Antes do Pôr do Sol • jjk + p...

Door thatsadaydream

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Jeon Jungkook sempre gostou de ter controle sobre sua vida, nunca se permitindo sair de sua zona de conforto... Meer

[01] Alvorecer
[02] Eta Carinae
[03] Garoa
[04] Tempestade
[05] Incandescência
[06] Explosão
[07] Lua cheia
[08] Imersão
[09] Meia noite
[10] Florescer
[11] Tornado
[12] Estrela Cadente
[13] Lua Nova
[14] Relâmpago
[15] Cosmos
[16] Caos
[18] Ardor
[19] Verão
[20] Euforia
[21] Poeira Cósmica
[22] Lua Crescente
[23] Rosas amarelas
[24] Busan
[25] Ruptura
[26] Antes do Pôr do Sol
[27] Espinhos
[28] Perspectivas
[29] Castelo de Areia
[30] Controle
[31] Amor
[00] Era uma vez...
[00]² Personagens
[32] Silêncio

[17] Folha de acanto

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Door thatsadaydream

- Me desculpa, Jungkook.

É a décima vez que Jimin me pede desculpas, enquanto deixa alguns selares pelo meu rosto.

Abraçados, os dois de pé, não tive coragem de propor sentarmos com receio de não ter mais os seus toques em meu corpo. Ele continua abraçado a minha cintura, enquanto beija minha bochecha repetidas vezes, desce até meu queixo e vai até a ponta do meu nariz, finalizando com um selinho nos meus lábios.

- Eu já disse que desculpo, hyung...

- Mesmo assim, eu te falei coisas ruins. - ele fala, dando mais um selinho nos meus lábios. - Eu me senti pressionado ontem e acabei falando aquelas coisas... Que eu estava bêbado e por isso tinha te beijado... Que você seria a última pessoa por quem eu me apaixonaria... - ele esfrega o nariz no meu, delicadamente. - Eu posso garantir que sabia muito bem o que estava fazendo quando te beijei e sobre isso de se apaixonar... Eu não sei o que é me apaixonar porque nunca senti nada parecido, por isso falei aquela besteira...

É óbvio como Jimin está abalado pelas coisas que disse e, por mais que eu já tenha dito algumas vezes que está tudo bem, ele continua se sentindo mal. Sua fala acerca de se apaixonar me faz engolir em seco, pensando em como Jimin ainda não entendeu que o que eu sinto por ele vai além de uma simples atração.

Eu nunca disse que gostava dele, apenas comentei que ele me fazia sentir coisas diferentes e que queria beijá-lo. Quando fiz essa pequena declaração em nosso quarto, eu mesmo não entendia os sentimentos que Jimin me traz, então, fez sentido para mim essa fala. Hoje, eu sei que gosto dele e gosto muito. Porém, ele ainda não sabe disso.

E não será algo que falarei, pelo menos não agora.

Sorrindo pequeno, seguro seu rosto com minhas duas mãos, amassando minimamente suas bochechas e formando um bico em seus lábios bonitos.

- Eu também te disse coisas ruins e você me desculpou, não foi? - ele assente. - Então, vamos tentar não nos magoar... E o que passou, passou. Não podemos mudar o passado, apenas o presente.

- Vamos tentar não nos magoar mais? - ele repete o que digo e assinto, soltando seu rosto com delicadeza e apoio minhas mãos em seu pescoço.

- Eu sei que é difícil... Em algum momento, eu acho que é inevitável, acabamos magoando as pessoas ao nosso redor. - confesso, sentindo o carinho que suas mãos fazem em minha cintura. Quase fecho os olhos, mas os mantenho fixos em seus olhos. - Mas podemos nos policiar e tentar não usar palavras tão ruins, não?

- Você está certo. - ele sorri pequeno para mim, me roubando mais um selinho. - Mas, ainda assim, me desculpa...

Solto uma risada, dando um tapa fraco em seu peitoral e ele sorri comigo, olhando para algo atrás de mim.

- Então esse foi o quarto que você viveu durante a escola?

Jimin solta minha cintura e quase reclamo da falta de contato entre nós dois, mas fico calado sabendo que posso soar desesperado. Ele caminha para perto da estante de livros e filmes que tenho e os olha, cuidadosamente.

