Eu lembro como se fosse ontem daquela noite. Rafe apareceu do além para arrumar confusão.
– Sarah e Topper, é sério isso? – Ele disse rindo em tom de deboche. – Vem, os dois, agora.
– Você não manda em mim, Rafe. – Rebateu Sarah.
– Amor, é melhor irmos mesmo, temos mais o que fazer. – Diz Topper.
– Não! Vocês não mandam na Sarah! Ela está entre amigos, vão se fuder, nos deixe em paz Rafe. – Digo, totalmente sóbria e totalmente PUTA.
– Não se mete Merlia, se sua família te deixa andar com eles o problema é de vocês! Minha irmã não anda com gente assim.
– "Com gente assim?" – JJ ri. – Vai se fuder riquinho de merda.
– Apenas vim buscar minha irmã, não estou falando com vocês.
– Sua irmã escolheu andar com a gente – Arrisca John B. Boa meu garoto! – Então faça o favor de calar a boca e se mandar.
E então Rafe puxa Sarah pelo braço. Péssima escolha.
John B se estressa de um jeito que nunca havia visto. Puxa Sarah para trás pois ela não queria ir com ele.
Na mesma hora Rafe da um soco na cara de John B que o deixa tonto. Pope na mesma hora parte para cima dele, enquanto mais outros dois caras vem correndo em nossa direção.
JJ, obviamente, também parte pra cima, levando um bom chute no estômago dado por Rafe. Aquilo me deu um ódio que nem sequer pensei nos meus próximos passos.
Sai correndo e peguei o maior galho mais próximo que consegui e voltei para o meio da briga na esperança de adiantar alguma coisa. JJ e Rafe pareciam que iam se matar, e Sarah estava abraçada com Kie e Cleo, chorando.
Rafe usava bermuda, que se fosse em outra ocasião me faria ficar horas observando seu corpo, aquele cara fica bonito com qualquer merda, odeio ele ainda mais por isso.
Aproveitei o embalo e arranhei a perna dele com o galho, na esperança de dar vantagens para o JJ. Mas a anta que eu chamo de amigo apenas se afastou e começou a rir de rafe com a perna sangrando, enquanto Pope e John B se matavam com os outros dois caras.
– Você enlouqueceu? – Grita Rafe para mim. – Vai se fuder, Merlia.
– Vai você seu merda! Você não tem o direito de vir aqui e nos pertubar desse jeito! Eu te odeio muito Rafe, você não faz ideia! – Tento gritar mais alto que ele.
Rafe olha para mim e JJ, tentando decifrar algo.
Imagino que tenha decifrado, pois me empurra para trás e parte para cima de JJ, quebrando seu braço.
– Vamos. Sarah se vira depois com nosso pai. – Diz Rafe para os dois caras e os três somem correndo. Covardes!
Abraço JJ que está morrendo de dor e logo todos estamos segurando ele. Ele precisa ir para um hospital.
– Sarah vem! Rafe quebrou o braço de JJ. – Digo pois ela continua parada ao lado de Topper (Esse cara é uma planta).
– Desculpa, preciso ir. – Ela diz e sai.
Nunca senti tanta raiva da minha melhor amiga. Resumindo, levamos JJ ao hospital, e depois eu e Kie fomos tirar satisfações com Sarah.
Ela pediu desculpas e disse que não achou certo o que Rafe fez, mas se desse polícia ela teria que ficar ao lado dele.
Dei graças a Deus que aquela briga não deu em nada, pois não aguentaria ela ficando do lado de Rafe.
A lembrança de JJ gritando de dor no caminho para o hospital me faz odiar Rafe cada vez mais. Mas me faz querer saber o que houve pra ele agir assim naquele dia.
Mas por que caralhos eu ainda tento ver o lado de Rafe em tudo? Eu desprezo aquele cara! Apenas não consigo entender a minha mente.
*
Eu amo domingos! Principalmente quando sei que na segunda vai ter feriado. Eu amo feriados! Odeio ir para a escola então qualquer oportunidade de ficar em casa, eu tô aceitando.
Ontem acabou ficando tarde e dormi aqui na casa de Sarah.
Apesar de amar ficar aqui, odeio o jeito que sempre acordo primeiro.
São sete e trinta da manhã e Sarah está roncando. Acho que o pai e a madrasta não estão em casa, o que torna esse casarão assustador por causa do silêncio. Wheezie fugiu para uma festa no meio da noite, ou está morta dentro do quarto, ou ainda não voltou.
Desço as escadas para ir tomar uma água na cozinha. Me deparo com Rafe sem camisa e uma calça de moletom cinza.
O que tem de filho da puta, ele tem de gostoso.
UEEEPAAAA.
Tento afastar esses pensamentos.
– Licença. – Digo ao poste de luz na frente da geladeira. – Quero pegar a garrafa d'água.
– Não.
Não?
– Sim. Sai da frente Rafe.
– Não quero.
– Não me irrite.
– Não se irrite.
– Me deixa passar.
– Não.
– Agora Rafe Cameron, me deixa passar! – Ja perdi a paciência com esse cara e ainda não são nem oito horas.
– Me paga primeiro.
– Pagar o que?
– Um boquete.
oi?
– Oi?
– Digo, minha moto. – Diz ele rindo.
– Não vou pagar sua moto Rafe.
– Você tava defendendo Sarah, você paga.
Sério eu não to entendendo mais nada dessa conversa.
– Vai se fuder!
– Ja disse que se você vier junto, eu vou.
Que espécie de tortura é essa?
– Rafe não me estressa!
– Você me odeia pois eu sou gostoso!
Ele disse mesmo isso? Não meus amores perai!!
Tecnicamente ele não está errado.
– Você se acha demais.
– Você não negou.
– Neguei o que?
– Que eu sou gostoso.
Não consigo negar algo que é verdade. Mesmo odiando esse cara, amaria passar a mão por aquele corpo.
– Você é desprezível Rafe Cameron.
– Isso não é resposta.
Ele diz enquanto chega mais perto, me espremendo (denovo) contra o balcão. Me deixando sem saída e sem ar. Meu lado América Singer está quase dando um chute nas joias reais desse cara.
– Sim, é sim. Agora me deixa pegar a água.
– Diga que me odeia verdadeiramente, e eu te deixarei passar, pequena.
Isso não é tão difícil. Mas por quê não consigo dizer?
Fico encarando seus lindos olhos azuis por um tempo, tentando lembrar tudo o que ele ja fez. Tento lembrar da briga com os meninos, do jeito mesquinho e ignorante dele, dos apelidos que eu odeio, do vício dele em drogas e bebidas, da festa de quando eu tinha nove anos...
– Eu te odeio.
– Está mentindo, pequena. Eu pedi para dizer verdadeiramente criaturinha minúscula. – Diz ele quase sussurrando.
Perto demais, perto demais. Ele. Está. Perto. Demais.
– Eu te odeio Rafe Cameron, e não preciso provar isso!
– Mentirosa.
Antes que eu possa abrir a boca para dizer algo, ele se afasta, não sem antes me olhar por completo e parar os olhos em meus seios quase amostra pois a blusa do pijama já não me serve muito bem. E então ele sai com um sorrisinho no rosto que me fez sentir algo bizarro no estômago. Será que se eu vomitar nele, isso passa?
Me senti tão secada por ele que bebo tranquilamente quase dois litros de água. O que caralhos aconteceu aqui? Por alguns segundos eu poderia jurar que ele estava flertando comigo, e uma parte de mim queria que ele estivesse. Mas não entendo o por quê do meu corpo e da minha mente quererem isso.
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