...Olá? Tem alguém aí?
Bom, há alguns dias eu disse que etava com alguns projetos em andamento e aqui estou com um deles! Essa threeshot é um presente que dei a mim mesma e às poucas pessoas que leram Antares, pois a one chegou a 1K e eu não poderia deixar isso passar batido.
Sem mais delongas...
Sejam bem vindes a Vante Astaire, uma threeshot cheia de clichês e referências que aquecerão o seu coração!
Ah, sim. Eu gostaria de dedicar essa história à Gabi, minha amora, minha flor e meu amor! Ela que betou isso aqui tudinho (e esperou muuuuito por essa fic). Também quero dedicar à Fany (kth_vmin), por aguardar e pelo incentivo. Você me motiva muito!
Tenho mais coisas para falar, mas ficarão nas notas finais, leiam, por favor! E existe uma playlist com as músicas que tocarem aqui na minha bio!
Votem e comentem, estrelinhas! Vocês me motivam!
[07.08.2021]
Aquela era a décima sétima vez que Jeongguk espirrava. E ainda não eram nem nove da matina.
O cheiro forte de sabonete sendo o provável motivo de sua alergia ter atacado naquela manhã. Era seu sexto dia como voluntário naquele lar para idosos e o garoto desejava amargamente que fosse seu último, afinal estava ali por obrigação, não por diversão. Se pudesse escolher, certamente estaria bem longe dali naquele momento ㅡ mais precisamente em sua cama ㅡ desfrutando do conforto dela para fazer aquilo que mais amava: dormir.
Jeongguk queria apenas dormir.
Bom, ele até poderia estar fazendo isso, mas graças às vezes que ignorou o grupo de atividade voluntária de sua escola, agora teria de permanecer acordado até o meio-dia. Martirizava-se ao lembrar do homem que passava todo mês em sua sala para convidar a turma para ajudar orfanatos, creches ou até mesmo lugares como aquele em que estava agora.
Ah, como estaria dormindo tranquilamente caso em seu histórico escolar constasse 'X' horas praticando tais atividades.
ㅡ Jeongguk. Jeon Jeongguk! Estou te chamando há horas! ㅡ Lalisa exclamou, ela era uma de suas amigas do curso e enfrentava o mesmo problema que si. ㅡ Precisa ficar mais ligado se não quiser que a nossa supervisora coloque "falta de atenção" no seu relatório.
ㅡ Tá bom, tá bom! ㅡ bufou. ㅡ O que foi que... Atchim! Atchim ㅡ limpou o nariz com um lencinho que carregava. ㅡ Esse cheiro de sabonete ainda vai me matar...
ㅡ Pare de reclamar, ainda é nossa segunda semana aqui e não vamos concluir tão cedo se você continuar nesse ritmo ㅡ colocou as mãos na cintura. ㅡ Você 'tá mais morto que o Hobi, e olha que ele é encarregado de ajudar a lavar os banheiros.
Lisa ㅡ como preferia ser chamada ㅡ era alguém por quem o loiro afeiçoou-se assim que o primeiro dia de aula do curso de design. Não ficaram tão próximos como ele e Jimin, mas eram bons colegas e faziam vários trabalhos juntos. Ela era um pouco durona, entretanto podia ser um amor quando queria. Estava um pouco estressada agora, irritada pelos olhares tortos que não parava de receber por conta das inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo e pelas madeixas multicoloridas.
ㅡ O instrutor já saiu e nós temos que recolher as toalhas sujas dos quartos do segundo andar, vamos terminar isso rápido ㅡ ditou, seguindo rapidamente pelo corredor junto de uma espécie de carrinho com um cesto de roupas feito de pano embutido.
O lar onde estavam era o melhor da cidade, uma espécie de albergue, Jeongguk diria. Possuía paredes bege, as portas e o chão eram de madeira escura. No térreo ficavam a área de recepção, uma sala de descanso com jogos e uma televisão, a cozinha, o refeitório, lavanderia, enfermaria e aos fundos estava um grande gramado ㅡ com uma piscina para a prática de exercícios e algumas mesas onde os idosos costumavam ficar quando recebiam visitas. Dois andares acima ficavam os quartos. Praticamente todos eram compartilhados por dois ou três moradores, ficando sozinhos apenas os idosos que possuíam necessidades especiais. Nos quartos ficavam as camas, um banheiro projetado com corrimãos e sanitários modificados para atender a todos os requisitos, armários para as roupas e ar condicionado. No último andar ficava o salão de festas, lugar onde algumas das pessoas que viviam ali gostavam de se divertir às sextas, que era quando permitiam a entrada. O problema é que ele abria apenas ao meio-dia, e o horário de Jeongguk encerrava no mesmo instante. Também havia o terraço, mas ele não possuía utilidade.
De qualquer forma, era um lugar para o qual Jeongguk gostaria de ser mandado quando já não tivesse condições de se cuidar.
ㅡ Vai ficar parado aí? As toalhas não vão parar na lavanderia sozinhas! ㅡ Lisa ralhou, fazendo jus ao pavio curto que tinha.
ㅡ Quer saber minha teoria para esse seu estresse todo? ㅡ brincou.
ㅡ Não ㅡ respondeu curta e grossa.
ㅡ Falta de sexo ㅡ riu.
ㅡ Cala a boca.
🕺
Faltava pouco para o meio-dia, Jeongguk conferiu no relógio de seu celular.
ㅡ Quantos quartos ainda faltam? ㅡ perguntou para a amiga que acabava de sair do banheiro carregando três toalhas brancas. ㅡ 'Tô com fome... ㅡ fez bico.
ㅡ Acho que dois ou três, talvez quatro ㅡ suspirou. ㅡ Podemos ir no Subway que tem perto do campus quando acabarmos por aqui, que tal?
ㅡ É bem capaz que eu peça o maior sanduíche, minha barriga 'tá até roncando ㅡ riu. ㅡ Perdi a hora e acabei não tomando café. Odeio acordar cedo.
ㅡ Eu também. Por que acha que escolhi o período da tarde?
Concordando com um menear, Jeongguk desencostou-se do batente da porta, voltando para perto do carrinho que estava no corredor. Por costume, ou mania, arrumou o capuz do casaco moletom sobre seu cabelo, aproveitando para checar a cor pela câmera frontal do telefone.
ㅡ Acho que vou mudar... ㅡ sussurrou para si mesmo, os fios que antes eram azuis já estavam desbotando para um verde não muito bonito.
Sem prestar atenção ao seu redor, nem ao menos reparou no homem que vinha de encontro consigo do outro lado do corredor, também distraído na ligação que fazia.
Assustou-se quando sentiu ser puxado para o lado, por Lisa.
ㅡ Jeongguk, o que há com você hoje? ㅡ murmurou. ㅡ Quase que esbarra com aquele cara. Teriam caído se não fosse por mim.
ㅡ Ah, desculpa. ㅡ segurou as mangas do casaco.
ㅡ Não precisa se desculpar, só vamos mais rápido. Não quero me atrasar e ouvir um sermão do senhor Lee ㅡ justificou-se. ㅡ O primeiro período de hoje é com ele, né?
ㅡ Acho que sim ㅡ confirmou enquanto seguia a mais velha até o próximo quarto, não esquecendo de trancar o que estavam ao sair. ㅡ Aquele cara é um porre.
A garota levou o indicador até a boca, colocando a língua para fora, demonstrando sentir nojo do professor sobre quem falavam.
ㅡ Acredita que ele deu em cima de mim no primeiro dia de aula? ㅡ continuou falando enquanto seguiam para o próximo quarto.
ㅡ Sério? ㅡ indignou-se, parando para pensar por um segundo. ㅡ Mas só falta uma placa na sua testa escrito "caminhoneira".
ㅡ Exato ㅡ exclamou e no mesmo segundo começaram a gargalhar.
Quando estavam prestes a bater na porta do que seria o último quarto, o celular de Jeongguk tocou.
"Jiminie", leu na tela.
ㅡ Um segundo, Lali ㅡ avisou, seguindo para a escada mais próxima e sentando-se em um dos degraus. ㅡ Alô?
