Jujutsu Kaisen - Orbitando um...

Oleh adri_bertolin

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Aprisionado no Reino da Prisão, Gojo Satoru inicia um processo de fragmentação sobre os conceitos em relação... Lebih Banyak

Vazio
Grandes olhos negros
Caos
Propósito
Igual
Ciúmes
Domínio incompleto
Entorpecência
Consumo
Anseio
Posse
Retaliação
Fôlego
Engrenagem
Bolha
Escolha
Capítulo Extra: Sequestro
Paz artificial
Busca
Renúncia
Receptáculo
Esperança
Destino
Resgate
Surgindo das cinzas
Surto

Liberdade

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Oleh adri_bertolin

Eu adicionei um breve vocabulário nos capítulos anteriores, caso estejam interessados em ler. ^-^

{...}

Uyara lhe contou que, quando voltou para o Brasil, após o pedido de casamento, ela foi recebida com uma grande festa em comemoração a sua união oficial ao clã Gojo.

Nenhum dos dois haviam contado aos respectivos polos familiares sobre estarem noivos, mas o povo dela já sabia. Simplesmente já sabia.

Como se isso fosse algo previamente descido como útil e não fosse nada surpreendente.

As vezes Satoru se esquecia que eles, ou pelo menos o líder deles, sabia de cada ponto decisivo da historia futura e que não havia nada novo para ele.

Sua amiga comentou sobre isso depois de voltar. Estava encolhida no chão, isolada, fumando um cigarro que não tinha ideia de como ela conseguiu. Parecia precisar desesperadamente da presença de Geto para se acalmar.

- Quando Suguru nos traiu e nos abandonou, eu pensei que isso significava que a sequencia de eventos do mundo havia mudado. - A mulher disse, um tanto letárgica. - Não é comum, mas é algo que pode acontecer. - Ela balançou a cabeça, rindo de uma forma triste. - Ainda estamos na mesma merda!

Kioku se sentia refém de um futuro certeiro que ela sabia que ainda aconteceria. Seu propósito, a razão de sua existência. Ele começou a entender que a amiga nunca foi alguém livre, não apenas por suas amarras de contenção, mas porque ela foi acorrentada a um fragmento de historia que seria o clímax de sua existência e não importava o que fizesse, sempre acabaria do mesmo jeito.

Ela não era como seus colegas patriotas, que existiam como um conjunto de ações para a formação de eventos coletivos que impediriam a ruína da humanidade. Não, a amaldiçoadora de mentes era a protagonista de um fenômeno apocalíptico que destruiria todo o planeta, um detalhe da historia universal que aconteceria independentemente de suas ações, mas que só através dela teria um final agradável. 

Estava nas mãos dela o poder de vencer e evitar essa extinção em massa, ela não podia falhar, a porra do mundo inteiro dependia daquele um segundo. Esse era o peso que sempre carregou, qualquer erro, qualquer chance de se libertar dessa responsabilidade, significava que a vida acabaria por seu comportamento egoísta.

Talvez fosse por isso que Uyara nunca tenha se importado que seu agora noivo ou Geto fossem mais fortes que ela. Porque se ela não era a mais forte, ou se não era a única nesse posto, significava que o fardo não precisava ser encarado solitariamente, que outras pessoas poderiam ajuda-la.

Mas também implicava que, se Satoru e Suguru eram mais fortes que ela, o sentido de terem permitido que ela desenvolvesse tanta intimidade com eles era único e especifico: conseguir passar por suas defesas e extermina-los antes que conseguissem reagir.

O deus mortal não queria pensar sobre como ela sempre considerou o controlador de maldições como um aliado querido, tanto agora como no passado. Não queria nem imaginar o que aquilo implicava.

Embora supunha que fizesse sentido. Sabia que eventualmente poderia se voltar contra a humanidade e, sinceramente, não havia melhor pessoa para impedi-lo do que a amiga de infância. O seu eu de agora estava satisfeito com isso.

Só continuava a perturba-lo o fato de que Kioku acreditava que morreria em um sacrifício heroico pelo bem do planeta Terra.   

- Vamos nos casar nos termos antigos. - Ele anunciou, de repente.

