O Que Fizemos Naquele VerĂŁo

By escritora_biaaguiar

4.7K 635 51

[+18] đŸ„‡ 1Âș LUGAR NA CATEGORIA LGBTQIA+, NO CONCURSO BIGBANG. Naquele verĂŁo, elas estavam no lugar errado, na... More

Notas Iniciais
DedicatĂłria
EpĂ­grafe
PrĂłlogo
PARTE I
CapĂ­tulo 1
CapĂ­tulo 2
CapĂ­tulo 3
CapĂ­tulo 4
CapĂ­tulo 5
CapĂ­tulo 6
CapĂ­tulo 7
CapĂ­tulo 8
CapĂ­tulo 9
PARTE II
CapĂ­tulo 10
CapĂ­tulo 11
CapĂ­tulo 12
CapĂ­tulo 13
PARTE III
CapĂ­tulo 14
CapĂ­tulo 15
CapĂ­tulo 16
CapĂ­tulo 17
CapĂ­tulo 19
CapĂ­tulo 20
CapĂ­tulo 21
CapĂ­tulo 22
EpĂ­logo
Notas Finais
EXTRA!
Agradecimentos
Continue acompanhando!

CapĂ­tulo 18

80 16 0
By escritora_biaaguiar

Madison não precisou abrir os olhos para constatar que tinha algo molhado se movendo por sua barriga, do umbigo para cima, lentamente. Os braços estavam dormentes, colocados sobre a cabeça desconfortavelmente, com pulsos unidos, presos. A garganta estava seca de forma dolorosa e a menina tentou protestar, mas o ar quente que entrou em contato com a sensação molhada na barriga a fez congelar.

Como se finalmente seus sentidos tivessem sido recobrados, Madison se lembrou da cachoeira e do carro parado em meio ao breu. Seu coração falhou uma batida, pois, de repente, ela sabia o que estava passeando por sua barriga. Os arrepios que correram por toda a pele – que agora notava estar despida – despertaram seus instintos de perigo e ela finalmente abriu os olhos.

O estômago revirou.

O homem estava sobre ela, com o rosto áspero roçando na pele macia de sua barriga enquanto a língua passeava suavemente por ali, criando um caminho imaginário entre uma pinta e outra, marcando uma trilha com a saliva fria.

Madison gritou, a voz alta e rouca pareceu despertar o homem de sua tarefa, mas ele não se mostrou incomodado ou surpreso. As lágrimas brotaram dos olhos verdes conforme constatava que de fato estava despida e a única peça de roupa que usava era a calcinha branca com a qual havia saído. O rosto queimou de vergonha e nojo enquanto ela chorava.

— Shhhh...- Ele a repreendeu. Os olhos azuis seguiam gélidos, mas algo em sua atitude a assustou. Ele parecia fora de si, uma pessoa completamente diferente. – Se continuar fazendo barulho eu vou ter que te calar, princesa. Então fica quietinha, sim?

Madison não conseguia responder, a garganta seca doía demais. Desviou os olhos embaçados para fitar o ambiente a sua volta, tentando não sucumbir ao desespero.

Estava deitada em uma cama, com os braços amarrados para cima e os pés amarrados às laterais da cabeceira. O quarto tinha uma decoração estranhamente feminina e infantil. As paredes eram pintadas de rosa pastel, repletas de adesivos das mais variadas formas, desde borboletas até estrelas; e os móveis eram brancos, porém estavam sujos e desgastados. Além da cama, havia um armário e uma estante de livros vazia. O cômodo era iluminado por uma vela.

Os soluços saíam intensos de seus lábios. Sabia que estava morta e não tinha esperanças de fugir, mas a ideia de sofrer nas mãos do homem que lhe prendia àquela cama era pavorosa demais. Madison, por fim, mordeu os lábios, sabendo que não podia fazer muito mais barulho, mas os fungados e soluços baixinhos não cessaram.

O homem subiu pelo seu corpo, para encará-la mais de perto, encostando seu nariz nos dela. Madison congelou, sem conseguir sequer respirar. Estar presa debaixo do corpo do diretor era repulsivo e angustiante.

Ele segurou seu queixo devagar, olhando no fundo dos olhos.

— Isso querida... – Sussurrou, quase tocando os lábios dela com os seus. – Shhh...

Madison balançou a cabeça bruscamente, tentando arrancar as mãos masculinas de seu rosto, mas falhou. Os braços contorciam-se, procurando se libertarem, mas o nó estava bastante firme. As lágrimas mais uma vez desceram por suas bochechas coradas.

