Ensina-me A Viver Novamente [...

De NerwenHydrefShadow

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[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... Mais

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo XVI - Irmão Urso
Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXV - Bard o Arqueiro
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda

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De NerwenHydrefShadow

Nota do autor: Pela primeira vez, tomei a coragem de escrever e publicar uma fanfic minha e devo isso ao meu maravilhoso marido Phillipe e a minha querida amiga iAltoSax que me incentivaram e me convenceram a escrever novamente depois de longos anos.

Novamente, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortáveis e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.

Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Minha amiga iAltoSax encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.

Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda

P.O.V. de Estelwen

Quatro dias se passaram desde que viemos a Valfenda. Já nos sentíamos revigorados e os anões estavam mais que ansiosos para partir. Decidimos então que deixaríamos Valfenda na manhã seguinte, bem cedo, então, aproveitei para passar o dia com meus sobrinhos. De certo que não nos veríamos por um bom tempo, depois que retomássemos nossa jornada.

Arwen escolheu para mim um dos meus vestidos favoritos. Era longo, de camurça verde musgo. Suas mangas eram compridas e iam se alargando a partir do cotovelo, e estavam presas nos antebraços por dois pares de tiras douradas. Sua gola tinha formato de hexágono, deixando quase todo meu colo à mostra. Ela era adornada por um bordado dourado em formato de corrente, assim como meu cinto, cujo formato era em v e o meio continuava descendo até a barra do meu vestido.

Eu e minha sobrinha estávamos sentadas em um banco, enquanto os meninos estavam logo atrás, sentados em cima de uma mureta e encostados um em cada pilastra. Ríamos enquanto lembramos dos velhos tempos e das peripécias em que nos metíamos. Já era de tarde quando nosso momento juntos foi interrompido por meu irmão e Lindir, que pararam a minha frente, extremamente sérios. Eu olhei para eles, me perguntando do que se tratava.

"Querida, acho melhor você controlar seus anões. Esta situação já chegou longe demais." Disse Elrond irritado. A muito não via meu irmão assim, os anões devem ter feito algo realmente inadmissível desta vez. Já não era a primeira vez que eles me davam trabalho nesses 4 dias que ficamos em Valfenda. Além das refeições regadas de gritaria e guerra de comida, que eles faziam quase todas as vezes, eles ainda usaram a madeira dos móveis como fogueira e quase acabaram com o estoque de vinho e cerveja do meu irmão, entre outras barbaridades, ainda sim, meu irmão se manteve calmo, como todo bom anfitrião. Mas pelo olhar que ele estava lançando a mim, desta vez a situação era mais séria ainda.

Eu soltei um longo suspiro, 'eu nunca tive cabelos brancos mas acho que vou ter depois desta viagem.' pensei. "O que eles aprontaram desta vez?" Eu perguntei.

"Eles... estão em Nörevendë (Donzela da Noite) ...tomando banho..." Lindir falou com dificuldade, sua voz era puro constrangimento. Não era para menos com o que ele acabara de presenciar.

Ao ouvir Lindir, meu rosto ficou extremamente vermelho na mesma hora. Não podia acreditar que eles fossem capazes de algo tão absurdo...na verdade podia sim, infelizmente 'Eu vou matar esses malditos anões... ' pensei. "Vou agora mesmo falar com eles." Eu disse aos dois elfos à minha frente. Eles acenaram com a cabeça e se viraram para ir embora. Eu me virei para falar com meus sobrinhos, mas Arwen falou antes de mim.

"Vamos com você os'Nys", disse Arwen, sua curiosidade tomando o melhor de si mesma. Eu nem precisei dizer nada, seus irmãos agarraram minha sobrinha e começaram a discutir com ela muito irritados. Até que uma ideia surgiu em minha mente. "Aliás, eu tenho um plano" Os irmãos me olharam incrédulos e Arwen abriu um sorriso. "Não, menina, não tem nada a ver com você, meninos levem essa garota daqui antes que ela resolva fazer o que não deve" E assim o fizeram, apesar dos protestos de Arwen.

