Um Lugar para Nós Dois

mylendo

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Camilla é uma garota extrovertida, cercada de amigos e que está sempre frequentando festas e bares ao redor d... Еще

Prólogo
Um encontro Perfeito
Revelações
O Festival
O jantar desastroso
Segredos
De volta a rotina
Girassóis
Boas notícias
Brigadeiro e Mojito
Cativeiro
Plantação de Girassóis
Capítulo Especial: O início
Resgate
Jonas
Amigos
Outro Lado da História
Um copo de whisky ou dois
De volta ao quase normal
Uma tarde no parque
Mais um ponto de vista
Uma folga nos problemas
A Fuga
Telefonemas
Hospital
Um acordo
Parceiros
Família
O pai e o irmão
Redenção
Conversa Sincera
Formaturas e presentes
Epílogo
Agradecimentos

Despedidas

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mylendo

Meses depois, era sexta a tarde e eu estava na faculdade para a pré-banca do meu TCC, Bernardo me aguardava em frente ao bloco segurando um girassol, tamborilando os dedos inquietos na lataria do carro. Ao me ver caminhou até mim sorridente, me abraçou e rodou no ar enquanto eu devolvia o abraço animada.

– E então, meu amor? Como foi? – Be perguntou ansioso.

– Foi ótimo – exclamei! – Tenho poucas correções a fazer e tudo indica que vou ser aprovada com êxito na banca final.

– Que maravilha! – Ele me puxou para mais um abraço. – Já podemos ir ou tem algo mais a fazer?

– Aqui não tenho nada, mas o Jonas me pediu para buscar os salgadinhos para hoje anoite. Eu só não sei o endereço.

– Ele passou para mim, é caminho para a minha casa. A gente pega os salgados, eu me troco e vamos para a sua casa.

– Ok, vou avisar as meninas. Como é surpresa nós vamos busca-las para não terem que estacionarem o carro em frente e levantar suspeitas.

– Pode dizer que a gente passa lá em mais ou menos uma hora.

Assenti e peguei o celular para mandar a mensagem enquanto entrava na camionete. Durante o caminho para o apartamento de Bernardo fui contando sobre a apresentação e os comentários sobre o TCC, minha empolgação era palpável e eu mal conseguia parar de sorrir. Bernardo se mostrava igualmente animado, fazendo perguntas e me parabenizando repetidas vezes.

Mais tarde, chegamos à casa do Jonas com as meninas e os salgadinhos encomendados, arrumamos a mesa, refrigerantes e uma faixa com as escritas "vamos sentir saudades", não havia nada alcoólico já que Yago ainda estava tomando alguns medicamentos desde o acidente. Todos concordamos que não podíamos deixar ele ir morar com a mãe na Itália sem uma despedida de verdade. Não demorou muito para que o interfone tocasse e Jonas fosse atender, antes de abrir o portão deu o sinal de que era ele. Nos posicionamos nos lugares combinados e quando Yago entrou no nosso campo de visão todos gritamos em uníssono:

– Surpresa!

– Não acredito que fizeram isso! – Ele disse emocionado.

Jonas ao lado dele gritou:

– Eu disse que ele ia chorar. Quem apostou comigo pode me pagar!

Nat e Heitor entregaram a Jonas uma nota de R$20 cada enquanto Yago limpava as lágrimas e ria, Débora colocou uma música para tocar e começamos a festa. Noite adentro nos divertimos com os salgadinhos e refrigerantes, relembrando antigas histórias de quando éramos mais novos, como cada um de nós foi conhecendo os outros e como nos tornamos tão amigos. Claro que a história mais recente e mais maluca foi a de Bernardo e Yago, mas realmente eles tinham se tornado bons amigos aquele dia no hospital. Ninguém jamais soube o que eles conversaram e nem precisava, já era o suficiente ver que se entendiam e até mesmo gostavam um do outro.

Em dado momento estávamos à beira da piscina de Jonas, eu e as meninas conversando com os pés na água, Jonas e Heitor tentavam improvisar um karaokê na TV que tinha próximo a churrasqueira, virei para o lado e vi Yago e Bernardo sentados nas esteiras lado a lado falando animados e só então reparei como eles se pareciam. Toda essa cena me deixou emotiva, quando menos percebi estava chorando, Nat que estava de frente para mim parou de falar e me olhando perguntou:

– Cami, você tá bem?

– Hei, meu amor. O que houve?

