jimin abriu a boca chocado, porém o barulho do sinal tocando que as aulas dele começaram o fez murmurar de tristeza. 

— Aproveita, depois conversamos direito. — Assenti, abraçando de leve seu corpo um pouco menor que o meu, observando ele sumir pelo corredor de alunos agitados. 

Voltei a caminhar pelos corredores, eu estava feliz pois o Jungkook havia me dito por mensagem que iria estar me esperando em frente a sala onde a nossa aula começaria. O tempo passava depressa e faltava menos de uma semana para a competição, assim que cheguei em casa ontem, encontrei um e-mail me esperando, falando tudo sobre o prêmio, data, e o horário. Confesso que estou me sentindo exausto, físico e mentalmente. Quando eu não estava fazendo as guloseimas para vender, estava estudando para provas e trabalhos. Esquecendo completamente de treinar para as competições, mas ainda faltava uma semana, iria marcar com o meu pai para treinarmos juntos. 

Parei no lugar. Eu conhecia o Jeon a quilômetros de distância, não foi difícil o reconhecer virado de costas, uma garota abraçava ele pela cintura e eu não sabia o que dizia, apenas vi seus braços passando em torno da cintura dela. 

O sentimento de decepção foi intenso, sabia que esse dia iria chegar mas não esperava que fosse tão cedo. Jungkook me tratou tão bem ontem a noite, até o jantar foi especial, não ficando com aquele clima tenso. Será que ele agia dessa forma com todos? Eu sempre fui mais um e me perdi na minha própria imaginação? 

Respirei fundo, entrando dentro da sala, só queria arrancar todos os sentimentos do meu peito e jogar no lixo como as folhas do caderno rabiscado. Era dessa forma que eu me sentia, rabiscado, usado e depois jogado fora como se não fosse nada. 

— Tae? Está tudo bem? — Bogum apareceu, sentando na cadeira à minha frente. Antes de irmos para a cozinha em si, o professor sempre passava anotações no quadro, relatando várias fórmulas que poderiam combinar com certos alimentos.

— Está sim. — Franzi o cenho lembrando que ele queria falar comigo ontem, mas não tive tempo. — Você queria falar comigo? 

— Ainda quero. — Esperei até ele começar a falar, parecia ter esperado muito tempo por isso, particularmente eu espero que não se declare, a minha mente não está preparada para uma declaração depois de testemunhar a pessoa que eu gosto conversando e abraçando outra. 

— Se lembra da prova que o professor passou em que os próprios alunos tiveram que avaliar a comida? — Assenti, encarando seus olhos no qual desviaram-se dos meus. — Eu estava ao lado na sua bancada, até sugerir para trocarmos mas você já estava dando o seu prato para o Jungkook. 

— Eu não sabia que você queria, tanto é… — Fui interrompido com um gesto de mão. 

— A culpa não foi sua por ele ter passado mal. — Franzi o cenho, inclinando o rosto um pouco para o lado, não entendendo o seu ponto de vista. — A culpa foi dele mesmo, eu vi o Jungkook colocando bicarbonato de sódio e orégano na sua torta de Blueberry. Eu acho que ele não imaginava que quem iria avaliar seria os alunos então… 

— Ele queria que o professor experimentasse e me eliminasse. — Bogum assentiu, sentir suas mãos apertarem as minhas que estavam em cima da mesa.

— Mas ele não conseguiu pois a enfermeira disse que foi apenas uma reação alérgica, eu tenho certeza do que vi. — Respirei fundo, afastando minhas mãos e enfiando dentro dos bolsos da minha calça. Não tinha o porquê do Bogum estar mentindo, era para eu ter vigiado mais e escutado o Jimin, tudo não passou de uma farsa para me prejudicar. 

— Por que você não me contou antes Bogum? — Por que não me contou antes de me entregar para o Jungkook? Antes de confiar plenamente em cada palavra que ele me disse? Antes de me conquistar mais ainda com aquele sorriso gentil? 