- ...o quê? - Ela lhe olhou com estranheza. - Estou falando sobre o fim do mundo. Você pode, por favor, deixar para discutirmos os detalhes do casamento depois do meu momento de angustia autodepreciativa?

Ela acompanhou Gojo quando ele começou a rir.

- O detalhe do casamento tem relação com o fim do mundo. - Ele anunciou, enquanto a brasileira o olhava, incrédula. - Alguns séculos atrás era comum nos acordos de casamento que as partes entrelaçassem seus núcleos de energia. Basicamente, o efeito era que o homem teria acesso a toda a força da esposa e poderia usa-la como se fosse dele, já que ela normalmente não era habilitada para fazer o mesmo em troca. - Satoru estava com a linguagem corporal de alguém que havia descoberto a solução para a paz mundial. - Isso também significava que deixavam de ser capazes de machucar um com o outro usando qualquer tipo de feitiçaria. Tópico que teve ter impedido as esposas de se revoltarem, mas esse não é o ponto!

- Você acha que isso seria uma boa ideia porque nós dois somos completamente capazes de usar os benefícios do acordo e porque nossa força seria anulada caso tentássemos nos matar? - Ele acenou positivamente, com entusiasmo. - Meu deus... - Ela arregalou os olhos, contemplando a ideia. - Nós seriamos a coisa mais poderosa que já andou por esse mundo! - O deus mortal estava pronto para concordar, mas então ela franziu a testa e balançou a cabeça, em negação.

- O que há de errado nisso? - Ele perguntou, fazendo beicinho.

- Eu preciso listar o que pode dar errado se você, com todas suas habilidades e energia amaldiçoada, puder usar os meus poderes? - Uyara ergueu uma sobrancelha, desafiando-o a negar aquela linha de raciocino. 

Isso parecia um evento apocalíptico capaz de destruir o mundo.

Ela o socou com força quando seus pensamentos começaram a rumar para como seria lindo os dois reconstruindo esse planeta de merda como deuses de uma nova era.

- Itai, itai!* - O choramingo veio dramaticamente. - Tão rude... - Ele a cutucou agressivamente como resposta, arrancando-lhe cócegas. - Mas você está certa. - Resmungou. - O que não nos impede de fazermos o acordo, com a condição de que só podemos usar a força do outro em situações de morte certa. - Kioku ainda o censurava. - E em proporções que não causem mortes em grande escala!

A ultima parte veio com irritação, mas esse sentimento não era verdadeiro. Satoru não gostava de machucar pessoas inocentes.

Ainda poderia ter discutido mais ou esperado que ela dissesse mais alguma coisa contra, mas estava muito ocupado contemplando como sua noiva estava, aos poucos, tornando-se radiante com a nova perspectiva.

Aquela uma imagem que valia mais a pena do que qualquer poder adicional.

(...)

O deus mortal e amaldiçoadora de mentes não eram exatamente tradicionais, mas concordaram em trocar presentes, nas vésperas do dia do casamento, antes de fugirem dos familiares e bajuladores, que os sufocavam, para poderem ir para uma fabulosa despedida de solteiro.

Aquele era um ritual de união que servia para exibir a riqueza de ambas as partes com objetos que serviam como uma promessa de que a outra parte não se arrependerá pelo acordo.

Uma desculpa para gastarem fortunas um com o outro e para os clãs ostentarem seu poder.

Não que os dois, ou a família dela, estivessem se importando com isso. Estavam ali por insistência de Satoru.

A noiva, como o esperado, foi a primeira a oferecer o seu presente. Não que seu melhor amigo realmente estivesse esperando que ela lhe desse algo, não era por isso que reuniu todos ali.

Mas Uyara era orgulhosa e sabia das tendências exageradas do companheiro, então se esforçou para oferecer algo grande.

O deus mortal sentiu que seu próprio presente poderia ser levemente ofuscado quando ela lhe entregou uma caixa e dela foi tirada um jarro escuro com glamourosas Espadas de São Jorge de dentro. Os sussurros de surpresa do clã começaram imediatamente, conforme todos eles se aglomeravam para tentar ver mais de perto.

