PARTE 4: LA VIE EN ROSE E GÖTTINGEN
Você se sentiu como um adolescente de novo.
O que estava acontecendo com você?
Você sabia perfeitamente bem o que estava acontecendo, embora se recusasse a encarar a verdade: o Estranho Encantado havia acontecido.
Pela décima vez, você conferiu suas roupas no espelho antes de você. Você não poderia mais usar este suéter feio. Afinal, você tomou hoje como um encontro, você precisava impressioná-lo.
Você bufou com seus próprios pensamentos. Impressioná-lo? Ele já tinha visto você naquele macacão horrível, você esmagou os dedos dele enquanto estava com medo, você aniquilou parcialmente a audição dele por causa dos seus gritos de terror ... sem falar de todo o incidente com o chocolate quente ...
Você vestiu seu casaco e cachecol, pegou sua bolsa e fechou a porta do seu quarto de hotel atrás de você. Era a hora de ir. Você precisaria de um tempo para ir à Torre Eiffel e não queria se atrasar. Embora ... talvez você estivesse se preocupando um pouco demais com este encontro. Desde quando você se preocupa com os homens, hein?
Você entrou no elevador com uma expressão determinada no rosto. Você teria um bom tempo em Paris, e passar algum tempo com Ben era apenas um bônus. Ou nem mesmo um bônus. Você não se importou. Sim! Você não se importou com o que ele pensava de você. Você não cruzou o mar para encontrar o amor, mas para relaxar e desfrutar de umas férias mágicas e merecidas.
Você caminhou pelo corredor lotado de turistas falando muitas línguas diferentes que você não entendia. Pouco antes de abrir a porta de vidro, você olhou para o espelho à sua direita. E antes de sair do hotel, você verificou seu reflexo uma última vez ...
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Ben estava muito nervoso.
Por que ele estava tão nervoso? Ele se sentiu como um adolescente esperando seu primeiro encontro novamente.
O que estava acontecendo com ele?
Ele sabia perfeitamente bem o que estava acontecendo, embora se recusasse a encarar a verdade: você tinha acontecido.
Ele olhou para o relógio novamente, tremendo com o vento frio do inverno. Ele estava dez minutos adiantado ...
Na verdade, ele já estava esperando por cerca de quinze minutos. Ele estava com tanto medo de se atrasar que subestimou radicalmente a potência do metrô de Paris. Agora, ele estava parado, bem embaixo da torre Eiffel, morrendo de frio, mas não se importando com o frio, já que estava nervoso demais para se preocupar com coisas tão fúteis. Ele estava com um nó na garganta e seu estômago parecia estranho ...
Um pequeno sorriso se formou em seus lábios. Ele sabia que estava sendo ridículo por se sentir assim e, ainda assim, não conseguia evitar. Foi tudo culpa sua.
Ele olhou ao seu redor, através da multidão que corria de um lado para o outro. Bloqueou a visão de Ben em direção ao Champ de Mars e às longas avenidas que abordavam a passagem. À sua esquerda e à direita, os pés metálicos da torre alta estavam banhados por árvores altas e, à distância, ele podia até ver pessoas relaxando sob o sol perto de dois pequenos lagos. Ele se virou, seu olhar passando pela ponte de Iéna para se fixar no prédio que adivinhou ao longe, seu olhar cruzando o Sena para chegar ao Trocadéro. Chovera durante a noite e o solo ainda brilhava ligeiramente sob o sol pálido. A cidade tinha um cheiro particular que Ben não havia conhecido em nenhum outro lugar do mundo. Tinha um cheiro doce, familiar e acolhedor, mas ele sabia que nunca tinha cheirado nada parecido antes. Isso o lembrou do cheiro do jardim de seus pais durante as tempestades de verão. Ele falhou em definir o cheiro, mas ele não se importou. Foi bom de qualquer maneira.
