Doce Garota - Supremacia Styl...

By astacyecaramelws

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O Início da Supremacia Styles - Quadrilogia [Degustação - Completo na Amazon] Um namoro falso, um casamento a... More

Aviso & Gatilhos
DG1
DG1 - Capítulo Um e Dois
DG1 - Capítulo Três e Quatro
DG1 - Capítulo Cinco e Seis
DG1 - Capítulo Sete e Oito
DG1 - Capítulo Nove
DG1 - Capítulo Dez
DG2
DG2 - Capítulo Um
DG2 - Capítulo Dois
DG2 - Capítulo Quatro
DG2 - Capítulo Cinco
DG3
DG3 - Capítulo Um e Dois
DG3 - Capítulo Três e Quatro
DG3 - Capítulo Cinco
DG3 - Capítulo Seis e Sete
DG3 - Capítulo Oito e Nove
DG3 - Capítulo Dez
DG4
DG4 - Capítulo Um e Dois
DG4 - Capítulo Três e Quatro
DG4 - Capítulo Cinco e Seis
DG4 - Capítulo Sete e Oito
DG4 - Capítulo Nove e Dez
Agradecimentos

DG2 - Capítulo Três

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By astacyecaramelws

(3/5)

"Todos querem roubar a minha garota, todos querem seu coração. Bilhões de pessoas no mundo, encontrem outra, porque ela é minha."

Steal My Grl – One Direction.

Coloquei uma calça de moletom que era um pouco mais apertada que as outras que eu usava, uma regata fina que não precisava usar sutiã e cobria até metade do abdômen tudo na cor preta. Puxei a blusa de frio do Paris Saint-Germain que era de Cameron e me encarei no espelho enquanto passava a escova nos cabelos.

Ouvi duas batidas na porta e abri a porta.

Cameron me olhou de cima abaixo e sorriu.

— Já começou a valer a aposta?

— Não, por quê?

Ele deslizou lentamente a mão em minha cintura por dentro da blusa de frio, na parte onde a regata não cobria e o contato de sua mão quente com minha pele me fez arrepiar. Quando me puxou para perto com firmeza precisei respirar fundo.

— Você fica linda usando minhas blusas sabia? Mesmo quando rouba alguma — riu olhando meus lábios.

— Não roubei. Essa blusa, querido — disse fingindo deboche — foi a que você deu quando me sujou na escola.

— Não te dei não.

— Deu sim — rebati apertando suas bochechas e selei nossos lábios, em seguida mordi levemente seu lábio inferior e ele me apertou com força.

— Vamos comer e depois te mostro nosso quarto.

— Seu quarto — corrigi.

— Que em breve será nosso — rebateu me fazendo sorrir.

— Preciso ver como está a caramelinho antes — ele concordou.

Depois de medir minha glicose e ver que estava tudo bem, envolvi meu braço no dele e saímos do quarto.

— Por que estava chorando? — Questionou assim que descemos a escada.

— Estava falando com Natalie sobre algumas inseguranças que tenho — expliquei.

Ele apenas concordou e beijou minha testa, mas seu olhar ficou um pouco desanimado.

Suspirei esfregando minhas mãos e ele me olhou confuso. Estava tão tensa que qualquer pessoa poderia notar, tomei coragem e finalmente disse:

— Tem muitas coisas que quero e preciso te contar — ele parou em minha frente e entrelaçou nossos dedos —, mas precisa ser em um lugar só eu e você.

— Tem certeza? Você esperou meu tempo para contar tudo.

— Quero que me conheça de verdade.

Ele sorriu concordando e entramos na sala de jantar.

Por algum motivo os meninos gritaram em comemoração à nossa chegada.

Cameron puxou a cadeira para mim, em seguida se sentou ao meu lado. Duas funcionárias vieram para pegar nossos pedaços de pizza e nos servir.

— Não precisa — sorri para a jovem garota de cabelos loiros —, mas obrigada — ela olhou Cameron como se pedisse permissão e ele apenas concordou.

Tanto ele quanto eu nos servimos.