A planta em si não era o impressionante. Todos ali sabiam que pouquíssimas pessoas eram capazes de tornar aquilo um amuleto significativo, mas, nossa, a fama do povo dela não era em vão. Seus seis olhos evidenciavam que aquilo estava tão carregado de poder que poderia ser eficiente, durante toda a vida da planta, em um raio de alcance imenso.

- Para barrar energias negativas e purifica-las. - Ela ditou, simplista.

Como se não estivesse entregando um feiticeiro em forma de planta.

Fazia mais sentido agora, vendo aquela coisa de perto, que eles conseguissem cobrir uma área tão grande com tão poucos xamãs.

Entretanto, agora era a sua hora de brilhar. Ou melhor, de faze-la brilhar.

Satoru a entregou uma caixa cumprida e aveludada que parecia gritar "eu sou muito valioso, me trate com carinho". Uyara ficou o olhando suspeitosamente desde que seu própria apresentação acabou, sabendo que ele estava planejando alguma coisa.

Ela abriu seu presente e olhou para ele.

Piscou varias vezes e olhou de novo.

O Yu-un (bastão de três seções de nível especial) não era algo que meros mortais podem cogitar ter a oportunidade de tocar um dia.  

Que bom que ela não se encaixava nesses termos.

"As vezes eu me esqueço como você é rico." - Ela comentou em sua mente, impressionada.

Kioku não era a única exibindo essa reação, então sorriu arrogantemente e se levantou.

- Venha. Como vamos saber se os boatos por trás dessa arma condizem com a realidade se não a testarmos?

Satoru se posicionou diante dela e ergueu seu infinity em sua força máxima, de uma forma que nem mesmo o permitia respirar. Mantendo uma mão erguida como se fossem lutar ali mesmo, mas essa só uma oferenda de igualdade.

"Me acerte." - Demandou.

- Minha nossa senhora, o rapaz é doido. - A mãe de Uyara falou, em português. Parecendo ver um ponto positivo nele pela primeira vez desde que o reencontrou.

A mulher, Olívia, era a única pessoa ali parecia ver a feiticeira como uma pequena preciosidade que precisava ser protegida. Ela e seus vários outros filhos adotivos mantinham um olhar avaliativo para ele o tempo todo, como se questionassem a moralidade dele para reivindicar a amiga.

"- Ninguém pode ser tão perfeito assim o tempo todo. - A beldade negra e alta reclamou desconfiada, o olhando de cima a baixo. Claramente não ciente de que conseguia compreende-la. - Como você sabe que ele não está usando esses olhos bonitos para fisga-la como um peixe premiado?

- Eu leio mentes, mãe. - Kioku revirou os olhos, divertida. - E o Satoru continua sendo o mesmo idiota de anos atrás, você não precisa se preocupar. - Ela se aproximou intimamente, como se fosse lhe contar um segredo. - Alias, ele é o único peixe premiado aqui.

Olívia não parecia convencida e continuou o encarando como se quisesse amaldiçoa-lo por corromper a inocência de sua garotinha.

Ela sempre seria a primeira a apoiar sua felicidade e sempre defendeu como a amizade dos dois era boa para a sua filha, mas parecia ter a necessidade de protege-la agora que estavam dando aquele grande passo.

O deus mortal não achou aquele comportamento estranho. Ele se via completamente capaz de ser muito pior por três das crianças ali presentes."

Essa era uma memória de horas antes.

- Hm. - Layla-sensei comentou, como se quisesse dizer " você não viu nada ainda". Então buscou seu celular para começar a filmar.

Agora, Uyara estava se levantando também, com a nova arma em mãos. Testando seu peso e a forma como seu locomoção fluía.

Parecia que todos os espectadores prenderam suas respirações em expectativa conforme ela experimentava golpes simples e insignificantes, enquanto seu corpo tirava a restrição de energia para ficar em estado de batalha conforme fazia o seu noivo.

Ela sorriu para ele quando encontrou seus olhos, porque sabia que aquela seria a única coisa capaz de acompanhar seus movimentos.

Um golpe. Preciso e certeiro. Banhado de poder.

