O Que Fizemos Naquele VerĂŁo

By escritora_biaaguiar

4.8K 635 51

[+18] đŸ„‡ 1Âș LUGAR NA CATEGORIA LGBTQIA+, NO CONCURSO BIGBANG. Naquele verĂŁo, elas estavam no lugar errado, na... More

Notas Iniciais
DedicatĂłria
EpĂ­grafe
PrĂłlogo
PARTE I
CapĂ­tulo 1
CapĂ­tulo 2
CapĂ­tulo 3
CapĂ­tulo 4
CapĂ­tulo 5
CapĂ­tulo 6
CapĂ­tulo 7
CapĂ­tulo 8
CapĂ­tulo 9
PARTE II
CapĂ­tulo 10
CapĂ­tulo 11
CapĂ­tulo 12
CapĂ­tulo 13
PARTE III
CapĂ­tulo 14
CapĂ­tulo 16
CapĂ­tulo 17
CapĂ­tulo 18
CapĂ­tulo 19
CapĂ­tulo 20
CapĂ­tulo 21
CapĂ­tulo 22
EpĂ­logo
Notas Finais
EXTRA!
Agradecimentos
Continue acompanhando!

CapĂ­tulo 15

94 17 1
By escritora_biaaguiar

Com o cair da noite, June enfiou o canivete no bolso e saiu do quarto para encontrar Madison. Apesar de a festa seguir a todo vapor, ela preferiu voltar para o quarto no fim da tarde para terminar de planejar os últimos detalhes da invasão à sala do diretor e da procura na cachoeira.

— Amanhã. – Concluiu baixinho, enquanto caminhava pelos corredores tumultuados.

A música eletrônica seguia intensa, levando as pessoas perto do lago à loucura e June balançou a cabeça, sorrindo, enquanto via a bagunça generalizada de adolescentes dançando molhados, seminus e gritando.

Caminhou com mais cuidado quando começou a se aproximar do prédio da administração, cujas luzes estavam todas apagadas e olhou rapidamente à sua volta, em busca do olhar que lhe perseguia nos últimos dias, mas não o encontrou, o que a fez soltar um breve suspiro de alívio.

Fez o caminho até o bicicletário e de lá conseguiu ver a pequena construção da garagem. A porta velha que havia na lateral estava encostada, mas era possível ver uma singela iluminação vinda de dentro. Com as sobrancelhas levemente fincadas e o coração um pouco mais palpitante do que o normal, June se aproximou da porta e empurrou devagar.

A luz amarelada de uma lâmpada velha iluminava o pequeno cômodo empoeirado e June franziu mais a testa ao notar um carro estacionado, com aparência deplorável. No entanto, a repulsa logo deu lugar ao pavor ao perceber que o carro do diretor estava ali, estacionado.

Automaticamente sacou o canivete. O primeiro pensamento que teve foi que Madison estava em perigo e aquilo espalhou uma descarga poderosíssima de energia por seu corpo, mas logo a adrenalina baixou, quando a garota apareceu em seu campo de visão.

— Calma, ele não está aqui. – Disse Madison, com um sorriso brincalhão nos lábios.

June soltou a respiração, mas sem conseguir responder ao sorriso que recebia. Madison lhe encarava com curiosidade, aguardando uma resposta, mas depois revirou os olhos e caminhou garagem adentro, deixando-a na porta.

Com um suspiro, June a seguiu devagar, com olhos espertos correndo pelo ambiente estranho. Além do carro do diretor, havia outro muito mais velho, aparentemente abandonado. Nas paredes estavam pregadas algumas prateleiras cuja cor era indecifrável embaixo da grossa camada de poeira.

— Surpresa. – Anunciou Madison, abrindo os braços sem muita empolgação.

De início, June não entendeu, estava mais ocupada torcendo o nariz para o sofá apodrecido que jazia no canto, apertado perto dos carros. No entanto, com a voz de Madison, ela despertou de sua avaliação e fitou uma série de itens coloridos dentro de uma cestinha que, infelizmente, estava em cima do sofá imundo, junto com algumas latas de refrigerante.

Bombons e refrigerante, uma mistura estranha aos olhos de June. Além dos chocolates, havia também uma pequena caixinha de som, que estava próxima do celular de Madison.

— O que é tudo isso? – Perguntou, confusa.

Madison deu de ombros, aparentemente hesitante com a pergunta.

