❂Mayse Mancini❂
— Apesar de não estarmos no Figure 8, estamos no território de uma Kook. — JJ diz enquanto engatilha a arma. — Precisamos de uma proteção a mais.
— Tá de brincadeira? Guarda isso. — John B diz enquanto estaciona o carro na frente da minha casa.
— Nós precisamos ficar preparados caso algo aconteça. — ele diz e dá de ombros.
— Se você pegar isso mais uma vez, eu vou jogar ela no mar. — falo enquanto desço do carro.
— Quando entramos em perigo, qual foi a primeira coisa que você perguntou? — ele dá um sorriso pra mim me fazendo revirar os olhos. John B arranca a arma da mão de JJ e a guarda. — Qual é cara?
— Estamos na casa da May, para de ser idiota. — John B desce do carro e JJ faz o mesmo. Eu caminho até a porta da frente da minha casa, mas antes mesmo de tocar nela, ela se abre.
— Eu não deveria deixar nenhum de vocês entrar. Nem mesmo você. — minha mãe aponta pra mim.
— É, mas ela não vai fazer isso. — meu pai diz enquanto coloca as mãos nos ombros de minha mãe. — Entrem crianças, fiquem à vontade.
— Eu preciso do seu computador emprestado, posso usar? — meu pai apenas concorda com a cabeça e nós todos subimos as escadas.
— Cara, essa casa é enorme! — Pope diz enquanto se roda no corredor. — Tem certeza que não estamos do lado do Figure 8?
— É verdade, por que compraram uma casa desse lado da ilha? Tipo, vocês são podres de rico. — Kiara diz enquanto olha os cômodos também. — E essa casa é do mesmo estilo das de lá. E vocês têm até geradores, devem ser os únicos desse lado.
— Eu ouvi eles conversando e isso é apenas uma estratégia. — abro a porta do quarto dos meus pais e todos entram. — Compramos uma casa do lado da periferia, com uma aparência parecida com as casas daqui, mas não tem nada de igual. Apenas para não ficarem de marcação.
— O senhor Mancini é um cara esperto. — John B diz e eu concordo.
— Todo de vocês. — digo assim que o computador se liga. Pope se senta na cadeira e começa a colocar as coordenadas.
— Ah, 900 pés não é tão profundo. — JJ diz dando de ombros.
— Sério isso? É possível? — Kiara me olha e eu nego.
— Tá, e como pretende chegar lá?— Pope se vira pra JJ. — Usando seu submarino particular?
— No ferro-velho eles têm um drone que desce 300 metros, e tem uma câmera de 360. É para mergulhos profundos. É exatamente isso que precisamos. — Eu e Pope nos olhamos e ficamos nos encarando por um momento. — Da para os dois gênios pararem de fazer cálculos telepáticos e prestarem atenção em mim?
— Mas seu pai pode pegá-lo? — John B franze a testa.
— Meu pai foi demitido. O dono do ferro-velho não gosta de trabalhar com bêbados, mas eu sei que o drone está lá. No depósito, nos fundos.
— Tem quantos milhões no Merchant mesmo?— Kiara pergunta olhando John B.
— Quinhentos milhões. — Kiara e JJ rapidamente se mexem, mas Pope se levanta mais rápido e para na frente da porta do quarto. JJ apenas o tira da frente da porta do quarto e sai.
— Não dá pra vocês respeitarem a lei uma vez? — Pope reclama enquanto descemos as escadas.
— Vão aonde? — minha mãe para na frente da porta.
— Nós? — JJ aponta para todos e minha mãe concorda. — Nós vamos…
— Ajudar o pai da Kie a terminar de arrumar o restaurante. — falo parando na frente dela. — Ele ainda não conseguiu tirar todos os destroços do furacão, e nós estamos indo ajudar.
— E o que vieram fazer aqui?
— Buscar o endereço de alguns lugares que vendem equipamento, para auxiliar na limpeza. Agora vamos lá alugá-los.
— Quero você em casa antes das 20 horas, tá me escutando?
— Eu estarei antes das 18 horas. — dou um beijo em sua bochecha e abro a porta.
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— Nós não vamos roubar o drone, vamos apenas pegar emprestado. — Pope estava desde a saída da minha casa tentando argumentar.
— "O humano é o único animal que não distingue a fantasia da realidade."— a citação de Pope me faz cair em gargalhada.
— Pela risada da May, isso não foi inventado. — Kiara diz.
— Cara, isso se encaixou direitinho na nossa situação. —Pope e eu damos um soquinho com nossas mãos.
— Dá pra vocês dois pararem de falar enigmas na nossa frente? — JJ diz enquanto fecha o seu baseado.
— É uma citação de Albert Bernstein. — falo e JJ balança a cabeça negativamente, como se isso não tivesse mudado o fato dele não ter entendido.
— Essa citação se aplica à sua caça ao tesouro. — Pope diz e olha para John B que apenas dá de ombros. Assim que JJ colocou o baseado na boca eu tiro de sua boca e jogo pela janela.
— Esse é o terceiro que você arranca de mim e joga fora. — JJ diz claramente frustrado.
— Um dia você vai me agradecer. — John B estaciona o carro e eu desço.