Senti um peso e quando levantei meu olhar vi uma garota de cabelos ruivos me observando e analisando. Não parecia ter com ódio, de certa forma era triste e até doloroso enquanto me olhava. Ela virou o rosto quase que de imediato quando percebeu que estava me encarando, franzi o cenho sem entender, voltei a comer e após a garota servir mais um pedaço de pizza a Jasper, ela retornou ao seu posto. Olhei Cameron que falava algo com Peter, Josh e Elliot.

Quando colocou a mão calmamente em minha perna e beijou minha bochecha me fazendo sorrir, olhei novamente a garota e seus olhos estavam marejados.

— Amor... — Ele parou de falar.

Seus olhos estavam em mim, mas não o olhei, estava focada na garota.

Ela o olhava como as outras garotas apaixonadas por Cameron. Ele seguiu meu olhar, chamou um funcionário com um aceno de mão e disse algo baixo no ouvido dele. O homem apenas concordou e seguiu até a garota.

Cameron apertou um pouco minha coxa me fazendo tomar um gole de limonada para me manter calma. Observei o homem dizendo algo a garota que estava a ponto de chorar, ela concordou sem nos olhar e saiu silenciosamente.

— Explicarei em um momento oportuno — sussurrou em meu ouvido e beijou meus lábios. Concordei e foi quase impossível não ouvir a gritaria das meninas conversando.

As líderes e Melissa estavam fazendo uma bagunça desnecessária e as funcionárias ficavam limpando o tempo todo se forçando a não reclamar e nem fazer cara feia. Os meninos pareciam uns selvagens sem noção espalhando comida.

Natalie, Calleb e Luce comiam como pessoas normais, até Peter, Josh, Elliot, Neji, Jasper e Samuel. Percebi que tinha amizade com as pessoas certas, exceto com Jasper e Samuel que não tinha muito contato.

Olhei Cameron e seu olhar denunciou que ele me entendia.

— Posso? — Questionei, ele sorriu concordando e voltando a comer — Qual é o nome da garota que está limpando a sujeira das líderes o tempo todo?

— Maya.

— Maya — chamei a garota que estava pronta para limpar novamente a sujeira das líderes e ela me olhou assustada —, não precisa recolher novamente os guardanapos que ela nem se quer usou, ela pode muito bem juntar e jogar no lixo.

— Mas ela está aqui justamente para isso — Melissa rebateu e todos ficaram em silêncio.

A arrogância de suas palavras desceu rasgando em minha garganta.

— Manso, manso, manso — Natalie pediu me fazendo segurar a risada.

— Não Melissa, ela não está aqui para sustentar seus caprichos de rainha e nem de ninguém. Cada um aqui pode muito bem limpar a própria sujeira. Os funcionários não estão aqui para limpar as nojeiras dos meninos ou suprir os caprichos que vocês meninas estão fazendo. Eles não recebem para isso e nem trabalham exclusivamente para vocês.

— E não trabalham para você — Melissa rebateu e eu me senti frustrada por ela estar agindo daquela forma.

— Ela é minha futura esposa Melissa, você realmente quer ficar rebatendo sobre pessoas que em breve vão trabalhar para ela? — Cameron disse tão calmamente que desestabilizaria qualquer pessoa.

— E ela não está se referindo só a você — Natalie tentou amenizar, Cameron não teve um pingo de dó com Melissa, sabia que era coisa entre os dois que ele sofreu, por isso não questionava e não falava nada —, isso vale para todos porque isso é senso. Vocês estão acostumados a pessoas servindo comida na boca, mas com a nossa família não é assim. Ninguém é servo de ninguém, são funcionários e eles são da nossa família também! — Natalie disparou.

Olhei Luce e ela acenando com a cabeça indicou que queria falar comigo, em seguida olhou Natalie e fez o mesmo. Eu e ela nos olhamos.

— Já venho amor — disse em voz baixa e ele concordou.

Cameron me observou saindo. Os olhares dele acabavam comigo.

— Ela não está bem — Luce disparou assim que entramos na cozinha —, não estou justificando, mas quero que vocês saibam. Não estou ficando com ela, por mais que eu queria, ela não gosta do mesmo que eu, não sei ela é confusa — ela riu como se aquilo não doesse. — Estava tentando ajudá-la e estava dando certo. Mas tudo foi por água abaixo quando a irmã dela ligou para mãe dizendo que esse ano a família não teria a coroa, Alice debochou de Melissa quando a mãe a chamou para a chamada de vídeo. A senhora Morgan ficou desapontada na hora.