— Achei que você precisava relaxar um pouco... – Respondeu ela. – Então bolei isso aqui.

June apenas assentiu e continuou observando o local minúsculo. No entanto, olhar para o carro do diretor lhe despertou um sentimento de urgência e de repente, ela soube que não poderia deixar aquela oportunidade passar.

Sacando o canivete outra vez, se encaminhou em direção ao carro, que agora, sob a luz amarelada, ganhava uma tonalidade escura, quase preta.

— Ei, ei! – Gritou Madison. – O que tá fazendo!?

— Não vamos ter outra chance, vou tentar abrir o porta-malas e ver se tem alguma prova aqui. – Respondeu, analisando cuidadosamente o pequeno feixe para colocar a chave que havia no porta-malas do veículo.

Porém, antes que pudesse se aventurar em tentar abrir, Madison colocou uma das mãos em seu ombro.

— Jun, eu te chamei pra relaxar! – Repreendeu ela. – Esquece isso!

— Esquecer!? Faz ideia do que tá pedindo? – Retrucou Jun.

Madison suspirou, reunindo paciência para que não ficassem brigadas de novo, pois tinha outros objetivos para aquela noite.

— Você acha mesmo que vai conseguir abrir o carro dele sem disparar o alarme? Além do mais, acha que ele seria louco de deixar alguma prova aqui? – Murmurou, fitando os olhos puxados.

Como se percebesse que estava insistindo em algo demasiadamente complicado, June baixou os ombros e respirou fundo, mas se manteve em silêncio. Percebendo a ausência da resposta, Madison virou as costas e voltou para perto do sofá velho, pegando seu celular e teclando rapidamente algumas coisas. 

Alguns segundos depois, a garagem estava imersa em uma melodia que logo passou a reverberar, mesclada com uma voz masculina.

June congelou.

Creep.

— Lembra de quando eu mostrei essa música pra você? - Disse Madison, nostálgica. - Eu sou viciada ainda.

— É, acho que lembro. - Comentou June, tentando não vacilar. O falso desinteresse era quase doloroso, mas não sabia como reagir. Madison ainda lembrava?

Ainda com o canivete entre os dedos finos, agora girando devagar, ela caminhou até o sofá, mas não teve coragem de se sentar nele, então sentou-se no chão, apoiando suas costas no estofado desgastado.

Por alguns segundos, deixou-se absorver pela letra da música. Por que diabos se identificava tanto com aqueles versos? Fitou a garota à sua frente, que cantava de olhos fechados. Ali, sentada, June entendeu que não era a música que lhe prendia, e sim Madison e sua presença fantasmagórica. 

Sim, estava presa a ela.

A visão da garota morta outra vez arrastou para longe qualquer outra preocupação. Subitamente, sentiu-se culpada. Uma menina seguia desaparecida, morta e tudo o que conseguia fazer era se enfiar em uma garagem com Madison. Pra que? Se divertir? Deus como isso é errado!

Com um suspiro exausto, June deixou a cabeça pender de lado, encostando-se no sofá sujo. No cômodo, a música já era outra e Madison desembalou um chocolate, colocando-o inteiro dentro da boca. Depois de alguns momentos mastigando, ela caminhou até o sofá, abrindo um refrigerante e voltando a se afastar, dançando.

June pegou um bombom da cesta, com uma embalagem dourada e comeu, sem tirar os olhos da dança desajeitada da outra. Sabor chocolate, surpreendentemente.

Madison, por sua vez, aproveitava cada segundo do sabor adocicado da cereja em sua língua, mesclado com a acidez do refrigerante. Fechando os olhos com a música suave, ela dançou devagar, com movimentos lentos.

— Você bebeu alguma coisa na festa? – Provocou June, com um sorriso leve.

Afastada de seu breve torpor, Madison arregalou os olhos com a pergunta, mas depois riu, voltando a rodopiar, deixando os cabelos soltos dançarem.

— Vai se foder! – Riu. – Eu não bebo!

— Sério?

Ela assentiu, parando momentaneamente a dança para fitar a garota sentada no chão. Com um sorriso meio sem graça, percebeu que ainda não tinha contado aquilo para ela. Deixou os olhos se perderem nos castanhos e notou que June carregava pesadas olheiras.