"Jeonggukie?" ㅡ ouviu a voz chorosa do amigo soar do outro lado da linha. Algo estava errado. ㅡ "Você já 'tá v-vindo pra uni?"
ㅡ Tô sim, Minnie. Aconteceu alguma coisa? Você 'tá chorando? ㅡ perguntou, audivelmente preocupado.
"Tem c-como você v-vir aqui em c-casa quando terminar?" ㅡ Jimin desviou das perguntas, preferindo contar o motivo de seu choro quando o Jeon estivesse consigo.
ㅡ Eu posso, Minnie. Quer que eu leve algo?
A esse ponto Jeongguk já levantava, andando rapidamente até o encontro de Lalisa para avisar que teria de ir embora naquele instante.
"Não precisa, eu só q-quero que v-você venha logo, pode ser?" ㅡ no entanto, precisava sim. Fato pensado pelo estudante de Design que já listava mentalmente as guloseimas que teria de levar para o melhor amigo.
ㅡ Certo, tenta respirar fundo, se acalmar. Já eu chego.
"Tudo bem, tchau Jeonggukie..."
ㅡ 'Tá tudo okay, Jeongguk? ㅡ Lalisa perguntou ao colocar mais toalhas dentro do cesto.
ㅡ Eu preciso sair ㅡ buscou os olhos da amiga. ㅡ É uma emergência.
ㅡ O que aconteceu de tão grave assim?
ㅡ O Jimin precisa de mim, tenho que correr pra lá ㅡ explicou, não dando muitos detalhes.
ㅡ Tudo bem, eu levo as roupas para a lavanderia ㅡ suspirou. ㅡ Mas nas próximas eu não deixo passar.
ㅡ Sem problemas, agora eu preciso ir.
🕺
Ao chegar na casa do amigo ㅡ uma república ㅡ percebeu que o lugar estava muito silencioso, o que era estranho. Jimin morava com outros três estudantes, sendo eles: Oh Sehun, um veterano que cursava o penúltimo semestre de direito; Kim Seokjin, colega de curso do Park, entretanto este já finalizava medicina; e por fim Lee Taeyong, calouro de publicidade.
Deixou as guloseimas que carregava sobre a mesa da cozinha e guardou o pote de sorvete de morango no congelador. Varreu rapidamente o lugar com os olhos, confirmando que os moradores já haviam ido para suas respectivas aulas e Jin provavelmente ainda estava na residência que começou há pouco tempo. Em dias comuns a casa estaria agitada, pois todos os moradores eram enérgicos e calorosos, principalmente Jimin, que sempre tratava de animar todos ali, tornando os dias mais leves e as rotinas menos exaustivas.
Entretanto, ao deixar os sapatos em um tapete ao lado da porta e seguir para o quarto do melhor amigo, Jeongguk percebeu que animado era algo que Jimin definitivamente não estava.
ㅡ Chimmie? ㅡ bateu na porta do quarto. ㅡ Posso entrar? ㅡ colocou o rosto por uma fresta da porta, observando o ruivo coberto até os olhos enquanto assistia algo em seu notebook.
O outro, notando a presença do Jeon, levantou-se e sentou com as pernas cruzadas.
ㅡ Oh, meu amor...
Jeongguk fechou a porta e aproximou-se da cama, largando a mochila que carregava pelo caminho apenas para aninhar o menor entre os braços. Segurou levemente o rosto do de cabelos laranjas, notando o rosto inchado e olhos levemente avermelhados, denunciando o choro recente.
ㅡ O que aconteceu? ㅡ sem responder, o ruivo apenas ajeitou-se a fim de ficar mais confortável. Procurou o próprio celular em meio ao emaranhado de lençóis, desbloqueando-o já na página que pretendia mostrar ao amigo. Sem entender, o azulado pegou o aparelho, lendo rapidamente mensagens como "não é você, sou eu", "conheci outra pessoa" e "terminar". ㅡ Não acredito...
Olhou de relance para o Park que já voltava a deitar, soluçando da mesma forma como quando leu as mensagens.
Jimin era certamente o melhor amigo que poderia pedir ao universo. Extremamente carismático, compreensivo e atencioso. Uma pessoa com quem você pode contar a qualquer momento, sem ter medo de ser magoado. Não fazia mal a uma mosca e tinha como objetivo de vida ajudar a maior quantidade de pessoas que estivesse ao seu alcance. Ficaram colegas assim que se conheceram, o Park era apenas dois anos mais velho que si, mas entrou na faculdade um pouco tarde em razão de ter escolhido tirar um tempo de folga antes de voltar ao mundo dos estudos. Passara a vida inteira estudando em um internato militar, precisava de um descanso de toda a pressão e preconceito que sofria lá dentro.
Observando todos esses aspectos, era impossível não se afeiçoar a ele. O que deixou o azulado ainda mais emotivo em relação ao que se passava com seu hyung.
ㅡ O Taemin é um babaca, que ódio! ㅡ encostou-se na cabeceira da cama, permitindo ao ruivo total acesso para chorar em seu ombro. ㅡ Mas de uma coisa ele está certo, não é você, ok?
ㅡ M-mas, p-pensa comigo... ㅡ afastou-se minimamente para poder falar direito. ㅡ Se eu t-tivesse sido mais p-presente eㅡ
ㅡ Não diga nada disso. Hyung, você chegou a faltar aulas só pra ir se encontrar com aquele saco de estrume!
ㅡ Talvez e-eu devesse ter me arrumado melhor, e-ele dizia q-que eu era muito "cafona" ㅡ mostrou as pontas dos dedos, fazendo aspas com eles.
ㅡ Jimin-ssi! Olha pra mim ㅡ segurou o queixo do mais velho. ㅡ Aquele filhote de cu não merece nem um décimo das suas lágrimas. Só os céus sabem o quanto você se dedicou a esse relacionamento. Pensa que eu esqueci de todas as vezes que nós desmarcamos a noite dos garotos por que ele, do nada, aparecia com alguma doença?
ㅡ Mas ele estava doente, Ggukie.
ㅡ Doente uma figa ㅡ riu, mesmo que a vontade que tivesse agora fosse de jogar tudo para os ares e socar a cara daquele idiota que quebrou o coração de seu melhor amigo. ㅡ Só você não percebia o ciúmes que ele sentia quando estávamos eu, você e os meninos. Era como aqueles personagens de desenho, sabe? Com fumaça saindo pelas orelhas e tudo mais.
ㅡ Era isso tudo? ㅡ coçou os olhos, retirando os rastros úmidos que as lágrimas haviam deixado ali. ㅡ Eu pensava que ele era só muito carente. Que precisava de mais carinho, sabe?
ㅡ Então que adotasse um cachorro... ㅡ resmungou, sorrindo após notar o repuxar de lábios no ruivo. ㅡ Você só faltava dar uma chupeta pra aquele traste.
ㅡ Pensando por esse lado, é verdade ㅡ voltou a se sentar, arrumando alguns fios de cabelo que despontavam para os lados. ㅡ Eu até desconfiava um pouquinho de que ele fosse adulto, parecia ter dois anos de idade às vezes.
ㅡ Uma criança de dois anos consegue ser muito mais independente que ele ㅡ riu.
ㅡ Você não presta, Jeongguk ㅡ deu um tapa no braço do azulado.
ㅡ Presto sim! Veja, já está até sorrindo!
ㅡ Só você mesmo, hein? ㅡ abraçou o mais novo. ㅡ Muito obrigada, Ggukie. Eu não sei o que seria de mim sem você.
ㅡ Certamente mais triste, eu sou um amigo incrível.
ㅡ Você é muito convencido, isso sim ㅡ empurrou o amigo. ㅡ Mas então, vai voltar pra uni?
ㅡ Acho que não. 'Tô atrasado mesmo ㅡ deu de ombros.
ㅡ Já que é assim, que tal você passar o dia aqui? Eu não tô com disposição alguma para ter aula de farmacologia ㅡ levantou da cama e calçou os chinelos, puxando o mais alto pelo pulso até chegarem na cozinha.
