Uma suposta facção de balé •...

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... More

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
16 | Emboité
17 | Chainés
18 | Penchée
19 | Balancé
20 | Pas de Deux
21 | Battement
22 | Entrechat
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
32 | Pirouette
33 | Écarté
34 | Passé
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

15 | Brisé

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By callmeikus

OI, MEUS FACCIONÁRIOS!!! QUE SAUDADES DE VOCÊS AAAA 😭

Hoje tem playlist obrigatória pro capítulo hihi: remix de Butter com a Megan! Se achar uma playlist com PTD e Butter original você recebe TODO MEU AMOR!

Boa leitura e não se esqueçam de votar!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

O resto da noite com Yoongi foi agradável. Ele e Jimin eram inusitadamente similares em seus gostos — além de românticos. Hoseok, por outro lado, apareceu para conversar com os dois só algumas vezes, claramente frustrado. Ser anfitrião da festa não era tão divertido quanto imaginava.

E, de fato, eram as aberrações com copos de vidro, já que toda vez que algum convidado passava perto deles, arregalava os olhos e ficava com uma expressão de puro choque. Mal sabiam que a dupla conhecia muito bem onde estava escondido o resto dos salgadinhos e que alguém livre de preconceitos seria presenteado com tal privilégio.

Yoongi fez um relato completo de sua história com o piano, e Jimin fez o mesmo com o kung-fu. Depois de piercings e maquiagem. E depois convergiram para o assunto descolorir o cabelo. Como ambos mantinham um tom bem claro nos fios, sabiam muito bem o sacrifício que era chegar até ele.

Riram. Yoongi perguntando-se se realmente deveria rir com seu suposto rival no amor, e Jimin se deveria se apegar ao namorado de quem era apaixonado. Porém, não estavam com vontade nenhuma de ter que achar outra companhia naquela festa, até porque temiam não serem capazes de fazê-lo. Assim como a maioria dos ambientes que frequentavam, não tinham lugar ali.

Quando finalmente deu a hora do parabéns, foi um alívio para Jimin. Conversar com Yoongi era divertido, mas a ansiedade de conseguir se livrar logo do peso que acumulava em seu peito era maior. Olhou o grande bolo de chocolate cheio de decorações coloridas no centro da mesa e teve certeza de que foi a mãe de Hoseok fizera, mesmo que ela e marido estivessem fora de casa a fim de deixar o filho mais à vontade. Depois, seu olhar foi capturado para Hoseok no automático.

Ele sorria tanto, tanto, que parecia a primeira festa de aniversário da sua vida, o que era mentira. E Jimin suspirou, porque Hoseok era regado de felicidade e prazer em todas as boas ocasiões, fossem elas costumeiras ou não. Notou que aquele detalhe lembrava um pouco o jeito tão genuíno de Jungkook. Talvez gostasse de manter por perto pessoas às quais gostaria de parecer um pouco mais, esperando que a proximidade lhe ensinasse a aproveitar as coisas. A se permitir.

E droga, o sorriso de Hoseok era lindo. Tinha aquele formato de coração tão característico... lindo, assim como a forma que as bochechas já altas subiam mais ainda e fazia com que seus olhos ficassem menores. Ele exalava felicidade em cada detalhe de seu corpo. E era lindo, ele todo. Jimin quis chorar com o quanto ele achava Hoseok lindo.

Apesar de, na teoria, ser uma festa adolescente, o parabéns ainda parecia infantil. E só piorou quando, para o horror dos outros convidados, Hoseok puxou Yoongi e Jimin para ficarem do seu lado da mesa; aquela posição nobre e de prestígio que só alguém muito próximo poderia ter. Um silêncio ameaçou a aparecer, porém foi interrompido pelo Hoseok começando a cantar o seu próprio parabéns, prontamente acompanhado pelo resto da festa.

Tanto Jimin quanto Yoongi ficaram assistindo Hoseok entre eles, estupefatos, antes de sorrirem, tímidos. Começaram a cantar e bater palmas também. Hoseok era o tipo de pessoa especial que gostava de fazer com que quem lhe era precioso se sentisse igualmente especial.