Eu corri até Elrond e o interrompi em seus passos. "Ottorno, eu tenho uma ideia, mas é provável que o senhor não goste muito...mas garanto que irá funcionar." Elrond se mostrou interessado mesmo assim. Qualquer coisa para tirar aqueles anões desprovidos de qualquer escrúpulo de nossa fonte sagrada.

"Vou precisar de todo o estoque de cerveja que estiverem sobrando e alguns instrumentos. Vou querer meu violino também..." Eu disse já esperando uma repreensão.

"Estelwen como pretende controlar 13 anões completamente bêbados?!" Meu irmão me perguntou.

"Acredite, será mais fácil assim. Além do mais, é a única coisa que os tirara daquela fonte." Eu comentei.

Elrond suspirou, finalmente concordando com meu plano e foi em direção a cozinha pedir pelos barris de cerveja que ainda restavam. Só de pensar no ódio que nosso cozinheiro Alyan (abençoado) devia estar de mim a esta altura. Passei anos e anos invadindo sua cozinha e agora voltei com 13 anões famintos e sem modos. Eu ri só de pensar na reação do elfo se me visse. Graças aos deuses não nos cruzamos desde que cheguei a Valfenda.

Depois que os barris e os instrumentos foram colocados no pátio onde os anões haviam se instalado, me dirigi à fonte... e a cena foi uma das mais chocantes que já vi em minha vida. Nus...os anões estavam...completamente...nus...Não que eu já não tivesse visto anões nus antes, mas eu era criança e como curandeira, ver pessoas nuas não era de todo incomum, mas... ver companheiros de viagem... completamente como vieram ao mundo... era totalmente diferente.

Tomei coragem e caminhei até a fonte. Fili e Kili estavam usando a tigela de nossa Nörevendë (Donzela da Noite) como um escorregador. Quando vi aquilo, implorei aos céus que meu irmão não tivesse presenciado a mesma cena que eu. Ao me verem, os irmãos saíram correndo da água e se posicionaram bem à minha frente. Fixei meus olhos no nível de suas cabeças para não correr o risco de ver o que eu não queria.

"Olá Estelwen, onde esteve o dia todo?" Perguntou Fili. "Não quer se juntar a nós?" completou Kili no tom mais natural possível. Sei que anões nunca ligaram para pudor ou coisas do tipo. Mas eles estavam visitando uma residência, com crianças vivendo aqui, eles não tinham o mínimo de decência?

"Agradeço o convite, mas já me banhei hoje." Eu disse sem desviar o olhar.

"O que foi Estelwen? Você parece tensa." Perguntou Kili

"Acho que ela só não quer nos ver nus irmão" disse Fili rindo. "Ora Estelwen nunca viu anões sem roupas antes?" ele perguntou.

"Sim, mas eu era criança e a situação é completamente diferente." comentei.

'"Diferente como?" Perguntou Kili curioso.

Eu sacudi a cabeça, tentando aliviar a tensão que havia se colocado sobre meu pescoço enquanto dizia. "Isso não importa, alias tenho uma ideia bem melhor. Por que vocês e os outros não vem comigo?"

"O que tem em mente?" Perguntou Kili ansioso por minha resposta.

"Preparei algo para nós no pátio em que vocês se instalaram." Olhei em volta enquanto falava, mas sem focar nos anões nadando na fonte. Sabia que Bilbo não estaria aqui. Ele nunca sob qualquer circunstância se colocaria nu em público. Mas onde estava Thorin? "Onde está Thorin? Ele não está com vocês?' Perguntei. Os irmãos se entreolharam com um sorriso malicioso em seus lábios.

"Queria ver nosso tio nu senhorita Estelwen?" perguntou Fili. "Ora ora, não sabia que você poderia ser tão rebelde senhorita" Completou Kili.

Meu rosto ficou completamente vermelho e pude sentir ele começar a queimar, meu coração a mil por apenas imaginar a cena em minha mente. Eu já havia visto Thorin sem roupa, mas pelo menos ele estava com sua túnica. Imaginá-lo desta forma me fez desejar sumir da frente daqueles dois meninos. Ainda mais depois que minha reação fez com que os meninos explodissem de risos.