Ele encheu seus pulmões com este cheiro peculiar antes de se virar novamente, seus olhos escuros examinando a multidão em busca de seu rosto. Ele farejou enquanto a alguns metros de distância, um músico estava se acomodando, pegando um saxofone e remexendo em sua bolsa em busca de um chapéu quentinho. Poucos segundos depois, ele estava começando a tocar, o chapéu caiu diante de seus pés para convidar a multidão a dar-lhe uma ou duas moedas.
Algo chamou sua atenção, um pequeno detalhe na multidão, ou talvez fosse mais um sentimento ou algo no canto dos olhos ...
Ele se voltou para o distante Trocadéro novamente, e seus olhos não precisaram de mais de um segundo para encontrar os seus.
Atrás dele, o trompetista começou a tocar a melodia suave, mas alegre de La Vie En Rose .
Meu Deus, parecia clichê ... Um músico tocando aquela famosa canção para satisfazer a fantasia de algum turista idiota sobre Paris. A Torre Eiffel literalmente elevando-se sobre você. O rugido distante do tráfego silenciado pela música, o sol pálido de dezembro brilhando no concreto ainda encharcado pela chuva da noite anterior, como ele estava deslumbrante em seu casaco escuro quente e seu cabelo bagunçado pelo vento suave, seus olhos se encontrando e travando e incapaz de se separar novamente ...
Deus, parecia clichê.
Enquanto você caminhava para se juntar a ele sob o grande monumento, você não conseguiu encontrar uma maneira de se importar. Porque talvez fosse clichê, mas me senti tão bem ...
Quanto mais perto você estava dele, mais brilhantes seus sorrisos para você e Ben se tornavam. E quando você finalmente o alcançou, vocês dois estavam sorrindo como idiotas.
Demorou alguns segundos para vocês dois serem capazes de falar ... ou mesmo respirar, na verdade. Vocês estavam se encarando e parecia que a multidão ao seu redor havia desaparecido. Do mundo inteiro só restou a melodia de La Vie En Rose , o doce cheiro de Paris e de vocês dois.
"Oi", Ben soltou um suspiro.
"Oi."
Vocês dois se esquivaram um pouco, rindo e rindo desconfortavelmente, e ainda assim seus olhos nunca deixaram os dele.
"Vocês..."
Ele ficou em silêncio novamente, e você silenciosamente o encorajou a continuar. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes antes de ser capaz de falar as palavras que desejava deixar escapar. Seu coração batia tão rápido que ele mal conseguia respirar. No entanto, ele descobriu que o nó em sua garganta havia desaparecido e a sensação em seu estômago se transformou em borboletas.
"Você está ... de tirar o fôlego."
Todo o seu rosto estava em chamas, e você culpou o frio por isso, embora soubesse que era tudo culpa de Ben.
"Você ..." você tentou responder, mas as palavras não saíram.
Ben ergueu uma sobrancelha, aparentemente divertido.
"EU?" ele o convidou a perseguir.
"Você ... você parece ... bem."
Ele acenou com a cabeça, embora você pudesse ver que ele estava ... decepcionado? Não, desapontado não era a palavra certa. Frágil. Frágil era melhor para descrever a expressão de seus olhos enquanto deixava seu olhar cair do seu olhar para a ponta dos sapatos escuros.
"Obrigado," ele murmurou.
Você fechou os olhos, estremecendo enquanto se amaldiçoava mentalmente. Sua mente ainda estava lutando para funcionar e você forçou seu cérebro a criar pensamentos novamente.
"Quero dizer..."
Você começou a rir. Uma risada nervosa que se transformou em alegre, e Ben olhou para você novamente, um sorriso terno de volta em seus lábios.
"Sinto muito", você continuou, sentindo seu cérebro lentamente voltando ao normal. "Você ... você é muito bonito, eu sou apenas ... meio que uma bagunça, eu acho. Mas você é ... você é muito mais do que 'ok', você é tipo ... tipo muito mais do que 'ok' ... "
Foi a vez dele rir ... de você.
"Você está afundando e afundando, você deveria parar de falar," ele zombou, e você deu um tapa de brincadeira em seu ombro.
Você levou um momento para olhar ao seu redor, absorvendo a bela vista, até que Ben lhe ofereceu a mão aberta.
