Se os capítulos anteriores estavam parados, este está agitado até demais.
— Tem certeza de que você vai ficar bem? — Louis perguntou abotoando os últimos botões da camisa social.
— Não — Harry respondeu com um bico nos lábios — Mas eu vou tentar.
— Me ligue se precisar — Harry assentiu desanimado — Logo, logo eu estou de volta, nem vai dar tempo de sentir a minha falta.
— Eu já estou sentindo a sua falta.
Louis tombou a cabeça para o lado, olhando para Harry, e franziu os lábios, sentindo um aperto no coração.
Ele saiu da frente do espelho e se aproximou do berço de Darcy. Curvou-se e deu uma boa olhada nela.
— Tchau, meu amor — Louis murmurou.
Harry o acompanhou até a porta da garagem, Louis com sua mochila pendida no ombro direito.
Olhou fundo nos olhos do marido, já se sentindo sozinho.
Louis o abraçou fortemente, apoiando o queixo no ombro de Harry.
— Eu te amo — Louis sussurrou, deixando um beijo no pescoço dele.
— Eu também te amo — Harry sussurrou de volta, sentindo o perfume amadeirado que Louis usava.
— Te recompenso depois.
— Como?
— Surpresa — Louis disse separando seus corpos — Se cuida.
— Tá... Se cuida também.
Louis entrou no carro, deu partida e saiu. Harry ficou escorado no portão até que o carro saísse do seu campo de visão.
Lentamente, as coisas estavam voltando ao normal.
[...]
— Ora, ora, ora, parece que encontrei o papai de segunda viagem — Jack disse entrando na sala dos professores.
— Que perturbação... — Liam resmungou, colocando a mão na testa e respirando fundo.
— Ou será que não, hm?
— Você só fala merda — Louis disse se jogando na cadeira ao lado de Liam — Escuta, não é porque você trai a sua esposa que nenhum outro relacionamento seja decente.
— Pare de defender ele, Louis. Por acaso você já viu o jeito que...
— Se você abrir essa porra de boca mais uma vez eu vou te dar uma surra aqui mesmo — Liam ameaçou se levantando e aproximou-se de Jack.
— Calma lá, bonitão. Vai me bater dentro da escola?
— Se for preciso, vou.
— Eu só quero te ajudar, Liam. Não quero que você seja enganado.
— Eu não estou sendo enganado.
— Sinto muito... — debochou, exibindo um sorriso sarcástico.
— Liam — Louis chamou — Senta aqui, não vale a pena.
Liam bufou e se afastou, com um ódio explícito no olhar.
— Você ainda vai me agradecer — Jack disse e saiu da sala.
— Ele só veio aqui para encher o saco? — perguntou se sentando novamente.
— Acho que sim.
— Por que é que ele implica tanto comigo?
Louis sabia o porquê, havia descoberto recentemente, mas não sabia se deveria contar.
E Liam parecia ter percebido.
— Você sabe, não é?
— Liam, olha...
— Me conta, Louis.
Ele respirou fundo, olhando no fundo dos olhos do amigo.
— É que o Jack teve um rolo com o Zayn.
— O quê?
— Faz muito tempo, foi há anos, no ensino médio. Deve ser algum tipo de paixão platônica, sei lá, ele quer que vocês se separem para que ele possa ter uma chance.
Liam franziu o cenho, extremamente confuso.
— O que ele tem na cabeça?
— Ele é obcecado, de verdade. Eu tenho um pouco de medo dele.
— Ele precisa de um psiquiatra.
— Concordo. Mas sério, toma cuidado, ele vai continuar insistindo nisso, e vai cada vez mais longe.
— E o que eu faço?
— Tente ignorar, não sei. É meio complicado em uma situação dessa.
— Talvez eu devesse arrumar um segurança — Liam brincou, rindo de nervoso.
— É uma boa ideia.
— Eu vou pensar... Isso foi meio inesperado. E chocante.
— Sim... Eu achei que ele tinha parado, ele tinha se afastado por um tempo, não dava nem sinal de vida. Só que pelo visto não parou.
Liam respirou fundo, massageando as têmporas com as pontas dos dedos.
Agora, além de todos os problemas que ele já tinha, agora tem mais esse.
[...]
— No que você precisa de ajuda? — Harry perguntou segurando o celular com a mão direita, enquanto segurava Darcy com o braço esquerdo.
Suas pernas estavam esticadas na cama e suas costas encostadas na cabeceira.
— Eu a conheci enquanto estava na Austrália — Niall disse, a voz soando levemente metálica do outro lado da linha — A gente combinou que ia tentar fazer um relacionamento a distância funcionar, e até agora parece estar tudo bem.
Ele estava falando de Hayley, sua namorada. Harry ainda não a conhecia pessoalmente, mas esperava conhecer em breve.
— E o que foi que aconteceu?
