Destino

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Uyara lhe contou os detalhes que faltavam de sua possível morte. Aquelas poucas informações que ela guardava consigo desde que era muito mais jovem e que optou por ocultar dele durante todos esses anos.

A parte racional dele concordou que sua esposa estava absolutamente certa em não compartilhar esses segredos do futuro.

A parte irracional, que predominava no momento, ficou furiosa.

Essa foi a primeira vez que eles realmente brigaram.

Seus confrontos anteriores não podiam ser considerados algo assim, mesmo que houvessem se aproximado da morte varias vezes, nunca se machucaram em algo além do físico.

Desta vez... Desta vez, aquela coisa horrorosa que habitava neles assumiu o controle para despejar toda a dor que sentiam. Foi apenas uma inconveniência que tenham escolhido fazer isso um com o outro.

A mulher estava certa, é claro. Ele se culparia completamente e ela não foi capaz de convence-lo de que não deveria interpretar a situação como fez.

Afinal, independente de seu poder, aparentemente Satoru conseguiria a proeza de falhar em protege-la no único momento em que seria realmente necessário. Deixando-a enfraquecida a mercê das consequências cataclísmicas esperadas de se estar em uma luta seria.  

Não conseguia nem imaginar porque ela esperava que algum dia ele seria capaz de lidar bem com esse fato. Que aceitaria acreditar em sua absoluta incompetência em fazer o mínimo que esperava de si mesmo: proteger aqueles que importavam.

Era por isso que estava longe dela agora, remoendo arrependimentos sobre coisas que ainda nem haviam acontecido e se recusando a voltar para casa, mesmo que o trabalho a mantivesse fora. Ele se manteve em circunstâncias em que estava cercado de pessoas, porque isso era a única coisa que o obrigava a permanecer calmo, mas não parecia ser capaz de encontrar alguma paz mesmo assim.

Seu telefone vibrou em seu bolso. Uma chamada de casa, do telefone de Tsumiki.

Atendeu antes que pensasse demais, viviam em um mundo onde tudo podia dar errado a cada segundo, não arriscaria ignorar o chamado de uma de suas crianças.

- Diga o que deseja, minha princesa! - Saudou com uma animação forçada.

Podia-se ouvir que Yuuji e Megumi estavam discutindo alguma coisa no fundo. Wasuke os mandou calar a boca e Sayuri o repreendeu por ser rude.

- Oi, Satoru-san. - Houve uma pausa. - Nós queremos saber como você tem certeza de que é o mais forte!

- O quê? - Uma de suas sobrancelhas se levantou, com uma expressão ofendida mesmo a quilômetros de distancia. - Por que está duvidando de mim, Tsumiki-chan?

- Porque você pode estar errado! - Megumi gritou perto da irmã, em resposta.

O pequeno rosado murmurou alguma coisa que parecia um pedido de desculpas. Algum de seus filhos ainda acreditava nele, pelo visto.

- Eu não estou errado! - Sua voz saiu exasperada. - Teoricamente, Himawari pode me derrotar se nos enfrentássemos com essa intenção, mas ela se mataria para fazer isso, então é no mínimo um empate.  

- Você não acha estranho que seja o único Gojo com esses dons manifestados ainda vivo? - A menina questionou, parecia ter alguma urgência em sua voz. - Nós olhamos nos arquivos do clã. Todo Gojo das eras mais antigas, que manifestou poderes iguais aos seus, apresentou uma longevidade que os permitia permanecerem vivos durante séculos, até o momento que isso parou de acontecer.

- Pessoas com esse nível de poder costumavam existir com abundância. - O outro Fushiguro continuou. - Mas elas foram desaparecendo. Cada um desses ancestrais morreu e não foi por velhice, alguma coisa foi forte o suficiente para mata-los.

Jujutsu Kaisen - Orbitando um buraco negroWhere stories live. Discover now