A quintessência de Seokjin

By bmavlis

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Ele esteve comigo cinco vezes e todas vieram e foram para me destilar. More

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By bmavlis




E então, eu aprendi a voar.

Depois daquela noite eu passei a frequentar o Empório filhos da lua, voltei com meu ritmo de leitura e contei tudo sobre Kim Seokjin para Kim Namjoon, até brincava que eram primos.

Kim Namjoon era um homem excepcional, criamos um vínculo de amizade muito forte e ele me incentivou a fazer um intercâmbio e assim eu fiz. Depois de um ano, comecei uma pós-graduação em direito educacional e conheci as mais variadas pessoas.

Eu finalmente sentia-me livre, como se nada pudesse me parar, como se nem eu mesma fosse capaz de me impedir de viver, entende?

Eu estava completa e olhava para o pôr do sol com grande satisfação. Eu sentia os raios do sol da manhã acariciarem minhas bochechas me abençoando com mais um dia.

Eu via felicidade nas pequenas coisas. Ainda que não existisse qualquer significado para elas.

Lá pelos meus 32 anos de idade, Kim Namjoon me convidou para ser gerente do Empório filhos da lua e eu aceitei. Ele era um dono muito exigente e, me querer como gerente dizia muita coisa. Ele certamente não faria apenas por sermos amigos, ele via potencial.

Minha sede de conhecimento agora tinha outro propósito, eu não queria mais ser alguém para alguém, eu queria apenas seguir aquele caminho que disseram que eu me encontraria.

E me encontrar era meu maior sonho. Era isso que me motivava, era a luz, a bussola, era aquilo que eu procurava incansavelmente naquela biblioteca aos meus 18 anos.

A cada dia que passava, eu me sentia mais próxima. E eu amava, amava muito aquela pessoa que eu estava conhecendo. Ela era incrível.

– O que você acha de fazermos uma noite especial aqui no Empório? – Kim Namjoon estava arrumando uns livros na prateleira quando me lançou a proposta.

– Seria ótimo, mas tem alguma coisa que queira comemorar?

– Você. – Ele disse olhando para trás e sorrindo. – Não fizemos uma cerimônia digna para a sua posse como gerente.

– Para de ser bobo Joonie, não precisamos de uma cerimônia para isso.

Ele se virou e me encarou bravo, seus lábios sussurram "love yourself" e eu entendi imediatamente. Às vezes, quando eu tentava me sabotar, pois isso acontecia, sim, mesmo segura de mim, eu ainda era humana e nestes momentos, Namjoon estava ali para me lembrar.

Às vezes eu sentia falta da minha lua, recordava dos seus ensinamentos diariamente, mas tê-los em mente era totalmente diferente de tê-los ali comigo de fato.

– Tudo bem, vamos fazer desta noite, a melhor noite das nossas vidas.

– Ótimo, afinal, eu não poderia desmarcar com meu convidado especial.

– Você já havia convidado alguém mesmo sem saber se iríamos fazer? – Eu admirava a forma que Namjoon lidava com algumas coisas, ele "apenas ia", mas às vezes era impulsivo demais e eu, também conseguia ensina-lo. – Mais uma impulsividade Kim Namjoon?

– Eu sei, estou tentando lidar com isso, mas prometo que essa você vai amar.

Eu sorri afastando qualquer bronca que eu poderia lhe dar, se ele estava feliz, com certeza eu estaria feliz também. Em tanto tempo de amizade, eu passei em confiar na palavra dele e tenho certeza que ele não decepcionaria.

A festa então fora marcada para aquele mesmo final de semana, apesar do pouco tempo conseguimos deixar o Empório filhos da lua radiante, penduramos lâmpadas em seu interior, e algumas estrelas prateadas. Contratamos garçons para servir petiscos deliciosos e o melhor vinho que eu já havia tomado. E a antiga vitrola de Namjoon tocava o jazz que seu amigo Taehyung tanto gostava.

No fim das contas, eu não poderia estar mais eufórica.

Coloquei meu vestido vermelho, prendi meu cabelo e fiz uma maquiagem leve, e isso bastava para que eu me sentisse completamente linda. Naquele dia, eu me olhei no espelho e me reconheci, eu me via ali e meu reflexo me via de volta. Eu estava próxima de quem eu era.

– Boa noite, dona da festa – Namjoon pegou minha mão e nela depositou um beijo leve.

– Boa noite meninos – Acenei com um sorriso para Namjoon e Taehyung. – Tudo ficou muito lindo, e quantas pessoas, eu não esperava.

– Você disse que seria a melhor noite de nossas vidas, não disse? – Namjoon tinha levado a sério, a noite mal havia começado e eu já sentia que ela seria incrível. – Bom, meu convidado especial esta te esperando bem ali.

– Por que o seu convidado esta me esperando? – Eu disse revirando os olhos.

Por um momento pensei que aquilo era mais uma das armadilhas dele, por mais que ele entendesse que eu me sentia bem e completa comigo mesma, Namjoon sentia que eu precisava viver um romance, um romance desses que eu lia nos livros, segundo ele, me faltava doçura, a doçura que só o amor recíproco poderia-me proporcional. E, durante meses ele planejou encontros casuais para mim, sem que eu soubesse obviamente, porque para mim, aquilo era bobagem.

Eu já sabia a resposta da minha pergunta e apenas caminhei até o fundo do Empório, onde o convidado tão especial de Namjoon me esperaria, no caminho, peguei uma taça de vinho. O sentimento bom havia desaparecido, e será mesmo que a noite seria incrível?

De súbito, eu o vi. Ele era alto, seus ombros eram largos, seu cabelo estava alinhado, seus lábios carnudos esboçavam um sorriso de satisfação, e seu brilho iluminava seu redor.

