Safira.
Eu estava treinando nestes últimos dois meses, controlando o meu poder que descobri ser um pouco descontrolado.
Rajar me encarava sentado, em uma distância segura que eu o pus, enquanto eu tentava controlar aquela rajada de vida e morte que eu projetava.
- Às vezes é difícil ficar sempre lutando. -murmurei para mim mesma.
A magia queria sair a todo o instante do meu controle, mas eu a laçava em rédeas curtas, ordenando e mostrando quem controlava quem aqui.
Eu me forcei, fazendo a magia moldar ao meu favor e seguir os meus comandos, tinha de fazer um grande esforço para isso, mas já era o começo.
A magia sumiu ao meu comando, mas uma faísca escapou o fazendo um boneco de treino virar cinzas.
Eu grunhi de raiva batendo com o pé no chão, fazendo as cinzas sumirem.
- Raios, raios. -grunhi.
- Está tão irritada hoje, irmã. -disse Aron divertido.
- É claro, olha pra isso! -grunhi frustrada.
- Se você aceitasse a minha ajuda... -disse Nyx entediado.
- Não, prefiro me sufocar com isso. -disparei- eu consigo sozinha.
Eu bufei um rosnado voltando a treinar.
E quando o poder saiu das rédeas outra vez eu rugi amaldiçoando.
- Quanta tensão. -disse Aron.
Eu vou quebrar um dente dele.
- Não tem ninguém esquentando os seus lençóis? Safira, por isso está tão mal humorada. -Nyx ronronou.
- Questão de segundos para eu conseguir uma fila de machos para queimarem o meu quarto, Nyx, e eu amarro você em uma cadeira e te obrigo a assistir. -ameacei.
Ele rosnou pra mim mostrando a língua e eu lhe mandei o dedo do meio.
- Vai sentir minha falta quando eu for embora. -ele disse.
Eu revirei os olhos.
- Cara, você só vai passar um ano no acampamento illyriano, não faz drama. -disse Aron.
- E Safira um ano em uma ilha paradisíaca trepando com o Helion. -Nyx fez careta.
- Eu vou passar um ano na corte dele, animal, não em uma ilha. -bufei.
- Da no mesmo. -ele disse.
Eu revirei os olhos e ouvi Aron rir quando Nyx me imitou.
- Ai Helion, você é tão carinhoso. -Nyx imitou a minha voz.
Aron caiu da cadeira, morrendo de rir.
- Não disse que iria parar de ser imaturo? -questionei com as mãos na cintura.
- Imaturidade e te provocar são coisas totalmente diferentes, e a segunda opção já é o meu melhor hobby. -ele disse.
- Ai, eu sou tão injustiçado, minha parceira não cansa de chutar a minha bunda. -o imitei.
- Pela mãe. -gargalhou Aron.
Eu Nyx saímos no tapa, um estapeando o outro como duas crianças.
Rajar se ergueu confuso, se estraçalhava Nyx ou se deixava eu fazer isso por ele.
- Sai de cima de mim! -disse Nyx.
- Não. -eu disse sentada em suas costas.
Ele me deu um beliscão me fazendo soltar um gritinho baixo, eu puxei o seu cabelo e ele grunhiu rolando no chão comigo.
- Duas crianças. -Aron riu.
- Ele que começou! -dissemos juntos.
- Chata. -ele disse.
- Abusado. -rebati.
- Você beija terrível. -ele disse.
- Você é péssimo de cama. -rebati.
Ele me lançou no chão, ficando por cima de mim.
- Como sabe? Safira, se nunca esteve na cama comigo. -ele ronronou.
Seu joelho roçando em meu ponto coberto pela calça.
- Eu tenho que aturar os choros das fêmeas que você fica, as coitadas chegam decepcionadas. -alfinetei.
Ele revirou os olhos e eu o joguei para o lado, levantando.
- Vai passar um ano em outras cortea, maninha. -disse Aron.
Eu sorri de lado.
Havia decidido que me ocuparia viajando, queria visitar as outras cortes e saber como era cada uma, queria me aventurar e me sentir... Livre.
E havia algo no porto da estival para mim, na minha última viagem, eu passaria dois anos em alto mar.
- Vai sentir falta de tudo isso aqui. -ele disse.
Eu pulei no mesmo, o abraçando.
- Vou sentir falta de tudo e todos vocês, mas vai ver que os três anos vão passar rápido, eu volto logo. -beijei sua bochecha.
Ele me apertou contra si.
Eu iria hoje.
Eu levantei, sorrindo para ele.
- Até logo, irmão. -sorri.
Ele sorriu fungando de leve.
- Escreva para nós. -ele disse- amo você.
- Amo você. -sorri.
Eu passei por Nyx que encarava tudo como se não pudesse acreditar.
- Até, Nyx. -dei um tapinha em seu ombro.
Rajar levantou, me seguindo, ele também viria nessa minha aventura louca.
Eu caminhei para fora sendo seguida por eles e então cheguei até onde todos estavam, me despedi de cada um.
E me aproximei dos meus pais.
- Três anos passam voando. -cutuquei meu pai que fungava.
- Quando você voltar, vai passar o resto da vida com a gente. -ele me agarrou em um abraço apertado.
Eu sorri o abraçando.
- Com toda a certeza. -falei.
Eu abracei a minha mãe.
- Tome cuidado. -ela disse beijando meus cabelos- e volte logo.
Eu sorri.
- Eu amo vocês. -falei.
- Nós também te amamos. -ele disseram juntos.
