— Kie?
Todos estavam em silêncio, esperando Kiara. A garota aparece e entrega um envelope para John B.
— Ah, isso não é ouro.- Pope exclamou decepcionado.
— Puta merda.- John B diz ao ver o envelope.
— O que é?- Maya pergunta enquanto ajudava Kiara a sair do mausoléu.
— É do meu pai.
Maya o encara confusa enquanto Kiara sorria para o garoto. JJ, que fumava ali perto, repara um carro se aproximando.
— Código vermelho. Contrabandistas!- exclama o loiro correndo até o grupo.
— Vai, vai vai.
O grupo começou a correr.
— São os caras que roubaram a sua casa.- disse o loiro à John B, enquanto o grupo se escondia atrás de uma parede.
— Apaguem isso.- Kiara diz apontando para as lanternas.
— Apaga a sua luz.- Maya falou indo até JJ e apagando a lanterna que estava em sua cabeça, enquanto o loiro apagava o cigarro.
— Desliga essa merda, John B!
— Pronto.- o Routledge coloca a lanterna dentro da blusa.
— Acha que são eles?
— O amigo ali está armado.- JJ responde.
Maya vê um homem andando em sua frente e ela tampa seu rosto com a mãos.
— Por favor, me digam que vocês também estão vendo um homem andando ali na frente.
Pope se ergue para olhar melhor e logo responde:
— Tem ninguém ali.
— Acho que a quatrocentos mil bebeu demais.- disse JJ.
— Eles desceram do carro!
— Que se dane!
Kiara se levantou e começou a correr na direção oposta dos caras, fazendo Maya, Pope, JJ e John B correrem atrás dela. Os cinco foram até o portão e Kiara pulou o mesmo; John B fez pezinho para Maya pegar impulso e pular também.
— Vai, acelera. Acelera.- JJ apressou.
— Anda.- os quatro correm até o carro de John.
— Gente! Gente! Eu estou preso.- diz Pope.- Eu tô preso aqui, galera.
Os quatro se viraram e veem Pope preso na grade do portão.
— Pope, vamos, cara!
JJ pega a arma e recarrega, apontando para Pope.
— Pope, não se mexe, tá?- o loiro pede.
— Larga essa merda, JJ!- JB abaixa a arma.
— Espera. Você vai me rasgar!- o moreno diz quando Maya e Kiara o puxa para baixo.- Qual é cara...
O short de Pope rasga e o garoto cai no chão, levantando em seguida com a ajuda das garotas.
— Uhul!- Maya comemorou.
— Legal! Vamos, cara. É só seu pipizinho.- JJ zoou.
— Gostei da cuequinha.- Maya comentou enquanto corria.
— Vem, vamos!- Kiara abre a porta da Kombi.
— Entra!
— Há, eu curti!- JJ diz rindo quando JB começa a dirigir.
— Eu também!- Maya gargalhou.
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Os Pogues estavam na casa de John B. Pope colocava lanternas no ambiente enquanto Maya e JJ faziam sanduíches.
— Esse pão está mofado há uns três dias.- Pope diz quando Maya estava prestes a colocar o sanduíche na boca.
— Relaxa, eu tiro as partes mofadas.- JJ diz e a garota olha o pão com nojo e o coloca de volta na mesa.- Além disso, mofo faz bem para a gente. É uma parada natural.
— Perdi o apetite.- a Montgomery diz.
— JJ, May!- Kiara os chama.
— Opa!- o Maybank fala se aproximando com a garota.- Abre aí, quero ver.
JJ mastiga o pão, mas logo faz cara de nojo e cospe. Maya ri e aponta para a cara do garoto. John tira um mapa de dentro do envelope e o abre na mesa.
— Aí merda.
— O "x" é o lugar.- Pope aponta para o mapa.
— Longitude... latitude...- JB apontava para o pedaço de papel.- Espera, tem mais coisa aqui.
O garoto da bandana pega o envelope novamente e tira um gravador dali de dentro.
— O que é isso?- JJ pergunta.
— É um gravador, idiota.- Kiara respondeu.
John B aperta um botão do gravador e uma voz ecoa no local.
"Querido Bird..."
— Quem é Bird?- pergunta JJ.
— Dá para você calar a boca e prestar atenção?- Maya se virou para o loiro e perguntou.
— Meu pai me chamava assim...- John respondeu em choque.
