-EU NÃO QUERO SABER - berrava o presidente.
"Ótimo" pensou Lotter, ele sabia que teria que lidar com mais um chilique. Sem qualquer ânimo, o general bateu na porta, torcendo para que não fosse autorizado a entrar.
-Entre logo, não fique aí de tocaia!
Revirando os olhos uma última vez, Lotter entrou.
-Qual e o problema?
-Aquele liryano de merda é o problema, ele é uma praga, uma - ele procurava palavras enquanto suas veias saltavam de raiva - uma doença.
-O que ele fez?
- Disse asneiras publicamente, como se o louco por guerras fosse eu.
-A imprensa não é mais a mesma, sabemos disso, qual é o problema?
-Vamos bombardear o norte de Liryo.
-Vicent, isso é radical, ele, ele não parece estar procurando briga.
- Mas ele está, me cobra uma dívida que eu não fiz.
-Isso poderia ser acordado.
-NÃO! Não tem acordo Lotter, prepare o pelotão e bombardeie.
-Vicent, um bombardeio é declarar guerra, não temos calibre para uma nova guerra.
-Os mísseis vão estar prontos em 3 meses.
-Eu sei mas...
-Você tem três meses pra resolver, porque eu vou queimar aquele país, nem que seja a última coisa que eu faça.
Lotter saiu cansado, como ele poderia fazer isso? Três meses de treinamento não evitariam as iminentes mortes daqueles garotos. Dirigiu até sua casa, na esperança de que sua singela família o confortasse.
-Amor?
-Oi Jess - ele respondeu, enquanto depositava um beijo em seu rosto - o que estamos fazendo?
-Estamos? Eu estou fazendo torta.
-Parece boa.
-Por que voltou mais cedo?
-Para "planejar" um bombardeio.
Jessica para de cortar os legumes e encara seu marido por longos minutos.
-Estamos em paz.
-Estávamos, Vicent está fazendo cena.
-Por que?
-Porque ele foi "acusado" de puxar briga, basicamente.
-Então, para rebater um comentário "injusto" , ele vai jogar uma bomba lá?
- Não é só isso, existem... dívidas, morais e financeiras, eles não vão parar.
-Até acabar com tudo que sobrou, o que você pretende?
-Eu não sei, eu não sei! Três meses não são suficientes, não temos soldados suficientes, não temos dinheiro suficiente, não tem a mínima chance de acontecer, é ridículo.
-Ele te deu três meses?
-Deu, ele fez uma colheita desnecessária e agora quer declarar uma guerra desnecessária.
-Uma colheita desnecessária?
-Olha em volta, Jessica - ele suspirou - não somos como antes, mas estamos surgindo de novo, isso graças às antigas colheitas, colocar todas aquelas garotas numa prisão, foi... um capricho dele.
-Pra provar o poder que tanto diz ter.
-Ou pra suprir os desejos sadomasoquistas dele.