O final da música foi seguido por confetes e uma fila ordeira para receber um pedaço do bolo que o anfitrião — um pouco cansado de ser um porque queria farrear e conversar —, começou a cortar. Já que estavam daquele lado da mesa, Jimin e Yoongi começaram a ajudar também, sendo observados pelo resto dos convidados com um certo encanto assombrado, como se fossem animais que aprenderam a falar.

Como Jimin tinha jeito para a coisa, acabou assumindo o papel de cortar o bolo e colocar no prato. Sempre com muita destreza; o corte tão perfeito que parecia feito por um samurai. Samurai de bolo. Hoseok e Yoongi contentaram-se com a tarefa de, respectivamente, espetar o garfo no bolo e entregá-lo junto a um guardanapo.

Quando a fila finalmente acabou, os três pegaram suas fatias e procuraram um canto para comer. Hoseok finalmente libertara-se de qualquer responsabilidade além de ficar acordado até a última pessoa ir embora. Sentaram no chão, perto de um dos lados da parede circular da sala-de-estar esquisita e começaram a rir, como se os três fossem amigos de longa data que passavam o dia inteiro juntos.

Jimin notou o quanto Hoseok segurava-se com Yoongi, que, em teoria, não queria se assumir por vergonha. A mão volta e meia buscava a do outro, porém transformava o movimento em alguma gracinha boba. Volta e meia se inclinava na direção dele, e Jimin respirava fundo, sabendo que seria um beijo se Hoseok não se lembrasse que não podia beijá-lo sem ser a sós e recuasse. Queria, muito, ser o astro que atraía Hoseok daquele jeito, como o sol fazia com os planetas. Queria ser alvo daquelas tentativas frustradas, ser fonte daquela gravidade que fazia com que Hoseok sempre se aproximasse. Era uma tortura assistir.

Porque Hoseok era do tipo gentil que fitava a todos com doçura. O olhar dele sempre derreteu Jimin de carinho, em todos os momentos de sua vida, mas era clara a camada diferente de brilho no olhar quando este era direcionado ao Yoongi. Hoseok era tão apaixonado por Yoongi que doía em Jimin observar, mesmo que não quisesse ter aquele sentimento. Não queria carregar tristeza em olhar duas pessoas cuja presença não fazia com que se sentisse errado como a dos outros.

E, se em algum momento o carinho de Hoseok pareceu unilateral, um asteroide sendo atraído pela gravidade, foi pela própria cegueira de Jimin, causada pelos olhos que sempre ansiavam em enquadrar a beleza de quem era apaixonado. Hoseok e Yoongi eram ímãs. Atraíam-se na mesma proporção e força antes de se lembrarem da situação e conterem-se. E, toda vez, Yoongi erguia um olhar culpado em direção ao Jimin.

Pelo pouco que conheceu do garoto de cabelo cor de rosa, sabia que, racionalmente, ele não veria nada de errado nos dois demonstrando o carinho que tinham um pelo outro. Eram namorados e tinha chegado atrasado; não poderia culpar a paixão alheia. Porém, ao mesmo tempo, o racional não importava muito naquele caso. E se Yoongi sentia seu peito pesar, aflito, com as interações entre Hoseok e Jimin, sendo que ele mesmo era dono do final feliz, não poderia nem imaginar o que os toques entre ele e Hoseok causavam no peito alheio.

— Hobi... — Yoongi chamou quando o assunto entre os três minguara e os pratos de bolo vazio empilhavam-se em um canto do chão. Estremeceu de paixão quando os olhos castanhos e atentos foram direcionados ao seu rosto. Queria beijá-lo. — Vou usar o banheiro dos seus pais, tá?

— Hm... Dos meus pais, é? Vai interditar? — Hoseok provocou baixinho enquanto observava Yoongi levantar-se. Seu namorado resmungou e cutucou-lhe com a ponta do pé. Não podia reclamar, porém; Hoseok caíra certinho na conversa e pensara o que queria que pensasse.

Yoongi encarou Jimin significativamente antes de sair andando, dando abertura para que esse fosse o momento mais esperado da noite para o de fios rosa. Sabia que sua presença ali estava impedindo a conversa e sentia que, se dependesse do Jimin, ele não teria coragem de separá-los. Era coração mole demais.

