No capítulo anterior...
Hinata recebe convite de Miya e Kageyama para que conversem sobre tudo que aconteceu e depois de conversar com Oikawa e Iwaizumi ele decide dar essa chance para eles. Enquanto o dia não chega, Atsumu e Tobio pensam muito e conversam sobre o que eles esperam dessa nova relação com Shouyou e como ela afeta o casamento deles. Atsumu fala sobre inseguranças que Tobio também sente mas não queria verbalizar. Eles se confortam e jantam sabendo que estão no caminho certo.
Se acomodem bem pois esse capítulo é bem grande.
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Atsumu e Tobio se arrumaram sem saber exatamente onde iriam. Pelo que Atsumu pesquisou, "Terapia" era um bar novo na cidade que tinha a premissa de ser um lugar seguro para se conversar, até mesmo com os atendentes. Segundo o perfil deles no Instagram, todos eram incentivados a conhecer, conversar e a principalmente ouvir o que os clientes tinham a dizer sobre suas vidas ou o que quisessem.
Atsumu tinha certeza que o fato de Hinata ter escolhido aquele lugar já significava alguma coisa, talvez fosse o jeito dele dizer que eles precisavam de tratamento. Tobio apenas revirou os olhos e continuou balançando os pés nervosamente no carro enquanto não chegavam.
O táxi deixou eles bem em frente ao discreto letreiro neon azul. Estava um pouco cedo ainda, quase meia hora antes do horário que tinham combinado com Hinata. Abriram a porta e se depararam com o amplo salão aberto, decorado minimalisticamente com luzes indiretas, algumas plantas, e vários espaços com mesas altas e baixas e até mesmo alguns divãs.
O bar se estendia ao longo de uma das paredes e algumas pessoas se sentavam diretamente no balcão. Eles olharam as opções e optaram por uma mesa redonda mais ao fundo. Assim que se sentaram, um atendente chegou alcançando os cardápios.
- Sejam muito bem vindos ao Terapia, será um imenso prazer atendê-los esta noite.
Atsumu e Tobio olharam para cima com os olhos arregalados e deram de cara com ninguém mais ninguém menos que Oikawa Tooru. Enquanto Tobio tentava processar o que diabos ele fazia ali, Atsumu obviamente já falava.
- Oh, Oikawa-san, o prazer é todo nosso! Agora entendi porque Shouyou-kun escolheu esse lugar... Será que ele está com medo de nos encontrar sozinho?
- Não sei, Miya-san. Ele tem algum motivo para ter medo? - Oikawa perguntou ao se sentar na mesa junto com eles sem pudor algum.
Atsumu deixou escapar um gritinho de surpresa quando o homem sentou na mesa com eles, e também pelo apertão que Tobio deu em sua perna sinalizando que obviamente ele já tinha falado merda.
- Não!! De maneira nenhuma, não foi isso que eu quis dizer e... Me desculpa, não diz pra ele que eu disse isso e...
- Hahaha, não se desespere. Sigilo é uma das premissas aqui do bar, e eu espero que isso valha para os dois lados. - Oikawa afirmou, usando aquele tom que deixava claro suas reais intenções. - Eu queria aproveitar que ele não chegou ainda pra conversar um pouquinho com vocês.
- Claro, Oikawa-san. Somos todos ouvidos. - Tobio disse, depois de impedir que Atsumu falasse qualquer coisa, o apertando por baixo da mesa de novo.
- Bom, eu e o Shou conversamos bastante nas últimas semanas e eu incentivei ele a dar uma segunda chance pra vocês, a ouvir o que vocês têm a falar. De nada. - Oikawa fez uma pausa como se esperasse eles agradecerem. - Eu fiz isso por uma única razão. Vocês tem ideia de qual razão seria essa?
Atsumu e Tobio se entreolharam e deram os ombros de leve, sem nenhuma conclusão.
