Persona - A Maldição de Ambro...

By OutLineNovels

6.3K 811 2.9K

Todos do Império de Grifo conhecem o arquiducado de Ambrose, o lar do Arquiduque amaldiçoado. Alvo das histó... More

PRÓLOGO
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze

Capítulo Nove

221 32 20
By OutLineNovels

O medo parecia algo distante enquanto eu me aproximava da porta. As fortes batidas do meu coração cobriam completamente o som dos meus passos. Me agachei equilibrando a bandeja em um dos meus braços enquanto pego o cadeado com a mão livre, o corpo gélido do objeto de alumínio atravessando minha pele. Com calma arrumei as tranças de ferro em volta dos puxadores das portas e passei o gancho do cadeado por dentro de duas aberturas, ligando as duas pontas uma à outra, mas hesitei antes de fechar o cadeado.

O que havia dentro daquele cômodo?

Mordi o lábio inferior com força, reprimindo os pensamentos que rondavam o conteúdo daquele lugar secreto. O servo estava nervoso por uma razão, talvez ele soubesse por que essa porta deveria ficar trancada, mas...

O que ele estava fazendo ali? Por que e quem o havia machucado daquela forma? O arquiduque sabia?

As perguntas sem respostas rondavam minha mente como abelhas em volta da colmeia, e um grito interno me dizia que eu encontraria todas as respostas se apenas me desfizesse daquelas correntes e entrasse naquele cômodo. Comecei a puxar o gancho do cadeado para fora das tranças, mas uma mão pousou acima da minha me instigando a colocar força no cadeado, fechando-o junto com o cômodo.

— Eu avisei mais de uma vez que a curiosidade é uma característica perigosa para quem vive nesse palácio, Mabel — eu pude ouvir o sorriso na sua voz. — Principalmente para você.

A bandeja com a comida cedeu dos meus braços ao mesmo tempo que minhas pernas, o barulho dos objetos despejando no chão soou longe aos meus ouvidos quando o braço do arquiduque rodeou minha cintura, impedindo que eu tivesse o mesmo fim. Meu rosto estava colado em seu peito, com as batidas frenéticas do seu coração no alcance dos meus ouvidos. Senti quando ele afastou os fios do meu cabelo e desceu sua boca para a base da minha orelha, seu hálito fresco lançando-me calafrios por toda a extensão do meu pescoço.

— Entenda Mabel, algumas portas devem ficar fechadas para o bem comum — ele disse com a voz baixa e rouca, ainda me mantendo presa em seu meio abraço. — Não quero vê-la perto dessa porta novamente, entendido?

— Sim, senhor — ele me soltou.

— Limpe isso — foi a única coisa que disse antes de se virar e entrar para o seu escritório.

Só notei que prendia a respiração quando a porta do seu escritório bateu audivelmente e uma lufada de ar escapou dos meus lábios. Me agachei e cuidadosamente comecei a recolher os cacos de vidro da xícara e dos pratos quebrados. Suspirei profundamente, talvez eu devesse ter ouvido a Cecília e permanecido no quarto...

¨¨

Uma semana inteira passou e somente então os criados retornaram as suas obrigações costumeiras, durante esse período eu fiquei incumbida de levar as refeições para o arquiduque todos os dias. Um trabalho extremamente incômodo se levar em conta os acontecimentos anteriores, mas Ambrose apenas se limitava em acenar e logo me dispensava, voltando a se concentrar no projeto da biblioteca pública.

E assim os dias voaram diante dos meus olhos.

A volta dos empregados trouxe uma normalidade assustadora para o Palácio Negro. Eles não me perseguiam como antes, mas também não se aproximavam, mantendo um contato estritamente necessário. Não voltei a me encontrar com o criado do rosto machucado, mas também não o procurei esperando que seus ferimentos estejam sendo devidamente tratados.

Ainda era cedo quando eu me levantei, à noite fora mal dormida com os uivos e gritos incessantes das bestas preenchendo o quarto. Desde o incidente no corredor, eu estava mais consciente dos habitantes da floresta Osíris que espreitavam a muralha, e poderia até jurar que as feras estavam mais barulhentas do que de costume. Então cansada de continuar brigando com o sono, resolvi levantar da cama e adiantar algumas tarefas, como o concerto de um dos sapatos da senhorita Cecília, que estavam com as solas descolando.

