Jogo de sorte: um romance por...

By BeatrizCortes2

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Miguel Bellini é o famoso viúvo CEO da LifeSports, a maior empresa de itens esportivos do país. O mistério q... More

Capítulo 1 - Clara
Capítulo 2 - Miguel
Capítulo 3 - Clara
Capítulo 4 - Miguel
Capítulo 5 - Clara
Capítulo 6 - Miguel
Capítulo 7 - Clara
Capítulo 9 - Clara
Capítulo 10 - Miguel
Capítulo 11 - Clara
Capítulo 12 - Miguel
Capítulo 13 - Clara
Capítulo 14 - Miguel
Capítulo 15 - Clara
Capítulo 16 - Miguel
Capítulo 17 - Clara
Capítulo 18 - Miguel
Capítulo 19 - Clara
Capítulo 20 - Miguel
Capítulo 21 - Clara
Capítulo 22 - Miguel
Capítulo 23 - Clara
Capítulo 24 - Miguel
Capítulo 25 - Clara
Capítulo 26 - Miguel
Capítulo 27 - Clara
Capítulo 28 - Miguel
Livro completo na AMAZON | Jogo de sorte

Capítulo 8 - Miguel

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By BeatrizCortes2

Quando deixo Clara em casa, sinto todos os meus músculos que antes estavam tensionados, relaxarem. Não sei por que estou tão tenso, mas só o fato de estar tão próximo dela, com as pernas em volta de mim, os braços em meu abdome, o cheiro do seu perfume, tudo me dá um certo desespero, como se fosse errado. Talvez seja pela visão no banheiro, não sei, mas a partir de agora vou ter que me acostumar com sua presença.

Odeio-me por ter aceitado esse acordo de Enrico, mas sendo bem racional, ele tem razão. É uma oportunidade única, e fiz tudo o que podia para convencer Clara, apesar de nossa proximidade não ser sempre agradável, pois trocamos farpas o tempo todo. Só consegui convencê-la depois de aceitar sua proposta de manter a confusão que ela mesma inventou no hospital, mesmo ela não me explicando o motivo de toda essa baboseira. Ela é uma mulher bem-sucedida, com uma carreira independente, por que precisa de mim para isso?

No entanto, como não estou em uma posição de poder questionar muito, acabei aceitando e deixando para ver como será. Enquanto subo de elevador para meu apartamento, mando uma mensagem para Enrico, contando que a maluquice dele deu certo.

Abro a porta de casa e levo um susto com minha irmã, Maria Isabel, sentada no sofá de entrada.

— Mabel?

Ela dá um sorriso amarelo.

— Irmãozinho... — Ela fica de pé e me abraça apertado.

— Está tudo bem? Ninguém me avisou que você viria... — comento, tirando os sapatos e seguindo com ela para dentro do apartamento.

Mabel é minha irmã mais velha, e mora em Teresópolis, região serrana do Rio. Por isso, quando ela chega sozinha no meu apartamento sem avisar, a impressão que tenho é que algo aconteceu.

— Mais ou menos, vim pra uma consulta e quis passar aqui para conversar com você...

— Claro.

— Mas antes de qualquer coisa, quem é aquela tenista, hein? Não aceito nenhuma namorada que você não tenha me apresentado antes para passar pelo crivo exigente da irmã mais velha — ela fala, com um ar de brincadeira e se senta no sofá da sala junto comigo.

— Ah, viu aquilo? Você não faz ideia de como já me estressei. Mas não é nada, foi só uma confusão. A maluca me deu uma bolada na cabeça.

— Sério? — Mabel dá uma gargalhada espontânea.

— Juro. É doida de pedra. Depois te conto melhor o que aconteceu, agora quero saber de você, que normalmente não aparece sem avisar e ainda mais sozinha, sem aquela pestinha... — brinco, falando de minha sobrinha.

— É... foi uma surpresa para mim também.

Ela dá um suspiro profundo e a encaro. Seus cabelos castanhos estão presos em um rabo de cavalo, ela está sem maquiagem alguma, como normalmente sai mesmo, mas dessa vez as olheiras estão aparentes. A última vez que a vi com essa expressão foi quando estava exausta.

— Estou fazendo algumas consultas há uns meses e hoje peguei o resultado de uma biópsia...

— Biópsia? — Arregalo os olhos e algo parece me sufocar. — Quando você fez uma biópsia?

Ouvir essa palavra me traz uma enxurrada de memórias. Idas e vindas do hospital, tratamentos invasivos e dolorosos...