- Shouyou é a pessoa que eu mais amo nesse mundo. - Oikawa disse sério, pontuando as palavras encostando o indicador na mesa. - Se há uma chance disso fazer ele feliz, e ele está disposto a tentar, eu vou apoiar ele, não importa o que for. Mas se em algum momento eu perceber que isso está fazendo mais mal do que bem, eu vou falar com ele. E acreditem, eu posso ser bem persuasivo.
Tobio apenas viu como Atsumu engoliu seco e apertou sua mão por debaixo da mesa.
- Nós... apreciamos o seu apoio, Oikawa-san. - Tobio disse finalmente. - A última coisa que nós queremos é fazer mal pra ele. De novo.
- Tem algum... conselho que você possa nos dar? - Atsumu disse receoso.
Oikawa ficou um tanto surpreso com o pedido, mas ponderou e decidiu falar.
- Apenas sejam honestos e falem o que estão sentindo. Falem com ele, no caso né, não apenas entre vocês. Se vocês almejam ter um relacionamento a três, os três precisam tomar as decisões juntos. Mesmo casados há anos, quantas vezes vocês tentaram adivinhar o que o outro estava sentindo e acertaram?
Tobio imediatamente lembrou do último caso em que Atsumu achou que ele tinha ficado com ciúmes do presente que tinha dado para Hinata. Atsumu deduziu tudo apenas pelo franzir da sobrancelha e desviou o olhar se esquivando da acusação silenciosa.
- Isso tem que parar também. - Oikawa disse, chamando a atenção deles.
- Ahn? - Tobio não entendeu.
- Como vocês acham que ele se sente quando vocês trocam um olhar e sabem o que o outro pensou? Não sejam rudes, falem em voz alta se a conversa for importante para os três.
Nenhum dos dois tinha sequer considerado aquilo como um problema. Era algo natural para eles, depois de todos aqueles anos juntos.
- Bom, eu já interferi bem mais do que deveria. - Oikawa disse se levantando. - Se tenho outro conselho para dar é que vocês peçam nossa excelente porção Deluxe de camarões empanados, Shoyou vai adorar. Vinho branco pra acompanhar?
Atsumu aceitou a sugestão, escolhendo um dos rótulos no menu e pedindo água também. Oikawa anotou o pedido e se retirou da mesa indo para trás do balcão onde registraria o pedido no computador.
- Shittykawa, você vendeu uma porção Deluxe pra eles? - Iwaizumi surgiu do lado dele, se aproximando pra conferir o que estava sendo registrado no sistema. - Ela serve de 4 a 5 pessoas!
- E também é o prato mais caro do cardápio. Quando o Shou chegar ainda vou fazer ele pedir uma Salada Mediterrânea com frango grelhado. Ele não tem comido tanta fritura.
- Você é terrível.
- Sim, também sou seu melhor funcionário. - ele disse se afastando até chegar em frente à adega. Olhou para trás e deu uma piscadinha antes de se abaixar para pegar uma garrafa, empinando a bunda de maneira totalmente desnecessária.
Iwaizumi bufou discretamente e se forçou a desviar os olhos. Não daria a ele o gostinho de saber que aquelas idiotices mexiam com ele. Mesmo assim, não resistiu a olhar de volta quando achou que ele não estaria mais olhando.
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Hinata se sentia preparado. Era como quando entrava em quadra confiando nas habilidades que tinha. Ele ia entrar naquele bar, ia ouvir eles pedindo desculpas por tudo, ia ouvir o quanto ele era importante para eles, e só então ele ia colocar na mesa todas as exigências dele. Não ia aceitar nada vindo deles sem ter todas elas atendidas, não mesmo!
Desceu do carro que tinha chamado por aplicativo bem na frente do neon azul do Terapia e, quando sua mão empurrou a porta, sua determinação caiu para menos da metade. Miya e Kageyama estavam lá, numa mesa redonda mais ao fundo. Estavam bebericando o que parecia ser um vinho e petiscando um prato que parecia ter uma montanha de camarões que não fazia o menor sentido.