Com o coração um pouco mais apertado, Madison concluiu que talvez não estivessem mais tão próximas. Estavam seguindo caminhos diferentes. Era como se, aos poucos, o assassino estivesse conseguindo separá-las.

O pensamento a fez se arrepiar.

— Eu também não bebo. – Confessou June, quebrando as reflexões aflitas de Madison. Por fim, continuou: – Você disse que queria falar comigo, o que houve?

Madison ponderou por uns momentos, subitamente hesitante. Ela sabia que tudo aquilo no fim das contas não tinha passado de um pequeno surto nervoso, mas não estava disposta a falar aquelas coisas. Com um suspiro imperceptível, moveu os lábios:

— Não é nada demais. Só queria te tirar um pouco da festa.

Depois de alguns segundos em silêncio, June riu, baixando a cabeça e brincando com a embalagem dourada do chocolate.

— Obrigado então, acho que funcionou.

Retribuindo o sorriso, Madison voltou a se concentrar na música, ignorando momentaneamente a presença alheia. June permaneceu no chão, apenas observando os movimentos suaves e os cabelos escorridos que dançavam junto com a figura.

Esticando os braços e formando uma pequena moldura com seus dedos, prendeu Madison naquele pequeno quadro imaginário, procurando gravar seus movimentos para sempre em sua memória.

Sem que pudesse conter, os olhos umedeceram e os lábios tremeram. Mirando os cabelos castanhos que procuravam acompanhar os graciosos movimentos da dona, June sentiu que aquela poderia ser a última vez que via Madison daquela forma, tão bela e tão livre. Com o coração disparado, percebeu que não estava pronta para morrer.

O mundo era belo demais para simplesmente arriscar tudo. Dentro da pequena moldura, Madison riu por se atrapalhar na hora de beber refrigerante. Os movimentos, apesar de leves, eram desleixados e não acompanhavam a música, o que fez Jun sorrir, expulsando um pouco o medo da morte.

A dona dos olhos verdes, ao contrário do que parecia, estava com os pensamentos frenéticos e pouco organizados. Ela procurou se divertir, fitando os próprios tênis enquanto rodopiava. A bermuda levemente suja de terra não era graciosa como um vestido esvoaçante, mas parecia perfeita naquele momento.

As mãos tremeram segurando a latinha gelada. Quase soltou um palavrão por, mais uma vez, estar sentindo aquele desconforto no estômago, um soco de ansiedade. Como se aquela sensação subitamente a despertasse das maravilhas da dança, ela ergueu os olhos claros e viu June, que estava com os braços esticados, formando um quadrado com os dedos, como uma artista analisando sua modelo.

As bochechas queimaram.

— O que está fazendo? – Indagou, sem graça. Jun baixou os braços, dando de ombros.

— Nada não.

Com os olhos verdes desconfiados, Madison assentiu ao mesmo tempo em que uma nova música se iniciava. Balançou a cabeça, seguindo o ritmo da bateria, enquanto os pés moviam-se, dando um passo para o lado e depois para o outro. Soltando mais suas articulações, Madison voltou a dançar, procurando ignorar o olhar de Jun e o episódio constrangedor, mas estava impossível.

A cada giro, verdes procuravam os castanhos. O coração acelerou e as mãos suaram. A guitarra misturou-se com a bateria aumentando o tom da música e consequentemente os movimentos de Madison. Por um momento, fitou novamente as olheiras debaixo dos pequenos olhos escuros e viu tensão.

Toda a discussão que tiveram naquela manhã se fez presente em seus pensamentos e Madison parou momentaneamente a dança, perdendo o ápice da canção. June parecia alheia a tudo e mantinha um olhar distante, que parecia olhar através da garagem.

Um novo soco de ansiedade fez Madison ofegar, no entanto, o breve descontrole desapareceu com mais um gole de refrigerante. A bebida cheia de gás desceu queimando pela garganta, lhe dando um pouco da coragem que precisava para enfrentar muitas das coisas que se passavam em sua cabeça.

Com passos lentos, caminhou em direção à June e sentou-se ao seu lado, aproveitando para colocar a latinha no chão. Como se finalmente se despertasse do transe, June virou o rosto, notando que o ombro de Madison tocava o seu, mesmo que em alturas diferentes.

Com um olhar interrogativo, esperou Madison dizer algo, mas os olhos verdes lhe encaravam tão distantes quanto o seu.

— O que houve? – Sussurrou June.

