Nota do autor: Pela primeira vez, tomei a coragem de escrever e publicar uma fanfic minha e devo isso ao meu maravilhoso marido Phillipe e a minha querida amiga iAltoSax que me incentivaram e me convenceram a escrever novamente depois de longos anos. Muito obrigado, meu amor e minha amiga, depois que comecei a escrever de novo minha vida ficou mais leve e me ajudou muito a enfrentar essa pandemia em que vivemos. Quero agradecer também a minha amiga Laurinha que amou minha história até então e também está me incentivando muito a continuar. Ela me ajudou a revisar os capítulos a procura de erros horográficos e gramaticais. Muito obrigada migs >< mais uma vez te devo uma. ><
Novamente, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortáveis e quiserem fazer críticas construtivas eu ficaria muito grata. Aproveitem. ^^
Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.
Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.
Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Minha amiga minha (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
O tempo passou noite adentro. Devia ser por volta das duas da manhã e a madrugada estava fria demais, especialmente para uma noite de verão.
Tentei me levantar para pegar nossos casacos, a fim de nos manter aquecidos durante a noite, mas havia me esquecido completamente da minha perna machucada. No momento em que apliquei pressão na perna para ficar de pé, desabei de volta ao chão. Suprimi um pequeno gemido de dor o melhor que pude para não acordar Thorin. Olhei para ele para ter certeza de que ele não havia acordado e felizmente ele ainda estava dormindo. Mas seu sono não era nada agradável, pois ele estremeceu quando o ar frio atingiu sua pele exposta. Como é sabido, os anões têm uma certa resistência ao frio, mas parece que o verão está cada vez mais perto de seu fim.
'Droga, não consigo me levantar e não quero acordá-lo, o que devo fazer?' Eu cerrei meus dentes em pensamentos, então finalmente decidi arriscar usar um pouco de minha magia.
Recitei meu feitiço, mantendo o volume da minha voz o mais baixo possível, e ao terminar de recitá-lo, eu pude sentir meu corpo mudar para a minha forma de lobo mais uma vez. Cuidadosa e silenciosamente me levantei da minha posição no chão e me movi o mais perto que pude de Thorin, esperando que o calor do meu corpo, assim como o de meus pelos, aquecessem seu corpo, ao mesmo tempo me certificando de evitar fazer ruídos desnecessários que pudessem acordá-lo.
Assim que comecei a ficar confortável, senti seu corpo começar a se mexer, o que me assustou, fazendo-me congelar em meus movimentos. Eu não tinha ideia de como ele reagiria ao quão perto estávamos dormindo um ao lado do outro, mas para minha surpresa ele acabou se aconchegando mais perto, quase desejando o calor intenso que meu corpo estava produzindo. Eu sorri e me envolvi ainda mais em torno dele, se ele me repreendesse no dia seguinte, eu não me importaria, contanto que ele estivesse aquecido e dormisse a noite toda.
O restante da noite passou sem problemas, decidi deixá-lo dormir e assumi o turno dele de vigília, ele passou por maus bocados e merecia um descanso. Não demorou muito para que eu pudesse ver os primeiros raios de sol atravessando as linhas das árvores que compunham a floresta atrás de nós.
P.O.V de Thorin
Comecei a despertar do meu sono quando senti os raios do sol tocarem meu rosto, me chamando para acordar de meu sono tranquilo. Dormi incrivelmente bem ontem à noite e queria ficar deitado um pouco mais. Sem nem mesmo abrir os olhos, aninhei-me mais perto do pelo macio e aveludada que estava ao meu redor e, por um momento, pensei que estava de volta à minha cama nas Montanhas Azuis.
Resmunguei em protesto ... Eu não queria acordar ainda. Enquanto isso me aproximei do calor que o cobertor de pelos fornecia e, para minha surpresa, o cobertor se mexeu sob meu toque. No começo eu não dei muita importância a isto, pensando que era apenas minha imaginação, mas quando eu estava começando a me sentir confortável novamente, ouvi uma risadinha em minha mente.
"Bom dia meu rei, não imaginei que fosse possível que você pudesse ficar mais rabugento. Rapaz, eu estava enganada." Eu então abri meus olhos e tentei me acostumar à luz do dia e quando olhei para o lado, uma enorme cabeça de lobo estava olhando para mim, com as orelhas relaxadas e pude ouvir seu rabo abanando levemente atrás de mim. Me afastei abruptamente, procurando minha espada, sem dar as costas para o lobo. Mas quando eu estava prestes a pega-la, pude ouvi-lo em minha mente mais uma vez, rindo de mim.
"Sou eu, Estelwen, não tenha medo. Lamento ter colocado você em uma situação tão embaraçosa, mas permita-me explicar. Na noite passada, a temperatura havia caído e você estava tremendo. Não consegui me levantar para pegar nossos casacos por causa da minha perna, então fiz a única coisa que pude pensar. " O fato de ter dormido encostado nela me fez ferver de vergonha misturada com raiva, mas não pelo fato de ter dormido ao seu lado. Algo mais urgente estava me incomodando.
"Como você pode falar dentro da minha mente? Você conseguia ler nossas mentes todo esse tempo elfa?!" Eu vi a expressão da loba mudar de serena para tensa e, mais uma vez, ouvi sua voz na minha cabeça.
"Não, Thorin, eu não leio a mente das pessoas. A não ser de seres com mentes fracas, sem qualquer bloqueio. Estamos falando assim porque estou na forma animal e alguns animais não conseguem falar a língua comum. "
Eu olhei para o elfo com desconfiança. Ela suspirou e a enorme loba lutou para ficar de pé, virando as costas para mim e se transformando novamente na meia-elfa. Ela mancou em direção às nossas roupas e foi então que notei várias linhas brancas de velhas cicatrizes aparecendo por baixo de sua túnica e principalmente a enorme queimadura em seu ombro, que descia por todo o braço.
'Como eu não vi isso antes?' Pensei e resolvi satisfazer minha curiosidade. "Pensei que elfos escondessem suas cicatrizes. Vocês não tem uma magia que faz isso?" Eu perguntei
"Eu lhe disse ontem a noite Thorin, as cicatrizes nos lembram de que estamos vivos, os elfos normalmente tem vergonha de suas cicatrizes por pura estética. Eu por outro lado, devido a minha criação talvez, me orgulho delas." Ela disse enquanto pegava as roupas penduradas, aparentemente, e para nossa sorte, elas haviam secado durante a noite.