Viu como eles conversavam tranquilamente, como sempre parecendo super à vontade um com o outro, e hesitou. Ele ia se juntar a eles e certamente o clima ficaria estranho. Eles iam começar a conversar com olhares e escolher palavras para falar com ele, como tinha sido no restaurante.
Como que ele poderia acreditar que era possível enfiar uma peça a mais num quebra-cabeça que já estava completo?
Pensou em virar as costas e ir embora, mas era tarde. Kageyama o viu parado ao lado da porta como um idiota e franziu profundamente as sobrancelhas. Miya obviamente estranhou e soube exatamente para onde olhar, sorrindo e acenando quando o viu.
Hinata continuou parado, pensando se sair por onde tinha entrado ainda era uma opção, até Oikawa surgir e o cumprimentar com um abraço.
- Não se acanhe, eles estão mais assustados que você. Eu garanto.
- O que você fez, Tooru? - Hinata perguntou desconfiado.
- Nada de ruim! Só recomendei que eles pedissem o prato mais caro da casa, mas só porque eu sei que eles têm dinheiro. - Oikawa disse piscando, enquanto caminhava com ele para dentro do bar.
- Pare com isso, não é como se eles fossem milionários também...
- Eu tenho certeza que uma porção de camarões não vai deixar eles pobres. Quer experimentar aquela salada que eu te falei?
- Pode ser.
- Eu vou pedir pra você! Fique tranquilo e lembre que se você precisar de mim a qualquer momento, eu estarei naquela mesa em minus tempo.
Hinata riu um pouco e agradeceu, vendo ele se afastar para registrar a salada. Respirou fundo para tentar se acalmar e foi até à mesa do casal. Viu como eles ficaram em dúvida se levantavam ou não para cumprimentá-lo, então acabou se sentando logo de uma vez para evitar constrangimentos desnecessários.
Depois do primeiro momento um tanto esquisito, Atsumu ofereceu que ele comesse do mesmo prato gigante de camarões. Hinata precisou rir um pouco.
- Vocês sabem que Tooru só fez vocês pedirem isso porque era a comida mais cara do cardápio, né?
- Sério? Ele ainda disse que você ia gostar...! - Atsumu disse indignado, mas tentando não falar alto demais.
- Não que esteja ruim. - Tobio disse fincando três camarões num palito e os abocanhando de uma só vez.
Atsumu precisou concordar que estava excelente, mas que realmente era comida demais. Hinata experimentou alguns também, mas logo parou dizendo que tinha pedido algo mais saudável.
- Então... Acho que a gente pode começar a conversar logo sobre o que importa. A não ser que você queira esperar a comida chegar. - Atsumu disse.
- Não, vocês podem falar, sim. - Hinata disse se ajeitando na cadeira e tentando parecer bem mais confiante do que realmente estava.
Como ele esperava, os dois iniciaram pedindo desculpas. O que surpreendeu mesmo foi que eles não pediram desculpas exatamente pelo que aconteceu no restaurante japonês, e sim desculpas por tomarem decisões que impactavam a vida dele sem consultá-lo.
Eles falaram como tudo começou realmente como uma prestação de serviço, então que, num primeiro momento, essas decisões eram só deles mesmo. Mas que ao longo do tempo a relação mudou, e que eles não falaram sobre isso com ele. Explicaram que aquela noite no restaurante deveria ter sido sobre isso, mas eles se equivocaram, tentaram supor o que seria melhor para ele e chegaram com uma decisão já feita. Aquilo também tinha sido um erro, por isso pediram desculpas novamente.
Hinata ouviu tudo com atenção, aos poucos ficando mais feliz por eles terem percebido o que fizeram de errado. Assim que eles terminaram, teve coragem de falar um pouco do seu lado também.
- Eu fiquei muito frustrado naquele dia, muito mesmo. Tooru não pode me ouvir dizer isso mas eu acho que eu errei também, em não dizer o que eu estava sentindo. Teve vários momentos em que aconteceram coisas que eu não gostei, e eu simplesmente não disse nada, aceitei e deixei acontecer. Acho que em parte por achar que não devia, já que eu estava sendo pago pra isso... e em parte por... por medo de perder o pouco que eu já tinha.
