Kally não teve reação quando Draco a beijou.
- O que... O que você... - Kally ia dizer, mas Draco a interrompeu.
- Eu sempre gostei de você, Kally, desde o dia da sua Seleção no seu primeiro ano em Hogwarts. - Draco disse.
Kally ainda estava sem palavras para o que havia acabado de acontecer.
- E você sempre gostou de mim, não é? Pelo menos desde o ano passado... Eu via o jeito que você olhava para mim quando eu estava com Pansy.
Kally respirou fundo.
- É. Mas se você sempre gostou de mim, porque não falou comigo no início? - Kally perguntou.
- Porque antes achava que você estava afim do Weasley... E depois do Zabini...
- E eu sempre achei que você gostasse da Pansy...
- Eu saia com ela porque você estava sempre com Potter, Granger e o Weasley, e se não estava com eles estava com Zabini...
- Isso não muda as suas atitudes, Draco. Você foi um babaca, não só comigo, mas com meus amigos também. Eu soube do que você chamou Hermione no primeiro ano de vocês, de sangue-ruim. O jeito que você trata meus amigos... Não tem como esquecer isso, por mais que eu goste de você. - Kally disse.
Mas Draco teve uma reação que Kally com certeza não esperava. Ela não estava acreditando no que estava vendo. Draco Malfoy estava chorando?
- Eu... Eu sei das coisas que fiz, mas você tem que acreditar em mim! - Draco disse, chorando.
- O que houve, Draco? - Kally perguntou, preocupada.
- Eu me sinto obrigado a fazer essas coisas... Meu pai... bem, ele é... - Draco começou a falar.
- Complicado? - Kally perguntou, e ele confirmou com a cabeça. - Olha, não posso dizer que eu sei o que você está passando, porque realmente não sei, mas eu acredito que deva ser muito estressante para você tentar manter a reputação de sua família, uma das mais antigas do mundo bruxo... E acho que seu pai deve colocar muita pressão em você, não é?
Draco confirmou.
Kally viu ali o que jamais imaginou que veria: Draco sofrendo.
- Eu realmente sinto muito, Kally. Por tudo o que eu fiz. O jeito que eu trato, Harry, Rony e Hermione acho que era mais porque eu tinha inveja ou ciúmes deles, porque eles sempre estavam com você e eu não. Você não faz ideia do como me machucou ouvir você me chamando de Malfoy... Porque todas as pessoas que me chamam assim me odeiam, naquele momento achei que eu nunca mais teria sua amizade de volta.
- E você não faz ideia do como foi eu ter que me afastar de você pelo jeito que você estava me tratando... Sabe, você era meu melhor amigo, antes de Rony, Hermione e até de Blaise.
O garoto estava de cabeça baixa, parecia muito arrependido.
- Sabe, a maioria do pessoal da Sonserina só age desse jeito por medo dos pais, a maioria não acredita nessa coisa de superioridade de sangue. Eu principalmente, não sei se você sabe, mas minha mãe é uma Black, e minha tia foi deserdada por ter se casado com um nascido-trouxa.
Quando Draco citou a tia dele, Kally sabia que ele estava falando de Andromeda, mas decidiu deixar essa conversa para outra hora.
Kally nunca achou que teria pena de Draco. Para ela, por mais que ela gostasse dele, ele sempre seria o garoto mimado e preconceituoso que todos viam. Mas parece que ela e todos os outros estavam enganados, na verdade ele era só um garoto que teve que crescer com a pressão de seu pai e sempre com medo do que seu pai poderia fazer com ele.
Ela colocou suas mãos no rosto de Draco e o beijou de novo. Isso fez com que o garoto sorrisse, um sorriso que Kally achou que nunca veria no rosto dele, um sorriso que demonstrava verdadeira felicidade.
- Vamos, Umbridge está me esperando na sala dela, e você não pode ser pega! - Draco disse.
- E os outros da Sonserina? - Kally perguntou.
- Não se preocupe, jamais prejudicaria minha Casa, por mais que eu estivesse odiando Blaise... Meu pai, como ele tem relação com a escola, ficaria sabendo do envolvimento do pessoal da Sonserina. E não quero que ele comece a odiar meus amigos, ou você.
Kally ainda não estava acreditando em tudo o que havia acontecido, no que Draco contou à ela. Mas ela entendia o que o garoto passava em casa, havia a recém tido uma conversa parecida com Melia, que tinha o mesmo problema.
Obviamente no dia que tudo aconteceu assim que ela voltou ao dormitório, as amigas estavam curiosas pelo motivo da demora de Kally, e a menina contou tudo para elas.
Mas havia uma coisa que ela devia fazer agora: contar a Blaise tudo isso. Os dois eram amigos antes de tudo, e ela não queria perder sua amizade com ele.
Ela havia voltado do café para a sala comunal, onde ele se encontrava sentado com o pessoal do quinto ano.
- Blaise, podemos conversar? - Kally perguntou.
- Claro.
Ela pegou a mão dele, e percebendo que teria que ser em um lugar privado, o levou até o dormitório dele.
Ela sentou em uma das camas e respirou fundo.
- Blaise, eu... bom... Você sabe como eu estava com Draco ultimamente... ele se afastou de nós dois por ciúmes... E, bom... ontem quando a AD foi descoberta por Umbridge, ele me tirou de lá para eu não ser pega e... me beijou... - Kally disse.
- Você ainda gosta dele, não é? - Blaise perguntou.
- Eu sinto muito, muito mesmo... - Kally começou a dizer.
- Tudo bem... Não é como se eu não soubesse que você gostava dele desde o início... - Blaise disse.