— Por causa da merda de uma coroa? — Natalie disparou.

— Sim... não. Quer dizer, também. Morgan ama ter uma boa reputação na vizinhança e sempre quis Cameron como genro, quando viu que Melissa não o segurou, ficou decepcionada. Não vou justificar tudo só na mãe e na irmã dela não, ela também é bem soberba e arrogante. Não procura ajuda e de verdade? Não quer ser ajudada. Tentei até onde aguentei, mas ela estava me sugando e eu não aguentei — Luce demonstrou sua tristeza quando seus olhos marejaram. — Por que eu me sinto tão errada em colocar minha saúde mental acima da dela?

— Porque você gosta dela, mas se as duas não ficarem bem, ninguém ajuda ninguém — afirmei, em seguida a abracei forte.

— Acho engraçado o jeito que você bate e mesmo assim não dói tanto — Luce riu recebendo o abraço, o que foi ótimo por ela não ser uma pessoa muito afetiva no toque.

— Sinto muito, mas não vou ficar do lado de Melissa — Natalie disse —, ela queria uma oportunidade de se redimir com Cam e ter seu perdão, eu ajudei, mas não conte com isso já que ela quer regredir a garota que ela era antes e se ir para cima de Becca, a coisa ficará muito feia para ela!

— Ela tentou mesmo, mas depois que Becca chegou, ele simplesmente esqueceu tudo e nem deu atenção a Mel — Luce disse me fazendo entender o motivo dela ter saído correndo quando cheguei na escola. — Ela não vai superar ele tão cedo, acho que chegou a gostar dele de verdade.

— Isso não justifica tudo o que ela fez meu irmão passar! — Natalie rebateu com uma raiva na voz.

— Ei — segurei sua mão —, parou.

— Todo Styles é esquentadinho, né? — Luce observou — Não estou justificando nada mesmo. É só que Rebecca merece saber com quem está lidando e mesmo com o coração apertado, não vou ficar do lado da Mel.

— Sei que você sabe muito bem se defender sozinha, mas se Melissa vacilar, principalmente com você, nem que me peça o contrário, vou acabar com ela — Natalie prometeu.

Quando fui puxada para a sala de estar fiquei pensando na forma que Natalie era com quem ela amava e Cameron também era assim, um pouco mais agressivo e bem menos paciente, mas defendia de todas as formas possíveis quem ele amava.

Achei graça quando cada um pegou a própria sujeira, jogou nos lixos e colocou os pratos e copos em bandejas que os funcionários estavam segurando. Em seguida foram para a ala de piscina e ligaram o som extremamente alto.

— Senhorita Rebecca — uma senhora chamou quando Cameron puxou minha cadeira para que me levantasse, a olhei e ela aparentemente era bem severa —, em nome de toda a equipe, obrigada pelo que falou aos seus amigos. É muito importante para nós alguém com um pensamento assim, principalmente sabendo que será nossa próxima chefe — ela sorriu de forma simpática e todo o seu jeito frio e severo se esvaiu.

— Isso pode demorar um pouco — sorri sentindo os braços de Cameron me envolverem —, mas era o mínimo que podia fazer, principalmente vocês sendo da família — afirmei sorrindo.

— Aliás, sou Matilde, a capitã da equipe — se apresentou. — Para a senhorita, estou à disposição para qualquer coisa, assim como o resto da equipe.

— Está disposta a não me chamar de senhorita? — Questionei rindo.

— Isso não funciona com a Mati — Cameron disse rindo e me abraçou com firmeza.

A senhora sorriu e com toda a educação do mundo se despediu de nós.

Senti os lábios de Cameron beijarem meu pescoço.

— Precisamos levar nossos pratos antes — avisei, ele riu olhando a mesa e nossos lugares estavam vazios.