Eu queria gritar, chorar e dar um soco no rosto lindo do Jungkook. Ele sabia da minha história agora, sabia que eu estava passando dificuldades financeiras e mesmo assim continuou com tudo isso, o pior de tudo foi a minha ilusão achando que tudo era a porra do destino. 

Como poderia ser destino sendo que antes ele nem olhava no meu rosto? 

— Toda vez que eu ia falar, você estava vendendo ou conversando com alguém, não queria falar na frente dos outros. — Balancei o rosto concordando, realmente eu não queria virar mais ainda uma piada pelo campus estudantil. 

— Muito obrigado por ter me contado Bogum, mas acho que agora não vou poder fazer nada. — Indiquei o professor entrando na sala.

— Posso te fazer uma pergunta aleatória antes da aula começar? — Não respondi, observando Jungkook entrar na sala e vim em minha direção. — Você quer sair comigo hoje? 

Eu não queria sair com ninguém, apenas me embolar nas cobertas quentinhas e assistir filmes pirateados pois não tenho condições de assinar nenhum aplicativo de filmes pago mensalmente. Jungkook passou por mim, tocando de leve o meu ombro porém não me virei para o cumprimentar de volta, como era o de costume, apenas virei o rosto como se o toque não tivesse sido comigo. 

— Hyung? — A voz soou baixinha como um leve sussurro em meio a sala lotada, continuei com os olhos focados em Bogum que esperava a minha resposta esperançoso. 

Eu sentia que o mais velho queria se aproveitar do meu momento de fragilidade, pois todas as outras vezes ele sempre foi dispensado, mas não seria isso que me faria sair em um encontro. 

— Jungkook? Você poderia se sentar? A aula já vai começar. — O professor falou, não me virei para ver sua reação apenas escutei os passos pesados da bota preta se afastando. 

O professor começou a escrever várias coisas no quadro enquanto a sala copiava e conversava, Bogum virou-se novamente, esperando uma resposta. Depositei a caneta em cima do caderno, encarando os olhos escuros. 

— Bogum, não é porque me contou tudo isso que eu vou sair com você. Eu não estou interessado, não me leve a mal. — Ele revirou os olhos e bateu de leve a caneta na minha mesa. 

— Você não quer fazer ciúmes nele? Qual é Taehyung, pode me usar, eu não ligo. — Neguei com o rosto, voltando a copiar as coisas no quadro. 

— Isso não faz parte da minha índole, fora que não tem porquê fazer ciúmes em Jungkook, não temos nada e nem vamos ter. — Ele soltou uma lufada de ar pela boca e me encarou. 

— Você gosta dele! Vai ficar se remoendo o dia inteiro pelo que ele fez em vez de tentar esquecê-lo comigo? — Massageie as têmporas, tentando não soar grosso mas a minha paciência havia se esgotado. 

— Bogum, as pessoas não são substituíveis e eu não quero te dar mais esperanças ainda do que você já tem, então por favor, uma vez na vida aceite o meu não. E outra, se você viu o Jungkook fazendo tudo aquilo por que não o impediu? Você já sabia que eu gostava dele não era? Queria um motivo plausível para me impedir de ficar com ele, mas advinha? O seu motivo funcionou! 

Acabei gritando no final da frase, fazendo com que a sala inteira me encarasse. Eu queria sumir, minha mente estava esgotada demais para elaborar comidas mirabolantes de gastronomia. 

Tive sorte pois esse professor era mais tranquilo e não ligou para o meu pequeno surto, dei graças por isso, principalmente quando Bogum virou para frente e não me dirigiu mais nenhuma palavra. 

A aula seguiu dessa forma, algumas fofocas do lado, dúvidas do outro e eu sentia o meu pescoço queimar com o olhar vindo de trás, porém não virei para encarar pois sabia de quem se tratava. 

Seguimos para a cozinha depois de um tempo e eu fiz questão de ficar o mais afastado possível do Jungkook e Bogum, não queria que a minha comida fosse envenenada dessa vez. 