Bernardo também percebeu meu choro e se sentou ao meu lado me abraçando, eu sequer sabia explicar. Encolhi meus ombros tentando dizer alguma coisa e as palavras não saiam mesmo que eu tentasse, Be apertou o abraço ao meu redor como se entendesse, percebi que os olhos das minhas amigas também marejaram e aos poucos todos nos demos conta de como sentiríamos falta uns dos outros quando não pudéssemos mais estar assim reunidos.

Então veio a grande surpresa da noite, Nat avisou que tinha algo a contar, Jonas e Heitor deixaram o karaokê de lado e se aproximaram para ouvir. Enquanto eles chegavam nós limpávamos as lágrimas e eu percebi uma troca de olhares entre Natália e Yago. Meus pensamentos se iluminaram com a suspeita, mas guardei meu palpite para mim e esperei que ela falasse.

– Gente, eu tenho uma novidade – ela começou. – Eu escolhi essa noite para falar e acho que essa é a hora perfeita.

– Conta logo! – Jonas implorou.

– Eu me inscrevi em um programa de mestrado em Milão e há uma semana eu recebi a resposta, fui aprovada. Me mudo logo depois da formatura.

Todos começamos a parabenizar Natália pelo mestrado, mas tinha algo mais e fui eu a perguntar:

– Isso é tudo?

– Bom, não – ela confessou voltando a olhar para Yago.

– Eu conto? – Ele perguntou e ela assentiu – nós estamos... namorando. Quando ela se mudar para a Itália vamos morar juntos.

– O que? – Sofia gritou. – Eu não acredito que você não contou para a gente!

Num impulso ela empurrou Natália para dentro da piscina, depois de três segundos que ficamos em estado de choque houve uma crise de risos coletiva quando Nat começou a jogar agua em todos nós ali em volta. Heitor tentou esquivar, mas Jonas e Bernardo o alcançaram jogando o na piscina também, não precisou de mais nada para que toda a galera estivesse na água gelada numa noite não tão quente de primavera.

Encerramos a noite todos encharcados e trêmulos enrolado nas toalhas que a mãe de Jonas emprestou. Aquele dia foi um marco para todos nós, pois de alguma forma sabíamos que seria uma das últimas vezes que conseguiríamos reunir toda a galera assim. No dia seguinte Yago embarcou para a Europa com retorno somente no início do ano seguinte para os bailes de formatura.

Os meses seguintes foram corridos, estágios, provas finais, apresentação de TCC, provas de roupa para as formaturas – eu, Nat e Sof nos formando em Moda, Jonas e Heitor em Direito e Débora no curso de Gastronomia –, sessões de fotos e tudo o que o último ano da faculdade implica. Apesar do sufoco todos conseguimos terminar o curso dos sonhos e isso por si só já era uma grande realização.

A cada dia eu me sentia mais aflita com o fim desse ciclo, mesmo sabendo que Jonas continuaria a morar em frente à minha casa e que Sofia e Heitor sempre estariam por perto, eu sabia que nossas vidas não seriam mais as mesmas, principalmente porque Natália ia se mudar para outro continente e Yago já estava lá. Essa parte era estranha, eu que nunca fui muito com a cara dele agora já sentia falta, talvez pela mudança inacreditável que ele teve depois da prisão do pai e do irmão.

Tentei aproveitar ao máximo o tempo que eu tinha disponível com minhas amigas, ao menos duas vezes por semana íamos ao shopping, cinema ou salão de beleza apenas para estarmos juntas e nos finais de semana nos encontrávamos na minha casa ou na casa do Jonas com Heitor e Bernardo. Por falar em Be, nosso relacionamento não podia estar melhor.

Pela manhã a gente se via na emissora, escolher seu figurino para apresentar o jornal das onze era quase um hobby para mim, enquanto ele lia e organizava as notícias a serem apresentadas eu o observava decidindo de que cor eu gostaria de vesti-lo. Criamos o hábito de almoçar juntos depois do jornal, na minha casa, no apartamento dele, em um restaurante que um de nós quisesse conhecer ou revisitar e sempre que possível arrumava uma desculpa para dormirmos juntos.

Minha coleção de girassóis crescia e as lembranças do sequestro já eram coisa do passado, sessões de terapia com uma boa psicóloga foram me ajudando a desassociar as flores que Bernardo me dava a plantação que percorri durante a minha fuga, alguns pesadelos ainda me afligiam vez ou outra, mas eram cada vez menos frequentes. O julgamento do Tadeu, Yuri e os outros envolvidos da quadrilha ainda não tinha acontecido, mas graças ao promotor que era amigo do meu pai nenhum deles tinha conseguido aguardar em liberdade sob alegação de oferecerem risco as vítimas.