"E como você conseguiu elas?" Eu perguntei.
A elfa levou um tempo para responder, seu silêncio começou a me irritar então eu insisti em obter uma resposta dela. "Elfa?"
Ela então se vira trazendo as roupas." Desculpe-me, estava pensando em uma forma de resumir os mais de cinco mil anos marcados em mim."
"Mais de cinco mil?!" Eu disse incrédulo, o que fez a elfa cair na gargalhada. É sabido que elfos são imortais, mas pelo jeito que ela se comporta, ela com certeza não age de acordo com sua idade.
"Desculpa, não pude evitar. Sim, eu tenho mais de cinco mil anos. Não sei ao certo quanto a esta altura. Parei de contar anos atrás..." a elfa comentou, enquanto segurava o braço marcado com a queimadura, ela parou por um momento, perdida em seus pensamentos. "Não temos tempo para isso agora, temos que encontrar os outros. Mas prometo que lhe contarei tudo quando nos encontrarmos com nossos amigos e principalmente quando tivermos um momento de paz." Ela disse entregando minhas roupas para mim, mas sem olhar em meus olhos. Ela estava visivelmente perdida em suas memórias.
Enquanto eu me vestia, suas últimas palavras martelavam em minha mente. Eu conhecia esse olhar muito bem. Era um olhar que eu costumava ter quando me lembrava de memórias dolorosas do passado. Eu estava ficando cada vez mais frustrado com essa mulher. Me incomodava profundamente que ela tivesse tantos segredos e contasse sua história tão vagamente, omitindo partes cruciais. Mesmo que ela tenha provado que é confiável, nós merecíamos saber a verdade. Esta elfa estava escondendo algumas coisas de nós, ela age de maneiras que contradizem a forma que eu me lembro como os elfos agiam, e ouso dizer ... ela me lembra mais a um anão do que um elfo, e eu quero saber por quê. A primeira coisa que farei quando encontrarmos os outros é fazê-la falar, de um jeito ou de outro.
Eu terminei de me vestir e fui ajudar a elfa que ainda estava com dificuldade devido ao sua perna. Um sentimento de pena e culpa me inundaram enquanto a garota tentava ao máximo esconder a dor que sentia ao mexer seu braço ou por peso em sua perna.
Terminamos de nos reequipar, apagamos a fogueira e fui para a margem do rio para lavar o rosto. A água estava mais calma agora. Ontem, estava incrivelmente agitada ... a fúria do rio fez com que o nível da água subisse, um contraste completo com o que eu estava vendo hoje. Aquele turbilhão que vimos ontem parecia nunca ter existido quando olhamos para o rio tranquilo que corria à nossa frente.
"Temos que encontrar um local que eles possam atravessar." ouvi a elfa dizer ao se aproximar de mim. "Eles provavelmente não sabem que conseguimos chegar ao outro lado." Ela comentou.
"O nível da água baixou bastante. Acha que é o suficiente para atravessar? Ainda mais com os pôneis?" Perguntei.
"Acredito que sim. A correnteza não está forte como ontem. Eles não correm perigo de serem dragados como fomos. Quer seguir em direção a cachoeira? Pode ser que encontremos um local seguro para eles atravessarem." Fiz que sim com a cabeça e começamos a caminhar no sentido oposto ao curso do rio, torcendo para encontrarmos nossos companheiros no caminho. Pude ver que Estelwen andava com muita dificuldade mas sua teimosia não permitia que parássemos para descansar, apesar de eu ter sugerido inúmeras vezes. É então que ela tropeça e cai no chão.
"Já chega!" eu disse e apesar de todo o seu protesto eu a peguei no colo e a coloquei em uma pedra mais a frente. "Pronto, vamos fazer uma pausa, quer você queira ou não. Se eu conheço meu pessoal, eles vão encontrar um caminho seguro para descer a cachoeira e seguir o rio. Eles vão nos alcançar em breve se apenas ficarmos em um lugar. "
Ela nem tentou argumentar, apenas aceitou, o que me deixou aliviado.
P.O.V de Estelwen
Me senti péssima por dar tanto trabalho a Thorin, e minha perna estava doendo muito. Não queria nem ver como estava por debaixo do curativo. Provavelmente estava piorando. Elrond saberia o que fazer mas infelizmente Thorin não quer ver os elfos de jeito nenhum e eu não irei forçá-lo. 'Vai ficar tudo bem, já passei por coisas piores' eu pensei.
Não passou muito tempo antes que eu começasse a ouvir o som de cascos batendo contra o chão de terra à distância, ficando mais alto a cada minuto. Eu sorri e olhei para Thorin. "Eles nos encontraram." Thorin sorriu de volta e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Peguei sua mão e, em vez de soltar, ele a colocou em seu ombro para que eu pudesse me apoiar, se necessário. Tentei tirar minha mão, dizendo que não precisava de ajuda, mas ele insistiu.
"Nem tente impedir, você não está em condições de andar por si mesma, deixa eu te ajudar." Eu sorri e me apoiei no anão, começamos então a seguir em frente para nos encontrarmos com nossos amigos no meio do caminho.
É então que vemos do outro lado da margem a companhia galopando ao longo da margem. Doze anões, um hobbit e um mago à frente segurando seu cajado na mão, com um cristal azul claro brilhante na ponta. Eu sorri e pensei 'Ada...você lembrou' quando nos notaram, gritaram de alegria e comemoração. Nunca os vi tão felizes e aliviados. Alguns até choraram, provavelmente ao ver que Thorin estava vivo e ileso. 'Graças a Mahal, não fracassei' eu pensei. Eles gritaram dizendo que havia um local bom para atravessarem a poucos metros para trás de onde estávamos e começaram a fazer o caminho de volta em direção ao ponto de travessia.
Eu e Thorin os acompanhamos ao longo da margem até chegarmos ao local da travessia. Quando todos haviam cruzado, eu me soltei de Thorin e me afastei dele. O que foi bem a tempo pois rei foi repentinamente jogado no chão pelos dois jovens príncipes que o abraçavam enquanto choravam descontroladamente. Eu ri da situação antes de ser puxada de repente para um abraço por meu ada, que estava rindo enquanto me girava no ar de alívio por me ver segura.