Com toda a voz que tinha lhe restado, ela gemeu:

— M-me solta, por favor...- O pequeno fio de voz rouca saiu arranhado. - ... por favor.

A figura robusta em cima de si pareceu refletir por um momento. Ele vestia as mesmas roupas que usava na floresta. Estavam sujas de terra e cheiravam a suor. Depois de alguns segundos, ele voltou a fitar os olhos verdes, contorcendo os lábios finos em um sorriso leve, indecifrável.

— É claro que eu vou te soltar. – Disse ele, deslizando uma das mãos pelo rosto molhado abaixo de si, admirando-a. Cada pedaço da pele macia, sua tonalidade avermelhada, sensível... tudo lhe parecia surreal. Por quanto tempo estava planejando aquilo mesmo?

Madison vacilou, parando momentaneamente de se contorcer. Àquela altura, a última de suas preocupações eram os seios à mostra com boa parte de seu corpo. A fala do homem realmente a fez duvidar. Ele parecia certo do que havia falado.

— Vai? – Sussurrou de volta, inocentemente, ainda rouca.

— Vou sim. – Ele respondeu, mais interessado em deixar a mão deslizar, da bochecha rosa para o pescoço liso e dele para a clavícula, seguindo em direção aos seios desnudos.

Madison prendeu a respiração, trincando os dentes enquanto a mão deslizava em seu corpo para regiões jamais tocadas por outra pessoa. Sabia que morreria, mas certamente sofreria antes.

— Mas...– Ele começou beliscando de leve o mamilo direito dela, o que a obrigou a fechar os olhos, querendo desmaiar novamente pra sair daquela tortura. – Só na hora de irmos.

Madison deixou as lágrimas transbordarem, mesmo de olhos fechados e mais uma vez se contorceu para se soltar. No entanto, os pensamentos cintilaram a imagem de June e ela se lembrou que não havia a encontrado na lagoa. Onde ela estaria?

Da mesma forma, toda a jornada que fizeram juntas procurando desvendar o mistério sobre a garota morta a fizera abrir os olhos. Ela não poderia morrer sem ter, pelo menos, uma resposta.

— Onde você escondeu ela? – Questionou, ignorando a mão áspera lhe cutucando os seios.

Ele parou a carícia por um momento, lhe fitando com olhos estreitos, algo em seus olhos azuis brilhou. Madison tentou se manter fria, mas seus braços continuavam lutando para se libertar.

Depois de alguns segundo encarando os frágeis olhos verdes, o diretor riu.

— Eu sabia.... – Disse ele, de repente se afastando. No entanto, o alívio de Madison durou pouco pois ele logo deslizou as mãos por sua coxa, deixando-a passear até chegar na perna com resquícios do corte dos arames. – O sangue era seu, não é princesa?

Madison não respondeu. Sua mente estava confusa, ocupada demais tentando relacionar as coisas. Como o diretor sabia sobre sua relação com June? E por que estava ali?

Por que eu? Pensou.

— Vocês até que foram boas sabe, querida? Mas não iam encontrá-la de qualquer forma...

— Por quê!? – Grunhiu Madison, contendo o ímpeto de soltar um palavrão. – Onde você enterrou ela?

— Isso não importa mais, importa?

— Importa! – Vociferou, forçando mais os braços pra tentar se soltar. O homem, no entanto, continuou lhe fitando quase impassível. – Seu filho da puta! Você matou uma pessoa!

Tomada por uma fúria crescente ao ver a expressão zombeteira do mesmo, Madison ignorou qualquer pingo de sanidade e cuspiu no rosto alheio, com ódio e repulsa. O homem pareceu paralisar momentaneamente, mas logo reagiu dando um tapa forte em seu rosto. Madison choramingou, sentindo a pele arder e as lágrimas brotarem, mas não ousou soluçar alto.

Furioso, ele agarrou seu rosto, tremendo de raiva.

— Quer saber o que eu fiz com ela!? – Ele grunhiu, fora de si. Madison arregalou os olhos, arrependida de tê-lo provocado. – FALA!

O grito dele quase a fez pular. Encolheu-se, assustada e virou o rosto, temendo outro tapa. Contudo, ao contrário do que imaginava, o homem simplesmente começou a desamarrá-la.

— O que vai fazer? – Perguntou ela, temerosa.