Saí do meu quarto e segui em direção a porta ao lado, silenciosamente girei a maçaneta com a intenção de pegar os sapatos sem acordar a Cecília. Mas o quarto estava iluminado por algumas velas quando a porta abriu o suficiente para a minha passagem, deixando a silhueta da minha dama visível. Ela estava em pé de costas para mim, nua da cintura para cima com apenas uma calçola de seda cobrindo suas nádegas, os cachos espessos estavam soltos, livres das costumeiras tranças caíam livremente pela extensão das costas. Pensei em sair do quarto antes que minha presença fosse notada, principalmente quando ela era tão reservada.

Eu estava prestes a me retirar completamente quando ela se virou de lado expondo parcialmente seu peito e barriga. Em outras circunstâncias esse movimento jamais teria me chamado a atenção ou me feito parar, mas ali estava a filha do Visconde Bremner com marcas no corpo que uma dama jamais deveria ter. Ali estava em sua pele abençoada pelo sol, evidências de um passado que ela tentava esconder, e talvez... esquecer.

Fechei a porta novamente em silêncio e voltei para o meu quarto, abraçando a Drystan quando voltei a me deitar...

— Parece estar cansada Mabel, não dormiu bem a noite? — Cecília perguntou depois de me avaliar por um tempo.

— Realmente, os uivos me tiram a paz — ela e Drystan me encararam confusos.

Ambos estavam se distraindo com um jogo de quebra-cabeças, inclinados sobre as peças enquanto avaliavam atentamente os formatos e os desenhos gravados, enquanto eu me concentro no trabalho de derreter pequenas porções de cola para prensar o sapato de Cecília.

— A que se refere? — Ela voltou a analisar as peças em sua frente.

— Muito me inveja a qualidade do sono de vocês — disse com risada na voz. — Como é possível que não tenham acordado nenhuma vez? Se bem que Drystan sempre dormiu profundamente, nem mesmo desperta quando me levanto. Mas você sempre me pareceu ser do tipo que tem o sono leve — indiquei Cecília apontando para ela o sapato já devidamente colado.

— Do que está falando, Bel? — Drystan perguntou enquanto encaixava uma peça no jogo quase completo. Ergui a cabeça para expiar a imagem, reconhecendo como uma pintura da praça Estrela de Neve durante a chuva de estrelas. Um jogo popular para os turistas mais entusiasmados.

— Dos uivos, se é que se pode chamar algo como aquilo de uivos — disse, com a lembrança do barulho gutural me causando arrepios — Realmente nunca escutaram?

— Até onde fui informada não existem lobos por essa região — Cecília disse confusa.

— Não de lobos — balancei a cabeça em negativa —, mas das bestas.

As sobrancelhas da Cecília arquearam com genuína surpresa enquanto que meu irmão largou a peça que estava preparando para encaixar. Nenhum dos dois parecia ter imaginado essa possibilidade até então.

— Desde quando consegue ouvir? — perguntou, sinalizando para Drystan encaixar a pecinha deformada, enquanto ela encaixava outra em seguida.

— Logo que nos mudamos, mas agora tem sido com mais frequência — disse, depois de pensar um pouco no assunto. — Por que?

— Ah! — ela disse parecendo um pouco desconfortável — Por nada, eu apenas me perguntei se era uma coisa recente para ter passado despercebido. Mas imagino que esteja relacionada a qualidade do meu sono. — Ela sorriu amarelo.

Não me pareceu, nem por um segundo que ela acreditava nas próprias palavras. E talvez sejam suposições tolas da minha parte alimentadas pelos acontecimentos perturbadores dos últimos dias, mas algo primitivo em mim gritava que ninguém mais era capaz de ouvir as bestas enfurecidas e novamente eu era a única que não sabia o motivo.

— Se me dão licença. — Me levantei de onde estava e sem esperar qualquer resposta, atravessei o quarto e entrei nos corredores sinuosos do palácio.

Eu cansei de comer pelas beiradas do prato, ninguém me responderia nada mesmo se soubesse — e eu desacredito fielmente que caso fosse consciente Cecília me diria algo. E eu não sei o porque —, apenas uma pessoa poderia me fornecer um certo grau de resposta. Eu percebi isso desde a primeira vez que o encontrei.

Foram poucas as vezes que eu andei por essa parte do palácio, não que fosse proibido, mas apenas não tinha nenhuma razão para estar aqui. Eu estava caminhando em direção aos estábulos do arquiduque — grande o suficiente para que qualquer um que não estivesse acostumado com as fileiras e mais fileiras de baias se perdesse entre elas —, onde seus cavalos eram devidamente cuidados e também onde Erick passava a maior parte do tempo.