"O que?! Mas é claro que não!" Eu consegui dizer finalmente, meu rosto ainda queimando. Mesmo assim os meninos continuaram rindo sem parar.

Eu fiz um som de desgosto e virei as costas para os meninos. "Bem, se não querem cerveja vou beber sozinha, divirtam-se aí com seu banho." Eu disse e comecei a ir embora. De repente dois anões surgiram em minha frente como um relâmpago. Sorrisos largos em seus rostos.

"Você disse cerveja?!" Os dois disseram em coro o que me fez rir genuinamente.

"Sim consegui alguns barris de cerveja para nós. Portanto, chamem os outros por favor." Na velocidade que eles apareceram em minha frente eles desapareceram e pude ouvir uma comoção atrás de mim de anões saindo correndo da água e vestindo as roupas, ainda molhados.

Quando chegamos no pátio os obriguei a formar uma fila para secá-los apropriadamente com minha magia. Alguns não se sentiram muito confortáveis com a ideia, mas perguntei o que Thorin diria se eles ficassem doentes às vésperas de viajarmos. Eles rapidamente consentiram. Um por um, sequei os anões que, depois de secos, correram para encher suas canecas de cerveja, como crianças correndo para pegar doces em um festival. Peguei meu violino e comecei a tocá-lo, para surpresa de todos, não era uma música calma, como eles esperariam dos elfos, era bastante animada, uma que eles conheciam bem. Toquei todas as músicas que me lembrava de quando vivi em Khazad-dûm. Bebemos, dançamos e cantamos por horas a fio.

Não sei se a cerveja estava começando a tomar conta de mim, mas comecei a pensar em Thorin e de como eu queria que ele estivesse aqui. 'Será que ele me chamaria para dançar?' eu pensei, mas logo em seguida sacudi minha cabeça tentando, em vão, tirar estes pensamentos. Já não era a primeira vez que eu pensava em Thorin desta forma. Ele de fato era o anão mais lindo que já havia visto em toda a minha vida e minha admiração por ele crescia mais e mais ao longo desta viagem. Meu coração martelava em meu peito, como tem feito todas as vezes em que pensava naquele anão cabeça dura, nestes últimos dias, desde aquele incidente na cachoeira. Eu suspirei e entornei uma caneca de cerveja que roubei da mão de Fili. Torcendo para a cerveja me fazer esquece-lo.

P.O.V de Thorin

Saí pela manhã para tratar de alguns assuntos com Gandalf e logo depois fui me encontrar com meus companheiros na fonte, onde eles haviam dito que iam se banhar. Já era de noite e eu me perguntava 'por Mahal onde eu estou?' Os corredores de Erebor eram tão mais fáceis de lembrar em comparação a esta droga de cidade. Resolvi procurar um lugar mais alto para poder ver toda a cidade e tentar me localizar. 'A esta altura eles nem devem estar mais na fonte, provavelmente estarão me esperando no pátio, mas onde ele fica mesmo?' me perguntei. Subi as escadas em direção a uma das construções que parecia ser alto o suficiente e ao chegar lá, vi o elfo e Gandalf conversando em uma ponte mais abaixo. Decidi ficar para ouvir a conversa deles. Foi então que Bilbo apareceu, subindo as escadas, em uma de suas caminhadas pela cidade, não conseguia entender o fascínio dele por esse lugar e por esses elfos. 'Bem, pelo menos ele poderá me levar de volta para os outros' pensei.

Ele também reparou as duas figuras conversando e parou para escutá-las.

"É claro que eu ia contar para você, estava esperando este momento. De fato, acho que você pode confiar pois sei o que estou fazendo." Comentou Gandalf confiante.

"Sabe? Aquele dragão dorme a 60 anos. O que acontecerá se o plano de vocês falhar? Se acordarem a fera?" Disse o lorde elfo apreensivo.

"E se obtivermos sucesso? Se os anões recuperarem a montanha nossas defesas do leste serão fortalecidas." comentou Gandalf.