"Minha querida, graças a deus você está bem, nunca mais faça isso, você me deu um baita susto." Eu abracei meu pai de volta sorrindo.
"Não se preocupe, você criou bem sua filha, já sobrevivi a coisas piores" eu respondi.
Meu pai riu e em seguida me colocou no chão mas sem o devido cuidado, sem perceber o desconforto que minha perna estava me dando por causa da bota que cobria o inchaço. Ao colocar meu peso na perna machucada, soltei um grito de dor e cambaleei para trás. Eu teria caído no chão se não fosse pela pessoa atrás de mim que me impediu de cair e sentir mais dor. Quando olhei para trás, vi que quem me ajudou foi Bilbo, cujo olhar estava cheio de preocupação com o meu bem-estar. Thorin, agora tendo se levantado, veio ver se eu estava bem enquanto os irmãos se viraram e trocaram uma risada silenciosa, mas sabida. Não tenho dúvidas de que eles estavam preocupados comigo, mas pareciam saber de algo que eu não sabia.
"Estelwen está tudo bem? O que aconteceu?" Gandalf me perguntou preocupado.
"Está tudo bem Gandalf, eu só machuquei a perna." respondi.
"Não seja teimosa elfa." Thorin disse, enfurecido e então se virou para meu pai. "Gandalf, ela quebrou a perna quando me protegeu na queda, você acha que pode fazer alguma coisa?"
Todos ficaram extremamente preocupados comigo, especialmente Bilbo e me fez apoiar ainda mais nele. Eu soltei um longo suspiro 'e lá vou eu dar trabalho aos outros novamente' pensei.
"Infelizmente eu não tenho conhecimento de cura suficiente para tratar isso." Gandalf comentou entristecido.
"Está tudo bem meus amigos, vou ficar bem, não se preocupem. Já estou cuidando disso agora que minha magia voltou. Pode demorar um pouco, mas logo estarei melhor." Eu disse, tentando o meu melhor para convencê-los de que podemos continuar avançando. Se eles vissem a verdadeira condição da minha perna, seríamos forçados a parar na cidade élfica e Thorin nunca me perdoaria. "Além disso, temos que seguir em frente, se haviam trolls por perto, quem sabe que outras criaturas perigosas poderiam estar à espreita. Podemos nos preocupar com minha lesão depois de pararmos esta noite." Eu insisti, para que assim continuássemos nossa jornada.
Ada me olhou preocupado, mas ele sabia muito bem que, se dissesse que apenas Elrond poderia curar minha perna, Thorin pensaria que ele estava apenas inventando uma desculpa para ir a Valfenda. "Deixe-me pelo menos ministrar um pouco de cura, então você poderá andar melhor." Ele disse por fim.
"Deixa-me pelo menos ministrar um pouco de cura, assim você conseguirá andar melhor." Gandalf disse, o que foi muito bem vindo.
Montamos em nossos cavalos e começamos a seguir o caminho de volta para a Cachoeira. Assim poderíamos subir a encosta novamente e voltar para a trilha. Gandalf e Balin continuaram a liderar a companhia, procurando o melhor lugar para escalarmos com os animais. Thorin e eu fomos colocados no meio do grupo. Os rapazes queriam ficar de olho em nós para garantir nosso bem-estar e segurança, depois de tudo que passamos ontem. Fili e Kili cavalgaram ao lado do tio o tempo todo. A expressão de Thorin não tinha preço: uma mistura de tédio, raiva e impaciência enquanto seus sobrinhos decidiram flanqueá-lo e bombardeá-lo com perguntas.
Quando finalmente encontramos um caminho menos íngreme, já estava anoitecendo e decidimos montar acampamento. Seguimos com a rotina de sempre, mas desta vez os jovens príncipes, aparentemente de castigo por importunar tanto o tio, ficaram com a tarefa de arrumar as camas de todo mundo da companhia. O semblante deles era de puro terror e armaram o acampamento com todo o cuidado do mundo, 'o sermão foi grande' eu pensei com um pequeno sorriso no rosto.
Me sentei mais afastada dos demais, como de costume, mas dessa vez foi para tratar minha perna, que estava piorando. Eu não tinha todas as ervas de que precisava no momento e a região estava inchada e extremamente vermelha. Peguei um tônico que havia na mochila, que estava presa à sela de Beleza ' com meus equipamentos vai ser mais fácil agora.' Respirei fundo e joguei um pouco do conteúdo em minha canela e a massageei, cerrando os dentes para me impedir de fazer ruídos de dor. Logo em seguida, apliquei uma mistura de ervas que eu tinha guardado e torci para que o inchaço diminuísse.
Enquanto enfaixava minha perna novamente, pude ouvir alguém se aproximando de mim. Era Balin, carregando duas tigelas de sopa, uma em cada mão.
"Boa noite, Balin", cumprimentei meu amigo, mas sem desviar os olhos do que estava fazendo. "Vou terminar de enfaixar minha perna e falo com você." Um silêncio veio do anão quando ele se sentou ao meu lado e colocou as duas tigelas no chão.
Depois de um tempinho, ele finalmente se pronunciou, enfatizando a última palavra: "Não precisa ter pressa, leve o tempo que precisar 'Splendarr'." Ao ouvir o nome que foi me dado pela minha Amad (mamãe), senti um calafrio correr pela minha espinha. 'Eu deixei passar informação demais' pensei. E então me virei para encarar o anão nos olhos, com a cabeça levemente inclinada para demonstrar dúvida.
"Balin? Você me chamou de quê?" Perguntei, na esperança que ele pensasse que havia se enganado.
"Você pode parar com o fingimento, eu só conheci uma pessoa que lutava daquela forma. E essa pessoa é minha mestre. " Balin repreendeu, lançando-me um olhar penetrante. "Como você se atreve a esconder sua identidade de mim."
Eu olhei para ele chocada. Sabia que ele descobriria mais cedo ou mais tarde. Soltei um longo suspiro e encarei meu velho amigo novamente. "Balin, desculpa ter guardado isso de vocês. Sim sou eu Splendarr. Me perdoem, eu-" Antes que eu pudesse terminar, Balin me interrompeu furioso.