- Foi mais ou menos o que a gente pensou também... Que, considerando que você estava com a gente pelo pagamento e que claramente você precisava do dinheiro, se a gente sugerisse terminar com isso, você iria... buscar outra pessoa. - Atsumu explicou sinceramente.
- A gente achou que incluindo sexo na relação, iamos fazer com que você se aproximasse mais da gente, sem perder a relação financeira que era o que te fazia ficar com a gente em primeiro lugar.
- Isso é tão idiota! Vocês pensando tudo isso enquanto eu acho que me apaixonei no primeiro encontro. - Hinata confessou dando os ombros e rapidamente levando a mão no rosto para tapar a vergonha que sentia por ter falado aquilo.
- Eu acho que me apaixonei quando você me ofereceu um baseado e me ouviu falar sobre como eu amava o Tobio por quase uma hora num terraço sujo sem nem se importar. - Atsumu disse rindo da própria falta de romantismo.
- Pra mim o fliperama e o boliche foram incríveis, mas o que me fez ter certeza foi aquele dia na praia... - Tobio confessou também.
- Que foi o dia que você ficou falando o quanto amava o Miya-san! Começo a perceber um padrão... - Hinata observou.
Os três riram ao constatar que os momentos mais importantes que eles tiveram, por mais que separados, os três estavam sempre envolvidos. Foi no meio daquele clima bom e descontraído que Oikawa chegou com a salada de Hinata.
- Tudo certo por aqui, precisam de alguma coisa? - Tooru perguntou desconfiado.
- Não, está tudo ótimo. Aparentemente a gente pegou o prato mais caro da casa, então não tem como ficar melhor. - Atsumu respondeu e em seguida botou na boca mais dois camarões.
- Continuem comendo pois a gente cobra a mais pelas embalagens para levar. - Tooru disse com um sorrisinho de lado enquanto voltava para o balcão.
- Como que ele pode sempre ter uma resposta melhor?! - Atsumu se perguntou. - Para com isso, Tobio!
Hinata riu ao ver que Kageyama enfiava uma quantidade imensa de camarões na boca, certamente numa tentativa de não deixar sobrar nada e, é claro, de não deixar Oikawa cobrar ainda mais deles.
- Só se ganha do Tooru não entrando na disputa. - Hinata disse sabiamente. - No mais, tudo que você disser ele usa de trampolim.
- Por acaso você e ele...? - Atsumu quis saber, mas não teve coragem de terminar a frase.
- Atsumu! - Kageyama chamou ainda de boca cheia, claramente o acertando por debaixo da mesa. - Você não precisa responder isso se não quiser, Hinata.
- Não, tudo bem, não tem muito exatamente o que contar. A gente se conheceu no ensino médio, se pegou uma vez mas foi... muito esquisito. Depois ficamos amigos e não nos separamos nunca mais, Tooru se tornou muito importante pra mim. E sim, a gente dorme na mesma cama e até se beija às vezes, mas é bem platônico. - Hinata fez uma pausa, vendo como Miya sorria nervoso e Kageyama franzia a testa. - Melhor vocês já irem se acostumando com ele, pois a gente vem na mesma embalagem.
- Bom, Atsumu tem o irmão dele. Você vai ter que se acostumar também. - Tobio disse dando os ombros e tomando um gole de vinho.
- Calúnia! Blasfêmia! Difamação! - Atsumu se defendeu rapidamente, mas sem qualquer argumento.
- Ah, sim! Eu encontrei ele esses dias! Quase tive um piripaque até lembrar que você tinha um gêmeo. - Hinata disse se lembrando do encontro por acaso no restaurante. - Ele disse que você era uma porta e que certamente não tinha feito por mal. Por um momento achei que ele ia pedir desculpas por você.