- Sim... - falo, observando o tom de amarelo pastel nas paredes do meu quarto. Além da estante que tenho com alguns livros e filmes, há algumas prateleiras com, principalmente, objetos relacionados a fotografia e também a economia.

Jimin caminha até uma dessas prateleiras, segurando um enfeite em miniatura do símbolo de economia. Ele sorri e diz:

- Por que não levou isso para o nosso quarto? - só de ouvir ele falando nosso, meu coração acelera algumas batidas. - Combina com a faculdade, já que é o símbolo do nosso curso.

- Eu sei lá... - digo, olhando o enfeite em suas mãos. - Acabei não levando nenhuma das decorações que tenho aqui. Acho que não queria que aquele parecesse esse quarto...

Ficamos por poucos segundos em silêncio e, percebendo ou não meu desconforto, ele pergunta:

- Eu nunca entendi qual é o significado de cada objeto no símbolo de economia. Você sabe me dizer?

- Claro! - respondo, sorrindo. Caminho para perto de si, apontando para a roda acinzentada no enfeite. - A roda simboliza o labor e a fortuna, sendo a indústria. - desço meus dedos até encostar no globo azul. - Já o globo é a economia mundial. - toco a cornucópia amarela, vendo os olhos de Jimin acompanharem meus movimentos. - A cornucópia, na mitologia, era usada para guardar frutas e flores, então agora é a representação da abundância, ou seja, da agricultura e do comércio. - por fim, desço meus dedos até tocar a folha verde e digo: - E, por último, essa folha de acanto simboliza o valor e a boa fama, que é uma coisa que economistas prezam.

- Eu já ouvi falar que seu simbolismo não provém das folhas, mas sim dos espinhos. No passado, na Grécia Antiga, colocavam folhas de acanto em túmulos, indicando que a pessoa venceu os obstáculos ao longo da vida. - Jimin comenta, me fazendo olhar para seu rosto. - Se eu te disser que ela me remete à você, vai achar um pouco mórbido?

- Por que ela era colocada em túmulos? - rio fraco, balançando a cabeça. - Por que lembra de mim?

Um pouco envergonhado por estar sendo observado tão atentamente, minhas bochechas ficam vermelhas e ele fala:

- Porque eu acho que você sempre está tentando lutar contra os espinhos da sua vida e isso é difícil, muito difícil. Não é fácil lutarmos contra nós mesmos... - um sorriso fraco nasce em seu rosto e ele continua: - Gostaria de ser assim também.

Algo em suas palavras me faz pensar sobre o que ele pode está falando, mas claramente a fim de mudar de assunto, Jimin diz:

- Eu acho incrível como dá pra ver a paixão que você tem pelo o que estuda. É admirável.

Tenho vontade de perguntar para Jimin o que ele pensa sobre o curso que faz, mas sei que é um assunto que não gosta de falar, já que deixou claro em alguns momentos que não é algo que ama fazer. Por isso, resolvo não indagar nada, sorrindo por conta de suas palavras.

- Você se deu bem nas provas? - ele pergunta, colocando o enfeite na prateleira.

- Sim, todas as notas já saíram. - falo, indo até minha cama e sentando. - Pode sentar, se quiser...

- Vou tirar o tênis, esqueci de fazer isso quando cheguei. - ele fala e assinto, pensando que nem lembrei em avisá-lo para tirar os sapatos já que estava nervoso demais com sua presença. Não que eu não esteja nesse momento, já que Jimin sempre me deixa nervoso, mas posso dizer que estou bem mais relaxado.

Jimin deixa seus tênis perto da porta e caminha em minha direção, sentando ao meu lado na cama, mas, diferente de mim, ele dobra suas pernas em posição de lótus e vira seu corpo completamente para o meu. Ainda mantenho uma perna no chão, mas dobro a outra e me viro em sua direção, me deparando com seu olhar curioso.

- Você foi bem? - pergunto, vendo Jimin dar de ombros.

- Eu passei em tudo, mas não com notas altas. Na semana de provas eu acabei dormindo vários dias no quarto com Yoongi e não foram boas noites de sono, acho que afetou meu desempenho. - ele responde com um sorriso, mas me atento as suas palavras.

Quando Seung apareceu no refeitório para lhe devolver um caderno, fiquei pensativo se era com Seung que Jimin passava as noites, já que não era em nosso quarto. Saber que ele dormiu com Yoongi me faz ficar aliviado, mas não demonstro nada.