Madison hidratou os lábios e desviou o olhar.

— Eu que te pergunto. – Respondeu. – O que estava pensando? 

June hesitou antes de responder:

— Nada demais.

Prevendo a resposta esquiva, Madison apenas suspirou e sorriu, cansada.

— Se for sobre o que conversamos de manhã, saiba que eu não vou te deixar de novo.

Sentiu-se quente. Com apenas aquela frase, sentiu que havia encaixado uma engrenagem que há muito estava fingindo que não existia. Naquele momento, teve mais certeza de que mesmo quando o verão acabasse queria a presença de June.

No entanto, June não respondeu, estava ocupada lidando com seus próprios demônios. O canivete jazia esquecido entre seus dedos enquanto os lábios secos tremiam, prontos para expulsar todas aquelas sensações invasoras que a garagem lhe despertava.

Como se sentisse que June precisava de uma ajuda para se manter ali, presa no momento, Madison fez seus dedos dançarem devagar pelo chão sujo até encontrar a mão dela, que estava fria, acolhendo-a com cuidado entre seus dedos.

Automaticamente, o corpo enrijeceu, sentindo-se subitamente invasiva demais, porém não desfez o contato. Ao longe, conseguia ouvir as poderosas batidas da música eletrônica que agitava a festa no lago.

Evitando contato visual, Madison permaneceu ali, rezando para ser de alguma ajuda. June, no entanto, viu tudo oscilar ao sentir o calor da mão alheia sobre a sua. Arrepiando-se com o contato, ela fitou os dedos finos sobre os seus. A mão de Madison tinha um tom mais bronzeado do que a sua e os dedos pareciam ser mais longos.

Poderia ficar ali pra sempre.

Como se o toque simplesmente quebrasse o muro que barrava suas emoções, June deixou a guarda baixar:

— Eu estou cansada, Maddie. – Sussurrou. – Você não faz ideia... 

Madison apertou ainda mais sua mão.

— Eu sei sim. Eu posso ver.

June fechou os olhos, tentando conter a vontade de simplesmente gritar e fugir para a floresta, sumindo para sempre, assim como a garota morta. No entanto, um pensamento iluminou suas reflexões pessimistas.

— Mas sabe de uma coisa? - Fechou os olhos. - Eu fico feliz por saber que, se não fosse tudo isso, não estaríamos juntas aqui. Então, vale a pena, eu acho.

Os olhos verdes analisavam cada traço do rosto marcado por sardas. Com os olhos estreitos fechados, June parecia muito mais vulnerável. Deixando o olhar correr pelas pálpebras expostas, pelas olheiras escuras e as bochechas marcadas, Madison se permitiu explorar o rosto dela, sentindo-se mais uma vez, um pouco intrusa por desfrutar daquele momento tão íntimo de fragilidade.

— Você tá certa. – Sussurrou Madison, por fim. – Mas...

Deixou a voz sumir, sem saber como continuar. Na verdade, ela só conseguia pensar que tudo era muito maior do que as coisas que June dissera. Não era apenas sobre estarem ali, juntas, mas sim sobre algo maior, uma mudança muito mais profunda e duradoura. Não era só sobre o verão, era muito mais antigo.

June abriu os olhos, pegando os olhos verdes lhe fitando intensamente.

— Mas...? – Indagou.

Madison mordeu o lábio inferior, sem conseguir desviar o olhar. A música que corria ali sequer era notada.

— Mas é algo muito maior. Eu quero que as coisas continuem assim, mesmo quando o verão acabar, não quero que você se afaste. – Madison sorriu, sabendo que seu rosto devia estar vermelho.

Não fazia ideia do que estava acontecendo naquele momento, mas não queria que acabasse.

— Eu não vou me afastar, então. – Respondeu June, baixinho, sem entender o que Madison queria dizer com aquilo, mas incapaz de desviar os olhos do sorriso dela.

Entendendo que aquela resposta era tudo o que precisava para se deixar levar de vez pelo bater frenético de seu coração e os acordes da guitarra, Madison se perdeu nos castanhos e, lentamente, cortou a curta distância entre elas.

A cada centímetro avançado, mil sensações diferentes a tomavam e os olhos verdes encaravam os castanhos intensos como nunca. Quando a respiração quase inexistente de June tocou seu rosto, Madison entendeu que era exatamente aquilo o que ela queria desde o momento em que bolou aquela pequena reunião.