— Matilde pediu que levassem sem que você percebesse — o senti respirando em meu pescoço e em seguida uma mordida leve. — Você que escolhe — ele me virou de frente, deu passos calmamente para frente e eu para trás até sentir a parede em minhas costas —, te beijo depois que sairmos daqui ou te beijo aqui mesmo — suas mãos apertaram minha cintura me puxando para si e seus lábios se aproximaram de minha orelha — com o pessoal passando e limpando as coisas — ele me pressionou mais contra a parede e eu fechei os olhos —, eu não me importo deles verem o quanto eu gosto de te beijar — mordi os lábios.

— Você não ia me mostrar seu quarto? — Questionei estando totalmente perdida com seus toques.

Ele me olhou sorrindo e concordou estendendo a mão como um convite. A segurei e ele me guiou pelas escadas. Passamos pelo corredor a esquerda, só então fui me dar conta da porta que tinha no fim. As portas se abriram em duas depois de Cameron encarar uma câmera que tinha no topo. Passamos da mesma e antes que subíssemos uma escada branca, o segurei pela mão.

— Calma, isso não é do seu avô — afirmei —, isso é tudo seu? — Questionei e ele riu.

— Sim amor, mas vamos subir.

As luzes se acendiam nos degraus na medida em que os subíamos. Estava tão impressionada por saber que era tudo dele que não sabia o que falar.

Cameron abriu outra porta no topo das escadas, dessa vez com sua digital e meu queixo caiu assim que a luz do quarto se acendeu quando entramos.

Caberiam três apartamentos aqui. As paredes eram de vidro preto, tinham duas pilastras pretas e no meio uma cama enorme, um piano a esquerda, uma bateria, um violão e uma guitarra a direita. No meio tinha um tapete enorme cinza escuro, mas no canto a esquerda tinha um cúbico com um saco preto de pancadas e luvas de boxe. As mobílias eram cinzas e pretas, um pouco à frente da cama tinha um sofá preto e uma televisão enorme. Era tudo tão luxuoso e tão solitário ao mesmo tempo.

— É tudo tão lindo amor — o olhei admirada —, mas não tem janelas?

Ele riu ouvindo minha pergunta e com as mãos em minha cintura me puxou para a parede depois da cama.

— Konan, abertura dois — disse em voz alta e as paredes pretas ficaram transparentes após um barulho parecido com o do Windows quando ligamos o computador.

Arregalei meus olhos, daqui tinha a visão de tudo, até de uma cachoeira que parecia ser a uma boa caminhada daqui até lá.

O céu estava estrelado e olhei mais além vendo colinas e pequenas montanhas. Observei abaixo onde o pessoal estava dentro da piscina. Alguns fumando, conversando, se pegando e essas coisas. A música não chegava até aqui ou as paredes eram a prova de som.

— Não sei o que falar — afirmei ainda sem reação e ele sorriu.

— Nunca trouxe ninguém aqui, só meus pais, meus avós e Natalie sabem desse quarto, outras pessoas nem sabem onde dá a porta do fim do corredor, a maioria das vezes venho para cá por outras passagens — o abracei pelos ombros —, contei a todos que aqui é de meu avô pois os meninos iam querer vir sempre e sendo do meu avô posso arranjar uma desculpa.

— Nunca, na minha vida, eu imaginaria que isso tudo é seu — ele começou a caminhar até a cama dele comigo de costas para ela — e nem sabia o quanto sua família é rica.

— Seu pai sabe de tudo e com você demos autorização para falar o que você quisesse saber — ele explicou e eu neguei com a cabeça.

— Sua vida financeira nunca me interessou, nem a de Natalie. Sei que vocês são ricos porque já saiu em um jornal, mas não perguntei pois não vi necessidade, isso não me interessa — afirmei e ele sorriu apertando minha cintura.

— Depois desse jornal todo mundo quis ser amigo de Natalie e de mim, sendo que já queriam isso pelo tal status que tenho em Liberty. A diretora sempre passou pano para mim porque meu pai banca todos os projetos da escola, não porque ela acredita no meu potencial e ela não sabe da metade do que temos — ele disse e eu selei nossos lábios com calma.

— Acredito que ela conheça o seu potencial sim, mas quando se tem muito dinheiro as pessoas se aproximam por isso, não todas, claro — ele concordou.

— Por esse motivo proibi a área depois das cercas — franzi o cenho —, é minha propriedade também, mas tem uma garagem subterrânea onde escondi os carros.