Yu-un se chocou contra o infinity com tanta força que os pés de sua portadora se afundaram no chão para aguentar o impacto.

Em seguida houve um momento de pausa e expectativa, em que ele apenas permaneceu lá, ainda atuando sobre sua vitima.

Então o ar rompeu, o universo rompeu, e a arma se chocou contra a pele do deus mortal. Ultrapassando a defesa mais extraordinária do mundo e finalizando sua aplicação total em um crack que soou por todo o ambiente.

O som de osso partindo e da carne rompendo.

O som de uma mão que foi arremessada para longe dali.

O silencio que se seguiu em seguida revelava como ninguém realmente estava processando o que acabou de acontecer. Como se esperassem que fosse uma ilusão enganando seus sentidos, uma piada distorcida daqueles dois.

Mas então a família de Uyara começou a rir, assim como ela própria fazia junto de seu noivo. Embora os dois estivessem em um estado muito mais incontrolável. Aquilo pareceu fazer os outros entenderem que era real e que aquela mulher, sem seus encantamentos, ainda era forte o suficiente para rivalizar com o feiticeiro mais forte.

Eles não pareciam ser capazes de esboçar reação.

Isso... era impossível, não era? 

O líder entre os brasileiros, Apoema, apenas os observava de longe com um sorriso orgulhoso e aliviado no rosto. Satoru olhou para ele e piscou um olho divertidamente. Sem precisar dizer que aquilo era prova mais do que suficiente de que o futuro não poderia estar em mãos melhores.

Ele ignorou o fato de que o homem expressou tristeza depois disso.

Um de seus protegidos se aproximou, trazendo a mão dele de volta. O deus mortal apenas acenou em reconhecimento antes de pegar o membro decepado, juntando-o ao seu pulso outra vez, sua energia positiva faria o trabalho de restauração necessário.

Pela falta de horror no rosto de suas crianças, elas não estavam cientes do sangue e de que aquilo era um ferimento poderoso. Apenas olhavam para a sua noiva em admiração. Bom.

Testando seus movimentos conforme a cura terminava, ele contemplou a mão da mulher estendida na sua direção. Ela ainda estava com os lábios tremendo de diversão.

Aparentemente a demonstração anterior não era o suficiente.

Dessa vez as pessoas gritaram quando sua energia amaldiçoada formou um ponto de destruição e o Gojo usou aquilo contra a amiga, desintegrando o membro ofertado como pagamento por ter machucado-o.

Pela reação de horror deles, refletiu que foi bom que ninguém, além de Shoko, tenha presenciado um outro acontecimento recente envolvendo um Murasaki e metade de um corpo desaparecido. Ninguém consideraria que quem chegou mais perto de morrer foi o próprio Satoru, de preocupação.

Assim como naquele dia, embora mais rapidamente por agora saber o que estava fazendo e o ferimento ser bem menor, a maldição reversa de Kioku começou a se concentrar em um processo de reconstrução complexo. Uma habilidade de cura tão poderosa que não possuía problemas em restaurar uma mão inteira em segundos. 

Que o mundo falasse sobre eles, os organismos mais fortes vivos na porra da Terra.

(...)

Na manhã seguinte, no dia do casamento, os seis olhos se abriram por causa da iluminação forte que os atingiu. Seu corpo inteiro protestou no processo de recuperar a consciência, principalmente sua cabeça, que parecia ter sido triturada em um liquidificador.

De imediato, ele não reconheceu onde estava.

Parecia insuportavelmente quente, seco e aglomerado.

O lugar era bonito, luxuoso, mas ele não reconhecia a pessoas nuas dormindo ao redor dele e por todo o quarto. Todas elas pareciam ter sobrevivido ao ataque de algum tipo animal selvagem, o que lhe dava uma boa compreensão do que aconteceu.

Porque Uyara o deixava beber e concordava com suas ideias estúpidas claramente não muito bem desenvolvidas? Não que as ideias sóbrias costumassem ser muito diferentes, mas mesmo assim.

Satoru se levantou, não se importando em exibir seu corpo para os muitos estranhos por ali. Eles provavelmente já haviam visto tudo o que tinha.