"É uma jogada perigosa, Gandalf." Elrond retrucou.

"Também é perigoso não fazer nada. Ora, o trono é direito de nascença de Thorin. O que você teme?" O mago perguntou.

Bilbo finalmente percebeu minha presença mas acenei com a cabeça para não dizer nada e continuarmos ouvindo.

"Você esqueceu? A propensão à loucura é forte nessa família. Seu avô perdeu a cabeça. Seu pai sucumbiu à mesma doença." Vi a feição do elfo se encher de preocupação e tristeza, assim como meu coração. Eu temia esta maldição mais do que tudo nesse mundo. Eu não podia sucumbir a ela... cheguei tão longe. Será que serei capaz de vencê-la quando ela vir com toda sua força? Essas perguntas me assombravam dias e noites.

"Você pode prometer que Thorin Escudo de Carvalho não irá enlouquecer também?" o elfo perguntou a Gandalf

"Acredito que tenha alguém que possa salvá-lo." o mago respondeu, o que me chamou a atenção.

"Acho que nem mesmo Estelwen seria capaz de salvá-lo de si mesmo, meu amigo." Por algum motivo, ouvir o nome da elfa fez meu coração acelerar um pouco. 'O que ela poderia fazer para me salvar se nem mesmo eu sei se consigo superar essa maldição?' pensei. O mago ficou em silêncio após o comentário do Elfo, e este então continuou.

"Gandalf, essas decisões não cabem somente a nós. Não somos eu ou você que devemos redefinir o mapa da Terra-média." Ele comentou.

Vi os dois se afastarem e decidi me retirar. Bilbo veio comigo. Juntos, caminhamos até o acampamento. Nada dissemos, mesmo Bilbo visivelmente querendo dizer algo mas desistindo toda vez. Ao chegarmos próximo do pátio, perdi a paciência e me virei para Bilbo dizendo. "Por Mahal homem se quer dizer algo diga logo". Mas quando olhei para o hobbit ele estava boquiaberto, extasiado, olhando com admiração para alguma coisa. Fiquei intrigado e resolvi seguir seu olhar. Quando encontrei o alvo de sua admiração tive exatamente a mesma reação que ele.

Era a elfa. E ela estava dançando e cantando, enquanto tocava seu violino com uma maestria que me deixou impressionado. Foi uma das coisas mais deslumbrantes que já vi em toda minha vida. Ela estava radiante. Seus olhos brilhavam como lindos topázios reluzindo a luz do luar e foi a primeira vez que a vi sorrir com tanto entusiasmo. E que sorriso. Nunca senti qualquer atração por elfas, quase não tinham pelos pelo corpo, muito menos barba como as anãs e eram muito altas para meu gosto. Mas algo naquela elfa fazia meu coração disparar. Meus companheiros pareciam igualmente encantados. Cantavam e dançavam junto dela, principalmente Fili e Kili que a rodeavam enquanto os três dançavam uma de nossas danças típicas.

Ela passou seu instrumento para Dwalin, que começou a tocar outra música, logo em seguida ela pegou uma caneca das mãos de Gloin e a entornou facilmente, o que me deixou surpreso. Ela se sentou ao lado de Balin e começou a conversar com ele, rindo muito juntos.

Por um momento as memórias da conversa do mago e do elfo voltaram a me assombrar e o encanto pareceu acabar. 'Não estou com muita vontade de festejar hoje' pensei, e me dirigi para um canto mais afastado para pensar. Vi Bilbo se dirigir a elfa e fiquei estranhamente incomodado ao vê-lo ir falar com ela e quando ela o abraçou minha irritação aumentou mais ainda e decidi desviar o olhar voltando aos meus pensamentos. Depois de um tempo olhei novamente para eles, mas estavam os três olhando para mim com olhares de preocupação. Eu revirei os olhos, 'maldito hobbit' eu pensei.

Foi então que de repente senti alguém pegar a minha mão e me puxar, quando olhei para cima era a elfa que me arrastou de onde eu estava sentado dizendo.