- Ai meu deus, eu vou matar ele! - Atsumu bufou. - Ele me disse que tinha te visto, mas não disse que tinha te falado coisas!
- Eles brigam o tempo todo e em seguida estão se abraçando, é insuportável. - Tobio falou revirando os olhos.
Atsumu reclamou mais um pouco, fazendo eles rirem.
- E você, Kageyama-san? Quem que vem na embalagem com você? - Hinata quis saber.
Atsumu abriu a boca para falar alguma coisa, mas acabou parando. Tobio percebeu e, depois de baixar os olhos para a mesa e largar o copo, criou coragem para contar.
- Eu tenho uma irmã também, mas a gente não se fala muito. Tenho alguns colegas da revista, mas a gente só conversa sobre trabalho. E recentemente o nosso vizinho Suga tem me ajudado muito, mas eu sinto que ele é assim com todo mundo. Eu nunca tive ninguém assim, tão próximo... até conhecer o Atsumu, óbvio. - Tobio disse inseguro de falar sobre seus sentimentos. - Mas eu sinto que... talvez eu possa me aproximar de mais alguém. Na verdade, acho que essa é a primeira vez que eu sinto que eu realmente quero me aproximar de mais alguém.
Hinata sentiu as bochechas esquentarem. Era claro que Kageyama estava falando dele, e o jeito de bobo apaixonado que Miya olhava para eles dois não ajudava em nada.
- Então... a gente vai mesmo tentar fazer isso dar certo? - Hinata disse finalmente.
- Sim, por favor. Deixa a gente tentar de novo. - Kageyama respondeu prontamente baixando a cabeça polidamente como se fizesse um pedido formal.
- A gente vai fazer tudo direitinho dessa vez, eu prometo. - Atsumu disse imitando o gesto do marido. - Eu até deixo você dirigir meu carro.
- Não começa fazendo promessas que você não vai cumprir. - Tobio retrucou.
- Eu vou cumprir sim! - Atsumu disse buscando nos bolsos por alguma coisa. - Eu ia até te dar a chave agora mesmo, mas lembrei que viemos de táxi. Vai ter que ficar pra próxima vez, Shouyou-kun.
- Que conveniente, né? - Kageyama disse e logo ele e Hinata estavam rindo às custas do amor de Atsumu pelo veículo.
O clima descontraído se manteve quando Hinata reafirmou que sim, eles estavam perdoados, e que sim, estava disposto a começar uma nova relação com eles. Enquanto comiam, começaram a conversar sobre algumas premissas que eles queriam para esse novo relacionamento, tal como o status de "namorando" entre eles e Shouyou. Era um pouco estranho estar casado e namorando ao mesmo tempo, mas não havia melhor título para descrevê-los.
Todos concordaram unanimemente que aquela era uma relação fechada, ou seja, não seriam tolerados os envolvimentos com outras pessoas. Hinata deixou muito claro que não estava disposto a mudar em absolutamente nada sua relação com Tooru e que se eles tivessem ciúmes, que engolissem. Nenhum deles argumentou.
O tópico seguinte foi com relação ao dinheiro. Atsumu e Tobio disseram que não iam querer ver Hinata trabalhando de acompanhante ou vestido de batata-frita quando eles podiam muito bem ajudá-lo e garantir que ele se dedicasse ao que importava, que era o vôlei. Shouyou também se recusou a receber qualquer tipo de "mesada" alegando que eles já tinham dado dinheiro pra ele se manter por bastante tempo e que ele se sentiria sendo pago de novo.
Depois de discutirem bastante, concordaram que Atsumu e Tobio iriam pagar sempre pelas coisas quando eles estivessem juntos, e que sempre que Hinata precisasse de alguma coisa, ele não deveria hesitar em pedir. Shouyou estava convencido de que não pediria nada nunca e que tinha feito uma boa combinação, até Atsumu incluir que presentes espontâneos deveriam estar liberados.