Ao contrario dos civis esgotados, ele não estava com marcas perceptíveis, o que não era exatamente um novidade. Duvidava que qualquer um ali conseguisse machuca-lo mesmo se estivesse sem a proteção do infinity.

Flashes de memória dele com a noiva arruinando cada um dos presentes como bestas incontroláveis e insaciáveis passaram por sua mente conforme se afastava. Ele sorriu com isso.

Nunca mais deixaria tal coisa acontecer novamente com estranhos.

Ter outras mãos tocando sua propriedade continuava sendo um alimento voraz para aquela parte de si que machucaria pessoas sem se importar com o que isso significava. Mesmo que estivesse lidando com tal impulso de uma forma muito melhor agora.

Havia valido a pena pela experiência, uma eliminação de curiosidade. Mas já imaginavam que terminariam insatisfeitos independentemente de quantos corpos se tornassem alvos de seus anseios. Não era muito interessante quando precisavam se segurar, afinal, não importa o quão masoquista seja o parceiro da vez, ele nunca terá a chance de permanecer vivo se agissem com o mínimo da liberdade que eles têm um com o outro.

Seus olhos localizaram a brasileira junto de outra presença conhecida e isso direcionou seu corpo para perto delas. No caminho reivindicou um roupão abandonado, pois supunha que ainda devia algum respeito visual para uma de suas amigas.

- Olha só quem finalmente acordou! - A voz alta da noiva o cumprimentou, ela estava em um biquíni brasileiro, com parte do corpo imersa na agua de uma gigantes piscina. - Tem chá de gengibre ali na mesa.

Ela sabia que seu cérebro não estava funcionando o suficiente para responder ainda, então apenas apontou para o local. Ieiri estava do lado da superfície em que a bebida se encontrava, com olheiras profundas e aparência cansada. Com certeza, ela não se envolveu com ele nessa bagunça de noite, já que não se encaixava em seus gostos, mas imaginava que Kioku tenha sido a responsável por tal desgaste.

O que fez com que a cumprimentasse com uma careta de desgosto em suas feições, conforme reivindicava a coisa milagrosa para trazer clareza de volta para as seu rosto. Ele se xingou internamente por se lembrar que foi uma sugestão sua trazer a técnica em maldição reversa.

Shoko parecia querer rir dele por saber exatamente o que se passava por sua cabeça, mas não havia forças em seu corpo para isso.

- Onde estamos? - Optou por perguntar, já que não haviam oásis desérticos incluídos em seus planos originais.

Uyara parecia tão perdida quanto ele nesse aspecto, então se voltou para o alvo de sua birra momentânea em busca de respostas.

- Algum lugar da Austrália, provavelmente.

- Austrália? - Ele não se lembrava do que os levou até lá. - Pensei que iríamos para Budapeste. - Seu cenho se franziu conforme tentava encontrar mais memórias.

- Nós fomos. - Ieiri comentou. - Mas depois decidimos ir para Dublin, descansamos em Zagreb, fomos para Las Vegas e também não faço ideia do que aconteceu depois disso, até chegarmos aqui.

Varias imagens passaram por sua cabeça.

Não era uma boa ideia deixa-los bêbados e sem supervisão viajando pelo mundo.

Porém acabariam fazendo tudo de novo na primeira oportunidade.

(...)

Gojo Satoru nunca pensou que encontraria beleza em ver sua melhor amiga coberta de roupas cerimoniais que em nada combinavam com seu estilo usual. Mas lá estava ela, perfeitamente apresentada de acordo com as tradições locais, com uma graça angelical escondendo sua brutalidade e tornando-a a imagem perfeita da elegância.

Nenhum dos dois dedicou muito foco ao ato, estavam muito dedicados um ao outro e em fofocar mentalmente sobre os convidados.

Os brasileiros eram uma variedade de combinações deslumbrantes e bagunça, enquanto o clã parecia tão confuso com o comportamento deles que o desgosto tornou-se bem evidente. Tornaram-se muito ocupados tentando não demonstrar diversão pela interação de ambos os lados, acompanhar o cerimonialista não parecia tão legal. 