"Porque mentiu para mim? Splendarr nunca esconderia nada, não de mim, ela não pode ser você." Vi uma profunda tristeza e decepção nos olhos de meu aprendiz, o que cortou meu coração profundamente, e lágrimas começaram a correr de meus olhos.
"Balin me perdoa. Eu não tive escolha. Eu precisava que confiassem em mim primeiro, acha mesmo que acreditariam em mim se eu contasse que alguém com sangue élfico foi criado por anões e viveu com eles durante anos? Me diga? O que Thorin teria feito comigo? Na melhor das hipóteses ele me expulsaria do grupo." Eu disse.
"Eu teria acreditado em você mestre" Disse Balin com lágrimas nos olhos.
"Teria mesmo? Mesmo depois de eu ter abandonado você?" Perguntei sem conseguir segurar minhas próprias lágrimas.
"Você nunca nos abandonou?!? Thrór me explicou que você se foi porque os conselheiros dele estavam causando problemas a ele devido a sua presença. Você abriu mão de morar em sua casa por direito pelo nosso rei, porque eu te odiaria por isso?"
Eu ri um pouco enxugando minhas lágrimas. "Você cresceu tanto Balin, ficou ainda mais sábio do que quando era na época em que eu te treinava. Sinto tanta falta daqueles dias. Se eu não tivesse ido embora, talvez-"
"Talvez você tenha morrido também? Eu te conheço muito bem, você teria encarado o dragão de frente, tamanha é a sua teimosia."
"É você tem razão" disse rindo enquanto segurava meu braço onde estava minha queimadura. "Você acha que Thorin e os outros vão me perdoar por não ter contado antes? Ou mesmo acreditaram em mim?"
"Thorin vai ser mais difícil de convencer. Thráin fez questão de não contar sobre você para ele. O único que sabe sobre você é meu irmão Dwalin mas desculpe, tive que omitir o fato de você ser meia-elfa. Ele tem muita raiva dos elfos provavelmente por influência de Thráin e claro, pelo que aconteceu aquele dia. Quanto aos outros, eles gostam muito de você e te respeitam muito, principalmente por ter salvo nossas vidas e principalmente de nosso Rei e príncipe. Fili, Kili e Ori nasceram depois do que aconteceu então eles não sentiram na pele a traição, apenas ouviram histórias, eles serão certamente os primeiros a confiar em você. E eu estarei ao seu lado também. "
Abracei meu velho amigo agradecida, sem conseguir conter a cascata de lágrimas que corriam em meus olhos e sorri. "Muito obrigada meu kurkarukê (pequeno corvo)"
Balin que ainda estava tentando se conter, ao ouvir seu antigo apelido, que eu havia lhe dado com tanto carinho, a muitos anos atrás, me abraçou de volta e desabou junto comigo."
"Splendarr...é você mesmo... não acredito que te reencontrei depois de tantos anos. Me perdoa por não ter lhe reconhecido e principalmente pela forma que te tratei no início desta aventura. Você foi a melhor professora que eu já tive por favor me perdoe. " Abracei Balin ainda mais forte.
"Está tudo bem meu querido amigo, fico feliz que lembre de mim. Eu senti tanto a sua falta. Você, Thrór, Thráin. E Dwalin, que era apenas um bebe quando fui embora. Sinto muito por não ter visto vocês crescerem. "
Balin se afastou de mim e disse, depois de enxugar suas lágrimas. " Você está aqui agora, e é isso que importa. Espera até os outros saberem de tudo, ficarão chocados." Ele completou com uma risadinha.
"Não conte a eles por favor. Quero contar eu mesma." Eu disse
"Splendarr você não pode manter isso em segredo por muito tempo. Logo logo eles vão descobrir." Balin comentou apreensivo.
Eu hesitei um pouco. "Balin eu... eu vou contar...mas...não esta noite, todos estão tão felizes que Thorin está de volta, deixa eles comemorarem mais um pouco."
É então que Balin dá uma risadinha, eu olhei interrogativa para ele até que descobri a resposta quando dois jovens anões se jogam em cima de mim rindo, me dando um forte abraço e eu os abraço de volta rindo ainda mais. "Fili? Kili? O que estão fazendo aqui? Não estavam de castigo?" Perguntei provocando os dois príncipes.
"Quieta, ele pode ouvir, se ele nos achar estamos ferrados." Disse Kili brincalhão enquanto se abaixava para deitar ao nosso lado.
"Além do mais, já terminamos de montar tudo e queríamos ver você elfa. Como você está?" Perguntou Fili " Sua perna está melhor?" Kili complementou.
"Eu estou bem meninos, a perna ainda dói um pouco mas irei sobreviver. Mas infelizmente não consigo curar o osso quebrado." eu disse enquanto olhava para minha perna.
"O que faremos então? Você vai acabar ficando pior se continuar assim." Perguntou Kili preocupado.
"Só conheço uma pessoa que poderia curar esse ferimento, mas infelizmente não podemos ir até ele" Eu comentei enquanto pensava em Elrond.
"Porque não? Tenho certeza que nosso tio vai entender, você faz parte do grupo Estelwen não podemos deixar que você continue desse jeito" Disse Fili e ao ouvir isso meu coração bateu um pouco de felicidade. Saber que os príncipes e Balin, meu velho amigo, me aceitavam como uma deles aquecia meu coração.
"Também acho que deveríamos levar você a algum lugar para ver essa perna." Disse Bilbo que havia chegado tão silenciosamente que surpreendeu a todos nós.
"Bilbo?! Porque está me olhando desse jeito?!" Bilbo me encarava com sangue nos olhos.
"Onde você estava com a cabeça quando soltou a corda? Poderíamos ter seguido com os cavalos até você alcançar Thorin ou algo assim. Você podia ter morrido. Os dois podiam ter morrido." Ele disse irritado.
"Eu realmente agi sem pensar, meu amigo. Mas eu não tive escolha. Eu precisava chegar a ele o mais rápido possível." Respondi
"Como foi que você quebrou a perna afinal?" Perguntou Kili curioso.
"Essa maluca me abraçou e pôs seu corpo entre mim e a água. Recebeu todo o impacto na queda". É então que todos olhamos para cima e vemos Thorin de braços cruzados olhando para o nosso pequeno grupo.