ㅡ Por mim tudo bem ㅡ animou-se. ㅡ Acho que deixei Horizon e God of War aqui.
ㅡ Ah não, Jeonggukie ㅡ fez bico. ㅡ Tem Mario Kart! Vamos jogar ele, hm?
ㅡ Você anda passando muito tempo com Jin hyung...
ㅡ Eu moro com ele, seu tonto.
ㅡ Aish, tanto faz ㅡ tirou o pote de sorvete do congelador, vendo os olhos castanhos à sua frente brilharem em animação. ㅡ Não disse? Sou incrível.
ㅡ Obrigada, obrigada, obrigada ㅡ deu pulinhos e correu para abraçar novamente o azulado, retirando o capuz deste no processo.
ㅡ Nah, isso foi o mínimo. Tem mais algumas coisas naquela sacola ㅡ apontou para a mesa de jantar. Jimin não demorou em derramar os diversos doces por cima da superfície de madeira. O Jeon comprou as mais variadas marcas e sabores. Entretanto um pacote dentre os outros chamou sua atenção, era um pó descolorante.
ㅡ Já sabe qual cor vai colocar?
ㅡ Vou só descolorir mesmo ㅡ sorriu. ㅡ Dizem que os cavalheiros preferem loiros.
🕺
Uma semana havia se passado desde o término de Jimin.
Na visão de Jeongguk o amigo estava lidando muito melhor do que o esperado. Apesar de mostrar certa fraqueza e instabilidade, aquilo era apenas momentâneo. O garoto era forte e possuía uma autoestima elevada, mas também humano e constantemente se deixava levar pelas emoções.
Depois de três dias ele já não pensava muito em Taemin e voltou à sua rotina.
Jeongguk constantemente incentivava o melhor amigo a seguir em frente e conhecer novas pessoas, agora que os dois haviam mudado de aparência isso seria até mais fácil, pois Jimin estava uma verdadeira beldade com os cabelos verdes.
E o que dizer do jovem Jeon? Os fios loiros realmente lhe favoreciam.
Agora Jeongguk estava de volta à Casa ㅡ apelido carinhoso pelo qual os voluntários e mais algumas pessoas chamavam o lugar. Sua atividade do dia acontecia no refeitório, servindo arroz para os moradores do lar.
ㅡ Essa touca incomoda muito ㅡ murmurou Hoseok a sua direita, levando uma das mãos ao topo da cabeça para reposicionar o tecido pela vigésima vez.
ㅡ Não tanto quanto essa máscara ㅡ Lisa respondeu do outro lado, ao passo que servia salada no prato de uma senhora. Mina, Jeongguk reconheceu.
A mulher em questão era a única de quem o loiro conseguiu se aproximar. Ou melhor, ela se aproximou dele. Na quarta-feira, dois dias antes do presente momento, ela havia pedido ajuda para Jeongguk alegando estar passando mal após uma partida de bingo. Tudo mentira, pois a senhora apenas queria fugir um pouco da sala de descanso ㅡ também por ter perdido mais uma vez no jogo. Conversa vai, conversa vem, acabaram tornando-se colegas. Descobriu sobre uma senhorinha, Sora, que aparentemente era sua "rival". Ficou sabendo sobre um tal de Baek, o senhor era uma paixonite das duas e, enfim, sobre todas as fofocas possíveis que aquele lugar poderia ter.
Mina era simpática, uma pessoa independente e engraçada. Havia ido parar ali por escolha própria, pois já estava cansada de morar com o irmão mais novo. De acordo com suas palavras: "Quando se mora com uma mulher tagarela e obcecada por física, apenas duas coisas podem acontecer: ou você enlouquece, ou põe ela para fora de casa. Então eu preferi sair por minha conta".
ㅡ Relaxem, crianças ㅡ Mina disse enquanto ia até o Jeon, esperando pelo arroz integral. ㅡ Ao menos vocês não são obrigados a comer essa coisa sem tempero.
ㅡ É tudo pela saúde de vocês, tia Mina ㅡ Hoseok brincou.
ㅡ Saúde uma ova! ㅡ revirou os olhos, fazendo os três rirem. ㅡ Um pouquinho de sal não faz mal a ninguém.
ㅡ Diga isso para sua pressão... ㅡ Lalisa implicou.
ㅡ Vá te catar!
ㅡ Só se for na companhia da senhora.
A de cabelos grisalhos bufou e saiu sem comentar mais nada, indo se sentar junto de outras senhoras com as quais simpatizava.
ㅡ Ela é uma graça, não? ㅡ Jeongguk comentou.
ㅡ Uma peça rara, eu diria ㅡ riu Lisa.
ㅡ A tia é legal ㅡ Hoseok serviu salada no prato de um homem antes de continuar. ㅡ A mais legal daqui, na verdade.
ㅡ Concordo, não é a toa que é única com tatuagens ㅡ Lalisa sussurrou.
ㅡ Meio pirada ㅡ brincou o Jeon. ㅡ O que ela havia dito que era? Algo relacionado com física...
ㅡ Astrônoma. Trabalhava no Museu Nacional de Ciência de Daejeon ㅡ o Jung disse, sempre com sua boa memória. ㅡ Mas ela contou que queria mesmo era ser astronauta, chegou até a ir estudar nos 'states por isso.
ㅡ Imaginem só ㅡ começou a garota de cabelos coloridos. ㅡ Uma japonesa sonhadora no meio daqueles abutres capitalistas, ela deve ter passado por cada situação.
ㅡ Sim... ㅡ os garotos disseram quase ao mesmo tempo, ocupando-se em servir os pratos que passavam em suas frentes.
ㅡ Ah, e antes que eu me esqueça ㅡ Lalisa virou-se por um segundo na direção de Jeongguk. ㅡ O senhor está me devendo um favor daquele dia com o rolo do Jimin ㅡ viu o loiro balançar a cabeça, sinalizando para que ela continuasse. ㅡ Você vai ter que pagar ele hoje. Vou sair com a Jennie e preciso que alguém faça o serviço que eu tenho à tarde.
ㅡ Hm, acho que não tem problema se eu me atrasar um pouco ㅡ puxou as mangas do moletom rosa para cima. ㅡ O que eu vou ter que fazer?
ㅡ Não é muito complicado, só ajudar a levar as caixas de som que ficam no canto da sala de descanso até o salão de festas.
ㅡ Tudo bem, eu fico.
🕺
ㅡ Maldita Lalisa Manoban ㅡ Jeongguk estava irritado.
De fato achou que o serviço demoraria poucos minutos para ser concluído. Entretanto, em momento nenhum imaginou que teria de instalar as caixas de som em seus devidos lugares sem a ajuda de ninguém ㅡ a não ser por uma mulher que trabalhava na faxina e conseguiu carrinhos onde poderia carregar os equipamentos.
Foi difícil. Um total de cinco grandes caixotes elétricos pretos e pesados. Muito pesados. Teve de levar um por um, instalando aos poucos, tendo até que arranjar alguma forma para pendurar duas em um suporte mais alto.
Estava perto do fim, quatro caixas já em seus devidos lugares com seus fios devidamente conectados. Poderia até dizer que já utilizavam delas enquanto adentrava o elevador ㅡ a música estava alta, mais alta do que achava ser apropriado para aquelas pessoas. Suspirou, daqui uns minutos finalmente poderia sair daquele lugar e ir para a universidade.
Apertou o botão que levava ao terceiro andar, ouvindo a música com mais clareza. Os trompetes eram ouvidos saindo dos aparelhos amplificadores, acompanhados do som de outros instrumentos que uniam-se em um ritmo extremamente contagiante.
Viu as portas se abrirem e não perdeu tempo em sair do cubículo de metal, levando a caixa de som para o canto da sala, pois era impossível passar pelo salão naquele momento.
Homens e mulheres de idade já avançada dançavam pelo espaço sem se importarem com quem olhava. Riam despreocupados e dominavam com maestria os passos já bem conhecidos de suas épocas. Não aparentavam ter envelhecido nem um pouco. As pernas firmes iam de um lado para o outro, sapateando pelo piso liso.