"Vamos subir lá?" ele perguntou, olhando para a torre de ferro acima de você, antes de voltar seus olhos calorosos para os seus.
Você acenou com a cabeça.
"Vamos então!"
Você deslizou os dedos na palma da mão dele e ele fechou a mão sobre a sua. Os longos dedos dele envolveram os seus, um pouco calejados contra a pele macia das costas da sua mão. Vocês caminharam juntos no meio da multidão para escalar a Torre Eiffel, e todo esse tempo, seus dois corações batiam tão rápido ...
Você pagou pelos seus ingressos e subiu para o primeiro andar. Silenciosamente, você caminhou ao redor, observando através das paredes de vidro a longa linha do Champ de Mars se estendendo em direção à l'Ecole Militaire. As pessoas caminhavam preguiçosamente por ele, pequenas silhuetas já em tal altitude. Em direção ao interior da torre, você olhou para onde estava há poucos momentos e avistou o trompetista que ainda estava tocando, embora você não pudesse mais ouvi-lo. Você continuou caminhando ao redor do edifício, já elevando as árvores ao seu redor. Você parou de andar quando chegou ao lado da torre de frente para o Trocadéro e a ponte de Iéna. O Sena fluía calmamente à sua frente, algumas barcaças flutuando preguiçosamente rio abaixo. O sol brilhou no Sena, como purpurina derramada no rio. As duas estátuas na entrada da ponte pareciam tão pequenas já naquela altura... dava para ver passar o Sena e até passar o Trocadéro, observando os telhados dos prédios mais próximos do outro lado do rio. O céu azul onde algumas nuvens parecidas com algodão vagavam sem rumo só trouxe mais paz ao belo cenário. Ao seu lado, Ben estava sorrindo. Ele pegou o telefone e tirou uma foto da cidade através da cerca que o protegia de quedas.
"É realmente lindo, não é?" você respirou em um tom suave.
Ben acenou com a cabeça, deixando seus olhos pousarem na cidade espalhada a seus pés.
"É realmente," o tom dele combinou com o seu. "E você o torna ainda mais bonito."
Você olhou para ele. Você poderia ter rido de seu comentário, mas algo em sua voz disse que ele falava sério. Ele quis dizer tudo ...
Lentamente, ele voltou seu olhar para você mais uma vez, e você trocou um sorriso sincero.
"Estou indo longe demais? Dizendo isso? " ele perguntou no mesmo tom suave, quase inaudível enquanto sua voz era carregada pelo vento.
Ele limpou a garganta antes de falar novamente.
"Quer dizer ... não quero ser muito rápido ou ir para a frente ... não sou tão ... direto, geralmente."
"Essa é a sua tentativa de melhorar no flerte?" você perguntou com humor, fazendo-o rir.
"Eu estava fazendo um pouco mais do que flertar", você respondeu com um sorriso.
Você apertou a mão dele para tranquilizá-lo e ele pareceu entender o que seu gesto significava. Que estava tudo bem. Que você também se sentiu assim. Ele pareceu relaxar e seu sorriso se alargou. O vento empurrou uma mecha de seu cabelo escuro diante de seus olhos, mas ele não parecia se importar com isso e não se incomodou em afastá-lo.
"Isso te incomoda se tirarmos uma foto juntos?" você perguntou a ele depois de um breve silêncio.
Ele balançou a cabeça com um sorriso, e você se aproximou dele para tirar uma selfie com ele. Atrás de você, a vista era de tirar o fôlego. E para tirar a foto, Ben soltou sua mão para envolver você com o braço. Embora seu aperto tenha sido frouxo, muito parecido com o jeito que ele segurou você no dia anterior para esta foto com Darth Vader, ainda fazia borboletas em seu estômago e fazia seu coração disparar em sua caixa torácica.
Ele não o soltou imediatamente depois que você tirou a foto e guardou o telefone. Em vez disso, seus olhos pousaram em Paris mais uma vez, mantendo você perto dele. Você encostou a cabeça no ombro dele, observando os turistas passando e estudando como as peças de ferro se juntavam e se partiam na estrutura dos pilares.