"Odeio dizer que eu te avisei, mas eu te avisei. E você duvidou do seu velho. Acho que, neste momento, você está cheio de culpa e auto-aversão por causa da nossa última briga, mas não se mata ainda, filho. Eu também não esperava encontrar o Merchant. Você teve ração ao me dar bronca. Eu não fui exatamente o pai da década. O que eu posso dizer, garoto? Eu estava de olho no prêmio. E espero que a gente esteja ouvindo isso no nosso novíssimo casarão na Costa Rica, vivendo de rendimentos passivos e licenças de obra. Se não for o caso, e você encontrar isto por razões ruins, é para isso que serve o mapa. Lá está ele, o naufrágio do Merchant. Se alguma coisa acontecer comigo, termine o que comecei. Ache o ouro, garoto. Eu te amo, Bird, mesmo que nem sempre tenha parecido. A gente se vê do outro lado."
O áudio parou e John colocou o gravador na mesa, se levantou, foi até a parede e se desabou em lágrimas.
— Puta merda, ele conseguiu! Ele encontrou o Merchant...- JJ falava animadamente.
— Será que, por favor, pode parar?- Maya pediu e apontou para John.
— Foi mal.- o loiro se tocou no que estava acontecendo.
Kiara foi até John e o abraçou enquanto o garoto chorava.
━──────≪✷≫──────━
— Quanto tinha mesmo?
Os amigos estavam no píer da casa do John. JJ arremessava pedras na água enquanto Kiara tocava um ukulele. Maya estava sentada do lado de Pope, coçando os olhos por conta do sono.
— Quatrocentos Milhões.- John responde JJ.
— Tá, e como a gente divide? Antes de falarem por igual, eu devo lembrar que eu sou o único que pode defender a gente direito daqueles bandidode que perseguiram a gente.- JJ levantou a arma.- E proteção não é coisa barata.
— Você sabe usar uma arma? Onde aprendeu?- Pope perguntou.
— Aprendi no YouTube. Vale pelo menos mais 5% para mim.
— Você não...
— Alguém discorda? Foi o que eu pensei.- Kiara levanta a mão.- Aí, oh, não estou ouvindo nenhuma reclamação.
— O que vai fazer com seus 100 milhões, Pope?- Kiara pergunta.
— Pagar a faculdade adiantado. E meus livros. São muito caros.
— Sério?- Maya pergunta sem acreditar.- Você ia se dar bem com meu irmão.- riu levando uma garrafa de álcool a boca.
— E você, Kie?
— É, o que uma socialista faz quando é rica?- Kiara riu.
— Quero fazer um álbum duplo. Sobre o Outer Banks, os Pogues. Sabe, tipo Cath a Fire é sobre Kingston. Vou gravar no meu estúdio, o Peter Tosh vai produzir...
— O Peter Tosh...
— Eu sei, Pope, o Peter Tosh morreu.- o interrompeu.- O espírito do Peter Tosh nunca vai morrer.- levantou uma lata em forma de brinde.
— Assim que se fala.- Maya brindou com Kiara.
— Na verdade eu sei o que vou fazer.- começou JJ.- Vou comprar uma mansão no Figure 8 e virar um Super Kook.
Maya se engasgou com a bebida.
— Você disse Figure 8? Eu moro no Figure 8!
— Vizinha Super Kook!- apontou para a garota animado e fizeram um hi-five.
— Você vai virar um Kook?- Pope perguntou e Maya deitou a cabeça em seu colo.
— Vou. Vou esculpir uma estátua minha e construir um laguinho.- as garotas riram.- Cheio de peixes carpas.
— Não vou te visitar.- Kiara falou.
— O que vai fazer, JB?
O garoto estava olhando o horizonte escuro pela noite e se virou para encarar seus amigos quando Pope o chama.
— Vamos virar Super Kook's.- sorriu.
— Vamos virar Super Kook's!- estenderam as cervejas.
— Aos novos vizinhos legais.- Maya disse bebendo o líquido e seu telefone toca.- Aí, merda.
— Quem é?
Maya pega o telefone.
— Tô com voz de bêbada?
— Não.
— Ótimo.- atendeu e colocou na orelha.- Oi mãe...
— Maya Atina Montgomery, onde você está?
— Estou indo para casa, estava na casa de uma amiga.
— Menininha.- JJ sussurrou apontando para JB.