- Mas eu gosto muito de você, mas como amigo. Sempre foi assim, você é um dos meus melhores amigos. - Kally disse.
- Eu entendo... e tenho que confessar que também aproveitei do nosso namoro para fazer ciúmes em uma pessoa... - Blaise disse.
Kally não esperava por isso. Ele nunca tinha dito nada.
- Quem? - Kally disse, curiosa.
- Daphne. Eu sempre gostei dela, mas não tive coragem de contar para ninguém sobre isso, nem para você, Kally...
- Espero então que você consiga falar com ela! Muito obrigada por ter entendido, você sabe que você é a melhor pessoa, né?
Os dois se abraçaram.
Kally estava voltando para a sala comunal depois do jantar, quando viu Harry saindo da sala de poções o mais rápido possível.
- Harry? - Kally perguntou. - O que houve? Por que você estava na sala de poções a essa hora?
Harry parecia bem perturbado.
- Eu... eu estava tendo reforço em poções. - Harry disse.
Kally suspeitou, por pior que Harry fosse em poções, ele nunca precisou de reforço.
- Eu sou sua irmã, não tem problema me contar a verdade.
Harry pegou ela delicadamente pelo braço e a levou a algum lugar mais tranquilo onde ele pudesse conversar sem ninguém ouvindo por perto.
Kally ainda percebeu que ele estava meio incomodado em conversar sobre o assunto.
- Que tal assim, eu conto um segredo e você me conta o que aconteceu? - Kally perguntou.
- Tudo bem. - Harry disse.
- Então, não quero que fique bravo comigo, ok? Mas eu estou saindo com o Draco... - Kally disse.
Isso pareceu trazer Harry de volta a realidade.
- O que? Você não estava com Blaise? Quer dizer...
- É, é complicado, mas eu e Blaise terminamos e somos só amigos agora. Draco é diferente, comigo ele é diferente, não precisa se preocupar com isso. - Kally disse. - Tá, agora que eu contei meu segredo quero saber o seu.
- Primeiro, quero saber uma coisa. Seu pai nunca falou com você sobre a época que ele estudava em Hogwarts?
Kally achou estranha a pergunta.
- Não muito, na verdade... Eu sei que ele conheceu nossa mãe aqui em Hogwarts, mas é basicamente isso que eu sei. Nunca cheguei a perguntar, e ele nunca chegou a falar. Por que?
- Primeiro, por favor, preciso que prometa não contar a ninguém, nem mesmo ao seu pai. Eu prometi a ele que não contaria.
- Tudo bem... eu prometo.
- Eu não estava tendo reforço em poções. Seu pai estava me ensinando Oclumência. Eu andava tendo sonhos com Voldemort, e alguns deles realmente aconteceram... Dumbledore achou melhor eu saber me defender, defender minha mente.
- Mas por que isso seria segredo? - Kally perguntou.
- Bem, não é exatamente isso. Rony e Hermione sabem dessa parte. Mas hoje... eu fui até a sala de Snape para ter nossa aula semanal, mas ele teve que sair porque Malfoy chamou ele por algum problema que deu com o Montague... e nossa aula foi cancelada por isso. Mas, eu... me desculpa, eu não consegui me conter... eu olhei na penseira de Snape...
- Você... o quê?
- Sim, eu olhei na penseira dele e vi o que aconteceu quando ele estudava em Hogwarts... Meu pai... meu pai e Sirius implicavam com ele... mas não só implicavam como Malfoy faz comigo, muito pior... o humilhavam na frente de todos... e, eu vi... nossa mãe foi defender Snape, mas ele gritou com ela, e a chamou de sangue-ruim...
Kally ficou paralisada. Obviamente seu pai nunca contou sobre nada disso.
- Harry... bom, eu não sabia de nada disso... mas foi muito errado ter usado a penseira dele...
- Ele me pegou usando, e me fez prometer não contar a ninguém... mas como vi nossa mãe, achei que você ao menos deveria saber... Mas, pro favor, não conte a ele, nem tente descobrir mais nada, porque se não ele vai saber.
- Tudo bem, não contarei nada. - Kally disse.
Depois da conversa, Harry saiu correndo até a sala comunal da Grifinória. Kally estava voltando para a sala comunal quando Snape a chamou.
- Kally, poderia vir na minha sala por um instante?
Kallyne nunca esteve tão nervosa em sua vida. Tinha certeza de que de algum jeito o pai descobriu que Harry contou tudo à ela.
Mesmo assim, a garota tentou não ter contato visual com o pai, ou nada que pudesse entregar Harry.
Quando ela entrou na sala, foi pega de surpresa, seu pai a abraçou forte. Fazia tempo que os dois não se abraçavam desse jeito.
- Pai... o-o que foi? - Kally perguntou.
- Eu só ando pensando na sua mãe mais do que de costume. Além do mais, há tempos que você não vem me ver. - Severo disse.
- É... - Kally disse.
- Você está bem? Tem certeza que não quer me contar nada? - Severo perguntou.
O coração de Kally batia forte.
- Tenho...
Mas ele estava suspeitando de alguma coisa.
- Eu sei o que você está escondendo.
- Sabe?
- Eu sei que você e o Malfoy estão juntos.
Kally deu um suspiro ao ouvir isso. Nunca tinha estado tão aliviada.
- É... estamos. Qual é o problema?
- Eu sei que já combinamos de eu não me meter tanto na sua vida aqui na escola, mas só queria alertá-la. Ele é um Malfoy, tenha cuidado, você sabe que eu conheço bem a família dele. E ele é sobrinho de Andromeda, então cuide o que fala perto dele.
- Acho que você não precisa se preocupar com nada disso, mas tudo bem, não vou contar.