Hinata concordou desde que não fosse nada extravagante demais, e que de preferência não fossem surpresas. Aproveitou para enganchar como a situação do "precisamos conversar" tinha sido péssima e o tinha deixado ansioso a semana inteira antes do jogo. Os dois se desculparam mais uma vez e também falaram de coisas que os deixavam ansiosos.
Atsumu não confiava em absolutamente nada que ele não pudesse checar a qualidade antes ou ter garantias, fosse através de opiniões alheias ou experiência própria. Tobio no geral não era muito ansioso, mas podia ser bastante se tivesse que abrir os seus sentimentos e outros assuntos pessoais para pessoas não tão próximas. Falar em público, grandes exposições ou demonstrações de afeto em público também não o faziam se sentir bem.
- E quanto aos encontros? Vamos nos ver sempre os três juntos? - Hinata quis saber.
- Boa pergunta. Entre os teus treinos e o trabalho do Atsumu, eu sinto que vou precisar de um alinhamento interplanetário pra conseguir sair pra jantar. - Tobio disse.
- Isso não seria justo... Vocês têm muito mais flexibilidade de horários, não tem por que se prenderem por mim. - Atsumu disse incentivando.
- Eu não vejo como isso pode ser justo. Vocês vão continuar se vendo em casa, mas eu vou ver o Miya quando?
- Bom, eu posso tentar falar com Sakusa e tentar sair mais cedo...
- Sair no horário que você deveria sair no caso. - Kageyama completou. - Sakusa-san não é o monstro que você pensa que é, ele certamente vai achar ótimo que você deixe ele em paz.
Depois de Hinata questionar quem diabos era Sakusa e descobrir que era o chefe de Atsumu, eles concordaram que fariam sempre o possível para estar os três juntos. Atsumu ressaltou que não se importava deles se verem mais no tempo livre que tinham, e eles aceitaram se comprometendo a recompensá-lo de alguma maneira.
- Hmmmm, e eu posso pensar em várias maneiras. Se bobear, eu mesmo vou marcar encontros para vocês dois irem sem mim se as recompensas forem como eu estou pensando. - Ele disse rindo malicioso.
- Nós nem falamos sobre sexo ainda e você já está fazendo chantagens. - Tobio reclamou. - Ao menos pergunte ao Hinata o que ele pensa sobre isso antes de já ir dizendo essas coisas.
- Pois muito bem então, Shouyou-kun... Qual sua posição nisso? A minha na verdade tanto faz, posso ficar por cima, por baixo, de frente ou de costas...
Hinata e Kageyama quase cuspiram longe suas bebidas. Shouyou precisou se abanar para parar de rir e se recompor antes de criar coragem para falar.
- Eu acho que nesse quesito também não vamos ter muito com o que nos preocupar. Eu confesso que não sou a pessoa mais experiente do mundo, mas... já estive nos dois lados. Pra mim, acho que depende muito do momento e da outra pessoa também.
- OK, não diga mais nada, já é mais do que suficiente. - Miya interrompeu, claramente não querendo ouvir sobre as experiências passadas dele por ciúmes.
- O que ele realmente quis perguntar é se você tem alguma objeção ou consideração para falar sobre sexo, né, Atsumu?
- Sim, sim, certamente, foi isso que eu quis perguntar. - Atsumu concordou sarcástico.
- Bom... Eu acho que vai acabar acontecendo, uma hora ou outra. - Hinata falou, um pouco encabulado. - Mas precisamos conversar se vai ser sempre nós três ou se... ou se vai ser permitido quando um não estiver.
Mesmo sem ser intencional, Hinata e Kageyama trocaram um olhar cúmplice lembrando do amasso no sofá da sala e Atsumu percebeu na hora.
- Meu deus, vocês já estão planejando se comer enquanto eu me fodo no trabalho bem aqui na frente dos meus camarões!!
Hinata e Kageyama imediatamente fizeram "shhhhh" para ele não gritar, ainda mais uma frase como aquela.
- Nós não estamos planejando nada, Tsumu, pelo amor de deus!