— Meu Deus — ri impressionada — e ainda tem mais — admirei o vendo rir.

— Aqui é enorme na verdade — ele me empurrou cuidadosamente me fazendo cair deitada na cama —, vamos ter muito tempo para ver cada lugarzinho daqui — afirmou ficando em cima de mim e beijando meu pescoço.

Sorri o ouvindo e seus dedos se entrelaçaram nos meus na altura de minha cabeça.

— Eu nunca vi alguém tão linda como você — disse admirado.

Seus olhos azuis esbanjavam adoração.

Sorri acariciando suas mãos com os polegares e passei a língua nos lábios enquanto ele apenas me encarava.

— Me sinto perdida em você e ao mesmo tempo sei que encontrei meu lar — admiti o vendo sorrir —, é incrível e assustador — ele concordou.

Senti seu peso em mim e me inclinei para beijá-lo, mas ele se afastou. Roçou os lábios nos meus e se afastou novamente. O encarei entendendo. Subi minhas pernas em sua cintura e as entrelacei na mesma o puxando mais para mim. O vi engolir em seco e suas bochechas pareciam estar queimando. Ele olhou para baixo e puxou e soltou a respiração duas vezes.

— Me beija logo Cameron — pedi impaciente e ele sorriu voltando a ter controle de si mesmo.

Sua mão direita escorregou até minha cintura e seus lábios se aproximaram de minha orelha, ele sabia que isso me fazia perder o foco com facilidade.

— Vou adorar ouvir isso daqui algumas horas — com sua respiração estava cortada, sua voz rouca e falhada, ele me olhou e eu precisei fechar os olhos para não me entregar — e acabar logo com essa aposta, já sabemos quem sempre ganha.

O olhei sorrindo e em um movimento rápido o empurrei para ficar por cima.

— Desculpe — deslizei minhas mãos na cama, em seguida escorreguei as unhas por seus braços e entrelacei nossos dedos como ele tinha feito antes, passei meus lábios em seu pescoço, mas sem tocá-lo, apenas o deixei sentir minha respiração e aproximei meus lábios dos dele —, o que foi que disse?

Ele sorriu passando a língua nos lábios e ficamos nos encarando por instantes, mas por motivos que ambos entendíamos, sai de cima dele.

Cameron continuou deitado tentando controlar a respiração e passou a mão no rosto avermelhado, sabia que estava com vergonha por ele nunca ter ficado assim, bom, não que eu tivesse sentido.

— Se quiser a gente conversa amanhã — sugeri e ele riu negando.

— Não, não precisa. Só... me desculpa — pediu ainda sem me olhar.

Ri em silêncio e optei por me afastar.

— Tudo bem amor — me levantei e caminhei até a enorme parede de vidro transparente. — Ei, você toca bateria? — Questionei olhando a bateria do quarto e voltei meu olhar para o pessoal festejando logo abaixo.

Senti meus ombros sendo cobertos por uma manta fina e ele se sentou ao meu lado acompanhando meu olhar.

— Não, bom, não mais — explicou.

Apenas concordei o olhando e ele entrelaçou nossos dedos.

— Não está incomodada depois do que aconteceu aqui?

— Não amor, não estou — o tranquilizei —, sabia que uma hora isso aconteceria.

— Achei que nunca tinha passado por algo assim já que... nunca namorou — senti meus olhos encherem d'água e abaixei o olhar.

— Não precisei namorar para sentir alguém excitado — o vi franzir o cenho —, mas foi em uma situação bem horrível — ele apertou minha mão — nada parecido com isso aqui — ri levantando meu olhar. — Estou tentando falar tudo sem chorar.

Ele me abraçou e antes que eu pudesse falar, estava chorando em relembrar tudo e seu abraço ficava cada vez mais firme, me sentia protegida e quando estava um pouco aliviada o olhei.

— Vou contar tudo, até chegar nessa história — ele concordou.

Antes pegou duas latas de água de seu frigobar, trouxe uma toalhinha higiênica preta, me entregou, se sentou novamente e me olhou.

— Leve o tempo que for necessário — pediu beijando minha testa.

— Certo — pensei um pouco e finalmente tomei coragem —, tia Eliza já deve ter contato sobre eu ter adquirido diabetes e sobre fazer muitas coisas ao mesmo tempo, não foi?