Quanto ao Soares, a última vez que nos falamos foi naquela chamada com Bernardo e Osvaldo, ninguém soube daquela conversa muito menos meus pais. Depois daquele dia eu não tive mais notícias dele, até hoje. Era madrugada de sábado, Bernardo dormia profundamente ao meu lado depois de voltarmos do pub, eu estava quase pegando no sono quando percebi a tela do meu celular piscar, estava no silencioso então olhei para ver o que era: ligação de um número privado.

Senti meu corpo gelar, eu não sabia o que esperar daquela ligação às cinco e quinze da manhã, mesmo assim me desvencilhei do abraço do Be e caminhei até a janela para atender. Com as mãos tremulas, aceitei a ligação e coloquei o telefone no ouvido sem dizer nada, então ouvi aquela voz que apesar de me deixar um pouco confusa, diminuiu meu desespero.

– Tá me ouvindo, patricinha?

– Soares – constatei.

– Sabia que não tinha me esquecido – ouvi sua risada do outro lado da linha.

– O que você quer? Porque me ligar uma hora dessas?

– Preciso de um favor, você e seu namoradinho podem me ajudar.

– Qual favor?

– Coisa simples, patricinha. Mamão com açúcar. Eu sei demais e isso nem sempre é bom, os caras que não gostam do seu namorado ainda estão atrás de mim e tão chegando cada vez mais perto. Preciso que eles me deixem em paz.

– O que você quer da gente? Outra denúncia para a polícia?

– Não, isso não ia adiantar. Se prenderem um, eles mandam outro no lugar.

– Então o que é? – Perguntei angustiada.

– Você vai ouvir falar que aconteceu uma coisa comigo e o seu namoradinho vai confirmar isso no jornal, lá na emissora do seu papai. Todo mundo vai pensar que eu morri, vocês ajudam a confirmar a história e eu fico em paz.

– Não sei se entendi.

– Não tem erro, eu tenho tudo esquematizado. Não precisa fazer nada, os boatos vão surgir, vocês confirmam isso na TV e pronto. Não me importa como, só tem que fazer acreditarem que eu fui dessa para uma melhor.

– Simples assim?

– Simples assim – confirmou. – Vamos lá, patricinha. Quebra essa para mim e eu sumo de vez.

Percebi Bernardo movimentar na cama e tatear onde eu deveria estar, ele abriu os olhos e me viu perto da janela, sentou na cama com uma expressão confusa e eu fiz sinal de que esperasse. Do outro lado da linha Soares ainda aguardava minha resposta, respirei fundo antes de dizer:

– Combinado, eu vou fazer esse último favor.

Sem dizer mais nada, Soares encerrou a ligação. Bloqueei a tela do celular me aproximando de Bernardo.

– Quem era? – Perguntou preocupado.

– Você não vai acreditar, o Soares vai forjar a própria morte e quer que você confirme isso no jornal.

– Por mim tudo bem – Bernardo afirmou sem nem questionar.

– É sério?

– Ué, porque não? – Deu de ombros. – Pelo que eu entendi você já topou e há uns meses eu concordei em fazer as coisas do seu jeito se tratando desse assunto, isso ainda está de pé – Be me puxou contra seu corpo deitando na cama.

Me senti satisfeita com a forma que Bernardo falou, a segurança em me deixar tomar a decisão e me apoiar, ele já não se importava com riscos, ele estava cumprindo a promessa que me fez. Como esperado, no dia seguinte diversos jornais falavam de um incêndio em uma casa abandonada com aparentemente apenas uma vítima fatal, ainda não havia sido divulgado a identidade da vítima, mas havia suspeitas de se tratar de um dos sequestradores da filha de Carlos Teixeira da BTv.

O assunto tomou conta dos noticiários e na segunda-feira Bernardo confirmou ao vivo a suspeita alegando termos recebido informações privilegiadas de uma fonte anônima. Enquanto Be falava aquilo naturalmente em frente às câmeras, nenhum pesar me atingia, nem mesmo o medo de Soares vir atrás de mim, pois eu sabia que não viria. Ao fim daquela edição, eu sentia como se tivesse botando um ponto final em toda aquela história, finalmente tudo estava em seu devido lugar.

Ooooi meus girassóis! Olha quem está de volta

Eu sei que fiquei desaparecida muito tempo e que tinha leitor querendo mandar a polícia atrás de mim, mas aqui estou novamente com esse que foi o penúltimo capítulo do livro.

Amanhã nesse mesmo horário eu trarei o Último Capítulo e na quarta-feira o Epílogo. Não esquece de comentar e votar!

Beijos ;*

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