Prestando mais atenção, percebeu que, passando a barreira dos idosos que dançavam, havia um aglomerado de pessoas observando algo no centro do salão. Decidido a esperar até o final do horário de diversão e já desistido de chegar a tempo para suas aulas, Jeongguk deixou a caixa de som no canto do salão e seguiu entre as pessoas para ver o que tanto chamava a atenção delas.
ㅡ Uau... ㅡ foi tudo o que conseguiu dizer assim que botou os olhos na cena que seguia à sua frente.
Para ser mais exato, no homem que encenava como personagem principal naquilo tudo.
Ele era alto, talvez uns três centímetros maior que si, usava um blazer caramelo com um colete e calças da mesma cor. O colete estava desabotoado, assim como parte da camisa social branca, mostrando a clavícula banhada por melanina. Os ombros largos contrastando com a cintura estreita e coxas marcadas pelo tecido apertado. Aquele ser era certamente de outro mundo.
Céus! O rosto dele!
Deixando de reparar no corpo, o Jeon tentou observar as feições daquele que chamava tanto sua atenção. O que não demorou muito, pois o próprio fixou as orbes castanhas no rosto de Jeongguk.
O estudante poderia jurar que cairia duro naquele instante.
Os cabelos castanhos ondulados caindo sobre o rosto, levemente bagunçado pelos movimentos de dança que realizava. Os olhos felinos capturavam as reações do estudante. O nariz afilado seguia uma linha em direção à boca, que naquele momento estava prensada, mostrando que ele se concentrava bastante no que estava fazendo.
Ele era perfeito.
E quando sorriu... Ah, quando sorriu!
Jeongguk sentiu as bochechas esquentarem ao presenciar a cena. O sorriso dele era digno de uma pintura e o loiro não duvidava nem um pouco que sua boca estivesse aberta naquele instante.
E ele não parou de sorrir.
Ainda mais quando tirou o blazer e jogou para uma das senhorinhas, que o ovacionou pelo ato. Era definitivamente um galã.
Puxou uma das hóspedes da casa, essa um pouco mais nova e que não possuía tantos cabelos brancos como as outras. Eles dançavam em total sintonia. E mesmo que aquele estilo fosse totalmente fora do que seria considerado a época do homem, ele dominava de forma absurda. Não errava sequer um movimento. Rodopiava e sapateava com maestria, como em uma coreografia ensaiada.
Por diversas vezes virava o rosto na direção de Jeongguk e fixava-se nele, sorrindo de canto, satisfeito ao ver as reações que causava.
Infelizmente, tão rápido como começou, aquele momento terminou.
As pessoas dispersaram-se lentamente, sentando-se em algumas das mesas que estavam espalhadas ou simplesmente continuando a dançar pelos cantos.
Jeongguk ainda estava parado no mesmo lugar, observando enquanto o homem recolhia seu blazer e beijava a bochecha da senhorinha. Fofo.
Tentou mover seus pés, tentou mesmo. Ainda mais quando viu as longas pernas do outro dirigirem-se em sua direção. Quase entrou em desespero. Quase.
ㅡ Olá, tudo bem? ㅡ o moreno perguntou com sua voz aveludada e grave, quase fazendo Jeongguk ter um ataque cardíaco. ㅡ É novo aqui?
ㅡ Err... ㅡ engoliu em seco, procurando pelas palavras que não chegavam em sua boca. ㅡ E-eu... Hm...
ㅡ Está tudo bem? Você está ficando vermelho ㅡ o homem levou a mão até o ombro de Jeongguk, levemente preocupado com o garoto. Aquilo pareceu tirar o loiro de um transe e ele logo tratou de recompor-se.
ㅡ A-ah, eu estou bem. É, bem. Estou muito bem! Melhor impossível! ㅡ disse afobado, amaldiçoando-se por gaguejar naquele momento.
ㅡ Que bom, realmente me preocupei por um instante ㅡ sorriu, revelando pequenas covinhas e enrugando o nariz. ㅡ E então? Não me respondeu.
ㅡ O que? ㅡ Jeongguk perguntou nervoso.
ㅡ Se é novo... Nunca te vi por aqui ㅡ tirou o colete, dobrando junto ao blazer e colocando-os sobre o braço. ㅡ Inclusive, deixe eu me apresentar ㅡ jogou o cabelo para trás e umedeceu os lábios, hipnotizando o Jeon com o movimento. ㅡ Vante, ao seu dispor.
ㅡ Err... Eu sou o novo Jeongguk ㅡ embolou-se. ㅡ Quero dizer, sou novo e... Hmm... Me chamo Jeongguk. Jeon Jeongguk.
ㅡ Prazer em conhecê-lo, Jeongguk ㅡ sorriu galanteador.
ㅡ Vante... ㅡ sussurrou a palavra e gostou de como soava. ㅡ Desconfio de que não seja seu verdadeiro nome, então pode me chamar de JK ou Gguk, são apelidos que eu gosto ㅡ ninguém realmente lhe chamava assim, mas aquele homem charmoso não precisava saber.
ㅡ Bom, Gguk, eu vou dar uma pausa aqui. Aceitaria ir em uma lanchonete comigo?
ㅡ Agora? ㅡ tombou a cabeça para o lado.
ㅡ A não ser que esteja ocupado, sim ㅡ Jeongguk trocou o peso da perna, a presença de Vante era desconcertante. ㅡ Sabe, a comida daqui não é a melhor do mundo.
ㅡ Nisso eu tenho que concordar ㅡ riu.
ㅡ E então? Vamos? ㅡ ofereceu o braço livre para que o loiro apoiasse a mão, esse que por um momento hesitou em passar os dedos pelo lugar e segurar firme. A outra mão do Jeon estava quase desfiando a barra do moletom verde.
ㅡ Vamos ㅡ Jeongguk confirmou e então seguiram em direção ao elevador.
O Jeon não sabia onde enfiar o rosto e Taehyung estava achando aquilo simplesmente adorável. Envergonhado, Jeongguk tentou afastar-se minimamente do outro, falhando e ficando ainda mais vermelho quando o homem apoiou a própria mão sobre a sua gêmea.
ㅡ Tem algum lugar em mente? ㅡ o estudante tomou coragem e se pronunciou após atingirem o térreo. Esquecia completamente que sua mochila permanecia na Casa quando saiu.
ㅡ Para falar a verdade... ㅡ riu suavemente, em um ato que encantou o mais novo. ㅡ Não.
ㅡ Então...? ㅡ estranhou.
ㅡ Eu não costumo comer aqui ㅡ atravessaram as portas de vidro sentiram a brisa da primavera atingi-los em cheio, dispostos a chegar a um lugar que nem ao menos sabiam onde ficava. ㅡ Normalmente almoço em casa. De qualquer forma, deve ter um café não muito longe.
ㅡ Podemos passar em um cybercafé, eu adoro jogar neles! ㅡ o Jeon sorriu de forma que seus dentes ficassem aparentes, cativando o olhar do moreno.
ㅡ Claro ㅡ Taehyung sorriu também, cordial. ㅡ Mas saiba que sou melhor com os pés do que com minhas mãos...
ㅡ Não tem problema ㅡ varreu as ruas com os olhos, avistando o lugar desejado a uns metros de distância. ㅡ Acabamos de nos conhecer, teremos muito tempo para que aprenda ao menos o básico.
ㅡ Sendo assim, precisarei contribuir o favor futuramente ㅡ arqueou as sobrancelhas enquanto pensava em uma proposta. ㅡ Que tal ensiná-lo a dançar? Claro, apenas se desejar e não souber.
Jeongguk suspirou.
ㅡ Eu aceito! ㅡ mirou rapidamente as íris castanhas, sentindo o estômago borbulhar. ㅡ Sou péssimo com meus pés.
A sensação era incrível.