Ao ver o tio os meninos se entreolharam em pânico e fizeram o maior silêncio possível torcendo para que Thorin não os percebesse. Thorin então conta tudo o que nos aconteceu após a queda da cachoeira, como se fosse a coisa mais normal do mundo, eu fiquei vermelha de vergonha e comecei a comer minha sopa, que a essa altura já havia esfriado, na tentativa de disfarçar meu desconforto.
"Vocês dormiram juntos? Pergunta Fili. "Praticamente sem roupa?" Completou Kili me fazendo engasgar com a comida.
" N-n-não foi isso que ele disse" eu tentei dizer em meio a um ataque de tosse.
Os meninos começaram a rir até levarem dois cascudos do tio que estava vermelho e furioso com os meninos.
"Já chega vocês dois vão dormir agora mesmo e torçam para amanha eu estar de bom humor se não farei os dois darem banho em cada um dos pôneis." Ouvimos os dois começarem a reclamar mas ao olhar para Thorin desistiram, deram boa noite e saíram correndo para suas camas.
Eu, Bilbo e Balin não conseguimos nos conter e soltamos uma gargalhada o que enfureceu ainda mais Thorin.
"Vocês também. Temos um dia longo amanhã e a elfa precisa dormir para se curar logo."
"Mas eu vou-" Antes que eu pudesse terminar, Thorin já me cortou na hora.
"Você não vai nada, pelo menos uma noite você vai dormir, ontem você já me tapeou e não me acordou para trocarmos de turno, hoje você vai dormir sim Estelwen." Fiquei surpresa, não entendi por que havia tanta raiva vinda do rei anão, mas não ousei questioná-lo e simplesmente concordei com seus termos.
Bilbo me ajudou a levantar e andamos até onde estava sua cama que havia sido colocado ao lado da minha. "Thorin disse para eu ter certeza de que você ficaria na cama para dormir."
"Bilbo eu já disse que elfos não tem tanta necessidade de dormir." Insisti.
"Estelwen você não me pediu para que eu lhe protegesse? É o que eu estou fazendo agora vá se deitar." Eu ri e desejamos boa noite um para o outro. Balin acenou de longe para mim com um sorriso e eu retribui. Dwalin foi logo atrás dele, provavelmente irá interrogá-lo sobre o que conversamos. 'Espero que guarde bem meu segredo, meu amigo'. Me deitei em meu saco de dormir e sem perceber já havia pegado no sono.
Na manhã seguinte, levantamos acampamento e subimos morro acima a pé para não sobrecarregar nossos animais. Decisão que no final acabei me arrependendo. Ao chegarmos na trilha que estávamos no dia anterior, comecei a sentir os sintomas da inflamação em minha canela aflorando.
Minha respiração começou a falhar e me senti mais cansada do que o normal. Mesmo assim não falei nada para não preocupar os outros e muito menos atrasar a viagem. Além do mais, Bilbo ficou o tempo todo ao meu lado, eu tinha que me controlar, se não ele iria perceber que eu não estava passando bem. Montamos em nossos animais e seguimos viagem.
P.O.V de Bilbo
Estelwen está ofegante demais após a subida. Ela está mais do que acostumada a trilhas como esta. Porque ela tem de ser tão cabeça-dura, eu pedi para ela ir montada para não forçar a perna mas ela insistiu 'não quero que Beleza escorregue ou algo do tipo devido ao peso em excesso' ela me disse. Mas mesmo assim, agora ela parece exausta e eu temo que sua perna esteja inflamada. A perna dela não se parecia em nada com a outra, estava inchada de forma anormalmente ... era preocupante para dizer o mínimo. E para variar ela não deixou nem Oin dar uma olhada se estava tudo bem.
Montamos novamente em nossos animais e continuamos nossa viagem, mas foi então que a olhei novamente e vi suor escorrendo pelo seu rosto. O dia não estava tão quente assim é então temi o pior, 'pronto essa é a gota d'água' eu então incitei meu pônei para frente e aparelhei com os pôneis de Gandalf e Thorin. Tento falar o mais baixo possível para que minha amiga não nos ouça.
"Thorin, Gandalf, temos um problema." sussurrei me inclinando para mais próximo deles para me ouvirem.
Thorin então me olhou preocupado, ele sabia do que se tratava pois ele mesmo tinha pedido para que eu ficasse de olho em nossa amiga.
"Como ela está?" Gandalf e Thorin perguntaram simultaneamente.
"Receio que ela não esteja bem, ela está suando, acredito que algo está muito errado com a perna dela. " Ao ouvir isso Gandalf arregalou os olhos mais preocupado que antes e Thorin ficou incrivelmente irado com a notícia.
"Vamos fazer uma pausa, Balin, Oin venham aqui." Thorin disse. Olhei para ele com medo enquanto ele ia na direção de nossos amigos, comigo seguindo de perto.
P.O.V. de Estelwen
Ori e Bofur ficaram encarregados de juntar os pôneis e os cavalos mais adentro na floresta, para que os mesmo pudessem pastar e descansar. Peguei as rédeas de Beleza e as dei para Ori, ele olhou para mim e perguntou "A senhorita está bem? Você parece mais pálida e cansada do que de costume." Ele perguntou preocupado enquanto me ajudava a sentar em uma pedra.
"Estou sim Ori, só estou um pouco cansada, mas obrigada por se preocupar." Eu disse tentando pôr um sorriso no rosto.
Ori, nem um pouco convencido, sugeriu "Por favor Estelwen peça para Ori ver sua perna. Estamos preocupados com você."
"Está bem meu amigo, vou pedir" ele sorriu e levou Beleza para junto dos pôneis.
Quando me virei, encontrei-me diante de três anões, um mago e um hobbit olhando para mim com raiva e de braços cruzados. Olhei para eles intrigada mas já sabendo o que me esperava. Thorin, Balin, Oin, Gandalf e Bilbo olharam para mim por um tempo até que Thorin foi o primeiro a falar.
"Ok elfa, já passou o tempo de Oin ver sua perna, queira você ou não." Ele disse, mais irritado do que de costume.
"Meu rei não há necessidade disso, eu tratei minha perna esta manhã, eu estou bem." menti.
"Estelwen pare com isso, deixe Oin ver sua canela, ele pode te ajudar" Bilbo falou com tristeza no olhar. Eu suspirei e disse.