— A família dela é de Oxford, e um tio distante dela faleceu, e ele era rico, teve toda uma mobilização da família para dividir os bens, então ela vai ter que vir para cá.
— Onde você entra nessa história?
— Obviamente vamos nos ver nesse período de tempo, fazem pouco mais de um ano que estamos juntos, e eu a amo, de verdade, do jeito que eu nunca amei alguém antes. Eu estava pensando em pedir ela em casamento...
O queixo de Harry caiu, mas ele logo voltou para a realidade quando Darcy resmungou.
— Oh, Niall... Eu não conheço ela, mas se você está feliz então eu também estou — Harry disse encaixando seu seio na boca de Darcy novamente.
— Você não acha que eu estou indo rápido demais?
— Eu não sei, essas coisas não têm tempo certo para acontecer. Vocês já falaram sobre isso alguma vez?
— Sim... Várias vezes, na verdade. Ela diz que é o maior sonho dela.
— Então pronto, se você tem certeza de que é isso que quer, vá em frente.
— Eu tenho. Nunca tive tanta certeza de algo antes.
— Eu te disse que você não ia ficar para encalhado para sempre.
— Ela nem aceitou o pedido ainda.
— Mas vai aceitar. Eu tenho certeza de que ela te ama do mesmo jeito que você a ama.
— Eu espero que sim.
— Saiba que você sempre vai ter o meu apoio nas suas decisões, ok?
— Obrigado — o conhecendo do jeito que conhecia, Harry sabia que Niall estava sorrindo — E você vai ser o padrinho do casamento.
— É bom que eu seja mesmo — brincou.
— Te prometi que você seria o padrinho há anos, e eu não quebro as minhas promessas — Darcy resmungou, e dessa vez, Niall ouviu — E eu quero conhecer a sua filha logo.
— Também quero que você a conheça. O quanto antes.
— Ela vai me amar.
— Com certeza — concordou, sendo irônico.
— Você vai ver, vou ser o tio preferido dela. Pode até anotar, isso é uma promessa.
[...]
— Louis! — Harry desceu as escadas correndo e se jogou nos braços do marido.
— Oi, amor — Louis disse sorrindo, sentindo o cheiro do sabonete que Harry exalava — Trouxe isso para você.
Louis o entregou uma sacola da confeitaria preferida de Harry. Ele já sabia o que havia ali dentro.
— Obrigado — Harry agradeceu com as bochechas coradas — Como foi o seu dia?
— Agitado, pelo menos aparentemente gostaram de me ver de volta. E o seu?
— Triste, solitário, melancólico... Quais outros sinônimos existem?
— Tem "merencório".
— Então foi isso também.
— Sério mesmo? Ou você está exagerando?
— Foi realmente triste, mas acho que não tanto assim. Enfim, eu senti saudade.
— Oh, amor...
— Mas agora está tudo bem porque você está aqui — Harry disse sorrindo sem mostrar os dentes, exibindo sua covinha.
— Menos mal, então — Louis devolveu o sorriso e se dirigiu às escadas.
Harry o acompanhou, o analisando por mais tempo do que o necessário.
As coxas grossas de Louis ficavam marcadas na apertada calça social preta, chegando a até ligeiramente esticar o tecido.
As mangas da camisa dobradas até o o meio do antebraço faziam com que algumas de suas tatuagens ficassem visíveis, e o cinto de couro fazia vários e vários pensamentos inapropriados virem à mente de Harry.
E, por último, os óculos. Louis poderia usá-los o dia todo e Harry acharia ótimo.
Era bem compreensível as pessoas se atraírem por ele daquele jeito.
— Minha mãe me ligou mais cedo — Louis disse entrando no closet. Harry se sentou na cama — E perguntou se nós íamos até lá nas férias ou se era mais fácil eles virem para cá.
— A gente não ia para lá? Como sempre?
— Inicialmente sim, mas ela disse que talvez fosse mais fácil eles virem para Londres por causa da Darcy.
— Eu não acho que ela daria trabalho na viagem, por mim eu iria até lá. E além disso, você vai poder apresentar sua cidade natal para ela.
— É... Acho que é melhor ir para lá, então.
Louis saiu de lá com algumas peças de roupa em mãos, e Harry o acompanhou com o olhar enquanto ele atravessava o cômodo.
— O que você está olhando? — Louis perguntou assim que percebeu o olhar alheio.
— Nada, não.
— Você tem provocado demais nos últimos dias.
— Tenho, é?
— Vou descontar tudo isso em você quando o resguardo acabar.
— Descontar o que? — Harry perguntou com uma falsa inocência.
— Harry... — Louis repreendeu, negando com a cabeça — Não se faça.
— Talvez eu devesse começar a me preparar psicologicamente para isso.
— Talvez você devesse se preparar de outro jeito — Louis aconselhou, lançando uma piscadela.
Tanto Harry quanto Louis não viam a hora desse momento chegar, consequência de estarem reprimindo esses sentimentos há tempo demais.