- Mas é algo que pode acontecer né, então melhor já falarmos sobre. - Hinata se defendeu.
- Eu vou revestir aquela casa de câmeras, é isso que eu vou fazer! Vocês só podem estar de brincadeira. - Atsumu disse sussurrando alto, muito decidido.
- OK, já entendi, isso é um não, então. Não vai acontecer. - Hinata disse tentando acalmar os ânimos.
- Não, vocês que não estão entendendo. Só de imaginar que eu vou estar numa reunião chatíssima discutindo padronagens de mármore e vocês vão estar transando, eu já estou ficando mais duro do que qualquer pedra.
- Quê...? - Hinata não sabia se tinha entendido direito.
- Ah... É que ele gosta de ser provocado. - Tobio explicou. - Você vai ver, às vezes eu amarro ele na cabeceira e....
- Aceitam mais uma bebida?
Os três prontamente viraram para o lado percebendo a presença de Oikawa, que estava sorrindo com a mão no queixo, aparentemente bem entretido assistindo a conversa deles. Não saberiam dizer há quanto tempo ele estava ali e talvez fosse melhor não saber. Shouyou evitou olhar para ele, se sentindo culpado, enquanto os outros dois pediam por mais uma água.
Terminaram por concordar que a princípio não haveria problemas eles fazerem sexo na ausência de um deles, mas que também era algo que precisaria ser discutido quando eles de fato estivessem naquele ponto da relação. Uma coisa era refletir hipoteticamente, outra poderia ser a realidade.
Hinata aproveitou para levantar a necessidade de ser incluído nas conversas e decisões, sobre como eles precisavam estar conscientes de que Hinata não morava com eles e não tinha como saber tudo que se passava com eles. Eles teriam que ativamente se empenhar e se esforçar para incluí-lo.
- Mas você vai dormir uns dias lá também, né? Quer dizer, quando você se sentir pronto, não queremos te pressionar... - Tobio disse um tanto envergonhado.
- Tobio já liberou uma parte do nosso closet pra você. - Atsumu dedurou.
- Oh, meu deus, Tsumu! Eu acabei de falar que a gente não ia pressionar ele a nada!
- A gente literalmente agora se comprometeu a contar tudo pra ele, Tobio!
Hinata riu mais um pouco, dizendo que não via problema em dormir lá, quando fosse o momento. Agradeceu o espaço no closet pensando se sequer teria roupas suficientes para usar tal lugar. Preferiu não dizer aquele pensamento em voz alta pois Miya poderia materializá-lo com vários presentes.
Conversaram também sobre falar ou não abertamente do relacionamento a três para amigos, colegas e familiares. Kageyama e Miya ressaltaram que certamente a vizinhança e seus locais de trabalho não veriam com bons olhos e que suas famílias provavelmente não compreenderiam logo de cara. Precisavam de tempo para prepará-los e abordar o assunto.
Hinata era da política de que ninguém tinha nada a ver com a sua vida, por isso não faria nenhum anúncio, mas que também não esconderia nada. Concordaram por fim em não fazer alarde em redes sociais que pudesse vazar para a família Miya ou Kageyama, mas que iriam aos poucos contando para as pessoas próximas até chegarem lá.
Quando o assunto das combinações prévias começou a chegar ao fim, Hinata começou a ficar um pouco inquieto. Ele ainda tinha um assunto muito importante que tinha prometido a si mesmo que não deixaria de falar.
- Acho que eu tenho mais uma última coisa pra dizer... Antes de... Antes de tudo começar.
Foi a vez de Atsumu e Tobio ficarem levemente apreensivos esperando pelo que ele diria.