Minha mãe estava abraçada ao meu pai quando eu peguei na coleira de Rajar.
- Amo todos vocês. -falei.
Minha família sorriu e foi a última coisa que vi antes de atravessar.
Escuridão e chamas prateadas me envolveram e quando eu abro os olhos, estou em um grande patamar com Rajar, um patamar em forma de um grande Sol dourado.
Eu olhei em volta, vendo logo abaixo a corte, e... É bela, muito bela.
Os raios do Sol a tocavam, a cidade parecia ser banhada ao ouro.
- Nossa. -sussurrei encantada.
- Querida, Safira.
Eu me viro encarando o grão-senhor da corte diurna, ele estava com um sorriso radiante nos lábios, suas vestes douradas como o Sol.
- Helion. -sorri.
Ele abriu seus braços e eu corri até ele o abraçando, o grão-senhor sorriu, me girando no ar.
- Está magnífica, como sempre. -ele sorriu.
Eu sorri de volta.
- E olha só quem veio com você. -ele sorriu para Rajar que olhava a cidade curioso.
Rajar ergueu o olhar e veio saltitando até nós, eu me afastei de Helion a tempo de ver o grande leão derrubar o grão-senhor no chão, e lamber o seu rosto.
- Também senti sua falta, querido Rajar. -Helion riu afagando sua juba branca.
Coçando as orelhas do leão que ronronou.
Ele saiu de cima de Helion que levantou com um sorriso divertido.
- Onde...
Não terminei quando senti os lábios do grão-senhor contra os meus, Rajar virou de costas olhando a cidade, para não ver.
Helion sorriu me apertando contra si.
- Senti sua falta. -ele confessou- pensei em você durante todos esses meses.
Eu sorri de lado.
- Sou maravilhosa, causadora de rebuliço na vida alheia. -me gabei.
Ele riu.
- Sim. -ele beijou minha testa.
Ele envolveu uma mão em minha cintura.
- Vamos? -ele sorriu- vem Rajar.
O leão branco se virou, no seguindo enquanto caminhávamos para fora do patamar.
Percebi, que o patamar ficava em um grande jardim, enorme.
- Acho que o Rajar vai gostar de ficar aqui, quando ele vir a companhia. -ele sorriu divertido.
Eu o encarei confusa, então vi uma bela leoa dourada surgir.
Rajar ergueu as orelhas, seguindo a grande leoa com o olhar.
- Eles são os últimos da raça Giulian.. -ele disse divertido- talvez possam fazer amizade.
Um belo pavão surgiu, abrindo seu leque colorido.
- Este é príncipe azul, um convencido, mas é muito amigável. -disse ele.
Vi Rajar encarar hipnotizado a cauda do animal.
E em menos de segundos ele estava brincando com os dois animais.
Eu sorri.
- Vão ser ótimos amigos, tenho certeza. -eu ri.
Nós continuamos a andar.
- Venho te buscar depois, bonitão. -falei.
Rajar assentiu, e continuou a brincadeira.
Nós adentramos o grande castelo dourado, que simplesmente parecia a moradia do próprio Sol.
Por corredores, Helion me mostrou cada canto e cada lugar, e chegamos no corredor dos quartos.
- Este é o seu. -ele disse.
Então apontou para o quarto a frente.
- E este é o meu, se precisar de algo basta me chamar. -ele sorriu.
- Obrigada. -sorri de lado.
Eu abri a porta vendo o belo quarto.
- Gostou?
- É lindo. -sorri.
- Pedi para decorarem, observei um pouco do seu estilo, e o pus no quarto.
Ele fechou a porta atrás de si e eu fui até a sacada.
- Sua corte é linda, Helion. -falei encantada.
Eu voltei até ele.
- Fico muito feliz que esteja gostando. -ele sorriu mostrando suas covinhas.
Devagar ele beijou minha testa, e então minha bochecha, e depois outra, e então ele estava em meus lábios.
- Ótimas boas vindas, grão-senhor. -falei ao ser deitada na cama.
Ele riu.
- Tudo para a minha melhor hóspede.
Ele beijou o meu pescoço.
- Quero lhe mostrar tudo aqui. -ele disse- tudo.
E me beijou.
☆
Amanhã Helion me mostraria toda a sua corte, já que... Não conseguimos sair do quarto.
Rajar dormia tranquilamente no meu enquanto eu não dormia no do grão-senhor.
Mas havia pegado no sono em algum momento, quando acordei ainda era noite e percebi que Helion me abraçava por trás, dormindo serenamente.
Eu acariciei de leve suas mãos, e o grão-senhor me apertou levemente contra si.
- Sem sono? -ele sussurrou sonolento.
- Acordei a poucos segundos. -sussurrei.
Eu me virei para encará-lo, seus braços me puxando para perto.
- No que tanto pensa? -ele encostou sua testa na minha.
- Em como não conseguirei andar amanhã...
Ele riu baixinho.
- Nada em especial.
Estalos baixos de beijos preencheram o silêncio do quarto.
- Fique aqui comigo, não vá para o seu quarto. -ele sussurrou.
- Rajar vai adorar a cama nova dele.
Ele riu.
- Então o seu quarto será o quarto do seu leão, e enquanto estiver aqui e até quando desejar ficar... Esse será o seu quarto também. -ele sussurrou um beijo nos meus lábios.
- Está bem. -sussurrei.
Sua mão deslizou e com a luz prateada da Lua nos iluminando da janela, ele me tomou outra vez.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.