Jimin respirou fundo, mas só conseguiu inspirar ainda mais medo e nervosismo. Hoseok notou a mudança no clima e ficou esperando em silêncio o que é que fosse para acontecer, apesar de estar confuso. Os lábios cobertos pelo batom preto e que não seriam beijados pressionaram-se um contra o outro como uma forma de conter sua ansiedade.

— Hobi... Eu preciso conversar com você. Tem algum lugar com mais privacidade? — conseguiu falar e foi quase uma vitória.

— Podemos subir até meu quarto — sugeriu, e Jimin assentiu com a cabeça.

Subiram até o lance de escadas e Hoseok riu fraquinho quando passou na frente do quarto dos seus pais, pensando no namorado no banheiro. Mal sabia que Yoongi estava apenas sentado na tampa do vaso, entretido com um joguinho qualquer em seu celular.

Jimin suspirou quando Hoseok ligou a luz do quarto antes de entrar. O cômodo pentagonal, com cada parede de uma cor vibrante diferente, assim como cada um dos móveis, continuava o mesmo. Sempre achou uma afronta à visão e perguntava-se com frequência como que Hoseok vivia em um quarto com tanta poluição visual, mas agora achava lindo. Saudades faziam coisas estranhas com o ser humano...

Caminhou até a janela que dava pro jardim da frente e percebeu, espantado, que um dos gnomos de jardim tinha a bunda de fora com um passarinho apoiado, olhando curiosamente. Riu, tanto por achar engraçado quanto por estar tão nervoso.

— Minha mãe às vezes se supera... — Hoseok comentou ao postar-se ao lado de Jimin na janela e observar o que atraía a atenção dele. — Sabe o nome dele? Nicki Minaj...

— É um bom nome — Jimin concordou enquanto recuperava-se do riso e virava-se na direção de Hoseok.

— Senti sua falta, Minnie... — ele tomou a frente com a voz gentil. O coração de Jimin se apertou. — Obrigado por ter vindo hoje...

— Eu que tenho que agradecer, Hobi. — As palavras vieram fáceis já que o assunto era retrucar. — Muito obrigado por continuar me convidando mesmo depois de tantos anos... Você é bonzinho demais.

— Eu sou. — Ele riu. Límpido, cheio de luz. Jimin quase ficou tonto. — Mas te convidei porque você continua sendo um convidado importante, só isso. Sua presença foi o maior presente que eu poderia ter recebido, senti muito sua falta, mesmo.

Os olhos de Jimin marejaram e, sem querer que Hoseok lhe visse daquele jeito, mergulhou em um abraço, enlaçando os ombros magricelas. Xingou-se internamente pela impulsividade, talvez tivesse ficado mal acostumado por causa de Jungkook. Mas relaxou quando o abraço foi correspondido e o calor de Hoseok arrebatou-lhe.

— Senti muito sua falta, Hobi... Desculpa mesmo ter me afastado do nada e ter ficado tanto tempo longe. Eu realmente senti muito, muito sua falta. — Sua voz era vacilante e flertava em embargar. Jimin engoliu.

— Tudo bem... acho. A gente se conhece há tanto tempo, Minnie... Você deve ter seus motivos. Quer contar?

— Não quero dar justificativas para o que eu fiz... Ainda foi um erro meu — murmurou, acomodando-se melhor no ombro alheio. — Não seria justo com você, você já é compreensível demais, Hobi.

— Mas eu já te perdoei... E acho que quero justificativas, de verdade. Só pra entender melhor — Hoseok suspirou, um pouco aflito. Sentia falta de Jimin, muita. Imaginava que ele tinha um motivo e queria acreditar naquilo com todas suas forças. Porém, ainda era apenas uma fé que usava para sustentar seu desejo de reaproximação. E precisava que ela fosse verdadeira para realmente conseguir ficar mais tranquilo. — Por favor...

