Trajeto Paralelo - Alpha e Ap...

By s_m_poller

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Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte I - Dísponivel na Amazon: https://www.amazon.com.br/Trajeto-Paralelo... More

Seja bem vinda(o)!
Apolo - Capítulo Um
Apolo - Capítulo três
Apolo - 19 anos
Apolo - Capítulo quatro
Apolo - 23 anos
Apolo - Capítulo cinco
Alpha - Capítulo seis
Apolo - Capítulo sete
Apolo - Capítulo oito
Apolo - Capítulo nove
Alpha - Capítulo dez
Alpha - Vinte e dois anos
Obrigada por ler até aqui!

Apolo - Capítulo dois

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By s_m_poller

— Como se sente, Apolo? — perguntou Dr. Emily.

— Nervoso. Porém, estou bem. Sei que estou nervoso, é um dia importante para mim, mas sei que está tudo bem, não estar tudo bem.

Ela sorriu, feliz com minha resposta.

— Bom, vamos falar de você então. Dois anos de tratamento psicológico, como se sente quando digo isso? — respiro fundo.

— Sei que foi necessário. Estou melhor assim.

— Suas crises de ansiedade caíram depois de um ano de tratamento, e agora está a seis meses sem ter tido nenhuma crise. Tem conversado abertamente com seus irmãos sobre seus sentimentos, visitou sua mãe há dois meses e pelo que me contou tem estado bem. — ela respirou fundo e me encarou. — Apolo, estamos nos vendo uma vez por mês, e a proposta desta consulta é reduzirmos esse número para... Bom, nenhuma. Como você se sentiria em não ter mais consultas?

Meu coração batia forte e descompassado.

— Nervoso. Muito nervoso.

Ela me encarou antes de fazer uma nova anotação em seu bloco. Senti que precisava completar minha resposta.

— Mas vou ficar bem. Sabe, eu estou bem. Sigo minha rotina, tenho minha família, vou começar um novo negócio em alguns meses, eu sei... Preciso seguir em frente. Sei que poderia levar a terapia pelo resto da vida e que essa é sua indicação profissional, mas toda vez que eu passo por essa porta, faz parecer que eu não estou bem e nunca vou ficar, enquanto continuar vindo.

— Pensa em voltar a namorar? — meu corpo reagiu no mesmo instante quanto tocado no ponto sensível.

— Não me leve a mal mas eu saí do fundo do poço e não quero voltar para lá. Eu simplesmente... Não sinto nada.

Emily me encarou, com as sobrancelhas franzidas e aquele olhar que lia até minha alma. Anotou mais algumas coisas em seu bloco antes de tomar um gole de sua água.

— Disse que te liberaria hoje, querido, mas tínhamos uma condição, se lembra dela? — meu corpo tremeu e tentei disfarçar. — Quero te ouvir falar dela. E eu não queria te pedir isso.

Engoli seco, tentando me lembrar de tudo que havia planejado falar, mas nada. Nada saia.

— Eu... — respirei fundo e tentei contar até dez, mas cheguei apenas no cinco. — Não gosto de falar de Alpha. Ela me machucou muito e demorei para me recuperar, mas isso não quer dizer que estou feliz com todas as atitudes que tomei. Hoje eu agiria de formas diferentes, mas ainda assim... Prefiro não falar sobre ela.

Emily parecia satisfeita. Ela não queria me ver chegar aqui e contar o quanto Alpha me deixou na merda. Ela apenas queria que eu dissesse como eu me sentia neste momento, e esta era a pura verdade. Eu escolhi não sentir, apertei aquele pequeno botão dentro da minha cabeça com nome de "Alpha Moody" e desliguei.

— Bem, isso foi bom. — disse sorrindo. — Mas me desculpe, eu não vou te liberar. Ainda.

— O que? — fiquei pasmo. — Eu estou bem!

— Sim, esta! E quero que continue bem, então nos vemos em exatas três semanas. — disse enquanto esticava uma ficha com o conteúdo de nossa consulta, dia e horário marcados para daqui três semanas. — Tivemos uma caminhada longa e delicada até aqui, querido. Não quero te ver caminhar para trás sem que perceba. Te espero em três semanas.

Sai do consultório com um misto de alívio e desespero dentro do peito. Seria uma coisa boa? Voltar, saber que alguém ainda olhava pela minha sanidade mental, isso me trazia alguma calma, claro.

Mas estar sempre neste limbo do tratamento mental, isso me cansava. Queria apenas estar realmente bem, porém por mais que eu caminhasse em direção ao meu bem-estar, parecia uma esteira ligada. Eu andava, mas não chegava em lugar nenhum.

Estava bem, mas não estava extremamente feliz. Havia sido extremamente feliz uma vez, antes daquele acidente. Antes de me esquecer de coisas que não voltaram.

A verdade é que depois, mesmo que estivesse tudo bem, a ausência das lembranças do verão ainda me causavam um "quê" de infelicidade.