🕺
Naquela tarde, Jeongguk esqueceu-se completamente dos afazeres do dia e aproveitou a companhia de Taehyung ㅡ até ele, infelizmente, ter que se retirar para fazer sabe-se lá o quê. Conheceram-se melhor, o loiro ficando minimamente intimidado pelo fato do Kim ser cinco anos mais velho que si. Questão essa que não alterou em nada a visão adorável que tinha do Jeon de dezenove anos. Afinal, fora o brilho divertido nos olhos e o sorriso que lhe recordava um coelho que lhe cativaram.
Eles combinaram de se verem mais vezes, os dois ansiando muito por esse momento. Pois a atração estava clara ㅡ quase palpável ㅡ para quem quisesse ver.
E era nisso que Jeongguk pensava na segunda-feira enquanto fingia ouvir o que Mina dizia sentada à sua frente. Era algo sobre o quão irritante o Sr. Baek conseguia ser na presença de Sora. Não que aquilo importasse no momento. O relógio na parede parecia ser muito mais atraente na visão de Jeongguk, que contava as horas para que o meio dia chegasse.
ㅡ Tudo bem, eu desisto. ㅡ Mina reclamou.
ㅡ Oi? Do que a senhora tava falando mesmo? ㅡ Jeongguk acordou de seus pensamentos.
ㅡ Garoto, eu acabei de te xingar de três nomes diferentes e você não deu a mínima ㅡ bateu com o jornal que segurava no topo da cabeça de Jeongguk. ㅡ No que você tanto pensa? Vá direto ao ponto e sem enrolação.
ㅡ Tudo bem ㅡ suspirou. ㅡ Você conhece um rapaz que se apresenta aqui? Ele dançou sexta à tarde no salão, não sei se você estava lá ㅡ foi direto ao ponto.
A senhora riu antes de continuar: ㅡ Kim Taehyung? Ou melhor, o Vante? ㅡ Jeongguk confirmou com um aceno. ㅡ Conheço sim, por quê?
ㅡ Ah, ele me chamou pra lanchar e tudo mais... Mas eu esqueci de perguntar se aquela foi a única vez dele aqui ou algo do tipo, pensei que talvez a senhora pudesse saber... ㅡ coçou a nuca pela vergonha, puxando as mangas do moletom cor de limão que usava no dia.
ㅡ Ficou interessado? ㅡ levantou as duas sobrancelhas.
ㅡ N-não, óbvio que não! ㅡ fingiu uma tosse. ㅡ Eu só achei ele um cara legal, sabe? Bom de papo e tudo mais...
ㅡ Então agora está querendo saber se ele é bom em algo além de conversar?
ㅡ Tia Mina! ㅡ levou as mãos ao rosto enquanto corava. ㅡ Por favor, apenas me responda.
ㅡ Você não me engana, garoto ㅡ mirou a face do jovem envergonhado e voltou a atenção ao jornal logo depois. ㅡ Mas respondendo sua pergunta: Não. Aquela não foi a primeira vez dele aqui.
ㅡ E...? ㅡ ousou insinuar para a senhora continuar a fala.
ㅡ E ele se apresenta regularmente aqui.
ㅡ Algo mais? ㅡ arriscou, sem notar que demonstrava estar muito interessado. Os olhos esbugalhados e os dentes arrancando fios da manga do casaco em nervosismo.
Notou quando ela olhou por cima de sua cabeça e deu de ombros.
ㅡ Se quisesse meu número era apenas ter dito, Gguk-ah.
Por um instante Jeongguk jurou que fosse ter uma espécie de ataque cardíaco. Afinal, não era todo dia que era pego de surpresa por um homem de vinte quatro anos sussurrando ao pé de seu ouvido com uma voz gostosa pra caralho.
Okay, ele pode ter exagerado na parte do "gostosa pra caralho" ㅡ ou não.
Mas o susto foi real. Tão real que ele em um pulo já estava fora da cadeira, de frente para um Kim Taehyung extremamente lindo.
Era simplesmente incrível como ele conseguia usar aquelas roupas chiques da forma mais espetacular possível.
Seu torso estava coberto por uma camiseta sem mangas simples branca que ia até pouco abaixo do umbigo, deixando dois centímetros de sua linha "v" à mostra. O blazer de tecido mais fino combinava com a calça de alfaiataria cintura baixa, tudo em um tom de creme que trazia um ar de elegância despojada do homem. Os jordans nos pés e a correntinha de ouro com uma cruz eram apenas detalhes.
"Puta que pariu" o garoto pensou ao se dar conta de como ele o havia chamado.
Gguk-ah.
Sentiu-se pifar por alguns instantes. A presença do dançarino deixava o Jeon deveras desconcertado.
ㅡ Não me diga que o gato comeu sua língua, por favor ㅡ tocou a ponta do queixo do loiro antes de seguir até Mina. ㅡ Você está bem, vó?
ㅡ Melhor do que ontem, ao menos ㅡ acariciou a nuca do castanho.
"Como assim 'Vó'?"
ㅡ Perdeu no bingo novamente? ㅡ sentou-se no assento ao lado da cadeira anteriormente ocupada pelo Jeon.
ㅡ Nem joguei... ㅡ levou a xícara de café já não tão quente à boca. ㅡ Foi só a porra da Sora que veio encher meu saco.
ㅡ Ainda nisso? Essa rivalidade de vocês é meio besta, sabe disso, não sabe? ㅡ relaxou na cadeira, deixando as pernas separadas.
Aos olhos do loiro aquilo era um convite claro para que se sentasse ali.
"Não, Jeongguk. Controle-se, homem!" repreendeu-se.
ㅡ Eu só gosto de irritar ela ㅡ riu, para em seguida levantar o olhar para Jeongguk. ㅡ E você, garoto? Vai ficar aí parado igual uma estátua?
Foi então que Jeongguk notou que ainda encontrava-se de pé encarando descaradamente Kim Taehyung.
E ele encarava de volta.
ㅡ Hmm... Não, óbvio que não ㅡ varreu a mesa com os olhos e notou a tela de seu telefone se iluminar indicando uma nova notificação. Também notou o horário. Estava atrasado.
ㅡ É... Por que não se senta, Gguk-ah? ㅡ Kim sorriu para ele.
Pane.
ㅡ Não posso, estou atrasado. Até semana que vem, tia Mina. Até qualquer dia, Kim ㅡ recolheu suas coisas e alcançou a alça da mochila que repousava sob a mesa.
Rapidamente virou-se para a porta de vidro que dava acesso à portaria do albergue.
Jeongguk não deu três passos antes de sentir a manga do moletom ser puxada e ele delicadamente ser virado por uma mão repleta de anéis prata finos.
ㅡ Espere, Gguk ㅡ miraram as obres um do outro. ㅡ Eu estava brincando naquela hora, mas ficaria muito feliz em ter seu número ㅡ estendeu o aparelho eletrônico já desbloqueado para o mais novo. ㅡ Inclusive, como assim "Kim"?
O loiro ignorou aquela pergunta, pois ainda estava um pouco envergonhado, mas não deixaria aquilo impedir de, possivelmente, vir a se encontrar com o outro.
Era um garoto criativo e já imaginava o casamento dos dois, com flores e direito a um pôr do sol de deixar o queixo caído.
Sorriu mínimo e pegou o objeto, anotando seu número e salvando o contado como "Gguk-ah ♡", fazendo questão do coração. Corou quando Taehyung pegou o celular e sorriu ao constatar o fato.
ㅡ Vou mandar uma mensagem assim que chegar em casa, para você também salvar meu número.
ㅡ Eu espero ㅡ olhou para a corrente de ouro do Kim antes de num impulso falar: ㅡ Mas não demore muito, seria maldade.
O moreno sorriu de lado, entrando na brincadeira.
ㅡ Seria burro da minha parte deixar um príncipe como você esperando.
ㅡ Então não deixe, vou te aguardar ㅡ afastou-se um passo do outro.
ㅡ Não será em vão, acredite ㅡ outro passo.
ㅡ Faça esse tempo valer a pena, Vante.
ㅡ Com certeza.
Foi a última coisa que Jeongguk ouviu antes de finalmente dar meia volta e caminhar em passos firmes até a saída, tirando três segundos para olhar o Kim que estava parado na grama observando o Jeon sumir de sua visão.