- Eu sei que nós tivemos poucas chances de sair nós três juntos até hoje, mas... Vendo vocês juntos, eu... eu tenho grande dificuldade em entender o que vocês esperam de mim. No sentido de que... eu vejo vocês e... eu sinto inveja. Eu me sinto um pouco mal por confessar isso, mas vocês aqui me dizendo que eu posso fazer parte do que vocês têm é muito surreal. Eu fico me perguntando o que vocês esperam de mim o tempo todo, o que diabos vocês podem estar ganhando com isso... - Hinata explicou com sinceridade. - E antes que vocês digam que não tem porquê eu pensar nessas coisas, eu já aviso que eu sei, Tooru já me disse um milhão de vezes também, mas eu realmente vou precisar de ajuda pra não ficar constantemente pensando que vocês estão me fazendo um favor ou algo assim.
- Ao nosso ver, você quem está nos fazendo um favor, Shouyou-kun. - Atsumu respondeu prontamente.
- ... Como? Eu literalmente não trago nada além de problemas de agenda e mais um par de coxas. - Hinata falou se menosprezando completamente.
- Eu também não tenho a mínima idéia de como. - Kageyama concordou, até deixando os outros dois surpresos pela maneira de falar. Mas logo ele continuou. - Eu só sei que antes de você aparecer, eu estava vivendo um dia depois do outro. Eu não sei como... Mas você trouxe de volta aquela ansiedade boa, aquela expectativa de viver algo novo, sabe?
Hinata viu Miya alcançar a mão dele sobre a mesa e segurar num aperto firme, o apoiando para que ele seguisse falando.
- Eu já falei isso pro Tsumu e digo pra você também. O que eu sinto é como se fosse uma casa que tem tudo que eu preciso e me faz feliz como é. Mas agora que você apareceu, Hinata, eu sinto como se a gente estivesse construindo novos cômodos e expandindo. Esse novo espaço não é melhor ou pior que o que já tinha, ele é a mais! Você aumenta e transforma essa casa num lugar ainda melhor, sem sobrepor o que já existe. O que eu e o Atsumu já vivemos nessa casa vai continuar nas nossas memórias, mas esse espaço novo vai possibilitar coisas completamente novas.
Se sentindo confiante o suficiente com o apoio do marido, Tobio estendeu a outra mão sobre a mesa para Hinata, que prontamente a segurou.
- Então não, eu não sei como você está fazendo isso e nem saberia descrever exatamente o que você está fazendo. Eu só sei que você me faz ter vontade de acordar de manhã e começar a construir logo esse pedaço novo da casa de uma vez por todas.
Atsumu começou a literalmente soluçar de emoção, obrigando Tobio a se levantar e ir até ele, envolvendo-o num abraço para acalmá-lo. Depois dele fungar algumas vezes, Kageyama se afastou um pouco, o suficiente para passar os polegares no rosto dele, enxugando as lágrimas teimosas que caíam. Ele sorriu e o beijou, sabendo que eram lágrimas de felicidade.
Tobio em seguida ouviu outra pessoa fungar e olhou para o lado, vendo Hinata enxugando os próprios olhos nas costas da mão. Vendo os dois chorarem felizes, ele não teve outra opção.
- Por deus, vem cá...!
Hinata sentiu uma alegria tão grande no peito que não conseguia conter lá dentro. Se levantou da cadeira também e foi rapidamente até os dois, sendo recebido dentro do abraço. Tobio queria consolá-los, mas tudo que conseguiu fazer foi que os dois chorassem com ainda mais emoção.
Podia sentir como o braço de cada um deles cruzava por suas costas, como as diferentes alturas permitiam que ele tivesse Atsumu em seu ombro e Hinata em seu peito. Sentia como os seus próprios braços circulavam eles tão confortavelmente como se aquela não fosse a primeira vez que se abraçavam os três.
A primeira vez que conversavam com sinceridade, a primeira vez que falavam sobre os próprios sentimentos e expectativas, a primeira vez que estavam todos na mesma página. E por que não, na primeira página?
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Depois de muito camarão e uma lista gigante de combinações, nosso trio está finalmente estabelecido. Com todo mundo na mesma página agora, vamos para assuntos mais interessantes, né? huhuhu
Próximo capítulo: "Ao mesmo tempo"
Sexta, 25/06
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