— Ah, Hoseok, eu fui burro... Fiquei com muito medo de você perder seus amigos por minha culpa. Eu não queria isso. Desculpa ter te chamado de bobo, feio e chato... é que você me conhece tão bem que achei que com qualquer coisa mais sincera, você entenderia muito fácil e me manteria junto com você. Você é esperto, lindo e engraçado, juro de coração.

Hoseok gargalhou de leve e abraçou Jimin mais apertado, sentindo uma tranquilidade tomar conta de seu corpo ao ter o amigo de volta. Realmente, Jimin era o melhor presente que poderia ter recebido naquele dia. Sentia falta de sua preocupação genuína, mesmo quando ela fazia com que tomasse decisões ruins.

— Obrigado pelos elogios! Sempre soube que sou lindão desse jeito! — brincou, e Jimin bufou nos braços dele. Hoseok era mesmo um palhaço. Mas o tom de voz dele baixou e Jimin encolheu-se ainda mais dentro daquele abraço. — Minnie... Se um amigo se afastasse de mim por causa de uma coisa dessas, era porque não era um amigo de verdade...

— Não é bem assim, Hobi... Acho que você não entende porque sempre foi corajoso e confiante, mas... se até eu tinha medo de me vestir do jeito que eu queria por causa das consequências, como eu posso julgar as outras pessoas por sentir o mesmo? Por terem medo de sofrer as consequências por mim? É um sacrifício grande. Eu não gosto do jeito que esses seus amigos da festa me olham, mas tenho certeza que eles têm sido bons amigos pra você.

— Eles são... — Hoseok murmurou fraquinho e sem convicção. Quase triste. Não percebeu os olhares na direção de Jimin e de seu namorado durante a festa, e saber que eles aconteceram partiu seu coração. Porque todo mundo que estava ali, mesmo que não fosse tão próximo quanto os dois, era importante para ele, de jeitos diferentes. Todos tinham histórias, desafios e medos válidos e, de fato, Hoseok não conseguia simplesmente invalidar tudo que passaram juntos.

— Eu odeio os olhares, Hobi. De verdade. E parte de mim quer odiar os donos deles também e concordar com você. — Jimin pausou, mordiscando os lábios. Não era tão maturo. — Na verdade, odiei por muito tempo. Muito mesmo, remoí demais e agora acho que é um pouco melhor, mas... Enfim, eu queria muito falar que você é bom e corajoso demais para gente que nem eles, que é movida por preconceito. Mas eu percebi... Percebi que o preconceito vem do medo, e o medo é real.

— Você não era tão filósofo assim antes... — Hoseok tentou brincar e ambos deram um pequeno sorriso enquanto apertavam o abraço.

— Temos que colocar umas novas características de personalidade em dia. — Riu. — Faz tempo desde que a gente conversou direito da última vez.

— Por que hoje?

— Porque a gente está se formando... E aí, a gente não vai mais conviver nos mesmos espaços, então acho que você consegue ser meu amigo e dos outros.

— Você não vai se safar tão fácil, Minnie... — resmungou. — Ainda temos uns meses até o final das aulas. E eu vou me forçar do seu lado, sim. E vou ensinar meus amigos medrosos pelo exemplo. Se a gente não mostrar que ser diferente é normal, nunca vai ser ninguém vai enxergar como normal, você não acha?

— Acho que já não tem muito jeito pra mim, Hoseok. Eu já sou o dono de facção; criminoso, depravado. E, sinceramente, eu já me apropriei da carapuça como uma forma de defesa... e matei todas as chances de ser diferente.

— Não lembrava que você era tão pessimista assim! — Hoseok desvencilhou-se do abraço para encará-lo de frente. A expressão revoltada era tão cômica que Jimin queria cair no riso. Hoseok era todo tão engraçado. — A gente vai pensar em alguma coisa, tá? Que te deixe confortável também; não vou te forçar a nada. Mas pelo amor de Deus, não me pede pra fingir que você não existe mais! E não faz decisões minhas por mim! Aposto que você também detesta gente controladora com você. Você é e sempre vai ser meu melhor amigo desde a infância, e a gente vai cair no tapa se você ficar negando isso.

— Hoseok, não me faça chorar... — Sua voz embargou e era a única coisa que conseguia dizer.