"Vem, vamos sair daqui" Ela disse, ignorando meus protestos. 'Qual bêbada ela deve estar?' pensei. Comecei a ouvir uivos e assobios dos meus companheiros, olhei para eles com sangue nos olhos mas fui completamente ignorado e eles continuaram, principalmente Fili e Kili. 'Esses dois vão ver quando eu voltar' pensei.

A elfa me conduziu escada abaixo, até que arranquei minha mão da sua e disse "O que significa isso elfa?" Eu perguntei irritado.

"Desculpe-me meu rei. Apenas quero te mostrar uma coisa, e estava muito barulho lá em cima não conseguiria lhe dizer nada. Apenas confie em mim por favor." Ela disse com olhos de filhote. Eu revirei os olhos e fiz que sim com a cabeça. Ela sorriu como uma criança com minha resposta e senti meu coração acelerar um pouco. Já era tarde da noite e quase não havia ninguém andando pela cidade. Ela me levou até um edifício com uma grande porta de madeira. 

"Onde estamos?" perguntei.

"Aqui é a despensa, vamos pegar algumas coisas." Ela disse se dirigindo à porta.

"Parece que tem um bilhete preso nela" Eu comentei. Ela arrancou o bilhete e leu, depois de um tempo começou a rir. "O que diz?" perguntei curioso.

"É de Alyan, nosso cozinheiro. Dizendo para eu ficar longe da despensa e da adega." ela riu mais um pouco e continuou "Diz aqui que desta vez eu não irei conseguir quebrar o 'selo poderoso' que ele pediu para colocarem nessa porta, quando soube que eu viria para cá. Coitado, acha mesmo que uma tranca vai me impedir." Ela disse com um sorriso malicioso. Sua reação e o bilhete me deixaram surpreso.

"Porque ele faria isso?" perguntei curioso.

"Bem... quando eu morei aqui, eu e minha irmã de coração, a esposa de Elrond. Nós vivíamos roubando comida da despensa, ela era a soberana, podia muito bem vir e pegar o que quisesse, mas ela dizia que a adrenalina era muito mais interessante então sempre acabava vindo comigo. Então vieram seus filhos e eu continuei fazendo as mesmas coisas com eles." Ela parou e riu um pouco de suas próprias lembranças. "Eu era a líder do bando digamos assim." Disse em um tom brincalhão.

"Não esperava que você fosse tão rebelde" Eu disse.

"Ora essa Thorin como pode pensar assim de mim?" Ela me perguntou, fingindo estar ofendida. E então sorriu "Ser séria o tempo todo é muito chato não acha?" Ela comentou rindo. Eu acabei rindo junto. Ela às vezes me lembra tanto a Dís. As duas vão se dar tão bem juntas quando se conhecerem.

"Bem fique de vigia enquanto eu tento arrombar a fechadura, não vai demorar, prometo." a elfa comentou, se virando para a fechadura novamente.

O tempo passou e comecei a ficar impaciente, ela disse que seria rápido mas parecia uma eternidade. "E então?" Eu perguntei relativamente alto. Ela se virou para mim irritada com o dedo indicador na boca, pedindo silêncio. "Só temos nós aqui" eu disse, agora sussurrando.

"Esqueceu que nós elfos ouvimos muito bem? Se nos pegarem estamos ferrados. Agora me deixa trabalhar." Ela disse e voltou para a fechadura. Eu bufei e voltei a vigiar os arredores. Foi então que ela sussurrou, muito entusiasmada.

"Abriu!" disse toda feliz como uma criança cuja travessura havia dado certo, mal pude conter um sorriso. 'Por isso ela se deu tão bem com meus sobrinhos' pensei. Enquanto entrávamos na despensa ela comentou.

"Como você sabe, aqui infelizmente eles não comem carne, mas tem doces maravilhosos que podemos... pegar. Aqui, tome uma sacola, encha com o que quiser." Ela me entregou a sacola e assim o fiz. Tinha razão, cada doce mais lindo que o outro, fui pegando e guardando. Ela então veio com a sua sacola cheia e um vinho na mão. "Infelizmente, toda a cerveja foi levada para o pátio. Só sobrou o vinho favorito do meu irmão... ele ficaria furioso se seu vinho desaparecesse derrepente..." ela riu e um sorriso malicioso apareceu em meus lábios.