Jimin claramente não gosta do que faz, mas, se gostasse, sem dúvidas se sairia muito bem porque é extremamente inteligente. Sei que só lhe falta vontade.

- O que pode dizer sobre seu primeiro semestre como universitário?

- Bem... - tombo a cabeça, pensativo. - Eu tenho que dizer que gostei muito, hyung. Eu gosto muito do que aprendo, então a questão do curso, foi muito bom. Mas não foi apenas isso... Eu não imaginei que teria tantos amigos como hoje tenho... - minhas palavras morrem ao pensar como meus amigos não estão mais próximos como antes e posso dizer que sou o culpado disso.

- Você sabe que não tem culpa de nada disso com Seokjin, não sabe? - como se lesse meus pensamentos, Jimin pergunta. Desvio meu olhar do seu, focando no travesseiro da minha cama, triste ao pensar em tudo que houve.

- Ainda assim, eu me sinto culpado, hyung. - falo, com a voz baixa. - Se eu tivesse percebido que Seokjin sentia algo por mim...

- Você... Você teria ficado com ele?

- Não, eu nunca o vi dessa maneira. - respondo, honestamente e percebo que Jimin suspira aliviado. - Mas eu poderia ter conversado com ele antes, não sei... Ainda não tive coragem de falar com ele porque foi algo que me pegou de surpresa.

- Quando ele contou, eu também fiquei surpreso. - fala, levando sua mão até meu joelho, acariciando lentamente. - Ele tinha conversado antes com Tae, então foi uma surpresa apenas para mim e Yoongi. Eu me senti mal porque conheço Seokjin há anos e não reparei nada... Mas isso é algo dele, na verdade. Ele sempre foi uma pessoa mais reservada, então não é surpreendente ele guardar esse segredo por tanto tempo.

- Yoongi... Como Yoongi reagiu? - pergunto, tentando não demonstrar que meu interesse em saber de Yoongi vai além disso. Fico preocupado de Yoongi ter comentado com Jimin algo sobre nossas conversas, mas acho praticamente impossível já que Jimin não demonstra que sabe sobre o que sinto por ele. Penso também se Jimin contou para Yoongi sobre o nosso envolvimento, já que acabei não contando nada para ele, apenas para Hoseok e Han.

- Sabe como Yoongi é, ele não falou muita coisa, mas também ficou surpreso. Ele ficou bem estranho, pra ser sincero... Ele me disse para conversar com você sobre isso, já que ele sabe que nós dois tínhamos já nos envolvido... - mais uma vez, como se lesse meus pensamentos, ele acaba com minha dúvida, parecendo preocupado com minha reação. - Te incomoda saber que eu contei para Yoongi sobre nosso beijo e nossa pu...

- Não! - respondo depressa, não querendo que ele termine sua frase já que provavelmente terei um lapso se ele falar sobre o que fizemos em nosso quarto. Eu e Jimin ainda não conversamos sobre e nem sei se vamos conversar. - Não me incomoda... Eu contei para Han e Hoseok também...

- Eu imaginei que Hoseok saberia, não pensei em Han. - ele sorri de canto, ainda tocando meu joelho, seu toque descendo minimamente para mais perto de minha coxa. - Vocês são bem próximos, não?

- Eu e Han? - ele assente e sorrio. - Sim, eu gosto muito dele. Ele é meio doidinho, mas acho que nós dois damos certo...

- Ele é mesmo. - comenta, analisando meu rosto com seu olhar que parece enxergar minha alma. - Eu acho que, quando se sentir confortável, deve tentar conversar com Seokjin... Eu preciso dar mais um tempo para ele digerir tudo que houve e não sei se vai conseguir me perdoar... Sei que errei feio com ele...

- Você errou sim. - falo, observando seu olhar triste em minha direção. - Talvez você devesse ter sido sincero com ele assim que soube dos sentimentos dele, mas é difícil agirmos dessa maneira quando estamos numa situação dessas... Sempre pensamos que esconder é a melhor solução. - percebo como eu mesmo me encaixo nessa colocação, já que não quero contar para Jimin o que sinto. - Mas isso não define quem você é, Jimin.

- Como eu te disse, nossa conversa não foi das melhores. - ele balança a cabeça, visivelmente abalado. - Eu sou amigo de Seokjin há anos e ele faz parte de minha vida. Pensar que posso ter destruído isso é desesperador...