— Sim, contou.

— Isso tudo começou quando tinha dez anos, meus pais me colocaram para fazer francês e eu sempre estudei em período integral, então meu fundamental todo foi das sete da manhã até às cinco da tarde. Aos sábados fazia francês e estava ótimo para mim. Quando fiz onze anos minha mãe me colocou para fazer piano e karatê também. Comecei a ficar muito cansada, só tinha onze anos, fazia piano depois da escola de segunda a quarta, francês no sábado quase o dia todo, karatê na quinta e sexta e no domingo tinha igreja, tinha que estudar as matérias da escola e fazer as tarefas. Fora que sempre participei de coisas na igreja. Meu pai nem sempre foi tão bom comigo e minha mãe, bom, é minha mãe...

Ele abriu as latas de água e me olhou.

— Falei a ela que estava cansada e ela contou para o meu pai, mas contou como se eu não quisesse fazer mais nada por frescura. Papai chegou dizendo que eu só estudava, não trabalhava, não tinha que levar comida para casa, que eles nunca pediram nada além do meu esforço e que eu ainda fazia corpo mole, que queria desistir por frescura — suspirei — e o que eu podia fazer? Era só uma criança e quem tinha que me defender, me entender e me ajudar estava me atacando — ele entrelaçou nossos dedos — então cresci com o pensamento de que tudo o que faço por quem eu amo é o mínimo.

— Ainda pensa assim?

— Às vezes, comecei a trabalhar porque ouvi muito eles falando que eu só estudava — ficamos em silêncio por instantes e Cameron parecia não saber o que falar, então continuei. — Eu sempre, sempre tirei notas boas e as mais altas da turma, até da escola. Mas duas semanas antes do meu aniversário teve reunião dos pais e o professor de geografia disse que eu estava com uma nota ruim e sendo a ótima aluna que era, eu facilmente conseguiria recuperar com uma prova. O professor ainda tentou aliviar minha situação dizendo que já tinha resolvido com a diretora e que eu conseguiria.
"Qualquer pessoa via como meus pais eram comigo. Quando chegamos em casa o que minha mãe disse foi um vou contar tudo ao seu pai, eu lembro que chorei implorando para que ela não falasse pra ele, tinha medo porque ele sempre gritava comigo, nunca falava numa boa. Ela me fez ir as aulas de piano e colocar um sorriso no rosto. Quando cheguei em casa e vi meu pai, só chorei. Eu só queria que alguém me entendesse sabe?"
"Mas tudo o que tive foram os dois contra mim, com os dois era assim. Minha mãe enchendo a cabeça do meu pai sem me dar espaço para justificativas e os dois ficavam contra mim. Não estou falando que eles tinham que ficar um contra o outro, mas queria ser escutada. Fico feliz por eles terem melhorado".

Suspirei sentindo lágrimas em meu rosto, acabei rindo de mim mesma e ele me abraçou beijando minha cabeça.

— Não sabia que doía tanto até começar a falar com alguém que não fosse terapeuta — ele concordou acariciando meu cabelo e me estendeu a lata de água.

— Quer continuar? — Concordei após tomar um gole.

Seus braços me fizeram ficar ainda mais próxima, ele depositou suas mãos em minhas pernas e me olhou.

— Fui fazer a prova um dia antes do meu aniversário, meus pais não podiam entrar comigo na sala, só estava eu, o professor de geografia e uma coordenadora. Foi quando tive um ataque de pânico, comecei a chorar de desespero e ficar sem ar, eles acharam muito estranho já que eu sempre fui inteligente e a prova estava fácil. Contei a eles que estava com medo de falhar e de cara entenderam. Com a autorização da coordenadora, o professor explicou as questões, sem dar respostas claro. Ele corrigiu quando meus pais entraram na sala e eu gabaritei a prova. No dia seguinte foi meu aniversário, mas eu estava tão, tão triste por ter ouvido que não me dedicava o suficiente, que levava a vida na brincadeira e pela forma agressiva deles que nem queria sair da cama. Mesmo assim, como teria festa de aniversário com vários convidados, me forçaram a sair da cama e...