"Então porque nós não o experimentamos?" Perguntei e ela consentiu. Saímos e ela fechou a porta novamente, mas sem antes escrever algo no canto do bilhete e o prendeu novamente na porta. "O que você escreveu?" perguntei.

"Deixei um recadinho agradecendo pela comida." ela disse rindo. Balancei a cabeça com um sorriso no rosto e continuei seguindo a elfa. Paramos em frente à entrada de uma pequena caverna, escondida atrás de algumas heras. Ela entrou e eu a segui sem pensar, mas estava tão escuro que mal conseguia enxergar um palmo à minha frente.

"Estelwen não consigo ver nada, onde você está me levando?" Perguntei, agora um pouco inseguro.

"Ah me desculpe. Me dê a sua mão" Ela pegou minha mão antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa em protesto, e foi me guiando pela caverna. "Não é muito longe." Após alguns passos já pude ver a claridade novamente, o que me possibilitou enxergar a trilha. Quando saímos da caverna nos deparamos com um pequeno jardim natural com algumas pequenas árvores e flores, bem no meio do penhasco, como um pequeno oásis. E dali podíamos ver todo o vale, mas nada das construções élficas, apenas a natureza exuberante. Nos sentamos à beira do penhasco e ela comentou.

"Esse é o meu pequeno paraíso." Ela disse admirando o cenário." Nunca trouxe ninguém aqui. Era meu cantinho quando eu queria fugir um pouco. A paisagem é bem diferente da que eu tinha em Khazad-dûm, mas gostava de ficar admirando o céu, o mesmo céu que eu via em casa, com Adad, Amad e meu irmãozinho." Ela disse tristemente.

"Porque me trouxe aqui?" Perguntei, sem tirar os olhos do vale.

"Pensei que você iria gostar de sair um pouco e mudar os ares. Imagino que você já esteja cansado de ver tanta coisa...élfica." Não pude conter uma risada com o comentário.

"É...você está certa. Estava me sentindo sufocado." Confessei.

O silêncio caiu sobre nós. Mas não um silêncio desconfortante. A lua estava incrivelmente linda esta noite e suas luzes refletiam de forma magnífica no vale à nossa frente. Ficamos admirando a paisagem por um tempo quando Estelwen soltou minha mão 'desde quando estávamos de mãos dadas' eu pensei, um pouco vermelho, e ela então abriu a garrafa de vinho. Após um gole ela passou a garrafa para mim.

"Creio que teremos que tomar desse jeito mesmo, esquecemos de pegar os copos" Ela disse.

Peguei a garrafa de sua mão tomando um gole logo em seguida. Era um vinho muito bom, um dos melhores que já tomei. "É realmente uma delícia." comentei

"Não é mesmo? Pertence a adega particular do meu irmão" A elfa disse com um sorriso brincalhão.

"Creio que ele não ficará nem um pouco satisfeito quando descobrir" Eu comentei com o mesmo sorriso.

"Ah sim, estamos perdidos...." Ela disse e soltamos uma gargalhada juntos. Bebi mais um gole e passei para a elfa, meus olhos acabaram pousando em seus pés e lembrei da fratura que havia em sua perna a quatro dias atrás.

"Como está sua perna? Vi que você estava dançando bastante mais cedo. Acha prudente?" Eu perguntei preocupado.

"Não se preocupe, o poder de cura de meu irmão é fora do comum. Além do mais, toda a cidade tem uma certa magia que permite a cura de grande parte dos ferimentos. Mas confesso que ela está latejando um pouco. Acho que exagerei hoje." Ela comentou. "Mas faziam tantos anos que não me divertia daquela forma. Os rapazes são incríveis." Ela disse rindo consigo mesma.

"Sim. Eles são mesmo. Não poderia pedir por companheiros melhores." Eu disse com um sorriso ao pensar em meus amigos.