Esse professor era mais rígido quanto aos pratos e estipulou um tempo muito curto para uma comida feita em no máximo três horas, tínhamos no máximo quarenta e cinco minutos e não podíamos usar nenhum tipo de carne. Basicamente ele queria um prato vegetariano e eu tive as minhas dúvidas. 

Quase perdi na prova, a minha mente voava a todo momento com as preocupações, queimei algumas verduras fritas, duas vezes e tive que substituir pelas vaporizadas. No final eu fiquei em quinto lugar, o primeiro posto foi tomado novamente pelo Jungkook. 

Era o que ele sempre quis desde o início, certo? Peguei as minhas poucas coisas embaixo da bancada, saindo da sala depois de ver o resultado. 

— Taehyung! — Escutei um grito vindo ao fundo quando eu já estava ao meio do corredor, apressei os passos para chegar o mais rápido na garagem, porém ouvi passos correndo, me apressei em correr também. 

Talvez fosse infantil da minha parte, mas eu só queria um minuto de paz e repensar nas minhas atitudes ilusórias. Cheguei na garagem ofegante mas continuei correndo até avistar o meu carro, porém uma mão segurou o meu pulso me puxando contra si, eu fui forte em puxar ela de volta e ignorar o seu chamado. 

— Por que você está me ignorando?! Eu não entendo! — Acabei rindo com sua pergunta imbecil, colocando a chave no carro e o destravando. — Você não vai me responder? 

— Responder o que Jungkook?! Acho que para alguém que sabotou a minha prova está com a mente tranquila demais, não acha? — Me virei em sua direção, vendo os seus orbes arregalados, a expressão totalmente petrificada. 

— Hyung, eu posso explicar. 

— Explicar o que Jungkook? Que você me usou esse tempo inteiro apenas para me prejudicar?! — Bati a mão com força em cima do meu carro. — Como eu fui burro em cair no seu papinho furado, na sua história triste. Eu ainda confiei em você!

Ele negava tudo com o rosto, as lágrimas saindo dos seus olhos de corça, fazendo com que eles brilhassem mais ainda, porém dessa vez de tristeza, e ela não me comoveria. 

— Foi verdade, tudo foi verdade! Eu não menti para você! 

Neguei com o rosto, abrindo a porta do carro com força e entrando. Ele poderia não ter mentido mas com certeza omitiu várias partes o que me prejudicou de todas as formas, ele viu o meu desespero e eu como um burro ainda dei uma tortinha para me desculpar achando que era a minha culpa por ele ter ficado doente. 

Ignorei suas batidas no vidro do meu carro, ignorei todos os chamados. Eu queria que o Jungkook engolisse todas as suas explicações, pois a minha convicção nesse momento era uma única, ganhar o concurso, agora não apenas para ajudar os meus pais e sim uma questão de honra.


Significado de alguns nomes:

Kakao: mais conhecido como KakaoTalk é um aplicativo rápido e multifacetado. Envie mensagens, fotos, vídeos, notas de voz, quase como o Whatsapp

Moti: ou mochi, as duas formas de escrita estão certas, tradicional bolinho de arroz.

Oniguiri: também conhecido como nigiri ou omusubi é um bolinho de arroz japonês geralmente em forma de triângulo.

Notas da Autora:

Hello, pessoas!!

Voltei em menos de um mês com a continuação de Blueberry!
Espero que vocês tenham gostado dessa surpresinha. Logo mais sai o próximo capítulo.

O lemon não ficou tudo isso ... mas eu dei o meu melhor!

Espero que vocês gostem do capítulo,  não se esqueçam de deixar uma ⭐ e comentar na história, pois ajuda bastante!!

Quero agradecer mais uma vez a xmoonbetax por ter betado o capítulo, eu revisei também e qualquer coisa, vai desculpando...

Esse capítulo está enormeee o dobro do segundo, dêem muito amor a essa história 💜

🐰🐻

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