— O quê? Seu rímel não é à prova d'água? — perguntou preocupado, e Jimin começou a rir. Como explicar o Hoseok?

— Mesmo se fosse! Não quero chorar.

— Mas aqui em casa o choro é livre, que nem na sua — retrucou. — E peido e arroto também.

— Bobo! — Jimin cutucou-lhe as costelas, derretendo-se ao ver Hoseok gargalhar. Sentiu tanta falta daquela gargalhada... — Hoseok... Eu... eu preciso falar outra coisa.

— Sou todo ouvidos. — Hoseok assumiu um tom de pompa, mas ajeitou sua postura, um tanto nervoso. Mas realmente, ele e Jimin tinham muita coisa a falar, por mais que não soubesse exatamente o quê.

— Eu... — Respirou fundo, tentando se acalmar. Era importante. Ele precisava conseguir. Precisava terminar de abrir o jogo. — Eu... eu gosto de você, Hobi! Ai, caralho... Tipo... apaixonado e tudo mais.

Daquela vez, Hoseok realmente ficou surpreso. Os olhos arregalaram-se e a boca abriu-se em um "o" cômico e teatral antes da expressão ser tomada de culpa. Jimin suspirou, por que ele tinha que se sentir culpado?

— Minnie... Desculpa, eu... — engasgou.

— Não se desculpe. — Jimin cortou. Porra, doía. Mas já esperava. Olhou para o lado. — Não tem nada de errado em você gostar do Yoongi.

— Quê?! — Hoseok arregalou os olhos de novo, e dessa vez mais. Engoliu em seco.

— Ele me contou que é seu namorado.

Ele? — repetiu, em choque. — Ele te contou? De verdade?

— Sim. E ele também sabe que eu gosto de você e provavelmente nem deve estar cagando de verdade. Acho que foi só uma deixa para que eu pudesse conversar com você.

— Quê?!

— Pode me rejeitar sem medo, Hobi... Eu já estava esperando. — Agora, Jimin olhava para seus pés. Suas plataformas eram bonitas mesmo, muito bom gosto de sua parte. — Eu sei que demorei demais. Só precisava terminar de abrir o jogo com você. Juro que parte de mim fica feliz em saber que você namora um cara como o Yoongi, ele parece legal.

— Meu Deus do céu... — Hoseok ainda estava atordoado pela enxurrada de informações. Pousou a mão na testa. — Como vocês...?

— Digamos que a gente tem algum tipo de conexão misteriosa. — Uma risada fugiu de seus pulmões, mesmo com o coração partido. De fato, era um desenrolar inesperado de acontecimentos.

Hoseok ficou um tempo em silêncio, mordendo os lábios. Era muita coisa para absorver.

— E a outra parte, Minnie? — sussurrou.

— Que outra parte? — Jimin encarou um tapete no quarto de Hoseok. Não lembrava dele.

— Uma parte sua fica feliz em saber que eu namoro um cara como o Yoongi. E a outra?

O tapete novo era bem bonito. Cinza. Ao menos um detalhe daquele quarto não era tão chamativo.

— Tem várias. — Jimin sorriu fraco, quase desanimado. Era um tapete bem felpudo. — Uma está triste. Outra sente inveja. Tem uma parte arrependida, que fica pensando se seria diferente se eu não houvesse me afastado. Mas elas não importam, Hobi. As coisas são do jeito que elas são, e estão bem. Você parece bem com o Yoongi. Tenho certeza que essas minhas partes ruins vão diminuir ao longo do tempo... Vai dar certo. Então não importam...

— É claro que importam, Minnie... — Hoseok aproximou-se, e Jimin levantou o olhar até o rosto do amigo à contragosto. Teve suas mãos seguradas com cuidado, e as unhas observadas. Hoseok as achava lindas. Ficava feliz de poder admirar de perto Jimin ser o que queria, o que só pôde assistir de longe durante todo aquele tempo. — Você tem que parar com esse seu hábito horroroso de cagar pros seus sentimentos! Eu sei que não é legal estar triste, nem com inveja e nem arrependido. Mas você tem o direito de sentir isso. Sério.