"Está bem, podem-" é então que um farfalhar de folhas ao longe chama minha atenção. "Esperem...alguém se aproxima..."
"Não mude de assunto, não vamos-" Coloquei minha mão sobre a boca de Thorin, interrompendo-o para que eu pudesse ouvir melhor.
É então que o farfalhar pode ser ouvido de todos ao nosso redor e Thorin entendeu que eu estava falando a verdade. Gandalf então, incita o grupo a pegar as armas.
"Depressa, preparem suas armas!" Eu ameaço me levantar mas Thorin me segura pelo ombro e me força a ficar sentada. É então que a companhia fez um círculo ao meu redor para me proteger Foi então que ouvi com mais clareza a origem do ruído.
"Esperem! Parecem...patinhas?...Muitas delas... vindo em nossa direção rapidamente!" Comentei enquanto ouvia atentamente, confusa e perplexa, por um momento pensei que algo estava errado com meus ouvidos. "Eles são ... coelhos?"
É então que derrapante um trenó puxado por vários coelhos surge da mata, com seu condutor gritando. "Ladrões! Fogo! Morte!" O condutor gritou até que parou no meio do nosso grupo. Quando o vi, um sorriso largo surgiu em meu rosto.
"Mestre Radagast!" Eu gritei e me levantei o mais rápido que minha perna permitia e fui em sua direção para abraçar meu antigo mestre, me desvencilhando dos anões que antes me protegiam e agora me olhavam atônitos e irritados por eu ter me levantado.
O mago me deu um forte abraço em retribuição. "Estelwen, minha querida, que bom te ver. Está mais linda do que da ultima vez que a vi"
"Ora vamos lá mestre eu não mudei absolutamente nada nestes últimos 170 anos."
"Disso eu não tenho dúvidas, continua mais teimosa que nunca o que a senhorita fez com sua perna?" Eu desviei o olhar do mago e encarei o chão envergonhada. O mago então continuou " Eu te ensinei todas as ervas e plantas que você poderia usar nisso aí, você sempre manteve um estoque com sigo, o que aconteceu? Voltar a conviver com os anões lhe deixou desleixada?" De início o grupo ficou irritado com o comentário mas um detalhe chamou mais sua atenção, fazendo-os olhar para mim, o que me deixou apavorada.
"É... uma longa história, mestre..." Disse torcendo para o grupo esquecer o assunto. "Eu acabei quebrando a perna e as ervas não estão sendo suficientes para garantir que a região não inflame.
"Oh minha querida, bem ... Eu não tenho a magia para curar algo assim, sem que demore um tempo e você ficaria bastante vulnerável. Sem mencionar que deixei todos os meus suprimentos em casa. Você deveria ir ver o Senhor Elrond, só ele pode ajudá-lo. " O comentário de Radagast me fez engolir em seco e eu pude sentir o olhar enfurecido de Thorin me atingir.
Gandalf percebeu e tentou mudar de assunto. "A propósito meu velho amigo o que faz aqui? Deve ser algo muito importante para ficar tão longe de casa." Ele disse preocupado.
"Gandalf meu amigo, eu procurava por vocês dois. Há alguma coisa errada...alguma coisa muito errada." É então que ele ameaça falar mas algo o interrompe, como se estivesse tentando lembrar do que iria dizer.
Ele tenta dizer novamente mas desiste "Oh ...eu tinha uma coisa...estava...estava na ponta da minha língua, eu...eu esqueci. Oh não era uma coisa não era só, humn um insetinho" É então que um Bicho-pau começou a sair de sua boca e Gandalf o pega, entregando-o nas mãos de Radagast. Eu dei uma pequena risada ao ver os rostos incrédulos e desgostosos de meus amigos ao presenciar aquela cena. 'Como eu senti falta desse doido' eu pensei.
Gandalf então convida Radagast para se afastarem e poderem conversar melhor, eu ameacei ir junto mas uma mão firme segurou meu braço, interrompendo meus passos. Eu solto um longo suspiro, já sabendo de quem a mão pertencia ' eu sabia que não me livraria dessa tão facilmente' pensei.
Thorin então me empurra na direção de Oin dizendo. "Examine a elfa, quanto mais rápido resolver isso menos ela vai nos atrasar." Ao escutar suas palavras senti como se meu coração se quebrasse em mil pedaços.
"Thorin..eu..." Ele se afastou sem nem mesmo diminuir o passo, muito menos olhou para trás. Meus olhos se voltam então para Balin como se pedissem ajuda mas ele suspirou tristemente e nada disse.
"Venha minha querida, deixe-me ver sua perna." Oin disse em um tom doce. Fili, Kili e Bilbo permaneceram ao meu lado, preocupados comigo. Aparentemente a pequena revelação não afetou os dois jovens príncipes.
Ao retirar a bandagem e os galhos que eu havia recolocado para estabilizar minha perna, vi que ela estava ainda pior do que antes. Oin, Fili, Kili e Bilbo emitiram um som de dor como se tivessem sentido a minha própria, ao ver que o inchaço estava muito pior do que imaginamos.
"Minha nossa Estelwen porque você estava suportando isso este tempo todo?" Perguntou Bilbo genuinamente preocupado.
"Eu não queria ser um estorvo meu amigo...mais do que eu já estou sendo." Eu disse sem olhar nos olhos do meu amigo.
"Não diga isso senhorita por favor." Disse Fili e em seguida Kili complementou. "Um estorvo é a última coisa que você é para nós. " eles disseram com olhos cheios de preocupação.
Eu dei um meio sorriso para meus amigos e meu olhar se voltou para Thorin que de longe observava a comoção com relação a minha perna e seus olhos pareciam cheios de pena. Mas ao se encontrarem com os meus, seu olhar mudou completamente para raiva e desprezo, iguais aos daquela manhã na casa de Bilbo. Meu coração pesou um pouco, mas então fiz o meu melhor para conter um grito de dor quando senti Oin começar a administrar um pouco de seu remédio na minha perna inchada.
Eu acabei baixando minha guarda e não escutei os predadores que vinham em nossa direção. Quando percebi, eles já estavam perigosamente próximos. Minha face mudou de dor para puro pânico.
Bilbo pareceu ter percebido e perguntou preocupado. "Estelwen? Está tudo bem?"
