Safira.
Seria hoje a reunião, eu não estava nervosa, quem deveria estar eram os grão-senhores por terem me feito acordar cedo.
Eu estava emburrada e irritada, os hormônios da gravidez não ajudavam em nada com o meu humor ácido de hoje.
— Amor...
Eu encarei Helion e ele deu um passo instintivo para trás.
— Uhum, não me faça depositar meu péssimo humor hoje em você, Heli, deixe para eu fazer isso com os outros grão-senhores que me fizeram acordar às dez da madrugada!
— São dez horas da manhã, amor. -ele corrigiu.
Helion fugiu do travesseiro que eu atirei contra ele.
— Não importa, atrapalhou o meu sono e o dos meus bebês. —murmurei acariciando a minha barriga— e nós três estamos putas da vida.
— Calma, meu Sol, quer chocolate antes de ir? -ele perguntou com cautela.
— Não... Quero outra coisa. —o encarei de cima a baixo— quão mal que esteja na hora de irmos.
Ele sorriu felino, atravessando até mim, ele tomou meus lábios em um beijo sedento.
— Já está me desejando a essa hora? Amor. -ele ronronou.
— Para de me seduzir se não eu não chego nessa reunião e fico mais puta ainda, um puta saciada, mas ainda sim puta. -falei.
— Certo, certo. -ele riu beijando o meu pescoço.
Nós atravessamos, estávamos diante das grandes portas.
— Fechadas. —bufou Helion— deixe que eu...
Eu revirei os olhos e Rajar rugiu, meu poder escancarou as portas com um único rompante, o rugido ainda ecoando quando todos os grão-senhores se viraram assustados.
Eu e Helion adentramos, minhas asas illyrianas se abriram com um esticar, as chamas prateadas rodopiando pelas pontas, meu poder emanando por todo o lugar fazendo todos enrijecerem em suas cadeiras, meu pai deu um risinho e eu pisquei para ele enquanto adentrava, todos, todos baixaram a cabeça em submissão.
— Merda. -murmurou Beron.
Rajar rugiu em sua direção, caminhando ao meu lado, o rosnado do enorme leão branco ecoando pela sala.
Meu vestido que parecia ser feito de luz brilhou conforme eu caminhava.
Sorri felina na direção de todos que estremeceram.
— Por que estão tão calados? Não cortei a língua de ninguém ainda. -sorri afiada, meus dentes brilhando como navalhas.
Helion sorriu arrogante, meu pai já estava do meu lado, puxando a cadeira para eu sentar, me olhando com um olhar preocupado apesar da máscara de cortesão que usava assim como tio Azriel.
Agradeci com um olhar e Helion sentou ao meu lado.
— Espero terem tido um.. excelente motivo para me convocarem nesta reunião, senhores. —ronronei— eu estava extremamente ocupada.
Dormindo e comendo chocolates. -Helion soltou um risinho.
Meu sono da beleza é extremamente importante para eu continuar magnífica. -argumentei.
Oh sim.
Vai ficar sem mim hoje a noite. -anfinetei.
Durma por uma semana amor, e coma todos os doces do reino, eu deixo. -ele disse rapidamente.
Minha risada ecoou na mente do grão-senhor.
Eris fora o que tomou coragem alí.
— Perdão, senhora, não a convocaríamos se não fosse realmente sério. -ele disse com um respeito admirável.
Ele tomou todo o poder do pai, e se tornou grão-senhor, e faz Beron de escravo, o pune e o tortura, sua mãe vive com Lucien até onde sei.
— Até agora não entendo a utilidade dessa fêmea. -bufou Beron.
Helion sorriu, seu rosnado encaminhado ao ex grão-senhor e eu sorri felina.
— E até hoje eu não entendo qual a utilidade dos seus chifres, mas este não é o caso, pois não? -rebati com um sorriso afiado.
Meu pai sorriu divertido assim como tio Azriel e tia Feyre e tio Rhys.
— Sua...
— Senhora. —o tratei de corrigir— se quiser continuar com sua língua no lugar aconselho que comece a me respeitar.
Meu poder emanou e todos ficaram pálidos.
Eu sorri e abri a mão fazendo uma esfera de vida surgir em minha palma, não qualquer vida, a vida dele.
— Essa é a sua vida, Beron querido. —ronronei— o que aconteceria se eu apagasse para sempre essa chama desnecessária?
Ele estremeceu encarando a esfera pálido.
— O que aconteceria? -eu comecei a fechar lentamente os dedos, a esfera diminuindo e se apertando.
O macho levou as mãos a garganta, se engasgando, o rosto perdendo toda a cor e os olhos toda a alma.
Todos ofegaram quando caiu na cadeira se debatendo, tentando buscar o ar.
Com um movimento a minha esfera sumiu, e o macho voltou a respirar. Ele ofegava, de alívio e espanto.
— Fui bem clara?— o encarei— Desculpem-me, a gravidez está me deixando nervosa, principalmente quando sou provocada. -sorri docemente.
— Espero que os perca. -ele cuspiu.
Mas dessa vez Helion quem agiu, um segundo ele estava do meu lado e do outro ele estava em cima de Beron, o socando.
Tio Rhys e tia Feyre sorriram com animação e meu pai apostava com tio Az.
— Não vai fazer nada? -questionou Eris.