— Se você não chegar em casa em uma hora você estará encrencada, mocinha.
— Chegarei em no máximo meia hora.- afirmou e os Pogues a olham como se fosse maluca.- Beijo, tchau.
— Você ficou doida?- JB pergunta quando ela desliga o celular.- O Figure 8 fica uns quarenta minutos daqui.
— Então é melhor eu me apressar.- se levantou.
— Vem, eu te levo.- JB se levanta.
— Eu vou com vocês, assim eu aproveito a carona.- diz Kiara.
— Droga, deixei minha bicicleta no restaurante.
— Meu primo deve ter guardado, amanhã você pega.
— Vamos todos então.- JJ falou.
━──────≪✷≫──────━
— Uou novata, que casarão.- JJ assobiou.
— Querem entrar?
— Cla-
— Deixa para a próxima.- Pope interrompe JJ.
— Então tá, obrigada pela aventura. Foi divertido.
— Até as próximas aventuras, Maya.
— Serão rotineiras, acredi... UOU UM DEMÔNIO.- JJ se auto interrompe e aponta para atrás de um arbusto.
Maya encara confusa o local para onde o loiro apontou e vai até lá.
— Cuidado! Pode te matar!
A garota riu e pegou o "demônio".
— Você tem medo de gatinhos, lindinha?- John pergunta para JJ.
— É só o Limão.- Maya se aproxima de JJ com o gato e o mesmo se afasta, fazendo a garota rir.- Medroso.
— Own, um gatinho.- Kiara coloca a mão para fora da janela e começa a fazer carinho nele.
— Até amanhã, pessoal. Já sabem onde eu moro.
Todos se despedem e JB buzina enquanto saia com o carro. Maya se perguntou o que ele tinha na cabeça por buzinar em plena madrugada, e entrou em casa. A Montgomery colocou Limão no chão e fechou a porta lentamente, tentando não fazer barulho quando juma voz ecoou atrás de si.
— Eu já estava pronta para chamar a polícia, mas lembrei que só podem dar queixa de desaparecimento quando está desaparecido por 24h ou mais.- Mary diz assustando Maya, que colocou a mão no peito e terminou de fechar a porta.- Mas aí eu lembrei que não é necessário esperar 24 horas para fazer o Boletim de Ocorrência, porque a Lei n° 11.259/2005 garante a investigação imediata de um caso de desaparecimento de criança ou adolescente.
— As vezes é ruim ter uma mãe advogada.
— Sério? Eu acho incrível!- a mais velha falou ironicamente e colocou uma mão na cintura.- Onde esteve?
— Com uma amiga.
— Até essa hora?- Maya concordou.- E não avisou por...?
— Ninguém perguntou.
— Mas é sua obrigação avisar para onde está indo.
— E é a sua obrigação ficar preocupada com sua filha e perguntar.
— Acha que não fiquei preocupada? Te liguei várias vezes por que então? Sempre fomos liberais com vocês, e vocês sempre obedeceram a hora de voltar.
— Desculpa, ficamos conversando e eu perdi a hora.
— Tudo bem.- foi até a filha e deu um abraço.- Esteve no cemitério?
— Como sabe?
— Sabendo.- saiu do abraço e foi até a sala, sentando-se no sofá.- Ah, achou o Limão.- fez carinho no gato deitado no sofá.
— Desculpa aí, cigana.
Fato curioso sobre a família materna de Maya, os Halliwell, são de descendência cigana e também tem uma certa ligação com mediunidade. Mary é audiente, ou seja, consegue escutar e dependendo do espírito ver. Maya é sensitiva, Jonathan é pneumatógrafo e Marlee é audiente, vidente e médium "esponja": consegue ver, falar e sentir os sentimentos de outras pessoas. A mais nova odeia ser assim. Jason nunca apresentou sinais de que também tem o "dom", assim como a mãe e os irmãos.
— As cartas nunca mentem. E os espíritos também.- bebericou seu vinho.
— Onde está papai?
— No hospital resolvendo a transferência. Agora vai dormir porque já está tarde.- deu um beijo na testa da filha e a garota foi para seu quarto.
Maya estava em seu quarto deitada olhando para o teto. A garota já tinha tomado um banho e colocado um pijama confortável. Por incrível que pareça, Maya estava animada com seus novos amigos, ansiava por mais aventuras como aquela.
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16/08/2021