Parei de falar quando vi um flashback passando diante de meus olhos.

— Amor? — O olhei.

— Sempre tive unhas grandes, mas por ser muito nova as cortava pois em brincadeiras acabava machucando as outras crianças. Porém, como era meu aniversário, pedi a mamãe que deixasse um pouco grande para poder pintá-las — ri lembrando disso — antes de descer para a festa, comecei a me beliscar com as pontas das unhas, achava que sentindo dor física eu aguentaria a dor que estava sentindo por dentro.

O vi me olhar totalmente sem reação e mesmo assim, suas mãos não fraquejaram em minhas pernas.

— Vou entender se não quiser que eu continue, é muita coisa, sei disso.

Cameron afastou meu cabelo do rosto com delicadeza e beijou minhas mãos. Ele olhou no fundo dos meus olhos e com muita calma disse:

— Vou carregar seus pesos comigo, independente do que for — sorri beijando seu ombro e sentindo o calor de seu corpo. — Você continuou a fazer isso?

— Infelizmente. Continuei a fazer várias coisas e sempre que sentia que estava cansada, me machucava. Começou com as beliscadas, depois comecei a arrancar pequenas mechas de meu cabelo, até chegar ao ponto de nada me doer e eu fazer cortes mais fundos em mim — disse com a cabeça baixa — fui tão fraca, sabe? Queria ter lidado com tudo.

— Não — ele levantou meu queixo —, você era uma criança, é claro que isso não faz bem e não é o meio de resolver seus problemas, mas isso não te faz fraca. Você conseguiu passar disso amor, você conseguiu — disse apertando levemente minhas coxas e eu sorri concordando.

— Com treze anos eles descobriram que estava me automutilando e foi a gota d'água para tudo, meus pais estavam a ponto de se separar, minha mãe começou a perceber tudo o que estava ao redor dela, o quanto algumas coisas estavam me fazendo mal, meu pai estava quase caindo no alcoolismo, Isaac foi diagnosticado com TDAH, um caos. Foi quando minha avó paterna, que é umbandista, deu vários conselhos a minha mãe, ela parou para ouvir e buscou ajuda. Meus pais começaram a passar na terapia e foi ótimo.

Tomei fôlego, bebi água novamente e voltei a dizer:

— Mesmo com tudo isso, continuei fazendo várias coisas ao mesmo tempo, queria ser a filha perfeita, não tinha muito tempo pra fazer amigos e mamãe começou a ficar preocupada, começou a dizer que precisava fazer amigos e que devia parar de me vestir como menino, sendo que eram apenas roupas largas e não tinha nada de errado com aquilo — ele franziu o cenho, mas não disse nada —, dentre tudo isso eu ainda me machucava porque ainda tínhamos conflitos e não conseguia falar com os meus pais e nem queria psicólogo porque sendo criança pra mim eles contariam tudo para os meus pais, era com uma frequência menor, mas me machucava. Em um belo dia, fui para a igreja arrumada do jeito que minha mãe queria e três meninos da igreja chegaram em mim, mas foi bem tranquilo, sai para comer com eles em dias diferentes para ver se algum me interessava, mas não rolou.

— Você é a minha prometida — disse rindo e eu o empurrei pelos ombros.

— Você só não sabia disso — afirmei e ele deu de ombros —, mas então voltei para as minhas roupas largas, Pollo me levava para escola e me buscava todo dia porque fui seguida naquela semana por um homem muito mais velho.

— Seu avô contou sobre o que aconteceu com Pollo, sinto muito — entrelacei nossos dedos novamente balançando a cabeça positivamente.

— Ele era incrível, era meu segundo irmão mais velho depois do meu primo Nicholas, mas não podia ficar muito perto dele, não depois de ter bebido e fumado tudo o que não podia — Cameron ficou totalmente surpreso.

— Você o quê? — Questionou confuso.