Internamente, Madison apenas rezou para morrer rápido, mas temia que não seria atendida em seu pedido. Com os braços soltos da cama, mas ainda atados um ao outro, ela tentou se mover rapidamente para escapar, mas foi tomada pela dor absurda. Suas articulações rígidas pareciam estar naquela posição há anos e ela gemeu de dor.

Contudo, seu lamento logo foi interrompido quando o homem, violentamente, a puxou pelos cabelos, arrastando-a para fora da cama. Madison gritou pela dor intensa e caiu no chão frio, tentando conter o choro. Porém, antes que pudesse tentar se levantar foi puxada novamente, com brusquidão.

Ela tentou se erguer, diminuir o peso e a força em seu couro cabeludo, no entanto, mais um puxão brusco a fazia tropeçar em seus próprios pés. Os soluços medrosos voltaram.

— Você não queria saber o onde eu escondi a princesa antes de você? – Ele cuspiu, ríspido, sem afrouxar o aperto nos cabelos femininos. – Eu vou te mostrar então, querida.

Madison ofegou. O rosto pálido todo melado de lágrimas e cheio de ardor destoava completamente da figura impecável que chegara no acampamento. Ela se arrastava rente as pernas masculinas, tentando não sucumbir a dor de vez.

Depois de alguns segundo torturantes, o homem parou diante de um cômodo branco e se abaixou para puxar Madison pela cintura, praticamente abraçando-a por trás, firme. A garota, por sua vez, sentia as pernas bambas, mas tentou se manter de pé, ignorando a presença que lhe roçava.

Ele caminhou agarrado a ela como se estivesse atado a um boneco de marionete, controlando suas articulações para lhe obedecer. Ambos pararam de frente para uma banheira, aparentemente impecável.

Madison fitou a cerâmica limpa, assim como a de todo o banheiro branco e fungou, em dúvida e sem forças para esboçar qualquer reação.

— Aí está. – Ele sussurrou em seu ouvido.

Duas lágrimas escorregaram juntas, uma em cada bochecha em seu rosto estapeado.

Madison balançou a cabeça.

— Não tem nada aqui. – Respondeu com a voz falha e embargada, soluçando vez ou outra. Estava frágil com um filhote e seus ombros continuavam latejando, desacostumados com a liberdade.

— É claro que não, boba. – A voz masculina soou divertida, em uma tonalidade que ela jamais ouvira, quase orgulhosa. – Graças a você e a outra pirralha, eu tive que me aventurar em coisas novas. Foi divertido, confesso. Mas eu gostava da pequena Kim.

Inicialmente, Madison franziu a testa, sem paciência para entrar em um jogo de charada, no entanto, deixar o olhar vagar pela banheira brilhante lhe fez ter um calafrio. Os dedos enrijeceram de tensão e ela deixou o olhar continuar seguindo pelo infinito branco até um círculo preto, o ralo.

Presa na visão da pequena forma, Madison ignorou o queixo áspero esfregando-se em seus ombros soltando uma risada baixa. Intrinsecamente, sua mente começou a gritar uma série de alertas e a mandar impulsos que ela corresse. Mas como fazer isso com alguém grudado sem seu corpo?

Ela pensou no rosto da garota nos ombros dele aquela noite, inerte, sem vida, mas ainda um corpo, ainda inteira. Fitou o breu infinito dentro do ralo e quase podia ver os restos do que um dia fora um corpo flácido pendurado nos ombros do assassino.

Com um grito esganiçado, Madison sentiu as pernas fraquejarem e desistiu de qualquer plano de fuga. Como poderia seguir sabendo que graças ao que tinham visto a pobre menina jamais teria seu corpo velado?

Ela se deixou ser acariciada, sem forças. O choro repleto de angústia e culpa, tiravam de Madison qualquer esperança de sobreviver aquilo. Contudo, mesmo que a dor lhe consumisse, o ódio seguia firme, intacto.

— SEU MONSTRO! – Gritou a plenos pulmões, lutando para se soltar novamente. –  Você tá morto! A June vai ligar pra polícia! Mesmo que me mate, eles vão te pegar, seu merda!

— June? – Retrucou ele, com deboche. – A menina que eu matei agora a pouco? 

Madison vacilou momentaneamente. Os olhos verdes ficaram distantes, procurando de todas as maneiras, compreender o que aquelas palavras significavam.

— Eu já estava de olho nela há tempos, não tinha como ela escapar de mim...

Dor.

Madison se encurvou, subitamente entendendo o que ele estava confessando. A imagem de June morta, exatamente da mesma forma que a garota que passaram o verão procurando, lhe estraçalhou por dentro.