"Temos que sair daqui agora!!!!" Eu gritei enquanto tentava ficar de pé antes de soltar um gemido de dor, me deixando sem outra escolha a não ser a não ser sentar novamente, na esperança de aliviar a dor.
"Senhorita você não pode se mexer assim, se não seu osso sairá do lugar novamente." disse Oin aflito
"Esqueçam isso! Saiam daqui! Agora!" Eu gritei.
É então que ouvimos um terrível rugido e todos ficaram atônitos.
"Isso foi um lobo?! Tem lobos por aqui??!?" Bilbo perguntou apavorado.
"Lobos? Não... isso não é um lobo." Disse Bofur visivelmente incrédulo com o que acabara de ouvir enquanto segurava firmemente sua picareta. É então que por detrás deles um enorme Warg surgiu por entre as pedras, grunhindo e avançou em nossa direção. Os demais saíram do caminho da criatura a tempo, mas devido a péssima audição de Oin ele não a percebe. Eu rapidamente o empurro para o lado, para o tira-lo do alcance da fera e a mesma se jogou em cima de mim, com os dentes arreganhados perigosamente perto do meu rosto. É então que Thorin desembainhou sua espada e acertou a fera no pescoço, mas a mesma acabou caindo em cima de mim. A espada de Thorin acabou ficando presa na pele grossa do animal e ele estava tendo dificuldade para retirá-la. É então que vi outro Warg bem atrás dele mas não conseguia pegar meu arco. "Kili!!" Eu gritei e ele prontamente me entendeu desferindo uma flecha bem no meio dos olhos do animal, derrubando-o e surpreendendo seu tio, Dwalin então finaliza o animal.
Fili e Bilbo correm para me tirar debaixo da fera, me ajudaram a levantar e me mantiveram de pé. Enquanto isso, Gandalf e Radagast se aproximaram para ver se estávamos todos bem. Thorin finalmente conseguiu retirar a espada do pescoço do Warg e disse.
"Um Warg batedor. Quer dizer que um grupo de Orcs não deve estar longe."
"Um grupo de Orcs?!?" Bilbo perguntou aterrorizado enquanto apertava minha mão, que estava apoiada em seu ombro, com força. Não sei se ele estava tentando me tranquilizar ou queria se sentir seguro.
É então que Gandalf se dirigiu ao Rei Anão furioso. " Para quem você contou sobre essa missão além de seu povo?"
"Ninguém!" Thorin respondeu.
"Para quem você contou?" perguntou novamente ainda mais irritado.
"Ninguém eu juro!" Thorin disse enquanto Gandalf bufava furioso. O anão então continuou. "Em nome de Durin o que está acontecendo?"
"Vocês estão sendo caçados" disse Gandalf enquanto tentava se acalmar.
"Nós temos que sair daqui" disse Dwalin impaciente.
"Não podemos! Perdemos os pôneis. Eles fugiram" gritou Ori quando surgiu de cima do morro com Bifur, vindo de onde estavam cuidando dos animais. Meu coração palpitou no meu peito com o pensamento de que meu querido Beleza possa ter corrido em direção ao perigo.
"Vou atraí-los para longe" disse meu mestre Radagast convicto, forçando todos a olhar para ele.
"Estes são Orcs de Gundabad...vão alcançá-lo" eu disse, preocupada com nosso amigo.
"Estes são coelhos de RhosgoBel querida. Gostaria de vê-los tentar." surpreso, Gandalf aceitou a ajuda do nosso amigo.
Todos começam a se organizar para começar a correr, então eu retirei minhas mãos dos ombros de Fili e Bilbo e tentei dar um passo para trás. Os dois olham para mim sem entender.
"Vocês terão de ir sem mim." Eu disse tristemente para meus amigos.
"Ficou maluca? Você vai com a gente sim." Disse Bilbo irritado.
"Bilbo eu só vou atrasar vocês. Eu vou ficar bem prometo. Mas não posso deixar que alcancem vocês." eu disse tentando forçar um sorriso.
"Não elfa, você está fraca, como vai conseguir se defender deles? Perguntou Fili.
"Eu carrego você se for preciso. Mas aqui você não fica." Disse Kili.
Foi então que Radagast se aproximou de mim e disse. "Me de sua perna querida. Posso ajudar a manter o osso no lugar mas o impacto vai piorar sua situação. Você terá que dar um jeito nisso o quanto antes." Ele então se abaixou e pegou minha perna. Colocou minha bandagem de volta e murmurou seu feitiço, criando raízes de árvore que se entrelaçaram em volta de minha canela, cobrindo a bandagem, de forma que ficasse firme e segura. Consegui me apoiar mais facilmente agora. Me virei para o Mago e lhe dei um abraço apertado.
"Obrigada meu amigo. Por favor, tenha cuidado." Eu disse, com pesar no coração.
"Você também, minha querida." Disse Radagast por fim enquanto montava em seu trenó e incitou seus coelhos. Deu-se início então a uma perseguição de gato e rato.
Gandalf e Thorin lideraram nosso grupo, correndo o mais rápido que podíamos por entre as árvores. Fiz o possível para acompanhar o ritmo dos outros, mas minha perna estava começando a doer cada vez mais. Foi então que quase demos de cara com o bando de orcs que estavam passando à nossa frente, Thorin puxou Ori a tempo para não sermos descobertos e todos nós nos protegemos por de trás de um conjunto de pedras.
Radagast se afastou distraindo os orcs para longe, foi então que Gandalf nos incitou a continuar correndo. " Vamos!" ele gritou. Enquanto todos seguiam na direção em que Gandalf indicou, Thorin encarou o mago e perguntou "Aonde está nos levando?" Ada nada disse, apenas olhou para o anão com um olhar de preocupação e seguiu atrás dos demais
Ziguezagueamos através das pedras tomando cobertura todo e qualquer momento em que Radagast passava à nossa frente. Foi então que um dos orcs montados aparentemente sentiu nosso cheiro e escalou bem no topo da rocha em que estávamos nos escondendo. O warg farejou o ar ao redor, examinando a área em busca de qualquer sinal de nós enquanto a criatura andava de um lado para o outro acima de onde nos escondemos. Podíamos ouvir suas unhas estalando na pedra e seu rosnado ameaçador passando sobre nossas cabeças. Grudamos na pedra, torcendo para que não nos percebesse. Tentei ao máximo controlar minha respiração que estava mais ofegante que o normal, pelo menos a adrenalina impedia que eu sentisse dor. É então que Thorin insinua para que eu e Kili desferíssemos uma flecha nos dois. Preparamos nossos arcos e eu indiquei para que ele acertasse o animal e eu o seu mestre. Eu mal conseguia mirar devido ao suor e o cansaço então era mais fácil lutarmos corpo a corpo com um orc do que um Warg adulto.