Apenas deram atenção a celebração quando chegou o momento de se unirem na aceitação do acordo de casamento, em meio a aromas purificadores de espírito e simbologias supersticiosas. O oficiante uniu suas mãos e repetiu os detalhes do pacto da qual já estavam muito cientes, então começou o ritual de ligar ambas as energias com as especificações concordadas.

Foi estranho, para se dizer o mínimo.

Ele podia jurar que captou um fio vermelho ligando-os. Algo rápido e quase imperceptível, mas que não escapou aos seus seis olhos.

Suas almas se moldaram para ganhar uma nova forma, para deixarem de ser um indivíduo único.

As percepções sobre quem eram se alteraram naquele instante, em uma conexão profunda como jamais haviam experimentado na vida.

No fundo de tudo isso existia a pequena compreensão de, legalmente, estavam unidos como um casal em compartilhamento de poder e de essência, mas as ondas de sensações que os afogava não era relacionada exclusivamente a isso.

Aquilo era o amor em sua forma mais viva e poderosa: pulsante, reivindicado, retribuído, aceito e assumido em ambos os corações.

Era lindo, satisfatório e maravilhoso. Como toda maldição distorcida deveria ser.

(...)

Suas centenas de responsabilidades só permitiram uma breve lua de mel em uma ilha paradisíaca e isolada que alugaram para aquele dia.

O suficiente para agirem exatamente como gostavam e não precisarem se preocupar com o mundo além deles por algumas horas.

A luz da lua iluminava suas peles úmidas pela agua salgada do mar, fazendo-as brilhar com uma preciosidade mística e deslumbrante.

As gotículas de suor que escapavam de seus poros traziam um gosto erótico e viciante para cada movimento, cada impulso, cada contração de prazer, conforme sua agora esposa se erguia e descia sobre seu pau ereto e carente. 

Satoru a auxiliava com suas mãos dolorosamente fixas em seus quadris, impulsionando-se para cima e a encontrando em cada retorno. Indo sempre perfeitamente mais fundo, mais rapidamente e freneticamente, a medida que se aproximavam de outro orgasmo.

Estavam sendo carinhosos um com outro, algo incomum no histórico do gosto de ambos por sexo violento. Porém, considerando que ainda havia toda uma vida pela frente para continuarem a explorar as maravilhas de seu favoritismo, não havia problema em se dedicarem a um momento de apreciação por essa nova forma de existência.

Estavam fazendo amor, talvez pela primeira vez, mas não eram românticos o suficiente para chamarem isso dessa forma. O provável era que preferissem dizer que estavam idolatrando o corpo um do outro com cuidado, apreciação e dedicação, o que não importava muito considerando que o ápice se aproximava e suas mentes tendiam a ficar imensamente bagunçadas pelos segundos até a liberação.

Eles vieram com um intervalo curto de diferença para cada conclusão, gemendo de uma forma deliciosamente rouca e tentadora.

Talvez um dia conseguiriam chegar a esse ponto sem prestarem atenção aos arredores, em busca de um terceiro som tão belo quanto aqueles que saíram de suas gargantas. Por enquanto, seguiriam fingindo que não continuavam idiotamente se machucando por uma pessoa que nunca mais estaria ali.

(...)

Yuuji pareceu absurdamente desprevenido soube que eles o queriam como filho.

Ele procurou apoio com seu avô depois que conversaram sobre isso, como se a informação fosse um motivo para deixar considera-los confiáveis. Parecia que a possibilidade de alguém realmente querer se responsabilizar por ele assim era um absurdo tão grande, em sua mente jovem, que acreditou estar sendo alvo de um piada.

Sua alegria contagiante e brilhante desapareceu por um período de tempo, por dias em que ele só participava dos treinos porque Wasuke dizia que era o certo.

Satoru estava a beira de um colapso por precisar ver aqueles olhos tristes sempre que estava por perto, mas ele não era o mais qualificado para melhorar a situação, então o tratava como fazia com Megumi e Tsumiki e esperava que o pequeno entendesse que era tão querido ali quanto os outros dois.

Uyara estava em um estado ainda pior. Ao ponto de não conseguir chegar perto do rosado para qualquer coisa que não fosse seu dever de fortalece-lo.