— Um mês atrás, não quis falar com ninguém.

— Nem comigo? — Fico de pé, passando as mãos agitadas nos cabelos, sem entender. — Por quê?

— Não queria te preocupar, eu sei que você odeia hospitais e não queria criar alarde sem ter certeza de que...

Ela para antes de continuar. E eu sei exatamente qual será o restante da frase.

— É câncer? — pergunto, com a voz falhada, sentando-me ao seu lado e segurando sua mão.

Mabel deixa uma lágrima cair e confirma com a cabeça. Eu não posso acreditar. Não quero acreditar que estou passando por isso outra vez. Sinto meu corpo inteiro tremer e engulo a saliva com dificuldade. As lembranças dominam minha mente, tento afastá-las porque quero ser alguém forte para minha irmã, mas não sei por quanto tempo consigo.

— Câncer de mama, estágio 2. O médico quer operar, vamos fazer alguns exames e ver qual será o procedimento.

Tento digerir as informações, sem muito sucesso. Dou um abraço apertado em Mabel, deixando que ela chore tudo o que tem que chorar, mesmo sabendo que eu gostaria de estar fazendo o mesmo e não posso.

— E a Barb? Ela sabe? — pergunto da minha sobrinha que, apesar de ter apenas seis anos, é muito esperta.

— Não. Ela acha que estou trabalhando. Vou contar em breve.

Confirmo com a cabeça, meio inconformado com o universo. Como algo assim pode acontecer em um período tão curto com as pessoas mais importantes da minha vida? Parece um castigo!

— Agora, vamos mudar de assunto, chega de tristeza! — Mabel fica de pé, enxugando o resto. — Quero saber tudo sobre a tenista.

Sorrio para ela e, dessa vez, quem está com o sorriso desanimado sou eu. E, de repente, nada mais parece fazer sentido, nem a empresa, nem o contrato internacional e muito menos a tenista com a qual em um romance de mentira. Só quero que Mabel fique bem.

***

Acordo pela manhã com um lembrete de Enrico, informando que preciso ir ao clube onde Clara joga assinar o contrato de patrocínio. Minha cabeça está bem longe de qualquer coisa que não seja a minha irmã. Passei a noite revirando as memórias, o passo a passo com o tratamento da minha mulher, buscando o que eu posso ter deixado passar ou em que momento a perdi, porque não quero e não posso perder mais alguém.

Tomo um banho rápido, visto uma blusa social azul marinho e uma calça preta, calçando os sapatos o mais depressa possível para não me atrasar. Saio de carro e passo primeiro na empresa, para buscar Enrico, que é advogado também, o que ajuda nesses momentos. Meu sócio entra com um sorriso empolgado no rosto e dá de cara com minha expressão nitidamente carrancuda.

— Ih, esse humor logo pela manhã? Sorria porque vamos assinar o contrato da vitória hoje! — ele fala, animado.

— Meu humor ultimamente anda sendo o menor dos meus problemas. — Acelero o carro assim que ele entra.

— O que aconteceu? Ainda é por causa da tenista e das fotos?

— Não. Alguns problemas com minha irmã.

Enrico fala um "hum" desanimado, mas acho que percebe que não quero falar sobre o assunto. Chegamos ao clube onde Clara joga em menos de dez minutos e me surpreendo ao notar que está lotado.

— Tem algum evento hoje aqui? — questiono Enrico.

— Acho que tem jogo.

Estacionamos nos fundos, onde fica o estacionamento da direção do clube, e caminhamos até o prédio principal, evitando as quadras, que estão com as arquibancadas lotadas.

— Pelo visto as pessoas gostam mesmo de Tênis por aqui... — Enrico comenta, percebendo a multidão.

Confirmo com a cabeça, mas não olho muito. Entro no prédio e pegamos o elevador até a sala de Adrian, que nos espera sozinho dessa vez.

— Que bom que chegaram! Pedi para que viessem cedo porque, como devem ter percebido, está meio tumultuado hoje aqui — ele comenta, nos cumprimentando com rapidez.

Adrian estica a mão, mostrando as cadeiras em frente à mesa. Nós nos sentamos e a secretária dele nos oferece água e café, aceitamos os dois.

— Bom, aqui está o contrato de parceria oficial. Incluímos o que vocês pediram no último e-mail e está tudo certo com a empresária da Clara. Ela não está aqui hoje porque Clara está jogando agora, a Sandra assiste a todos os jogos e fica lá junto com o técnico dela.