Mais um grito sôfrego. Ela se debateu violentamente. Como poderia estar se rendendo sem lutar depois do que ele tinha feito com June?

— Não, não, não....! – Grunhiu, chorando e lutando contra os braços fortes que a mantinham presa ao corpo robusto.

— Shh, vai ser pior se tentar fugir. – Ele tentava acalmá-la, sem sucesso.

— Vai se foder! – Gritou, furiosa. – Eu vou te matar!

Como que por um milagre, Madison conseguiu soltar um dos braços e dar uma cotovelada no rosto dele. O homem soltou um urro de dor e segurou o nariz. Cambaleante, Madison se desvencilhou do restante do corpo masculino e caminhou em direção à porta do banheiro, no entanto, seus olhos estavam embaçados demais e as lágrimas fartas lhe impediam de pensar em qualquer coisa que não fosse June.

Se lembrou do dia na floresta onde descobrira o primeiro nome dela, Amaya; recordou-se da dor de ter abandonado sua única verdadeira amiga, que lhe conhecia como ninguém, para viver uma farsa; dos momentos divertidos no penhasco; dos sorrisos discretos e da postura sempre segura dela, mesmo que por dentro fosse tão frágil quanto. Por fim, lembrou-se do carinho emitido pelos profundos olhos cansados, sob a luz da garagem. Olhos de quem nunca a abandonaria, olhos de alguém que lutaria para lhe proteger.

Por Deus a amava tanto!

Madison chorou e precisou levar as mãos ao rosto para limpar a visão turva. Pouco lhe importava o corpo praticamente nu. O momento, porém, cobrou seu preço.

Com um empurrão brusco ela foi ao chão. O rosto fino bateu na cerâmica do piso alvo com força o suficiente para lhe entorpecer os sentidos e amolecer seus membros. Um estalo abafado ecoou. Quando abriu os olhos pesados, viu sangue esguichando de seu rosto para o piso. Incapaz de raciocinar, Madison logo foi subjugada e imobilizada pelas mãos firmes do assassino.

Percebendo que ela estava amolecendo, o homem a puxou de volta para o quarto, jogando-a na cama outra vez e amarrando suas pernas e braços.

— Você tem muito o que aprender, querida. – Ele dizia enquanto se atentava com os nós. – Não se preocupe, logo vou levar você pro carro, partiremos antes do amanhecer.

Madison gemeu dolorida, sentindo parte de seu rosto pesada. Algo lhe dizia que tinha quebrado algum osso. O sangue descia da face para o pescoço e depois banhava o seio.

— Tudo isso é culpa sua, meu amor.... – Ele apertou outro nó. – Eu já tinha uma princesa, mas então eu vi você... tão linda... eu queria te ver o tempo todo... Você, Madison, me fez abrir mão de tudo. Da princesa Kim, do acampamento, de tudo.

Madison cuspiu um pouco de sangue que se acumulava na boca e se manteve em silêncio, ignorando as coisas que ouvia. A mente ainda estava imersa nas memórias ao lado de June e lhe confortava ao menos saber que talvez fossem se ver outra vez.

— Foi uma coincidência tão absurda ver que você estava envolvida com aquela outra. – Ele balançou a cabeça, fitando o estrago que tinha feito no rosto dela. – Vocês acharam mesmo que eu a enterraria depois do que viram?

Ele riu, inclinando uma das mãos para limpar uma lágrima que escorria pelo lado não ensanguentado do rosto de Madison. Ela sequer lhe encarava, parecia perdida em pensamentos, quase morta.

— Eu estava sempre cuidando de você, Madison. De perto e de longe. Sempre...- Ele tirou a blusa suja de terra e agora de sangue. Por fim, se inclinou, colocando-se sobre ela, aconchegando-se entre suas pernas. – Eu vou poder finalmente cuidar de você do jeito que eu gostaria. E antes do amanhecer, vamos partir.

Ele depositou uma série de beijos pelo pescoço delicado dela, ignorando a região com sangue.

— Não fica com medo, sim? – Disse entre beijos. – Eu não vou te matar, nós vamos viver tranquilamente, igual eu vivi com a pequena Kim. Você só precisa ser obediente.

— Mas você a matou. – Retrucou Madison, sentindo o sabor metálico em sua língua. O corpo não esboçou nenhuma reação aos beijos que desciam até seus seios. – Você a derreteu!