- Posso não conhecer Seokjin tão bem, mas eu acredito que ele precisa de um tempo, como você mesmo disse. Não posso te falar com certeza como será a relação de vocês, mas acho que antes de querer um perdão dele, deve perdoar a si mesmo. Você não é uma pessoa horrível por conta disso.

Jimin parece não acreditar em minhas palavras e claramente se sente péssimo pelo o que aconteceu, já que seu olhar e postura entregam sua culpa. Embora não consiga tirar esse sentimento de dentro de si, espero conseguir ajudá-lo a ir para um caminho saudável de auto perdão.

- Eu não sei o que houve naquela hora que estávamos no quarto... Eu fiquei irritado pelo o que Eun fez e quis saber se estava bem, então fui atrás de você... - ele passa a mão no cabelo e com a outra continua a acariciar minha coxa. - Eu não sei explicar direito, mas não consigo resistir a você...

Se Jimin soubesse o que faz com meu coração quando diz essas coisas talvez tivesse receio de me causar um infarto. Porque não é apenas as palavras que usa que me deixa com o coração palpitando, mas também a maneira natural e séria com que diz, transbordando sinceridade e até mesmo um pouco de confusão, como se ele mesmo não entendesse o que está falando.

É tão natural que me deixa sem palavras, com um sorriso pequeno em meus lábios, como um idiota.

Mas tento focar no que ele disse antes, embora sua mão em minha perna me desconcentre também, mão essa que desce um pouco mais para minha coxa.

- Eu gosto da amizade de Seokjin e falarei com ele... Precisei ficar essas semanas isolado porque estava esgotado. - respondo completamente sincero, vendo Jimin me observar com atenção. - A única pessoa que vi e conversei foi Hobi, mas mal conversei com outro alguém...

- Nem com Daeshin?

A pergunta de Jimin é feita em um tom baixo, cauteloso, o que me faz olhar para seu rosto com surpresa pela pergunta, já que não esperava que trouxesse esse assunto à tona depois de duas semanas.

Mas ele comentar de Daeshin me faz automaticamente pensar em Taeyang e pensar no que Eun disse: Jimin transou com Taeyang no dia em que me deu um fora.

Imediatamente, afasto minha perna de seu toque e apoio as duas no chão, virando meu corpo para frente e desvio minha atenção do seu rosto. Ele claramente nota a mudança de clima e diz:

- Eu não quis te deixar desconfortável...

- O problema não é você me perguntar sobre Daeshin. - falo, sinceramente. - O problema é que isso me fez lembrar sobre o que Eun disse... Sobre você e Taeyang...

Jimin não diz nada, como se esperasse que eu continue o que quero dizer. Respiro fundo, passando as mãos por meus cabelos e falo, ainda sem o olhar:

- Você sabe como fiquei mal quando soube que Taeyang e Daeshin estavam se envolvendo... É estranho pensar que uma pessoa que convive comigo está se relacionando com ele... Não tem nada a ver com ciúmes ou algo do tipo, já que não sinto absolutamente mais nada por Daeshin, mas é estranho.

Quando indaguei Taeyang sobre seu envolvimento com Daeshin, ele me disse que, se eu não sinto ciúmes, não deveria me importar, já que os dois não estão namorando e não é como se Daeshin fosse novamente fazer parte do meu ciclo social. De certa maneira, ele está certo: não é como se eu e Taeyang fossemos amigos, de qualquer forma.

Mas não deixa de ser estranho saber que uma pessoa que sai comigo está transando com meu ex namorado (que foi extremamente babaca, aliás) e é ainda pior saber que Jimin, meu colega de quarto e amigo, também se relaciona com esse mesmo cara.

- Então saber que você ainda se envolve com Taeyang é estranho, Jimin.

Claro que meus motivos vão além desses que lhe digo: não é apenas porque Taeyang se envolve com Jimin e isso me deixa incomodado, mas também porque sinto ciúmes dos dois juntos, obviamente. Não deveria, já que eu e Jimin não temos nada sério, mas é inevitável.

- Jungkook. - seu tom de voz deixa óbvio que é um chamado e acabo olhando para si, vendo como Jimin está sério. - Desde que eu soube sobre os dois, eu nunca mais me envolvi com Taeyang... Acabamos saindo juntos porque temos o mesmo grupo de amigos, mas nunca mais tínhamos ficado... O que houve aquele dia foi... - ele para de falar e algo em sua expressão, que parece imediatamente incomodada e irritada, faz minha mente ficar em alerta.