Jimin prendeu o choro mais uma vez. Voltou a encarar o tapete. Hoseok o perscrutou e suspirou, baixinho. Ele nunca choraria na sua frente. Soltou as mãos pequenas com delicadeza.

— Obrigado pelos seus sentimentos, Minnie, e por me contar tudo. Mas não posso te corresponder, eu gosto do Yoongi — concluiu. Jimin assentiu. Ambos já sabiam, assim como sabiam que precisavam daquelas palavras finais para oficializar tudo. Abrir espaço para uma nova narrativa. — E eu sei que você não vai chorar na minha frente, nem na do Yoongi... Mas você tem alguém que você deixe ver sua cara de choro?

Jimin pensou um pouquinho, porém assentiu. Respirava fundo, controlando-se. Queria sentir a textura do tapete com o pé.

— Vai chorar com essa pessoa, Minnie... Por favor... — A voz de Hoseok também embargou e os olhos marejaram. Contudo segurou, não podia chorar na frente do Jimin. Dificultaria demais as coisas para ele. Queria que se olhassem, cara a cara, para ser mais convincente. Mas sabia que o Jimin não conseguia. Então esperava, ao menos, que percebesse pela sua voz o quão preocupado estava. — Eu sei que você não pode chorar na minha frente, mas por favor, chora... você precisa chorar, Minnie. Não guarda tudo isso, você não vai deixar de ser forte. Não tem problema sentir as coisas ruins também, você é humano. A gente é de carne. A gente se machuca. Por favor...

Jimin assentiu com a cabeça e, com uma última respiração que chegava até às profundezas de seus pulmões, deu um sorriso torto antes de sair do quarto. Encontrou Yoongi sentado no corredor, na frente da porta do quarto dos tios Jung. O garoto de cabelos cinza o olhou surpreso; não sabia que estavam no quarto de Hoseok. Mas assim que notou a expressão neutra demais de Jimin, entendeu o que tinha acontecido e afastou o olhar, abrindo passagem.

E Jimin deixou aquela casa, empertigado nas plataformas. Firme, ereto, inabalável; até mesmo perante ao olhar assustador do Chucky. Uma parte dele estava mais leve. Porém, a maior estava pesada, muito pesada. Todo seu rosto queimava. Tudo queimava: a garganta, o nariz, os olhos. Mas segurou. Sempre segurava. E seu rímel, de fato, não era à prova d'água. Tinha que conseguir chegar até lá.

Afastou-se caminhando rápido pela calçada. Suas passadas soavam cada vez mais altas enquanto se distanciava da música alta da festa. Foi mais rápido, desesperado para afastar-se logo. E mais rápido, necessitado de chegar em seu destino.

Não percebeu quando o fez, mas encontrou-se correndo pelas calçadas pitorescas e vazias de Busan, acompanhado apenas pelo reflexo alaranjado da luz dos postes refletindo os carros estacionados nas ruas estreitas.

Correu, insistindo que as pernas vencessem cada metro que o separava de seu abrigo.

-💋-

Jungkook estava no meio de seus estudos de história quando a porta da loja, sempre tão silenciosa, foi empurrada com força. Tanta força que um barulho alto soou no ambiente junto ao costumeiro sino. Levantou o rosto, assustado, mas nada perto de como ficou ao entender o que era.

Ou melhor quem era.

Jimin caminhou tranquila e silenciosamente pela loja até a frente do balcão do caixa; Sua expressão era firme, bem aquela que usava quando estava no colégio. Porém, as bochechas estavam coradas, a respiração entrecortada e suor escorria entre as têmporas, contrastantes à maquiagem e roupa sempre impecáveis. Jungkook levantou-se de sua cadeira, preocupado. Se Jimin estava ali... era porque alguma coisa dera errado.

O som característico da plataforma contra o chão silenciou-se quando Jimin parou bem na frente de Jungkook. Continuava sério e inexpressivo, porém fitava os olhos de Jungkook com uma intensidade ardente. Ao corresponder o olhar, Jungkook enxergou todo o brilho de melancolia; toda a vulnerabilidade sufocada; todo aquele desespero velado. Tudo; tudo era refletido nas íris castanhas emolduradas pelas pedrinhas e sombra furta-cor.