— É, amor, essa parte só eu, Nicolly e meu pai sabemos e agora você. Ainda com quinze anos fui dormir na Nicolly, não sabíamos que Pollo daria uma festa, quando chegou o pessoal participamos de tudo. Nicolly sempre quis experimentar tudo o que o irmão consumia e não vou mentir que eu também. Nessa festa eu e ela bebemos tudo o que conseguimos, tudo mesmo, até às bebidas mais fortes para nós. Usamos maconha e aprendi a fumar narguilé sem tossir. Depois desse dia ela parou e eu continuei, bebia e fumava até cigarro com Pollo, tudo escondido e a cada dia me afastava mais de Deus. Achava que estava me fazendo bem por ter parado a automutilação, meus pais não desconfiavam de nada, conseguia relaxar e esquecer de tudo, mas quando chegava em casa ficava mal, o efeito de tudo acabava rápido. Me sentia péssima e só chorava. Continuei me acabando até que Pollo se envolveu com pessoas nada do bem, ele implorou que eu não fosse com ele, mesmo assim fui. Pollo fumou tanta coisa que teve uma overdose e a única pessoa que pensei foi no meu pai. Contei tudo a ele desde o momento em que comecei com aquilo e depois que Pollo sobreviveu não quis mais nada. Papai me ouviu em tudo, disse que me ajudaria a superar e me ajudou. Foi quando ele realmente começou a ser meu pai.

— Sua mãe nunca desconfiou?

— Na verdade, acho que papai já contou e ela, pela primeira vez, decidiu não brigar — expliquei sentindo suas carícias.

Ele acabou rindo.

— Não acredito, Rebecca Malik já bebeu até cair — brincou me fazendo rir.

— Só cai uma vez e foi no seu papinho — brinquei de volta e ele riu me puxando pela nuca.

— No meu papinho? Quem me golpeou foi você lutadora — disse selando nossos lábios, mas logo se afastou.

E eu fiz bico.

— Só um beijinho? — Ele riu com meu pedido e selou nossos lábios outra vez.

Lhe dei passagem com calma e nosso beijo seguiu um ritmo lento.

Sentia como se minha alma tivesse totalmente ligada à dele, não era um beijo levado a provações e desejos, era como se de fato ele sempre estaria ali por mim... e eu por ele.

Sorrimos ao finalizar o beijo e meu coração estava tão acelerado quanto o dele.

— Você sabendo de tudo isso, não muda nada? — Questionei.

— Faz parte da pessoa que eu amo — afirmou olhando nos meus olhos.

Meu coração disparou ainda mais com ele dizendo que me ama.

Sorri o beijando novamente totalmente levada pela felicidade e quando nos afastamos seu sorriso denunciou que ele estava nas nuvens, mas logo voltou a realidade.

— As pessoas acham que para ter a fé em Deus significa ser perfeita, mas estou bem longe disso. A única coisa que tenho certeza é de que Ele sempre esteve e sempre está comigo.

— Quando que você começou a ficar assim?

— Quando descobri a diabete, tive um encontro enorme com Ele — ele me olhou esperançoso. — Estava desacreditada de tudo, principalmente em Deus. Em um hospital a primeira coisa que perdi foi a fé, que já estava fraca. Um dia minha glicose subiu pra HI no hospital, tomei várias medicações e quando minha mãe saiu um pouco do quarto eu comecei a falar com Deus. Falei que se Ele existisse, eu queria ver o mundo espiritual. Nossa para que que eu fui pedir aquilo? — Ri de mim mesma e ele riu junto. — Na madrugada eu saí do meu corpo e me vi deitada na cama. Vi certinho a batalha espiritual pela minha vida, quando comecei a ficar desesperada eu acordei suando frio porque a diabete tinha abaixado demais. Cameron, eu via uma luz muito forte e uma escuridão assustadora lutando. A escuridão tentava entrar na luz e a luz se mantinha forte a todo custo — disse sentindo uma carga de arrepios passando pelo meu corpo. — Acordei chorando e meu pai entrou no quarto na mesma hora, me deram um doce e depois de comer comecei a chorar. Depois daquilo eu decidi que queria estar sempre com Deus, não por religião, mas pelas experiencias que tive.

Ele sorriu beijando minhas mãos.

— Becca — acariciou meu rosto com as costas da mão —, sei que tem mais coisas que você precisa me contar e eu quero saber.

— É, acho que essa parte da minha vida vai te deixar bem... nervoso.

— Ótimo, agora quero saber mais do que nunca! — Disse me olhando e demonstrando todo o interesse no assunto.

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