Seus olhos não desviam dos meus e consigo notar como Jimin parece verdadeiramente incomodado com algo, hesitando para continuar sua fala. Só depois de alguns segundos, ele diz:

- Eu não quero ser esse tipo de cara, mas eu estava com a cabeça bagunçada aquele dia... Eu tinha saído de uma conversa com Seokjin, onde ele confessou que gosta de você, depois você estava em nosso quarto e me disse aquelas coisas, querendo continuar a se envolver comigo... - como normalmente faz quando está pensativo, ele passa a mão em seus cabelos.

Deve ter sido difícil para Jimin absorver tudo que houve em um mesmo dia, isso eu não posso negar. É realmente como se uma bola de neve tivesse surgido em sua vida naquele dia.

A expressão de Jimin se torna ainda mais sofrida, como se algo lhe deixasse verdadeiramente mal e ele continua:

- Eu tinha dito aquelas coisas para você, meu pai tinha falado algumas merdas também...

Não deixo de pensar no que meu pai me disse semanas há atrás: Jimin tentou dar uma queixa contra o próprio pai, o acusando de bater em sua mãe, o que me faz pensar o que Jimin vive na casa de seus pais e em como é sua família (que ele nunca gosta de comentar sobre).

- Eu não quero ser esse tipo de cara... - repete o que disse anteriormente, com a voz rouca. - Um cara que acaba usando os problemas da própria vida como justificativa pra fazer merda, mas é a verdade... Eu estava com a cabeça fodida e bebi muito com os caras, então nós dois acabamos ficando... - diz e passa as mãos pelo cabelo mais uma vez, olhando-me com preocupação. - Eu sei como você ficou mal quando soube sobre Taeyang e Daeshin, então me desculpe por isso. Eu falhei com você como amigo, porque um amigo não faz isso com outro.

Desvio meu olhar do seu, tentando colocar minha cabeça no lugar, algo que é difícil quando ele me olha com tanta atenção e é tão bonito, além de fazer meu coração acelerar.

Jimin está certo: não podemos justificar toda merda que fazemos com nossos problemas internos e achar que todo mundo tem que ser compreensivo, até porque ser compreensivo o tempo todo cansa.

Mas como posso julgar Jimin se eu não sei pelo o que sua cabeça estava passando aquele dia? Penso em mim mesmo, como acabei beijando vários caras na viagem que fizemos quando me senti mal, então acabei extravasando minha raiva e chateação por meio do estímulo sexual (mesmo que não tenha chegado às vias de fato). Claramente Jimin é uma pessoa sensorial e extravasa suas emoções por meio do físico, não é à toa que sempre está experimentando coisas novas.

Dói e deixa um gosto estranho em minha boca quando penso nos dois juntos. Taeyang parece me provocar constantemente depois que o questionei sobre Daeshin, nossa convivência não é das melhores.

Então, por mais que me deixe chateado saber que os dois se envolveram, não posso negar todo o contexto em que tudo aconteceu. É doloroso, mas tenho que pensar que Jimin também não sabe que gosto dele, embora não tenha certeza se isso teria feito alguma diferença.

Ter essa conversa com Jimin é estranho, mas não ruim. Não quero parecer que estou cobrando algo dele, porque não posso cobrar nada no âmbito amoroso, já que não namoramos nem nada do tipo. Mas é como se eu cobrasse no âmbito da amizade, porque, como ele mesmo disse: um amigo não faz algo assim.

- Você... Você me odeia?

Sua pergunta me tira de meu transe e olho para si, encontrando seus olhos pesarosos me encarando.

- Nem se eu quisesse conseguiria te odiar. - falo com sinceridade. - É o que você mesmo disse: existe uma linha tênue entre ser compreensivo e aceitar mais merda do que deveria. Eu sinto que com Daeshin eu acabava ultrapassando essa linha e tenho receio de fazer novamente com as pessoas ao meu redor. - confesso. - Eu tenho receio de novamente passar pelo o que eu passei com ele ou o que passo com meus pais...