Mas ele estava se divertindo muito.
Eu parei de encarar o cumprimento das minhas unhas e o encarei e depois a briga.
— Não, deixa ele sofrer mais um pouquinho. -falei.
Quando ouvi o som de osso estalar e o grito de Beron eu sorri satisfeita.
— Amor, venha. —chamei— não suje seu belo traje com o sangue dessa... Criatura com chifres.
Helion parou, se erguendo, ofegando.
— Dá próxima vez que eu o ouvir falar da minha parceira ou ousar ameaçá-la e ameaçar as minhas filhas, nem mesmo a própria mãe nesta sala me impede de te matar. -ele rosnou.
— Eu mesma não, perda de tempo. -sorri divertida.
Helion voltou ao seu lugar e eu segurei sua mão por baixo da mesa, a acariciando.
Eris assentiu para um soldado outonal que pegou um Beron desacordado e o levou para fora.
— Bela visão. —falei vendo o macho desacordado ser rebocado— tia Feyre querida, faça um quadro disto depois para mim, vou adorar.
Tia Feyre sorriu divertida.
— Com gosto.
Eu encarei a todos.
— Onde estávamos? -questionei.
— Falaríamos sobre as rainhas humanas. -Viviane tomou a frente.
— Perfeita como sempre Vivi. —pisquei para a grã-senhora que sorriu divertida— algum passo das vadias velhas que eu ainda não estou sabendo?
— Elas estão em busca de aliados, elas já tem um ao seu lado. —Kallias se pronunciou— o líder dos renegados.
Eu trinquei a mandíbula e Rajar rosnou ao meu lado.
Por poucos segundos todos se perderam na beleza mortal da grande fera branca que estava a todo o instante atento.
— Disso eu já sabia. -rosnei.
— E elas conseguiram outro aliado, ou melhor, aliada. -disse Eris sério.
— Quem?
— A mãe dos falecidos príncipes gêmeos..
Tua Feyre travou no lugar.
— Os mesmos que você matou na primaveril. -cantarolou Eris encarando minha tia.
— Só pode ser piada. -bufamos eu e tio Rhys.
— Ela tem grandes exércitos. —continuou Thesan— elas tem vantagem, uma enorme vantagem.
Todos me encararam.
— Onde querem chegar? Apesar de eu ter idéia. -questionei.
— Com você na fronteira costa dos nossos exércitos, está suposta guerra estará ganha com todas as letras. —disse Eris— você é a mãe, talvez nem precisemos de exércitos.
Helion rosnou sacudindo a mesa.
— Na condição que estou não posso arriscar, não posso conjurar tamanho poder estando grávida, Eris. -falei firme.
— Ela não vai. -grunhiu Helion.
— Pera aí que eu também não disse que não ia participar do barraco. -encarei o meu parceiro.
Ele me olhou incrédulo.
— Não posso fazer muito para vocês, mas....
Todos se inclinaram para ouvir.
— Posso imortalizar os nossos exércitos, digo na questão da morte. -falei.
Talvez, li na biblioteca e um feitiço mediano de morte não causava danos corporais a um ser como eu.
— O que quer dizer? -questionou Tamlin.
Ah é, esqueci que o outro corno estava aqui.
— Eu posso deixá-los na beira do precipício. —tracei um pequeno círculo no braço da cadeira— um exército de mortos incansáveis que podem ou não ganhar a guerra, mas que será um grande trunfo.
— Você fará um exército de mortos vivos? -Viviane franziu o cenho.
— Sim, um exército de "mortos" não poderia ser morto, por mais que os nossos inimigos tentassem, não poderiam os matar, nem com mil facadas ou o poder que fosse, nada é acima de mim neste mundo e no outro, portanto, vencerão a guerra, eu espero. —expliquei— um exército que não podem matar, pensem como será vantajoso.
A sala ficou em silêncio.
— É uma boa idéia. —disse tio Rhys— mas arriscada.
— Não se eu estiver por trás dela, querido tio. —falei— eu os deixarei no meio da ponte da vida e da morte.
Todos me encararam.
— Eles não iriam morrer de fato, estariam agarrados as cordas da vida, e quando a guerra chegasse ao fim, eu os puxaria, sem danos, sem ferimentos, estariam intactos e com a vitória nas costas. -ofereci.
Todos pareceram pensar, por longos segundos.
Tem certeza que pode fazer isso? -questionou Helion.
Eu testei antes, querido, não sou boba e nem burra de prometer algo que eu não saiba fazer, eu testei com uma lagartixa.
Pela Safira. -ele murmurou.
Ela saiu inteira, foi e voltou, eu tenho treinado a mais tempo do que você possa imaginar, Helion, eu não passei só dois anos no mar, foram dois anos de treino, eu fiz isso com um tubarão branco, e ele também está inteiro, não sei agora se ele ainda está vivo ou se foi devorado por outro, mas a questão é que deu certo. -falei.
Quando voltei a minha todos me encararam.
— Estamos de acordo. -disseram juntos.
Eu sorri.
— Então preparem seus exércitos, senhores, que a guerra venha e acabe no mesmo instante que cruzarmos nossas espadas contra os corações dos nossos inimigos. -me ergui.
Todos baixaram as cabeças diante de mim, diante da mãe e senhora de todos eles.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.