Ela só queria que tudo terminasse de uma vez.

— Eu fiz isso por sua culpa. – Disse ele, mais preocupado em brincar com os mamilos róseos. – Você me seduziu.

Madison balançou a cabeça, mas logo se arrependeu quando a dor em sua face aumentou, fisgando com força. O líquido quente continuava descendo por seus olhos e bochechas. Com a língua, ela constatou que um de seus dentes estava parcialmente arrancado e que era dele que o sangue em sua boca vinha.

— Eu nunca fiz nada. – Sussurrou, sofregamente. – Eu nunca nem falei com você...

— Ah você fez, querida. Você fez.

Dito aquilo, ela fechou os olhos, permanecendo quieta para tentar amenizar a dor em sua bochecha ferida. Mordeu a língua para evitar dar a ele o prazer de ouvir seu sofrimento. Deixou o corpo masculino continuar tomando posse do seu, espalhando a saliva em sua pele exposta e abrindo suas pernas para melhor se encaixar ali.

Concluiu internamente que June teria vergonha de vê-la naquela situação, rendida sem ao menos lutar. Por um instante, aquilo quase lhe deu forças para empurrar o homem que mordia seu pescoço e esfregava o busto com o seu. Mas então, Madison se lembrou que June estava morta e desistiu de qualquer resistência. Qual sentido faria escapar daquilo? Voltaria para sua família? Viveria uma mentira de novo?

Marie costumava dizer que precisava ser ela mesma e Madison trabalhou naquilo durante o verão. Mas o que havia ganhado em troca? Rejeição? Perda? Dor?

Oh não.

Momentos. Descobertas. Um beijo.

Quase sorriu ao pensar no penhasco e na liberdade de pular para o vazio, de soltar palavrão a esmo para se divertir e de admitir que estava gostando de sua melhor amiga, sentindo-se livre de amarras que sequer sabia que existiam. Tudo sobre ela havia mudado – ou apenas sido revelado. Ela não sabia ao certo o que aquilo significava.

O choque de sentir a última peça de roupa de seu corpo ser lentamente puxada para baixo a fez paralisar. As mãos tremeram, medrosas. Por que não poderia simplesmente partir sem passar por aquilo antes?

Com olhos fechados, Madison pensou em qualquer coisa que pudesse fazer para acelerar sua morte. Morder a língua? Bater seu rosto contra o dele, piorando o sangramento?

E o que mais?

Sua mente era um turbilhão desesperado. O som do zíper alheio a fez sucumbir ao desespero outra vez. Contorceu-se violentamente, tentando gritar e fazer sua melhor expressão de pavor, mas foi atingida por uma dor dilacerante no rosto, seguida de outro estalo abafado.

Com brusquidão, o homem apertou suas bochechas, terminando de quebrar o pequeno osso que estava prestes a fazer Madison desmaiar de dor. Ela gritou, agoniada com o polegar alheio fundo de uma forma completamente anormal em sua maçã do rosto que parecia não existir mais.

— Eu disse pra ficar quietinha, não foi?

O grito estridente, no entanto, foi interrompido pelo som cortante de um alarme. Madison chorava alto, sem conseguir mais aguentar a tortura e o homem levantou-se rapidamente, confuso. Não demorou cinco segundos para uma buzina ser ouvida junto com o alarme do veículo disparado.

Com um palavrão, ele se ajeitou e saiu do cômodo, urgente. Madison, por sua vez, queria gritar e pedir socorro, mas não sentia conseguia mover um músculo de seu rosto sem sucumbir a dor.

Portanto, ficou ali, ainda sem esperanças, esperando o que quer que o destino a tenha reservado.

Continue Reading

You'll Also Like

2.9K 104 14
[MINHA PRIMEIRA FANFIC!!] Foram meses, meses, e meses que Morajo havia sumido de Verade... Ninguém conseguia entrar em contato com ele, ou ao menos r...
89.5K 11.4K 58
Duas crianças cometem um assassinato e agora tentam esconder o crime a todo custo, enquanto isso um detetive investiga o caso. 🏅150° Suspense (17/06...
1.3K 164 14
Hinata Hyuuga uma garota de 22 anos que teve seu casamento arranjado com um cara de 29 anos chamado Naruto mas quem ela queria mesmo estar era seu me...
1.8K 193 18
Depois dos acontecimentos em duskwood, Isabelly se vĂȘ em mais um desafio, um cara chamado Eric manda mensagem para ela perguntando sobre seu amigo de...