Eventualmente, você saiu de seu abraço delicado, mas Ben pegou sua mão novamente e você subiu ao segundo andar, que lhe oferecia uma bela vista de toda a Paris, os telhados brilhando sob o sol. Depois de um tempo, você subiu até o topo, mas descobriu que era um pouco alto para você ...
Seu aperto na mão de Ben ficou mais forte, e ele se virou para você com um olhar questionador quando você parou.
"Está tudo bem?" ele perguntou com uma voz suave e profunda que aqueceu sua alma.
"Sim, é só ... alto", você respondeu com um olhar para o Sena que se afastou mais de duzentos metros sob seus pés.
Os olhos de Ben seguiram seu olhar e sua cabeça girou um pouco com a visão. Ele rapidamente desviou o olhar.
"Sim, ok ... talvez esteja um pouco alto," ele admitiu com uma risada nervosa.
"Mas a vista é boa", você acrescentou, acenando com a cabeça em direção à vista da cidade a seus pés.
"Eu poderia fazer um comentário sedutor sobre isso", Ben franziu as sobrancelhas com humor e você não pôde deixar de rir.
"Você ainda tem muito trabalho a fazer nesse flerte!" você respondeu com um falso rolar de olhos.
"Você me ensinaria?"
"Estou com muito medo agora para reconhecer esse seu flerte."
"Você gostaria de descer?"
"Sim ... vamos voltar para o segundo andar. Isso foi melhor para a minha natureza medrosa! "
"Eu também não gosto de tanta altura, se isso pode te tranquilizar."
"Na verdade, não. Significa que você não será meu cavaleiro de armadura que vai me salvar. "
Ele soltou uma risada.
"Oh, eu não acho que você é o tipo de mulher que precisa de um cavaleiro de armadura brilhante," ele respondeu enquanto você caminhava de volta para as escadas. "Eu não acho que você precisa de ninguém."
"Mesmo?" você questionou, perguntando-se em silêncio se ele estava certo ou errado.
"Mesmo. Tenho sorte de você estar disposto a compartilhar algum tempo comigo. Mas você não precisa de mim. "
"Bem, é claro, você é um perfeito estranho", você respondeu em um tom imparcial que soou um pouco distante para ser completamente sério.
Ben ergueu uma sobrancelha.
"Agora, você não deve se subestimar," ele advertiu.
Você não respondeu, apenas deu a ele um sorriso em vez disso, e se encostou no corrimão do segundo andar, seus olhos vagando pelos telhados novamente. Você olhou para os pequenos pontos cruzando o Champ de Mars e as árvores altas balançando ao vento. O ar estava ainda mais frio aqui do que embaixo da torre, e você não pode evitar um arrepio. Em sua mão, seus dedos estavam congelados. Ben franziu um pouco a testa.
"Parece que você está se transformando em um cubo de gelo humano," ele apontou, fazendo você rir.
"Estou com bastante frio", você admitiu.
Ben notou uma loja que vendia macarons e bebidas quentes e propôs fazer uma pequena parada ali para esquentar. Você aceitou com entusiasmo e deixou que ele o guiasse pelos turistas que estavam tão ansiosos para ver a vista.
Ben ofereceu a vocês uma caixa de macarons e um chá quente, e vocês se acomodaram à mesa. Estava quente lá dentro, e você deu um suspiro de satisfação ao olhar para a vista mais uma vez, ainda visível através da parede de vidro da casa de chá.
Você deu uma mordida em um dos bolinhos e não conseguiu conter um gemido ... estava tão bom ...
Ben riu da sua reação, pegando um biscoito roxo também.
"Isso é tão bom, meu Deus ..." você murmurou, terminando o biscoito.
"Tenho que admitir que não é tão ruim assim", ele balançou a cabeça, comendo seu próprio macaron com a boca cheia.
Ele percebeu que você não estava usando o mesmo suéter e estreitou um pouco os olhos. Se esse suéter fosse definitivamente mais bonito do que o tecido ridículo que você comprou na Disneylândia, não parecia nem um pouco quente.