Saímos de nossa cobertura e nos viramos imediatamente lançando uma flecha em nossos respectivos alvos. Mas ambos erramos pontos vitais, Kili acertou o ombro direito do animal enquanto eu acertei o braço esquerdo de seu cavaleiro, fazendo-os cair da pedra. Ambos emitiram um guincho assustador e arrepiante, no intuito de chamar a atenção do restante do bando. O orc e seu warg se levantaram e correram em nossa direção, brandindo espada e dentes ferozes, é então que Dwalin e Bifur foram de encontro a eles, desferindo golpes pesados com seus machados. Os demais se juntaram a luta para finalizar os dois inimigos. A comoção e o choque de metal na carne alertaram os demais do bando que incitaram suas montarias na direção dos gritos. Uivos violentos puderam ser ouvidos não muito longe e quando os anões finalizaram o orc e seu animal, Gandalf gritou "Vão!! Rápido!!!"
Obedecemos de imediato e voltamos a correr, saindo do campo cheio de rochas para um com algumas árvores espaçadas, o que reduziu para quase zero nossas opções de esconderijo.
"Lá estão eles!!" Gritou Gloin apontando para a direção em que alguns dos inimigos vinham.
"Por aqui...Rápido!!" Ada gritou nos fazendo mudar de direção.
Quando nos demos conta, nosso grupo estava cercado pelo bando de orcs. Thorin parou de forma abrupta e soltou um grunhido de raiva e frustração ao ver o líder do bando e mais um warg se posicionarem à nossa frente.
"Tem outros vindo!!" Gritou Kili ao meu lado enquanto corríamos. É então que eu tropecei em uma das pedras escondidas pela grama seca e ouvi um estalo. Não consegui segurar o grito de dor que saiu da minha garganta. Kili e Bilbo correram para me ajudar, mas mal conseguia me manter de pé. E assim nos vemos completamente cercados.
Me apoiei em Bilbo e preparei meu arco com uma flecha, assim como fez Kili. Os demais também desempenharam suas respectivas armas.
"Kili! Elfa! Atirem neles!" Thorin gritou e assim o fizemos. Minha pontaria não estava das melhores, mas consegui derrubar alguns dos inimigos.
"Estamos cercados" Gritou Fili enquanto nos aglomeramos em frente a uma pedra. Kili e eu continuamos a desferir enquanto Bilbo me ajudava ficar de pé.
Onde está Gandalf?!?" Pude ouvir Kili perguntar.
"Ele nos abandonou!" Disse Dwalin.
Incrédula e desesperada, eu gritei: "Ada! Ada! Onde está você?!?" Os anões e até mesmo Bilbo me olham interrogativos para o que eu acabei de dizer, quando me dei conta e pensei 'nuuta (droga)'.
Nós nos agrupamos, brandindo nossas armas e ficamos de costas para o centro no intuito de um proteger a retaguarda do outro. O Orc líder começou a se aproximar de nós e Ori desferiu uma pedra com seu estilingue e acertou bem no rosto do Warg, mas este apenas sacudiu a cabeça, aparentemente não tendo lhe causado dano algum. Ele então recuou apavorado.
"Mantenham a posição!" Gritou Thorin se preparando para o ataque. Bilbo também brandiu sua arma e pegou um pedaço de madeira que havia encontrado no chão com sua mão livre, então me afastei dele e me forcei a ficar de pé o máximo que eu pude, o suor não parava de escorrer em meu rosto, me forçando a enxugar minha testa com a manga de minha camisa para impedir que caísse em meus olhos. Eu e Kili continuamos despachando flechas em direção aos orcs, derrubando alguns mas apenas causando dano em outros,
É então que Gandalf emergiu por detrás da pedra que estava atrás de nós e gritou "Por aqui seus tolos!".
Thorin olhou para trás e viu o chapéu de Gandalf sumir por detrás da pedra. "Vamos logo" ele gritou enquanto todos nos viramos para correr na direção em que o rei estava. " Depressa! Vamos!" Continuou, enquanto se posicionava em cima da pedra, esperando todos do grupo entrarem pela fenda, escorregando na abertura abaixo. "Vão Vão Vão" ele gritava, empurrando os que passavam por ele para apressá-los.
Kili e eu ficamos para trás, desferindo flechas para retardar nossos perseguidores.
"Kili! Estelwen! Corram!" Gritou Thorin.
Nós nos viramos e tentei correr o mais rápido que pude, um dos wargs acelerou em nossa direção e se aproximava rápido e perigosamente de nós. Mas ao chegar próximo da abertura tropecei e Kili voltou para me ajudar. Eu olhei enfurecida para ele e quando me levantei o peguei pelo colarinho e o arremessei em direção a Thorin, fazendo com que os dois caíssem fenda a dentro. Guardei meu arco e agarrei minhas lâminas enquanto me virava para enfrentar a besta. Eu podia ouvir Thorin gritando meu nome com raiva, me dizendo para entrar. Mas o warg já estava pulando em mim.
P.O.V de Kili
Eu e meu tio escorregamos caverna a dentro mas quando levantamos vimos que a elfa não tinha vindo junto.
"Estelwen! Venha! Rápido" ouvi meu tio gritar em direção a entrada mas é então que ouvimos um grito e um rugido alto vindos do lado de fora. E depois nada. O tempo pareceu parar para todos nós. Pude então ouvir um hobbit atrás de mim soluçar. Eu me virei e vi seus olhos marejados e um terror e ansiedade estampados em seu rosto. Na verdade, todos estavam assim. Todos preocupados com a elfa que no início detestávamos mas que agora prezávamos imensamente. Até mesmo o titio parecia arrasado com o que acabáramos de ouvir. 'Não...Não pode ser...'.