— Não precisa ficar nervosa, vai tudo dar certo. — John B diz me olhando.
— Sabe que eu não estou nervosa por mim. — tiro minha blusa ficando apenas com um short e a parte de cima do meu biquíni. — Vamos, Kie?
— Assim nem eu resisto. — ela me olha de cima a baixo e eu começo a rir.
— Preciso disso tudo mesmo? — JJ me olha com a cara fechada.
— Quanto mais eu e a Kiara conseguirmos chamar a atenção, melhor. — jogo um beijo pra ele e começo a andar em direção ao portão do ferro-velho.
— Ei. — Kiara grita assim que paramos no portão, um homem que estava dentro da cabine nos olha e vem em nossa direção.
— Posso ajudar? — ele olha para nós duas de cima a baixo.
— O pneu do meu carro furou. — Kiara fala e olha pro carro.
— A gente queria saber se o senhor poderia nos ajudar a trocar. — ele dá uma olhada para os lados e concorda.— Muito fácil. — sussurro para Kiara que ri.
— É este aqui de trás. — Kiara diz parando ao lado do carro.
— Vocês não viram na hora que furou? — ele pergunta enquanto se baixa, e Kiara nega. — Podem ficar tranquilas, eu resolvo. — segundos depois começamos a ouvir um cachorro latindo, Kiara me olha assustada. — Vocês estão ouvindo isso? — o cara se levanta. — O Tebow tá agitado.
— Deve ser um guaxinim ou outro bicho qualquer. — dou de ombros e o cara concorda. Kiara sai lentamente de perto de mim e vai até o outro pneu.
— O que ela tá fazendo?— antes que eu respondesse ele foi até Kiara, e antes de qualquer situação ele volta correndo para o ferro-velho. Eu e Kiara entramos no carro e ficamos esperando algum sinal dos meninos.
Assim que avistamos John B e Pope correndo em nossa direção, Kiara liga o carro.
— Cadê o JJ? — pergunto olhando em volta.
— Ele foi distrair o cachorro, eu não sei. — Pope diz ofegante. — Se a gente ficar perto da Kombi do John B, o cara não vai conseguir ver a gente. — Kiara concorda e dirige até a Kombi. Minutos depois JJ aparece.
— Você tá bem? — ando até ele, seu rosto está pálido.
— Eu não sei não. — ele se apoia na Kombi e Pope vem até ele. Antes de qualquer pronúncia, JJ vomita em cima dos pés de Pope.
— Eu disse pra não comer aquele maldito pão. — Pope diz entre dentes.
— Desculpa, cara, mas eu acho que eu vou desmaiar. — ele se senta na beirada da Kombi.
— Pode levar a gente pra minha casa? — John B me olha e confirma.
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— Eu disse que chegaria antes das 18 horas. — grito assim que abro a porta da minha casa e deixo JJ apoiado na parede.
— Alguma coisa deve ter dado errado… — ela diz vindo até mim e dá um pulo quando vê JJ. — Ai que horror, o que aconteceu com ele?
— Ele deve ter comido algo estragado.
—Chris, corre aqui! — meu pai aparece do lado da minha mãe e teve a mesma reação ao ver JJ.
— Só leva ele pro meu quarto, por favor. Coloca ele no chuveiro, que eu já subo. — meu pai concorda e começa ajudar JJ a subir as escadas.
— Eu vou fazer um chá e você leva pra ele. — concordo e ela corre pra cozinha. Alguns minutos depois meu pai desce e minha mãe aparece com o chá e me entrega.
— Obrigada. — ela sorri pra mim e eu começo a subir as escadas.
— Ai, eu tô passando mal. — JJ diz enquanto se joga na minha cama. Seus cabelos completamente molhados.
— Falta de aviso não foi. — vou até ele e entrego a xícara com chá.
— Não quero isso não. — ele faz uma careta.
— Você não está em posição de querer algo ou não. — ele pega da minha mão, e começa a tomar com cara de nojo.
— Eu posso fazer um último pedido? — concordo e me sento na minha cama e tiro meus sapatos. — Quero morrer ganhando um cafuné. — ele me puxa até eu ficar próxima dele.
— Quanto exagero, mas eu tenho uma condição. — ele me olha confuso. — Só se você não vomitar em mim. — ele começa a rir e nega.
Me ajeito na cama e o puxo de maneira que ele fique deitado no meu peito. Ele passa seu braço por minha cintura, e eu coloco uma das minhas mãos em seus cabelos e a outra em cima da sua que estava na minha cintura. Minutos depois de silêncio, JJ começa a falar.
— Quantas línguas você sabe falar? — começo a rir com seu interesse repentino.
— A nossa língua materna, claro. Eu aprendi francês, alemão e agora estou aprendendo polonês.
— Fala algo em polonês.
— Koçham cie. — ele franze a sobrancelha e me olha.
— O que isso quer dizer?
— Você vai ter que descobrir, mas deixa isso pra outra hora. — ele concorda e se aconchega novamente no meu peito.
— Você pode me acordar amanhã? Preciso ir trabalhar com o Pope. — apenas concordo com a cabeça. — Obrigado por sempre cuidar de mim. — beijo sua testa e fecho meus olhos.