"Eu pensei que você não tinha nenhum outro suéter quente," ele acenou em direção ao seu pulôver bege.
"Sim ... mas eu não poderia andar por Paris com aquele feio que compramos!" você respondeu.
Você não disse a ele o verdadeiro motivo pelo qual não estava usando. Mas algo em seus olhos, um pequeno brilho de travessura que de repente se apagou, fez você pensar que ele tinha adivinhado.
"Além disso, você também não está usando o seu!" você respondeu, comendo outro macaron, e não pôde evitar outro gemido suave enquanto comia o biscoito rosa, fazendo Ben sorrir.
"Não, mas ... eu não precisava daquele suéter. Eu só não queria que você se sentisse tão mal por parecer ridículo. "
"Ver! Eu disse que era ridículo! Eu não poderia usar aqui, hoje ... "
"Mas parece que você está congelando," ele apontou.
"Não mais", você se defendeu.
Ele estreitou os olhos para você novamente.
"Eu sei que isso é para ser um encontro, mas espero que você não esteja congelando só porque estamos ... tendo um encontro."
"Por que...? Não!" você se defendeu, embora Ben estivesse 100% certo. "Claro que não!"
"Bom. Porque você não precisa fazer isso ... Eu já gosto de você. "
"Você acha que já estou desesperado o suficiente para fazer tudo por você?"
Suas palavras foram um pouco ásperas, mas seu tom estava cheio de humor e Ben deu uma risadinha.
"Eu acho que você não deveria fazer isso. Além disso, gosto desse seu macacão ridículo. "
"Não, não precisa", você balançou a cabeça.
"Não, eu não quero", ele admitiu, e vocês dois soltaram uma risada.
Ben pegou um mapa de Paris do bolso do casaco e olhou para você enquanto o desdobrava.
"Onde você quer ir depois? Acho que devemos ir ao Trocadéro. Talvez possamos ir para a Champs Elysées esta tarde. "
"Eu também quero ir para a Notre-Dame", você acrescentou com uma expressão animada no rosto.
Ben nem percebeu o sorriso que surgiu em seus lábios ao ver sua expressão. Você parecia quase infantil, feliz ... Você parecia adorável.
"Certo, podemos definitivamente fazer isso," ele acenou com a cabeça.
"Sempre sonhei em ir para lá", admitiu.
"Em seu livro, Victor Hugo o descreveu tão bem ... É definitivamente um lugar que eu quero ver."
Seu sorriso se alargou.
"Você leu Notre-Dame de Paris?" você perguntou, e Ben acenou com a cabeça.
"É extremamente deprimente, mas é um livro tão bom!"
Você concordou e vocês dois trocaram outro sorriso.
Você pegou mais um biscoito e percebeu que já tinha comido muito mais macarons do que Ben. Ele percebeu seu desconforto e riu disso.
"Eu prefiro sal a açúcar. Você pode comê-los todos, se quiser. "
"Mesmo? Você pode resistir a algo tão bom? "
Ele pareceu hesitar antes de pegar outro macaron.
"Ok, talvez deixe um ou dois para mim."
Vocês dois riram, antes de iniciar a conversa em suas vidas novamente. Ele lhe contou histórias engraçadas sobre o trabalho dele, e você contou a ele sobre o seu trabalho. Você falou sobre suas famílias também, até que seus dois chás desapareceram das xícaras e todos os macarons foram comidos. Você não percebeu como o tempo estava passando, mas, ao olhar para o relógio, ficou surpreso ao descobrir que já passava das onze.
Ben pagou pelos macarons e pelo chá - ele insistiu em convidá-lo, então você finalmente cedeu - e você voltou para fora e desceu os longos lances de escada. Você alcançou o concreto novamente, abandonando o ferro da torre. Ao passar por baixo da Torre Eiffel, avançando em direção ao Sena, você percebeu que o trompetista ainda estava lá. Uma jovem cantora se juntou a ele, sua voz calorosa cantando a letra da música que ele tocava em seu trompete. La Vie En Rose havia se transformado em Göttingen , com Barbara substituindo, e você e Ben diminuíram o ritmo ao passar na frente deles, até que pararam completamente para ouvir a música.