A primeira coisa que fez após sair da faculdade e chegar em casa foi checar sua caixa de mensagens e lá estava:
DESCONHECIDO:
Prometi não demorar, não prometi? 13:51
E então, aceita sair comigo em um
encontro neste sábado? 13:52
Você escolhe o local. 13:52
*Alteza. 13:52
Jeongguk, exasperado, esqueceu-se de responder e rapidamente procurou um certo número na sua lista de contatos, a pessoa atendeu no terceiro toque.
"Alô?"
ㅡ Jimin, eu tô muito fodido ㅡ jogou-se na cama.
"Aconteceu alguma coisa, Jeonggukie?"
ㅡ Kim Taehyung aconteceu.
🕺
ㅡ Ai meu Deus, é agora... ㅡ Jeongguk tentou se acalmar.
Conferiu novamente a roupa que vestia, uma camisa social branca por fora da calça, com alguns botões abertos que mostravam sua clavícula e uma calça preta acompanhada de coturnos da mesma cor.
Até que estava bonitinho.
Ouviu o celular tocar.
"Jeongguk?" O loiro ruborizou ao escutar a voz levemente robotizada de Taehyung quando atendeu o telefone.
Na noite anterior, após finalmente terminar de fofocar com Jimin, Jeongguk tratou de responder o homem em quem estava interessado, notando como ele respondia rápido mesmo estando tarde. Passaram várias horas trocando mensagens e descobrindo ter muito em comum, como a admiração por divas pop ㅡ o que claramente surpreendeu Jeongguk, que imaginava o homem como um ouvinte de músicas clássicas e no máximo R&B (estilos também que faziam parte do repertório musical do dançarino).
Durante a semana não se encontraram novamente. O Jeon não poderia arriscar muitos atrasos e o Kim também tinha seu trabalho ㅡ que revelou ao mais novo ser "professor de dança de salão".
Mas rapidamente marcaram um encontro para o sábado seguinte.
ㅡ Olá, Tae! Tudo bem? ㅡ Jeongguk mordeu os lábios, era a primeira vez que usava aquele apelido com o Kim.
Sabia que ele estava bem, inclusive que estava estacionado na frente da sua casa naquele instante.
"Acho que posso responder melhor na sua presença" disse, ao passo que deixava sua voz levemente rouca, jogando seu charme para cima do estudante. "Estou estacionado na frente da sua casa, já está pronto?"
ㅡ Sim, sim ㅡ voltou a olhar-se no espelho, apenas para se certificar de que estava tudo em seu devido lugar. ㅡ Só um segundo e logo apareço aí.
"Não demore, Gguk-ah" Jeongguk percebeu o sorriso na voz de Taehyung, mesmo que por telefone.
ㅡ Farei a espera valer a pena, não demoro.
E não demorou mesmo. Passou seu perfume, pegou sua carteira, as chaves de casa e despediu-se da gata que se enroscava nas pernas do dono.
Logo estava do lado de fora da casa, encontrando um homem encostado num mustang conversível azul escuro. Taehyung vestia um terno e calças pretas. A camisa social branca, como a sua, estava presa até o último botão, acompanhada apenas de uma gravata um tanto quanto diferente ㅡ algo como duas tiras que contornavam o pescoço e eram presas por um pingente.
ㅡ Nossa! ㅡ soltou, um tanto quanto atordoado pela beleza de Kim Taehyung. Esse que aproveitou a deixa do loiro para aproximar-se.
ㅡ Nossa digo eu ㅡ sorriu. ㅡ Você está esplêndido, Gguk-ah ㅡ beijou a mão direita do loiro.
De imediato as bochechas de Jeongguk esquentaram, ato não muito comum quando vindo do estudante, mas aquele era o efeito de Vante sobre ele.
ㅡ Nem estou tanto assim ㅡ admitiu, ainda achando sua roupa meio simples.
ㅡ Deixe de bobagens, você está lindo.
ㅡ Sei, sei... ㅡ desviou o olhar. ㅡ E então... Vamos?
O moreno concordou e deu a volta no carro após abrir a porta para que Jeongguk se acomodasse.
Depois de sentarem-se, Taehyung parou por um segundo, admirando o mais novo sem que nem notasse.
Jeongguk era um homem e tanto. As coxas salientes contrastando com a cintura fina, que Taehyung pôde observar por poucos segundos antes do loiro adentrar o carro, quando ficou posicionado contra a luz do poste. Os ombros eram largos dando-lhe um ar másculo juntamente aos braços torneados. Até mesmo as mãos do garoto chamavam sua atenção. Ele possuía dedos levemente gordinhos e pouco menores que os seus, eles faziam com que o Kim passasse longos minutos pensando no encaixe que teriam. Obviamente Kim não negava a personalidade encantadora e apaixonante dele, entretanto o corpo do jovem era maravilhosamente perfeito.
E havia, claro, o rosto de Jeongguk.
A face do estudante, assim como todo o corpo, só poderia ter sido esculpido pelo mais habilidoso dos artesãos. O conjunto de olhos, boca, nariz, cílios e a pequena cicatriz era algo estonteante. Na proporção certa para fazer o coração do dançarino errar os próprios compassos.
Deixava-lhe completamente sem palavras.
ㅡ Err... Taehyung? ㅡ ouviu a voz de Jeongguk chamar.
ㅡ Hm? O que foi? ㅡ voltou à realidade.
ㅡ Você estava muito quieto e não parava de me encarar ㅡ o loiro disse tímido.
ㅡ Estava? ㅡ fez-se de desentendido, mas não parando de admirar o garoto.
ㅡ Sim... Mas esquece ㅡ fez um barulho com a garganta para depois continuar: ㅡ Então, vamos? ㅡ colocou o endereço do bar que havia escolhido previamente no GPS.
ㅡ É claro. ㅡ sorriu quando engatou a marcha.
🕺
O caminho não foi muito longo, em menos de meia hora chegaram ao destino final. "Dream House" brilhava em rosa neon na fachada. A calçada estava ocupada por um curta fila de pessoas bem arrumadas, mas certamente não condizia com o que a imagem do bar sugeria.
ㅡ Tem certeza que estamos no lugar certo? ㅡ Taehyung perguntou, claramente confuso com a escolha do loiro, mas mesmo assim foi em busca de uma vaga. Sorte que existia uma a poucos metros da entrada.
ㅡ Sim, é aqui que o Jimin hyung trabalha ㅡ virou-se para o Kim. ㅡ É um amigo, mas ele não estará hoje, os sábados são seus dias de folga e ele tinha um encontro. Enfim, eu não te trouxe aqui pra ficar falando da vida amorosa do meu amigo ㅡ enrubesceu antes de continuar: ㅡ Vamos entrar porque eu ainda tenho uma surpresa pra você.
ㅡ Agora você falou minha língua, Jeon Jeongguk ㅡ riu enquanto recolhia seus pertences do painel e abria a própria porta. Não demorou em correr até o outro lado e abrir a do Jeon.
ㅡ Um verdadeiro cavalheiro.
ㅡ Para um verdadeiro príncipe.
ㅡ Você não consegue passar um segundo sem ser esse galanteador barato, não é? ㅡ passou pelo castanho, sentindo quando ele contornou sua cintura enquanto caminhavam na direção do segurança, ignorando a fila.
ㅡ Ah... Depende ㅡ Taehyung serpenteou a língua entre os dentes, abrindo outro de seus sorrisos charmosos.
ㅡ Depende? ㅡ parou no lugar, olhando-o atentamente. ㅡ Depende do quê?
ㅡ A verdade é que nem eu sei.
Passaram logo, pois Jeongguk era amigo do segurança.
🕺
Tiveram de esperar apenas dois minutos em uma fila já dentro do local para receberem suas entradas e poderem seguir dentro do estabelecimento.
O Kim se surpreendeu com o que encontrou assim que pôs seus pés no chão quadriculado do bar.
Bom, bar era de longe a palavra mais distante de descrever o que aquele local era.