Desde antes do nosso encontro no escritório do arquiduque, eu nunca o havia visto pelo palácio e portanto imaginei que ele estivesse viajando quando cheguei e é o que parece ser o caso até então. Mas desde o seu retorno, continuei sem vê-lo pelo palácio, até que enquanto fazia uma das minhas tarefas ao redor, o avistei no campo de treinamento passeando com os cavalos e sempre que passava por perto, ele estava nessa região. E hoje não foi diferente.

— Nos encontramos novamente, senhor Erick. — Saudei assim que ele olhou para mim, sem nenhuma surpresa em seu rosto — Peço perdão se fui descortês ao chamá-lo assim, mas não me recordo o nome da sua família.

Algo nele me dizia que fazia parte da nobreza, mesmo que não agisse como um.

— Não existe necessidade de formalidades comigo, Erick é o suficiente. — Ele sorriu, mas eu percebi que estava tenso — Imagino que veio aqui para me falar algo, estou certo?

Ele era objetivo, exatamente do que eu preciso no momento.

— Correto, venho porque acredito que o senhor seja o único que possa aliviar minhas angústias.

— Não costumo ouvir isso com frequência. — Ele franziu a testa e olhou em direção do palácio, estralou o pescoço parecendo desconfortável — Vamos sair debaixo do sol, é fatigante ficar exposto assim.

Concordei e o segui para dentro do estábulo, não entramos muito e ele logo puxou dois bancos e os posicionou frente a frente para nos sentarmos. Tomei o meu lugar e olhei para o interior avistando as silhuetas dos cavalos se mexendo, de tempos em tempos eles bufavam e relinchavam, parecendo conversar entre si.

— E então, em que posso ser útil?

— Vou ser direta em minhas palavras, senhor — ele assentiu e esperou que eu prosseguisse — O que sabe sobre as bestas?

Ele me olhou surpreso, mas não de todo confuso.

— Pouca coisa, apenas que estão do outro lado da muralha e que é onde devem permanecer — falou, tentando parecer mais casual do que realmente estava. — Por que pergunta?

Como eu esperava, ele não falaria tão facilmente

— Porque as últimas noites têm sido difíceis para mim, com os uivos incessantes. Penso que eles estão cada vez mais próximos do palácio — disse tentando parecer assustada.

— Já consegue ouvi-los? — falou, parecendo perdido em pensamentos.

— Como assim? Eu os ouço desde que cheguei ao palácio, agora com um pouco mais de frequência.

Ele me encarou com a feição desfigurada de preocupação. Percebi que ele não negou que fosse possível ouvir as criaturas, mas ainda assim algo o havia deixado surpreso. Ele alisou e voltou a estalar o pescoço, como se estivesse carregando alguma coisa pesada.

— Isso é comum — ele disse depois de um tempo em silêncio —, lembre-se que estamos próximos à floresta Osíris e é normal que eles fiquem agitados nessa época do ano. Não falta muito para nós sairmos para a caçada.

— Então todos conseguem ouvi-los? — não era difícil fingir estar impressionada porque agora mesmo meu coração batia descontrolado no peito, ansiando pela resposta que viria a seguir.

— É claro! Às vezes é difícil dormir por aqui — ele sorriu, e eu vi a mentira em seus lábios. 



Notas da Outonno:

Meus amores, resolvi mudar o dia da postagem para as segundas. Fica bem mais fácil para mim. 

Espero que tenham aproveitado a leitura e sigo esperando ansiosa para ler as teorias de vocẽs! Não esqueçam de comentar e divulgar a história com os amigos! bjooos.

Continue Reading

You'll Also Like

6.6K 725 10
Ela não é uma pessoa boa, comete erros, age impulsivamente, é teimosa. Odeia perder aqueles que ama, detesta mudanças e teme a solidão, mas ao mesmo...
6.1K 467 20
S/n Addams é uma garota de 20 anos de idade.S/n foi transferida para a escola nunca mais junto a sua irmã wandinha de 16 anos.A garota mais velha...
16.5K 1.5K 14
「𝘚𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘳𝘦𝘦𝘴𝘤𝘳𝘪𝘵𝘢」 Ivy Dorothea O'Brien, abandonada aos doze anos de idade por sua mãe, Morgana O'Brien, e filha perdida de Aro Volturi...
39.9K 2.4K 26
@Kyliejenner curti sua foto S/n: Seu nome S/a: seu apelido