— Sem problemas, vou dar uma olhada — Enrico responde, puxando os papéis para si e focando neles.

Encaro a sala por um instante, vendo alguns troféus e medalhas.

— Você joga? — pergunto à Adrian. Ele não é velho, mas não me parece um atleta.

— Não, na verdade, são dos meus filhos. Eles jogaram por um tempo, mas saíram do país e desistiram da carreira. Guardo os troféus e as medalhas comigo — ele responde, meio inquieto, acho que toquei num assunto delicado sem perceber.

— Entendi.

— Olha, Miguel, inclusive ia te pedir desculpas pelo transtorno com as fotos. Sei que você se machucou e parece que a mídia não tem dado muito sossego para a Clara, e acabou te envolvendo nessa confusão.

— Tudo bem, sem problemas, acontece — minto. Claro que não acontece. Não gosto nem de me lembrar de todos os erros consecutivos que me trouxeram aqui hoje, assinando um contrato e fingindo um relacionamento com uma maluca com quem não tenho nada em comum e nem conheço, só para ter sucesso internacional com a minha empresa.

Da mesma forma que Clara não se sentiu bem com a nossa proposta porque não quer redimir sua carreira à um relacionamento de fachada, eu também me sinto um idiota por ter que me submeter a isso para conseguir o que tanto sonhei com meu trabalho. Acho que pelo menos isso temos em comum.

Alguns minutos depois, Enrico termina de conferir os dados do contrato e assinamos. Descemos e saímos de frente para a quadra onde está acontecendo o jogo de Clara. A visão da rampa de saída é privilegiada e observo o placar: 6x3/3x1 até agora, Clara está ganhando. Ela parece diferente, mais séria, decidida, está usando o mesmo uniforme branco do dia em que nos conhecemos, deixando as pernas à mostra e os cabelos presos com uma trança comprida.

— Olha lá sua namorada... — Enrico implica, fazendo-me revirar os olhos. — Parece que ela arrasa mesmo...

— Espero — digo, apoiando o braço no corrimão da rampa e a observando.

Acabamos esperando o fim do jogo e estou realmente impressionado no que Clara é capaz de fazer em quadra. Dei sorte de ter tido apenas uma concussão com a bolada que levei dela aquele dia, porque se a velocidade fosse a que ela está jogando hoje, seria fatal.

Enrico começa a conversar com um cara parado ao nosso lado e vejo a movimentação da mídia lá embaixo. Os jornalistas se espremem no local marcado para eles, aposto que assim que acabar vão cercá-la para perguntas, e espero não ser visto também. Estou boquiaberto com seu desempenho. No entanto, quando o jogo termina, entretenho-me em uma conversa com Enrico e o cara ao nosso lado, e quando a procuro outra vez, não a encontro.

A multidão está se dispersando e peço licença a Enrico com a intenção de ir atrás de Clara. Desço a rampa e coloco os óculos escuros, espero não ser reconhecido e ter outra foto absurda nas capas das revistas de fofoca.

— Miguel Bellini? — ouço uma voz conhecida e encaro Sandra, a empresária de Clara.

— Oi, tudo bem? Já está tudo certo lá com o Adrian... — comento, ainda procurando-a com os olhos, sem sucesso.

— Certo. Que bom que mudou de ideia. Está procurando por ela? — pergunta, desconfiada.

— Sim...

— No vestiário. À esquerda.

Agradeço e sigo pela porta lateral, chegando em um corredor bem menos movimentado.

— Clara? — chamo, e ninguém responde.

Continuo andando e ouço um barulho de água, que sigo até chegar em uma porta de madeira. Empurro a porta e o som fica mais alto.

— Clara? — chamo outra vez e nada.

Caminho pelo vestiário cheio de armários e então a vejo.

Clara está seminua, só de calcinha, debaixo do chuveiro no fundo do vestiário. Ela está de costas para mim, mas não consigo tirar os olhos de seu corpo atlético. Seus cabelos estão encharcados e ela está tirando o xampu. A cena faz meu rosto queimar e percebo que o que aconteceu no banheiro de casa outro dia está voltando a acontecer agora. Mas ignoro totalmente meu bom senso. Apoio o braço em um dos armários e no mesmo instante em que Clara desliga o chuveiro, eu acabo escorrendo a mão e batendo no armário da frente sem querer.

O grito agudo de Clara faz cair minha ficha do que estou fazendo: bisbilhotando uma mulher como se fosse um adolescente de 14 anos.

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