Para início de conversa havia uma espécie de palco com pouco menos de um metro de altura no centro do salão, lembrando um ringue de luta pelas cordas ao redor. Não era muito grande nem muito pequeno e poucos casais dançavam discoteca ali em cima. As mesas eram estilo anos 60, com bancos vermelhos vibrantes encostados nas paredes do fundo e na parede esquerda. Já ao lado direito de quem entrava, estava um bar, com banquetas também vermelhas que complementavam a estética do estabelecimento.
Um lustre no centro do salão dava um toque especial a tudo.
ㅡ Como eu não sabia da existência desse lugar? ㅡ Taehyung perguntou enquanto seguia Jeongguk até uma mesa vaga.
ㅡ Ah, pouca gente conhece para falar a verdade ㅡ sentou-se e esperou o outro fazer o mesmo. ㅡ eu, por exemplo, só conheço porque meu melhor amigo é barista aqui.
ㅡ É realmente incrível, Jeongguk ㅡ mirou o outro que apenas alcançou o menu e passou a escolher o que iria pedir.
ㅡ Sim... ㅡ olhou o Kim durante meio segundo antes de voltar sua atenção para a imagem do cardápio que já conhecia de trás para frente, afinal vivia indo na Dream House.
Jeongguk estava claramente nervoso. Era seu primeiro encontro na vida.
Não era um cara de namoros duradouros e nenhum deles fazia questão de que tivessem encontros. Eles preferiam o contrário.
Isso por muito tempo foi uma insegurança do Jeon. Houve uma época em que ele decidiu definitivamente não entrar mais em relacionamento algum, fosse como ficante ou namoro. Nada. Havia colocado em sua cabeça que se as pessoas não desejavam algo romântico consigo e apenas se aproveitam de seu corpo, então teriam apenas seu corpo. Ele rejeitava todos aqueles que buscavam algo a mais.
Acabou criando um bloqueio emocional que, com o tempo, começou a lhe fazer mal.
Então conheceu Jimin e o amigo lhe ajudou.
Começou a ir em uma terapeuta amiga do Park. A mulher não cobrava nada, mas dizia que se faltasse a uma consulta sem a presença de atestado médico, pararia com as sessões.
Mas Jeongguk não faltou. Foi em todas as míseras vezes. Aquilo foi difícil, mas no final conseguiu.
O bloqueio emocional que possuía agora não passava de um pequeno receio. Mesmo que depois de parar com a terapia ㅡ o que não fez por escolha, mas com as atividades voluntárias e o curso acabava ficando com pouco tempo para se encontrar com a terapeuta ㅡ não tivesse entrado em nenhum outro relacionamento, aquilo que tanto o atordoava havia finalmente sumido de sua vida.
Contudo ainda tinha o receio. O que era completamente normal, mas que na cabecinha loira do mais novo era algo.
"Será que ele tá mesmo gostando?", "O som alto pode acabar incomodando, eu devia ter escolhido outro lugar?", "Ele está tão bonito, será que devia ter me arrumado mais?", "Por que ele não para de olhar pra minha boca, será que tem alguma coisa no meu dente? Mas eu escovei antes de sair!" eram coisas que não saíam da mente do garoto, mas seus pensamentos foram logo interrompidos pela voz grossa de Taehyung.
ㅡ Se continuar batendo seu pé assim vai acabar furando o piso ㅡ o mais velho segurou o cardápio do loiro, abaixando-o. ㅡ Por que está tão nervoso, Gguk?
ㅡ Nervoso? ㅡ forçou uma tosse. ㅡ Não estou nervoso ㅡ mentiu descaradamente.
ㅡ E eu sou a Madonna! ㅡ sorriu. ㅡ Sabe Jeongguk, acho que acabei de descobrir uma mania sua.
ㅡ Mania? ㅡ questionou confuso. ㅡ Como assim mania?
ㅡ Você não sabe mentir ㅡ riu. ㅡ Bom, pode até saber, mas só de uma pessoa realmente lenta para não perceber ㅡ levou os dedos ao queixo do garoto, fazendo uma pequena carícia no lugar. ㅡ Porque seus olhos ficam vidrados e você pisca exageradamente.
ㅡ Oh! E isso é um problema? ㅡ o loiro levou uma das mãos à nuca, envergonhado e corado por ter sido descoberto.
ㅡ Não, não. Eu acho bem fofo, na realidade ㅡ sorriu de lado. ㅡ Mas me diga, por que está tão nervoso?
ㅡ Bom, é que... Hmm ㅡ tossiu falsamente antes de sussurrar quase que em um segundo: -Esseéomeuprimeiroencontrodavida.
ㅡ O que? Não entendi muito bem, Gguk-ah, diga mais devagar e um pouco mais alto ㅡ mentira. Kim Taehyung havia entendido sim o que Jeongguk dizia, mas fazia questão de ver as bochechas vermelhas e fofas do outro novamente. Ele era adorável quando estava tímido.
ㅡ Esse é o meu primeiroencontrodavida ㅡ novamente sussurrou.
ㅡ Pode repetir, por fa-
E antes que o moreno concluísse a sentença o Jeon soltou em alto e bom som: ㅡ Esse é o meu primeiro encontro da vida! Pronto, é isso! Eu nunca fui em um encontro.
ㅡ Ah, sim ㅡ Taehyung aumentou o sorriso, mas Jeongguk não viu por estar ocupado demais cobrindo seu rosto com as mãos. ㅡ Olhe para mim, Gguk-ah.
O loiro levantou o rosto.
ㅡ Deve estar me achando patético... ㅡ choramingou.
ㅡ Não estou, não ㅡ levou uma das mãos até a palma do garoto. ㅡ Isso é normal, muito normal. E já que é seu primeiro encontro ㅡ apertou levemente a mão dele. ㅡ eu faço questão de que seja perfeito!
ㅡ Tem certeza disso? ㅡ permitiu-se rir. ㅡ Agora estou com expectativas bem altas.
ㅡ Pois então eleve-as ainda mais! Eu prom-
Taehyung foi interrompido por uma voz que tomou conta de todo o salão. Olharam para o palco e sobre ele estava um senhor velho, rechonchudo, suado e vermelho, ele que falava ao microfone.
ㅡ Senhoras e senhores! ㅡ começou e Jeongguk se animou, afinal sabia o que iria acontecer e isso fazia parte da surpresa que preparara para seu primeiro encontro com Taehyung. ㅡ Eu anuncio que oficialmente está aberta a competição de dança de casais da noite! Aqueles que quiserem se inscrever podem fazê-lo com Sejin ㅡ apontou para um homem grande de óculos que estava ao lado do palco segurando uma prancheta, ele era fofo aos olhos do Jeon. ㅡ Lembrando que o prêmio é uma porção grande de fritas e dois milkshakes tamanho mega! Que o melhor casal vença!
ㅡ Jeongguk... ㅡ olhou para o mais novo com as íris brilhando.
ㅡ Okay, mas me permita beber um pouco para tomar coragem! ㅡ sorriu enquanto chamava um garçom com um aceno.
ㅡ O melhor encontro da sua vida? ㅡ sorriu novamente para o mais novo.
ㅡ O melhor encontro da nossa vida ㅡ piscou um dos olhos.
🕺
Saíram do bar cinco minutos depois de terminarem o show da pista de dança, praticamente correndo em direção ao mustang do mais velho.
ㅡ Eu ainda não consigo acreditar no que a gente fez... ㅡ Jeonguk suspirou após bater a porta do carro, levando as mãos ao topo da cabeça.
Extasiado era pouco para descrever o atual estado do garoto. Aquela noite estava sendo mais louca do que poderia imaginar em um milhão de anos.
ㅡ Taehyung! ㅡ virou-se no assento, segurando o homem ao seu lado pelos ombros. Ambos os rostos radiantes. ㅡ Eu não acredito no que a gente fez! Eu não acredito no que eu fiz! Eu... ㅡ suspirou antes de continuar. Lembrando-se da garrafa que havia quebrado. ㅡ Jimin vai nos matar... Eu não devia ter subido no balcão! A bebida... Eu vou morrer!