O que a deixava com uma nuvem escura de tristeza sempre que encontrava uma chance de observar um menino de longe.

- Yuuji-kun sente medo de mim. - Ela lhe contou. - Toda vez que me aproximo isso se espalha pelas conexões dele e sei que seus instintos dizem para colocar o máximo de distancia possível entre nós antes que ele se machuque.

Agora eram duas nuvens de negatividade os rodeando.

As pessoas no clã estavam até começando a evita-los para não se contaminarem com aquele mal humor.

Isso continuou até que o Itadori mais velho se irritou com a incompetência deles em enfrentar a criança e foi confronta-los para tentar trazer algum entendimento para aqueles imprestáveis que se diziam os mais fortes.

Ele internamente se divertia em ver aquelas figuras, que são poderosas ao ponto de poderem ser consideradas divindades, se reduzindo a existências miseráveis pela rejeição de seu neto. Mas o garoto estava sofrendo também e isso era inaceitável.

- Yuuji os admira tanto que passou a vê-los como família, inconscientemente. Porém ele sente que fez algo errado para seu pai tê-lo abandonado e isso o faz acreditar que não é bom o suficiente para as pessoas gostarem dele.  - O velho suspirou, exasperado com a teimosia de seu neto. - Agora que vocês disseram que o maior anseio do coração dele pode se tornar verdade, ele está incrédulo e apavorado, já que em sua cabeça qualquer coisa que fizer pode ser um motivo para começarem a odiado-lo e o deixarem de lado.

Não foi preciso dizer a sua esposa que seu coração doeu com isso, sabia que o dela sofria das mesmas contrações angustiadas.

Então eles procuraram pelo pequeno rosado conforme Wasuke se afastava por já ser velho demais para lidar com adultos que não conseguiam interpretar nem mesmo os medos daquele que queriam chamar de filho.

Suas presenças permaneceram ocultadas durante todo o caminho, para caso o menino estivesse com a intenção de continuar fugindo no menor indicio de que estavam tentando se aproximar.

Entretanto, quando o encontraram, se depararam com uma cena um tanto inusitada. Yuuji estava rodeado pelos animais de Sayuri, encolhido na grama de uma colina com Megumi ao lado dele.

- Você não precisa se preocupar. - O Fushiguro dizia. - Os dois podem ser esquisitos na maior parte do tempo, principalmente o Satoru, mas não brincariam com isso. Suas intenções são serias.

O deus mortal ignorou a risada mental de sua esposa pela opinião do garoto a seu respeito.

- Mas e se eu fizer alguma coisa estúpida e eles perceberem que foi uma péssima ideia? - O rosado não olhava nos olhos do outro, como se dividir suas inseguranças fosse algo doloroso.

- Por algum motivo, eles parecem concordar que as péssimas ideias são sempre as mais geniais. - Ele sorriu levemente. - É parte do quão estranhos são.

O Itadori levantou sua órbes cor de mel, procurando a confiança que seu amigo transmitia no rosto.

- Promessa? - Perguntou, ainda em duvida, embora seu olhar tenha recuperado um pouco do brilho.

- Promessa.

Porque aqueles dois se entendiam como não podiam fazer com nenhuma das outras crianças protegidas pelo clã Gojo. Mesmo que encarassem seus traumas de uma maneira diferente, um os interiorizando e o outro o expressando como raiva e frustração em relação ao ofensor, ainda eram o resultado de famílias complicadas que acreditavam um dia ter decidido não estar mais presente. 

A mulher se aproveitou do fato de que o marido estava em um estado de choque causado por fofura excessiva e se aproximou cautelosamente, antes que o mencionado decidisse que era um ótimo momento para atacar as crianças e esmagar suas bochechas.

Ela, com a graça e delicadeza de uma rainha, demonstrou-se aliviada em encontra-los bem, parecendo uma mãe que havia perdido seus filhotes. Então passou a adquirir traços animados conforme os convidava para um super piquenique muito especial que definitivamente não foi a primeira coisa que passou por sua cabeça.

Megumi estreitou os olhos para ela como se sua vista doesse com tanto brilho, mas se levantou em seguida. Olhando com expectiva para Yuuji que ainda parecia dividido entre se afundar na terra ou pular com muita alegria.