Conversamos muito e rimos muito juntos, enquanto comíamos os doces que roubamos da despensa. Estava realmente me divertindo pela primeira vez em muito tempo. E com uma elfa por incrível que pareça. Me vi tão à vontade, não sei se pela conversa ou pelo vinho que por fim, acabei lhe contando meus temores com relação a Doença do Dragão. Ela escutou atentamente, sem dizer uma palavra. Quando eu terminei ela segurou firmemente minhas mãos, me fazendo olhar para ela. Ela olha fundo em meus olhos com seus incríveis olhos azuis topázio.

"Thorin. Você é diferente de seu avô, assim como é bem diferente de seu pai. Não digo que eles eram fracos, longe disso, mas você é muito mais forte e tenaz que eles. Balin me contou que quando o Dragão atacou Erebor quem conduziu os guerreiros e quem retirou os sobreviventes foi você. Quem liderou a todos até as Montanhas Azuis foi você Thorin. Seu avô sabia muito bem que Khazad-dûm havia sido tomada e mesmo assim foi lá. E quando ele se foi, seu pai simplesmente desapareceu deixando todos desamparados no campo de batalha e quem foi que liderou o exército contra os orcs? Quem usou uma tora de carvalho para se defender de um orc branco gigante em Thorin? Porque você acha que 12 anões estão arriscando suas vidas em uma jornada sem saber se irão voltar? Porque VOCÊ os convocou. Você conquistou inúmeras coisas Thorin Escudo de Carvalho e vencer essa doença com certeza vai ser uma delas. E farei o possível e o impossível para ajudá-lo enquanto você me permitir." Ela terminou com um sorriso no rosto, mas seus olhos estavam cheios de determinação.

Meu coração martelava em meu peito parecendo que ia explodir. Nunca vi alguém falar de mim assim com tanta admiração e de forma tão verdadeira. Ela não estava falando para me impressionar ou para me fazer sentir melhor, ela acreditava em cada palavra que dizia.

"Estelwen...eu..." Pensei em dizer algo mas desisti, apenas sorri e disse "Obrigado". Ela sorriu, mas então percebemos que mais uma vez estávamos de mãos dadas, seu rosto ficou vermelho, assim como o meu e ela as soltou, desviando seu olhar para o vale.

"N-não à de que" ela disse, com a ponta de suas orelhas rosadas. Mas foi então que suas orelhas se movimentaram levemente como se tivessem captado algum som e sua expressão ficou séria de repente e dirigiu seu olhar para a saída da caverna. Ela então se levantou rapidamente, retirando uma faca da parte de trás do cinto de seu vestido e se posicionou à minha frente, me protegendo de algo.

"O que foi?" Eu perguntei enquanto levantava e me posicionava ao seu lado.

"Alguém muito poderoso se aproxima." Ela disse apreensiva

"Você não disse que ninguém conhecia esse lugar?" Eu perguntei.

"Bem, apenas uma pessoa. Que me encontrou aqui uma vez. Mas ela não deveria estar aqui." De repente sua expressão séria passou para surpresa e então um enorme sorriso apareceu em seu rosto. "Os'Nys" ela disse, eu olhei para ela sem entender. Foi então que de dentro da caverna uma luz branca muito forte surgiu e uma elfa branca como mármore com seus cabelos loiros quase brancos saiu dela. Seus olhos eram estranhamente familiares, de um azul claro e profundos, mas também exaustos, de alguém que já viveu milênios nesta terra. Tenho que admitir, ela também era deslumbrante e por algum motivo algo nela emanava um poder tão grande que me impelia a me ajoelhar para ela, eu, Thorin Escudo de Carvalho, impelido a me ajoelhar a alguém, principalmente a um elfo. O poder dos elfos pode ser realmente assustador. Vi Estelwen correr para os braços da elfa que a abraçou fortemente. Elas trocam algumas palavras em élfico e se aproximam de mim.

"Os'Nys este é Thorin Escudo de Carvalho, Rei sob a Montanha. Meu rei, esta é Rainha Galadriel, a Senhora de Lórien e sogra de Elrond." Estelwen nos apresentou com entusiasmo.