ㅡ Respira, Jeon-ah! ㅡ colocou as próprias mãos sobre as do outro, fazendo carinho nelas. ㅡ Você ainda está com um pouquinho de adrenalina nas veias. Acalme-se, tudo bem?
O loiro apenas concordou e, sem perceber, levou uma das mãos do mais velho até o peito, segurando-a lá até que os batimentos de seu coração desacelerassem. Ah, grave erro.
Estremeceu ao notar o olhar de Taehyung nas mãos juntas. Tratou de afastar os dedos dele dos seus e se recompor, virando para o outro lado. Infelizmente ㅡ ou felizmente, como queira ㅡ o Kim não deixou de notar as bochechas coradas.
ㅡ Veja bem, amanhã eu volto aqui bem cedo e pago pela garrafa, pode ser? ㅡ o moreno falou, numa tentativa de confortar o garoto ao seu lado.
ㅡ Não ㅡ recebeu como resposta. ㅡ Procuro o valor e eu pago. Eu quebrei, eu pago.
ㅡ Não vamos entrar nesse mérito. Nunca teríamos vindo aqui se não fosse pelo meu convite, Jeongguk.
ㅡ Mas eu sugeri o lugar, a culpa é minha.
ㅡ Eu te chamei para dançar!
ㅡ Eu aceitei!
ㅡ E eu não poderia estar mais feliz por isso... ㅡ sorriu galanteador.
ㅡ Taehyung! ㅡ riu da ousadia do dançarino. ㅡ Estamos em uma discussão séria. Não me desconcerte com seus charmes agora.
ㅡ Hm, então eu deixo você desconcertado? ㅡ levou a ponta dos dedos ao queixo de Jeongguk, tocando levemente. ㅡ Vamos fazer o seguinte: você pergunta ao seu amigo o valor da bebida e me manda mensagem informando, nós dividimos o pagamento.
ㅡ Essa é uma boa opção, mas eu ainda acho que devo pagar sozinho...
ㅡ Aish, que garoto teimoso! ㅡ Taehyung ralhou. ㅡ Se você disser mais uma vez que quer pagar sozinho eu juro que te mando descer do carro, Jeon Jeongguk.
ㅡ Mas, Hyung...
ㅡ Mas nada, Gguk-ah!
ㅡ Okay... ㅡ cruzou os braços, emburrado.
ㅡ Pare de manha, Jeon ㅡ empurrou levemente o outro pelos ombros.
Depois de alguns segundos observando o outro de braços cruzados e rosto virado, Taehyung deu partida no carro.
Sem nem questionar, o loiro deixou que o mais velho dirigisse pelas ruas de Seul, cruzando a cidade. Passaram pelo centro, com prédios luminosos, grupos dançando nas calçadas e por alguns pontos turísticos. Tudo muito movimentado. Mas tudo isso foi ficando para trás na medida que avançavam, toda aquela euforia da cidade grande era esquecida.
A certa altura daquele mini passeio, o Jeon já não ignorava mais a presença do Kim, permitindo curtos diálogos como "Está com frio?" "Sim" "Pegue meu blazer, no banco de trás" "Tá".
Pouco tempo depois o estudante sentiu o carro parar onde percebeu ser um cruzamento.
ㅡ Vem ㅡ Taehyung disse e sem mais nem menos saiu do carro.
ㅡ Para onde? ㅡ perguntou, afinal a rua estava em um completo breu, nenhuma loja aberta ou almaviva circulava por ali. Claro, com exceção a eles.
ㅡ Apenas venha ㅡ disse caminhando tranquilamente até o centro das ruas. ㅡ Ah, sim. Coloque alguma música e aumente o volume, é mais divertido assim.
Não disse mais nada, ficou parado ali à espera de Jeongguk, aguardando ele escolher algo para ouvirem. Quando enfim a voz excêntrica de uma cantora que o Jeon particularmente amava foi ouvida e ele bateu a porta do carro, Taehyung sorriu ㅡ também gostava da música.
ㅡ But every song's like gold teeth, grey goose, tripping in the bathroom... ㅡ a voz do mais novo soou, aproximando-se do homem que estava mais a frente. ㅡ Blood stains, ball gowns, trashing the hotel room.
ㅡ We don't care, we're driving Cadillacs in our dreams... ㅡ murmurou, olhando de soslaio para aquele que usava seu blazer, percebendo que ele vestia perfeitamente o corpo malhado de Jeongguk.
Não proferiu palavra alguma após isso, apenas deitou-se onde estava, no meio do cruzamento.
ㅡ Taehyung, levanta daí agora! ㅡ chamou exasperado. ㅡ E se algum carro passar!?
ㅡ Gguk-ah, deixe de ser tolo ㅡ riu. ㅡ Se algum carro passar eu serei atropelado, simples.
ㅡ Bate na madeira! Isso não vai acontecer.
ㅡ Então já que não vai acontecer, deite junto comigo ㅡ olhou o Jeon de baixo para cima. ㅡ A vista é linda daqui.
Imaginando que o homem referia-se ao céu ㅡ o que não era uma completa mentira, já que não haviam nuvens naquela noite e as estrelas brilhavam muito mais sem os holofotes da cidade grande ㅡ resolveu se arriscar e deitar no asfalto.
"O que você não me pede sorrindo que eu faço chorando, Taehyung" pensou.
ㅡ Apenas aproveite, Gguk-ah ㅡ segurou a mão gélida, esquecendo-a com sua pele quente. ㅡ Canta... And we'll never be royals, it don't run in our blood.
ㅡ That kind of lux just ain't for us, we crave a different kind of buzz ㅡ continuou, sentindo uma epifania em seu âmago, sentindo-se completo. Ou até mesmo transbordando. ㅡ Let me be your ruler, you can call me queen bee...
ㅡ And, baby, I'll rule, I'll rule, I'll rule ㅡ o moreno fez graça.
ㅡ Let me live that fantasy...
Jeongguk terminou de cantar aquele verso, virando-se para Taehyung e percebendo a forma como ele lhe olhava, de canto de olho... como se estivesse se perdendo nele.
ㅡ É como encarar um oceano profundo, escuro, eu me imagino flutuando, boiando à deriva, beirando o abismo do universo ㅡ o Kim declarou, finalmente, frente a frente com o loiro.
ㅡ Faz isso com frequência?
ㅡ Apenas se estiver entediado ㅡ esticou a mão, alcançando a do outro. ㅡ Ou quando tenho uma boa companhia.
ㅡ Fica entediado com frequência?
ㅡ Não muito.
ㅡ Então deve ter várias boas companhias, acho.
ㅡ Também não.
ㅡ Então por que estamos aqui?
ㅡ Você é uma boa companhia. Estamos aqui porque eu queria compartilhar um pouco o meu mundo contigo.
Jeongguk, sem saber como responder, apenas perguntou: ㅡ O melhor encontro das nossas vidas?
ㅡ O melhor encontro das nossas vidas! ㅡ Taehyung sorriu, voltando a encarar a imensidão de estrelas que os rondavam.
E os dois sentiam que era, de fato, o melhor encontro de suas vidas.
🕺
Primeiramente eu gostaria de agradecer a você que chegou até aqui! Fico muito feliz com isso :)
Em segundo lugar, digam, o que acharam? Pegaram alguma referência? Caso não tenham, eu irei deixar todas elas numa lista em ordem na terceira parte.
Agora em terceiro lugar...
Essa threeshot dá início a uma nova era minha aqui, no Wattpad.
Eu sempre tive muito medo do que as pessoas achariam da minha escrita e da forma como eu desenvolvo as minhas histórias, por isso muitas das vezes eu acabo por deixá-las apodrecerem nas minhas notas (algumas com vários capítulos já concluídos).
E depois de muito pensar e bastante incentivo, eu consegui ter coragem o suficiente para limpar a poeira e começar a postar todas essas ideias que tenho.
Vante Astaire é apenas o primeiro passo de muitos, e eu espero que você que está lendo me acompanhe nessa jornada, estrelinha!
Lembre de deixar o voto antes de sair e volte sempre! Até mais!
(Segundo capítulo sai no dia: 13/08)