A confiança no amigo fez com que optasse pela segunda opção e logo a mulher rumou de volta para casa com um garoto contente e outro exageradamente empolgado, permitindo que Satoru os alcançasse no meio do caminho e reivindicasse os dois em uma sessão furiosa de cócegas como punição por preocupa-los.

Ninguém deu ouvidos ao Fushiguro quando ele disse que não sabia de nada e só queria ajudar, mas acabariam o recompensando por isso mais tarde de qualquer forma.

Aquelas risadas eram a coisa mais preciosa do mundo.

(...)

Sua esposa definitivamente não estava acostumada com a ideia de estar livre. Ainda tinha o peso do fardo que sempre carregaria, mas sem a pressão daqueles que sabiam sobre isso, o mundo era um lugar completamente diferente.

O deus mortal ainda possuía uma carga de trabalho altíssima por ser o nome mais requisitado entre os feiticeiros do mundo, porém agora conseguia retornar para casa quase todos os dias e não era incomum se deparar com a mulher envolvida em todo tipo de atividade aleatória que ela pudesse imaginar.

Ele percebeu que ela estava tentando encontrar um novo rumo, uma nova perspectiva. Algo que gostava de fazer e que não era obrigada a exercer por dever.

Uyara nunca se permitiu ter uma ambição bem desenvolvida, logo, agora era seu momento de encontrar sua inspiração e torna-la real.

De preferência de alguma forma que a impedisse de ficar cercada de seus bajuladores insuportáveis no clã. 

- Você disse uma vez que queria ser um pilar para um mundo melhor. - Satoru disse, envolvido no meio dos diversos livros e anotações dela. - A escola está sempre precisando de professores e você é ótima em ensinar, poderia começar por ai. Se gostar, poderá se tornar Gojo-sensei!  

- Gojo-sensei? - Ela contemplou, parecia soar bem, mesmo que ainda não houvesse se acostumado com o sobrenome diferente. - Não tenho certa. Eu pensei em fazer algo envolvendo a política dos clãs, no fundo sempre quis ter aqueles idiotas comendo na palma da minha mão.

O homem riu, exibindo um sorriso grande e cheio de orgulho.

- Essa seria uma imagem maravilhosa de se ver! - Seus olhos descobertos brilharam com expectativa e seu corpo se curvou para frente, em uma reverencia exagerada. - Mundo é seu para fazer o que quiser, Gojo-san.

Estava se adaptando ao fato de que sua força não significava que deveria ser o líder por trás dos estandartes de seus ideias. Ela faria isso de uma forma tão melhor que nem mesmo era inteligente compara-los.

E, se sua esposa escolhesse investir a longo prazo nas gerações mais novas, aflorando seus potenciais como uma boa mentora, ou se quisesse deixar seu pior lado livre para arruinar a vida de parte dos vermes de sua sociedade, ele a apoiaria do mesmo jeito e sabia assistiria um excelente trabalho sendo desenvolvido em ambos os casos.

Se descobriu contente em ser a espada que destruiria essa sociedade de merda, desde que fosse Uyara o empunhando.

Por hora, estava satisfeito em vê-la exercendo poder em seu país enquanto explorava o mundo e o estudava.

Satoru não conseguiu se desapegar dos principais objetivos daquele inimigo silencioso que agia em segredo para reviver a era de gloria do jujutsu, mas também via suas falhas e estava disposto a corrigi-las.

Eles já estavam com o receptáculo de Sukuna, que parecia ser realmente o único, e podiam cria-lo para ser um poderoso símbolo de um novo mundo, um mundo melhor. Mas não era um tolo para acreditar que todos os males seriam extintos se reformassem o Japão, dentro dos limites da barreira de Tengen, não, aquilo precisava ir além, portanto se comprometeu a encontrar cada povo descendente das civilizações antigas com poderes semelhantes, entende-los, restaura-los quanto ao xamanismo e reuni-los naquele interesse coletivo por melhora. 

Aquela semente de transformação estava começando a germinar.

{...}

Itai: exclamação de dor.

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