Acelerei o carro pela estrada visando chegar o mais cedo possível em casa, se tivesse sorte Gina ainda estaria na faculdade e eu teria um tempo para relaxar e refletir sobre minha consulta, como Emily me recomendava, há dois anos.

Não tive tamanha sorte. Assim que pisei no apartamento Gina me encarava da mesa de jantar que nunca usávamos com um enorme sorriso, como um gato esperando sua presa se aproximar para ataca-lo. Não tive dúvidas de que ela matou o último período apenas para me esperar chegar da consulta.

E eu admito, esse carinho dela por mim enchia meu coração de um amor puro e leve. Gin era uma das minhas pessoas favoritas no mundo.

Me sentei ao seu lado e entreguei a ficha, como sempre fazia. Era minha forma de deixar a porta da minha mente sempre aberta para ela. Seu sorriso se apagou um pouco.

— Sinto muito. — disse com cautela. — Como se sente?

— Cansado, um pouco decepcionado, só que aliviado também.

Gina me abraçou e pousou a cabeça em meu ombro, me dando o consolo que eu sabia que precisava.

— Vamos fazer um jantar bacana, o que acha? — perguntou se animando novamente. — Você podia cozinhar aqueles hambúrgueres caseiros, ficaram ótimos da última vez.

Sorri, sabendo que ela apenas queria me ver na cozinha. Eu gostava de estar em frente as panelas e facas, isso me trazia controle de algo, quando eu sabia que nada mais estava em minhas mãos. Consequentemente um consolo.

— Vou começar a preparar as coisas. Vai chamar alguém? — perguntei sabendo a resposta. Gin nunca estava sozinha.

— Bela vem dormir aqui hoje. — disse sorridente. — Capricha nesse hambúrguer, vou ganhar essa mulher pela barriga.

Dei risada, me lembrando de quando Gina me contou sobre sua orientação sexual semelhante à minha: Mulheres.

É bem engraçado conviver com uma irmã mais nova e não precisar se preocupar com nenhum malandro querendo fazer algum mal a ela. A casa estava sempre cheia de garotas na verdade. E por mais que eu não tivesse qualquer interesse nelas, preferia encontrar uma jovem de pijama do que um marmanjo de cueca box na minha cozinha.

Perdi a noção da hora na cozinha, e quando percebi, o sol já havia se posto e Bela estava entrando pela porta.

— Hey garotão, como estão as coisas? — perguntou. Bela era uma garota muito bonita. Olhos verdes cristalinos e cabelos castanhos cacheados que batiam em sua cintura e dançavam com ela quando se movimentava.

— Estou bem, e você Bela? Gin me disse que vai passar a noite conosco.

Bela corou de uma forma engraçada, provavelmente constrangida com o fato de eu saber que ela não era apenas uma amiga de Gin.

— Sim, a menos que tenha algum problema.

Dei risada antes de fazer piada com a situação, como sempre fazia.

— Devo me preocupar com alguma gravidez adolescente?

Senti um tapa de Gina em meu braço e vi Bela corar em diversos tons de rosa.

Me lembrava os tons de rosa das bochechas de uma certa pessoa, mas afastei esse pensamento de minha mente.

Nos sentamos para comer em silencio, e quando eu ia perguntar o que estava havendo, dado que Gina não é apta ao silencio, ela o quebrou.

— Apolo, a verdade é que precisamos de você. — disse Gina, decidida. — Precisamos que seja o acompanhante de Bela, para que possamos fazer nossa primeira viagem juntas como casal, mas não parecermos um casal. — completou.

O pedido de Gina rodou em minha mente umas três ou quatro vezes como uma gravação, a qual eu tentava entender o que realmente ela queria dizer.

— Não entendi como posso ajudar, Gin.

— A família de Bel... Bom, eles não são muito tolerantes. Sabem que eu sou... — disse dando ombros, me deixando completar a frase mentalmente.

— Sim, sinto muito Bela. — disse com sinceridade. — E eu entro onde?

— Meu primo vai se casar. Preciso que alguém vá comigo ao casamento, e você é um cara bem convincente. Não teria segundas intenções, e como estou com sua irmã, consigo levá-la sem levantar suspeitas do porquê. — disse objetivamente.

Aquilo não me parecia uma boa ideia, mas ao mesmo tempo, o que poderia dar errado?

— Quando é? — disse dando mais uma mordida em meu hambúrguer, vendo os olhos de Gina se encherem de esperança.

— Sábado! — disse Gina empolgada. — Mas não é na cidade, em média umas duas horas de viagem, em uma das praias da costa. Já tem hospedagem e tudo incluso. — concluiu, como se isso fosse ser um problema

Dei ombros, comprando a ideia delas. O que poderia dar de errado, além de perceberem que não havia absolutamente nada entre mim e Bela?

Pensando bem, fazia anos que eu não colocava os pés na areia quente de uma praia, seria divertido.


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