— Jungkook, eu estou triste. Muito triste mesmo.

Foi o que ele falou antes de cobrir o rosto e um choro alto soar na loja vazia. Desmontou ali mesmo, porque não aguentava ficar firme mais um instante sequer. Jungkook desesperou-se, tentando abraçá-lo por impulso, mas foi impedido pelo balcão entre eles. Apressado e frustrado com o empecilho, deu a volta apressadamente.

Abraçou Jimin, ato que se tornara automático, porém daquela vez tinha um quê diferente. Abraçava não para sentir a presença alheia, e sim oferecer a sua a ele. Parecia o primeiro abraço deles; especialmente macio e confortável já que Jimin não vestia sua armadura.

Jungkook sentiu a cabeça alheia afundar em seu peito e sua cintura ser enlaçada. Rápido. Jimin nunca tinha tanta iniciativa. Suspirou com mais aquele quê incomum; o coração doendo pela tristeza alheia. Trouxe os ombros do amigo para mais perto e apoiou uma das mãos na cabeça dele, permitindo que Jimin desmontasse em cima de seu corpo.

Aflito, ficou lá: sentindo as costas alheias tremerem com os soluços do choro baixinho e a camisa de seu uniforme umedecer. Jimin parecia um furacão de tristeza, avassalador. Óbvio. Jimin era intenso em todos os detalhes que escapavam de seu coração, tão tenro e tão paradoxalmente resguardado. Por que seria diferente na melancolia?

— Jungkook, me esconde. Eu não quero ser visto assim. — O pedido era quase inteligível entre o choro. Jungkook assentiu.

Interrompeu o abraço apenas para puxá-lo com cuidado até a parte de trás do balcão. Afastou as cadeiras e sentou no piso, apoiando as costas no móvel enquanto estendia as mãos para encorajá-lo a fazer o mesmo. Foi surpreendido quando Jimin, em vez de sentar ao seu lado, sentou em seu colo, enlaçando os braços ao redor de seu pescoço e enterrando o rosto no ombro para continuar a chorar.

O coração de Jungkook partiu-se em ver Jimin de tal forma: tão frágil, quase infantil. Mas era um alívio ao vê-lo chorar, pois Jimin nunca se permitia. Enlaçou o corpo encolhido contra o seu com firmeza, afundando uma das mãos nos cabelos curtos e úmidos de suor.

Os dedos de Jungkook foram aliciados pelos fios macios e, sem nem perceber, já deixavam um cafuné ritmado neles. Todo o corpo de Jimin implorava por presença, carinho e ajuda; e o de Jungkook estava sintonizado na mesma frequência, a postos para dar todo seu suporte.

Não saberiam dizer quanto tempo ficaram ali, encolhidos. Jimin guardava muitas lágrimas e dores para chorar, então mesmo quando achava que estava bem e que superara, logo outro machucado de seu peito que não parecia relacionado à tristeza atual começava a doer junto e o ciclo de choro se renovava. Talvez houvesse chorado por toda uma vida. Considerava que a culpa era de Jungkook, que quieto daquele jeito, sem perguntar ou supor o motivo principal de seu pranto, abria espaço para que ele fosse muito além. Permitia que tudo doesse.

Não saberiam dizer quanto tempo ficaram ali, mas foi o suficiente para que a umidade entre os fios de Jimin se despedisse e a da blusa de Jungkook se equiparar à de um dia chuvoso. E após desmontar tão completamente perante a própria tristeza, Jimin começou a desmanchar-se com os carinhos que recebia: o cafuné nos cabelos, a carícia nas costas, o calor que preenchia-lhe; cada um deles fazia com que derretesse, mas de uma forma diferente.

— Jungkook... — murmurou, com os olhos pesados e lágrimas mais brandas. — Se continuar fazendo carinho em mim desse jeito, eu vou dormir...

— Pode dormir — ele respondeu, o tom de voz tão baixo quanto. — Você quer?

— Quero ir para casa... E tomar um banho.

— Eu queria te acompanhar, mas tenho que fechar a loja primeiro. Não quer dormir até lá?