"Um prazer conhecê-la" Eu disse, o que visivelmente pegou Estelwen de surpresa.

"Igualmente, Thorin Escudo de Carvalho. Vejo que minha sobrinha o trouxe a seu Jardim Secreto, quanta honra." ela disse olhando para Estelwen que corou um pouco.

"Ela gentilmente quis me levar a algum lugar longe de todos, com toda pressão de nossa viagem, me sentia um pouco sobrecarregado." Eu comentei.

"Entendo perfeitamente, é uma jornada extremamente perigosa." A elfa comentou.

"Os'Nys...o que faz aqui afinal? Me perdoe, mas nem a senhora irá nos impedir de prosseguir." Estelwen disse enquanto olhava séria para a elfa.

"Eu sei minha querida. E nem tentaria. Mas não é a mim que vocês devem temer..." Ela comentou.

O rosto de Estelwen mudou para puro pânico. "Saruman está aqui?" ela perguntou.

"Sim, ele reuniu o Conselho Branco." A elfa branca respondeu.

Foi então que Estelwen, sem dizer uma única palavra, abraçou a outra elfa. Depois pegou minha mão e começou a correr para dentro da caverna. Rápido. Muito rápido. Eu quase não conseguia acompanhar. Devia ser algum tipo de magia. "Estelwen pare!" mas ela não me ouviu "Estelwen!" eu gritei e ela finalmente parou.

"Desculpe, não temos tempo, temos que ir embora hoje a noite." Ela disse inquieta.

"Mas porque?" Eu perguntei.

"Eu explicarei tudo quando sairmos daqui. Vamos!" Ela enfatizou.

"Espere, aquela elfa, não acha que ela é sua-" Mas ela não me deixa terminar, simplesmente me pegou no colo e começou a correr mais rápido do que antes, ignorando meus protestos. Uma voz de repente surgiu em minha mente e reconheci como sendo de Galadriel.

"Por favor. Cuide bem dela...Você sabe o qual importante ela é para mim" a elfa sussurrou em minha mente

"Eu prometo" respondi.

Nem tive tempo para ter qualquer reação e já estávamos no pátio onde todos estavam dormindo. "Acorde-os e faça com que eles se aprontem o mais rápido possível vou me trocar no meu quarto e pegar minhas coisas." Antes que eu pudesse dizer algo ela já havia desaparecido. Comecei a acordar todos e exigir que se aprontem pois iríamos embora naquele momento. Bilbo rapidamente começou a empacotar suas coisas, sem entender nada, os demais, ainda grogues, relutaram um pouco mas então gritei "Levantem seus imbecis" em nossa língua e rapidamente eles começaram a se preparar. Foi então que Estelwen voltou, já pronta e esperou por nós. Terminei de arrumar minhas coisas e voltei para ela exigindo explicações. "O que está acontecendo elfa? Quem é esse tal de Saruman?"

"Prometo que assim que sairmos daqui explicarei tudo com mais calma. Temos que ir o mais rápido possível." Ela disse visivelmente preocupada

"E Gandalf? Onde ele está?" Perguntou Bilbo que também havia terminado de se aprontar.

"Teremos de ir sem ele. Esperaremos por ele nas montanhas. Agora vamos." Ela disse incitando nosso grupo.

Ao nascer do sol, já estávamos na trilha das montanhas, deixando Valfenda cada vez mais para trás. Eu seguia na frente enquanto minha companhia vinha logo em seguida.

"Fiquem atentos." Eu disse. "Estamos prestes a entrar no Limite dos Ermos. Balin, você conhece essas trilhas. Conduza." Parei para permitir que meu amigo seguisse na frente. E assim ele fez. Vi Bilbo parar e olhar uma última vez para a cidade pela qual ele havia se apaixonado. 'Porque ele não fica, se gosta tanto daqui' pensei. Seria bem mais seguro para ele. "Mestre Bolseiro. Sugiro que aperte o passo." Ele acenou com a cabeça e me virei para seguirmos viagem. Não via a hora de sair deste lugar.

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