E ele carregava um buquê de smeraldo.

– Senhorita – Ele disse me entregando o buquê e fazendo uma reverência.

– Kim Seokjin – Eu disse pegando o buquê e sorrindo.

– Você fica deslumbrante de vermelho. – Ele se aproximou e colocou a mão em meu queixo, sua digital macia percorreu toda a extensão dos meus lábios e então, eu senti como uma substância desconhecida percorresse todo o meu ser.

Diferente daquele dia no anfiteatro, Seokjin não queria dizer que eu estive fazendo um bom trabalho ali, mas que estava genuinamente orgulhoso, e pronto, Seokjin, assim como eu estava entregue.

***

– Quem é você? – Eu perguntei enquanto estávamos sentados na areia da praia apreciando o pôr do sol – Você esteve na galeria de arte, no anfiteatro para palestras de direito, no livro e, você... você conhecia Namjoon?

– Eu sou quem você quiser que eu seja. – Eu o encarei e ele continuava com os olhos no mar, eu o vi esboçar um sorriso e ele continuou dizendo com uma voz calma. – Eu sou artista, eu pinto telas e escrevo livros, apenas. Não era para eu estar no anfiteatro, mas me chamaram de última hora, meu irmão pediu que o substituísse em uma palestra sobre usucapião, ótima troca não? – Seokjin para me provocar e para ter certeza de que seus ensinamentos haviam me feito algum efeito, brincava sobre a escolha do meu curso. – Bom, e sobre Namjoon, ele já deve ter te contado, mas, ele entrou em contato comigo e disse que me queria na noite do Empório filhos da lua e que meu livro fazia muito sucesso.

– Ele não mentiu sobre isso.

– Sobre isso não, mas ele não me disse que lá eu te encontraria. Fiquei tão surpreso quanto você, desta vez nosso destino foi corpóreo e sensato.

– Mas... e o buquê de smeraldos?

– Kim Namjoon preparou até isso, assim que cheguei, ele me entregou as flores e disse que a gerente era apaixonada por essas flores. – Ele riu pela ingenuidade – Mesmo depois de tantos encontros e desencontros, não passou pela minha mente que a gerente apaixonada por smeraldos poderia ser você.

Eu suspirei pensando em como Namjoon havia planejado tudo, da melhor forma possível e como ele havia conseguido surpreender todos os envolvidos.

– Não acha estranho? Não acha que isso tudo seja estranho demais?

– Nós? – Ele estalou a língua em tom de desaprovação – O que eu disse sobre tentar entender o amor? Quer enlouquecer?

– Por que você me deixou no hospital? – Eu tomei coragem, eu prometi que esqueceria, mas eu não poderia viver sem essa resposta.

– Me perdoe – Senti sua voz ficar embargada – Eu não pensei direito, eu quis fugir, e quis voltar pra você, fui covarde e eu admito, eu senti vergonha, eu... eu estava apaixonado por uma garota – Meu corpo congelou – eu a vi pela primeira vez na biblioteca da cidade. – Seokjin tirou os olhos do mar e me encarou.

– Era eu? – Eu não podia acreditar.

– Com certeza era você, por quem mais eu me apaixonaria? – Ele riu. – Eu tentei me aproximar, mas... mas, muitas coisas aconteceram e eu queria que tudo fosse espontâneo e leve como deveria ser. Eu não queria te perder. Eu fui covarde.

Eu o encarava, por tantos anos, esses encontros e desencontros, eles tinham uma razão, não era só coincidência, era de fato o destino. E não vieram só para me ensinar, era evidencias de que aquilo tinha que dar certo.

– Então... perdemos tempo? – Eu disse com a voz baixa.

– Certamente que não – Ele voltou a olhar para o mar. – O destino se propôs a nos ajudar e estamos juntos agora. Todas as vezes que eu te vi, eu não estava pronto para você e, pelo que me contou, nem você estava. Eu não poderia vir e substituir a parte que te faltava, eu não te completo, eu te transbordo.

– Mas sem você, eu nada seria, hoje... hoje eu não seria ninguém. – Eu pousei minha mão na dele.

Eu sabia que estava cedendo, eu devia muito a ele e conversar sobre aquela época me trazia lembranças de momentos sombrios, de experiências que um dia eu tive medo.

E ali, senti medo de voltar à sombra, tive medo do eclipse e tive medo de perdê-lo. Afinal, sem ele quem eu seria?

– Eu te ajudei, você jura que sim, mas, eu apenas te mostrei alguns pontos de luz e quem iluminou de fato foi você, você não deve me entregar sua vitória, é fato que uma guerra não se ganha sozinho, mas essa luta era sua, era contra um inimigo seu.

– Somos aliados nessa guerra, você me ajudou a vencer a luta e eu devo...

– Você deve me agradecer se assim quiser, mas não retire seu mérito, você lutou com muita garra, eu admiro você, agora mais do que nunca. – Ele entrelaçou seus dedos aos meus.

E de novo, ele tinha razão. Eu não deveria ter medo, nem sequer medo de perdê-lo, eu não voltaria às sombras se continuasse andando pela luz, a luz que eu mesma emanava.

Foram pouquíssimas as vezes que nos encontramos, ele nem sempre esteve comigo, quase nunca. Porém, seus ensinamentos me deram energia para caminhar, mas, quem de fato caminhou fui eu.

– E quer saber? Eu ouvi o sino – Ele disse se aproximando e encostando sua cabeça a minha – Eu tinha certeza que daria certo, não tinha com o que se preocupar.

– Eu o ouvi também.

Naquele momento eu finalmente me encontrei, eu me tornei a pessoa que eu deveria ser, no lugar onde eu deveria estar.

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