Mais uma engrenagem se encaixou e os lábios se tocaram.

Os lábios molhados de Madison hidrataram os secos de June, enquanto aumentava a pressão do selinho devagar. Se antes o coração estava acelerado, agora parecia prestes a infartar e ela precisou expulsar uma dezena de pensamentos que queriam lhe distrair da tarefa tão importante que estava desempenhando.

Desajeitadamente, Madison desejou explorar mais daquilo e usou a língua para tentar aprofundar o carinho. Ao sentir os lábios finos de June se entreabrirem, ela ganhou um pouco de mais confiança para de fato consumar o beijo.

Porém, quando adentrou o território estranho e deixou sua língua ir de encontro à outra, Jun se afastou bruscamente, empurrando-a para longe.

— O que tá fazendo? - Cuspiu ela.

Madison corou, ainda em choque pela rejeição súbita. Com a voz trêmula, ela respondeu, de cabeça baixa:

— D-desculpa.... Achei que você quisesse. – Sussurrou, constrangida.

June parecia lhe levado um choque. Seus pensamentos estavam frenéticos, em uma mistura tenebrosa de cadáver, música e Madison.

— Escuta otária, eu não sei aonde você está com a cabeça, mas estamos envolvidas em algo muito sério! – Vociferou. – Eu não tenho tempo pra essas bobagens, tá legal? Duas pessoas podem ter morrido e você fica dançando e fingindo que tá tudo bem? Então deixa eu te dizer uma coisa: NÃO ESTÁ TUDO BEM!

Madison tremeu com o grito, sem saber como reagir. No fundo, ela entendia que June estava certa. Tudo aquilo parecia bobo diante de tantos eventos bizarros, contudo, as palavras ainda doíam de uma forma que nunca imaginou sentir.

Reunindo o que lhe restava de orgulho, Madison se levantou, juntou suas coisas e cessou a música. Sob o olhar atento de June, que parecia esperar uma resposta, ela caminhou até a porta, mas antes que pudesse sair, sentiu uma das mãos dela em seus ombros.

— Não vai dizer nada? – Inquiriu, June.

Ela engoliu o seco, tentando expulsar um nó doloroso que se formara em sua garganta.

— Já pedi desculpas. Me solta por favor.

Hesitante, June obedeceu, começando a sentir culpa pela forma como falara.

— Escuta... - Começou, arrependida.

— Não. – Madison a cortou, magoada. – Eu já entendi. Não se preocupe, vou focar no que é importante, mas me deixe em paz por hoje.

Sem aguardar uma resposta, a dona dos olhos verdes saiu da garagem, carregando seus bombons, o celular e algumas latinhas de refrigerante. Conforme se afastava da construção, deixou as lágrimas que se acumulavam finalmente transbordar, dando enfim, espaço para seu próprio sofrimento.

Caminhou para seu quarto sem olhar para trás, deixando June dentro da garagem.

O que ela não percebeu em meio à sua dor de rejeição é que, em uma das janelas, estava o homem que temiam, observando sua caminhada descuidada com olhos maliciosos. No entanto, o que fez os olhos dele brilharem de fato, foi notar uma segunda silhueta sair da garagem e caminhar para longe, de cabeça baixa.

O diretor sorriu e acendeu um cigarro.

— Muito curioso. – Sussurrou e depois riu. – Destino de merda.

Fechou as cortinas laranja e ligou o rádio. Tinha uma viagem para organizar.

Continue Reading

You'll Also Like

2.5M 138K 95
Hot LĂ©sbico. Morgan apresenta o mundo BDSM para sua nova parceira Joy Anna, e a garota precisa aprender o seu lugar, descobrindo as maravilhas de ser...
786 70 11
fanfic +18 lesbicas Eiva Ă© uma adolescente de 17 anos que foi mandada para uma escola de freiras logo depois de ter sido pega transando com uma garot...
Xeque-Mate By editsx_lua

Mystery / Thriller

157K 7.5K 42
Um jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo. De um lado do tabuleiro, a delegada Priscila Caliari, do outro, a e...
21.2K 934 28
#VENCEDORTHEWATTYS2022 | O corpo. As palavras soam como um estalo na minha mente. Olho para Daisy e Cassie no banco de trĂĄs, ainda assustadas, pĂĄl...