— Hm... — Jimin ponderou. Queria Jungkook por perto. — Pode ser.

Jungkook fez com que Jimin o encarasse, guiando-o pela bochecha com a ponta dos dedos, cheio de candura. Seu peito parecia encolher de dor ao vê-lo daquele jeito. Os olhos pequenos estavam avermelhados e inchados de tanto chorar. Várias pedrinhas caíram do delineado, e o rímel escorria junto às lágrimas pelas bochechas fartas. O batom matte não tinha aguentado o tranco e seu preto só estava presente no contorno da boca farta. E o nariz pequeno... estava tão vermelho. Jungkook não percebera até então que o nariz dele era tão adorável.

Com cuidado, apoiou suas mãos nas bochechas úmidas e quentes, enxugando algumas lágrimas com os polegares. Seu ato de compaixão só fez com que o rímel ficasse ainda mais borrado, então Jungkook deu um sorrisinho fraco de desculpas e deixou um beijo na bochecha macia como uma forma de desculpas por ter bagunçado-o.

— Só um segundo então... — Jungkook pediu, desvencilhando-se de Jimin. Este imediatamente sentiu falta do corpo tão quentinho e reconfortante contra o seu. Era avassalador.

Observou Jungkook buscar mais algumas cadeiras nos fundos da loja e arrumá-las em fileira debaixo do balcão do caixa. Ele pegou de dentro da sua mochila o casaco do uniforme e voltou até a si, ajudando-o a levantar.

Jungkook sentou em uma das cadeiras na ponta, perto do caixa, onde tinha que trabalhar. Deu tapinhas leves nas próprias coxas, e Jimin arregalou os olhos ao entender. Um sorrisinho nasceu em seu rosto choroso e assentiu com a cabeça antes que seu orgulho pudesse impedir. Deitou nas cadeiras alinhadas, apoiando a cabeça confortavelmente no colo de Jungkook. Jimin riu sozinho quando percebeu que sua mente começara a refletir o quanto as coxas eram grossas, provavelmente por causa do balé. E aí... Perdeu-se em lembranças das aulas em que assistia Jungkook e toda a musicalidade envolvente de cada um de seus passos.

Foi coberto pelo casaco do amigo, que voltou a deixar um cafuné em seus cabelos. Jimin derreteu ainda mais, extremamente confortável e com os olhos pesados pelo choro. Muito pesados. Dormir não parecia mais uma opção, pois não era capaz de fugir do sono. Naquele momento, dormir era uma consequência.

E mesmo que seu corpo clamasse por descanso, que suas pálpebras pesassem mais do que nunca, sentia-se leve, muito leve. Estranhamente leve.

Mergulhou em um sono tranquilo, com o último traço de consciência ponderando se aquela leveza era o motivo para aconselharem tanto que chorasse. Se fosse, consideraria chorar mais vezes.

»»🩰««

Bem... infelizmente a gente já imaginava o que ia acontecer, mas não deixa de doer kkkkkkrying. Me digam que não fui a única que chorou sozinha junto com o Minnie.

Aliás, qual é a sua cena favorita?? fico em dúvida entre a que o Hobi disse que tá tudo bem o Minnie sentir as coisas ruins e o Jungkook em vez de consolar o choro, só deixar ele ser. Amo a dinâmica dos boiolas, sérioooo.

Espero que tenham gostado do capítulo e mto mto obrigada a todo mundo que lê, vota, comenta e surta comigo tanto aqui quanto no #EstrelandoOCoadjuvante! Ah, e eu tenho um pedido a fazer! Se você gosta da minha bebê, por favor, indique ela pra outras pessoas. Ajuda demais, sério! Pode ser as pessoas aleatórias chorando por fic pra ler na tl do Twitter, ainda mais porque eu atualizo super rápido! Compartilhe boiolagem por aí

Ah, e me desculpem por estar meio ausente por aí :( tá meio difícil por aqui, espero que compreendam

AH, TOME A VACINA CONTRA O COVID E BEBA MUITA ÁGUA!!

Beijinhos de luz, amo vocês e até 10/09 às 19:00!

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