Bien sûr nous, nous avons la Seine
Et puis notre bois de Vincennes,
Mais Dieu que les roses sont belles
A Göttingen, à Göttingen.
Nous, nous avons nos matins blêmes
Et l'âme grise de Verlaine,
Eux c'est la mélancolie même,
A Göttingen, à Göttingen.
"Você sabe o que eles estão dizendo?" você perguntou a Ben baixinho, sua voz um sussurro para não atrapalhar a música delicada.
Ben balançou a cabeça.
"Não falo francês o suficiente para entender do que se trata."
"Mas parece lindo."
"Sim."
Os dedos dele roçaram os seus e, lentamente, você entrelaçou os dedos. Ele se aproximou um pouco mais de você e você encostou a cabeça no ombro dele.
Seu coração batia tão rápido em seu peito, e ainda assim você se sentia tão em paz. Foi uma sensação estranha, cheia de contrastes, mas foi maravilhoso. E Ben sentia o mesmo.
O ritmo suave da música era como um cobertor quente envolvendo vocês dois, apesar do fato de que a letra permaneceu um mistério para você.
Quand ils ne savent rien nous dire,
Ils restent là à nous sourire
Mais nous les comprenons quand même,
Les enfants blonds de Göttingen.
Et tant pis pour ceux qui s'étonnent
Et que les autres me pardonnent,
Mais les enfants ce sont les memes,
A Paris ou à Göttingen.
"Você acha que é uma canção de amor?" você perguntou a Ben suavemente.
Ele balançou sua cabeça.
"Não, eu não penso assim."
"Parece um, no entanto."
O faites que jamais ne revienne
Le temps du sang et de la haine
Car il ya des gens que j'aime,
A Göttingen, à Göttingen .
"Não acho que seja uma canção de amor ... ou pelo menos não romântica. Eu não entendo muito, mas ... eu acho que é mais sobre amar uns aos outros em geral ... você entende o que quero dizer? Que somos todos iguais e não devemos lutar uns contra os outros, porque não faz sentido lutar contra alguém que é exatamente como você. Não tenho certeza se entendi direito ... "
"Bem ... é uma canção de amor então. Um ainda maior. "
Você e Ben trocaram um sorriso, olhando um para o outro por um momento. Pela segunda vez naquela manhã, o mundo ao seu redor desapareceu até que nada além da música e vocês dois permaneceram.
Ele hesitou por um segundo. Ele estava olhando para você e, por um momento, teve medo de ir longe demais e que você o afastasse. Mas ele não conseguiu se conter.
Suavemente, ele se inclinou para descansar os lábios em sua cabeça e beijou seu cabelo.
Com a sensação, você fechou os olhos, apertando levemente a mão dele. E enquanto a música continuava, Ben deixou seus lábios pressionados contra o topo de sua cabeça, respirando profundamente o cheiro do seu xampu doce misturado com aquele cheiro peculiar de Paris, e ele sabia que nunca seria capaz de esquecer esse cheiro ...
Et lorsque sonnerait l'alarme,
S'il fallait reprendre les armes,
Mon cœur verserait une larme
Despeje Göttingen, despeje Göttingen.
Você finalmente olhou para ele, forçando-o a tirar os lábios, e ele olhou para você com uma expressão séria que era quase assustada. Seus olhos estavam quase pretos na luz do inverno, e eles examinaram suas feições, como se estivessem procurando a resposta para uma pergunta não formulada. Você deu a ele um sorriso tranquilizador e ele pareceu relaxar, sorrindo para você também.
Você deu aos músicos algumas moedas antes de Ben e você iria embora.
E conforme você avançava em direção ao Sena, as notas pareciam segui-lo por um pouco mais de tempo ...
Você não tinha certeza do que era aquela música, mas uma coisa era certa: para você, de agora em diante, seria sobre amor ...
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