Nunca conversei com Jimin sobre meus pais de maneira aberta e não é hoje que quero ter essa conversa, mas com certeza já ficou claro como nossa relação não é das melhores. Embora não diga com todas as letras, meu receio é ser desvalorizado como meus pais fazem comigo e como Daeshin fez ao longo dos dois anos que namoramos.

Jimin toca novamente minha perna e volto para a posição interior, completamente virado para si e com uma perna apoiada na cama, então me diz com a voz séria:

- Se algum dia eu estiver próximo de te fazer se sentir assim novamente, me diga, por favor. A última coisa que eu quero é te fazer mal, Jungkook.

Desvio meu olhar do seu, me sentindo acuado diante a maneira que seus olhos analisam meu rosto, mas o toque em minha perna me faz olhar para si mais uma vez e ele diz:

- Promete que vai me dizer?

- Prometo, hyung... - falo, com a voz baixa, recebendo outro aperto em minha perna, como se quisesse me deixar desperto e focado.

- Eu não quero que você prometa apenas isso, mas prometa que não vai deixar ninguém agir dessa maneira com você, Jungkook. Mas essa promessa não é para mim que deve fazer, é para você mesmo.

Embora entenda a totalidade de suas palavras, é estranho olhar para dentro de mim desse jeito. Obviamente passar pelo o que passei com Daeshin ou o que passo com meus pais não é algo que desejo, mas, ao mesmo tempo, olhar de maneira tão cuidadosa para meu interior parece errado.

Não respondo nada e não acho que Jimin esteja esperando uma resposta verbal, então não me preocupo com isso. Respiro fundo e digo:

- Eu descobri que Daeshin vem com frequência visitar meus pais. - ele me olha atentamente, como sempre faz quando falo. - Eu descobri isso no dia da festa... E Daeshin apareceu aqui, comentando sobre essa festa e acabei aceitando a carona dele... - omito a parte que meu pai me "obrigou" a aceitar, sentindo vergonha dessa situação. - Ele falou que ainda me ama e me pediu desculpas..

- Você disse que não sente mais nada por ele, não é?

- Óbvio que não, Jimin. - respondo, sentindo o toque em minha perna subir até meu joelho. - Mas nossa conversa foi... Foi diferente do que imaginei que poderia ser. Pela primeira vez, senti que Daeshin estava um pouco mais desarmado, sabe? Aí ele me disse que eu poderia pegar carona de volta com ele e naquela hora... - o dia da festa é completamente manchado de sentimentos conflituosos para mim e balanço a cabeça, não querendo me sentir mal. - Eu só queria ir embora daquele quarto e por isso voltei com ele.

- Eu achei estranho você pedir carona para ele, confesso. - Jimin fala, umedecendo seus lábios bonitos. - Quando você comentou que tinha ido com ele até a festa, já achei estranho, mas você estava desconfortável e não parecia ter sido algo que você teve muita escolha. Mas quando pediu para que ele lhe desse uma carona, repensei o que tinha acontecido e ponderei que talvez você quisesse estar com ele...

- Embora nossa conversa tenha sido... Não sei se posso dizer melhor do que imaginei, mas enfim... Ainda assim não quero contato e amizade com ele. Daeshin me fez muito mal.

- Ele não veio aqui durante essas semanas? - nego com a cabeça e ele suspira. - Menos mal, então.

Nos rodeamos com silêncio, mas ele não é desagradável. Acho que o último momento que estivemos juntos de uma forma tão leve foi quando nos envolvemos pela primeira vez, então faz bastante tempo. Desde então, nossos momentos juntos tiveram diversos altos e baixos. Alguns por minha responsabilidade, pela minha confusão interna, outros por conta de Jimin.

Por isso, aproveito o toque em meu joelho, sentindo ele novamente descer até minha coxa e mordo meu lábio, apreciando a sensação. Jimin não tira os olhos do meu rosto e aproveito para observar o seu, decorando os detalhes: desde o nariz pequeno, os olhos marcantes e os lábios vermelhos preenchidos por seu piercing preto. Sua pele é bonita, assim como os cabelos que caem em sua testa, os fios loiros com a raiz escura, todos esses detalhes fazem Jimin ser Jimin.

Sua mão escorrega para a parte interna de minha coxa, descendo um pouco mais até chegar no limite entre minha coxa e virilha, o que me faz arfar audivelmente, recebendo um sorriso de canto seu, um sorriso safado. Meus olhos recaem em seus lábios que parecem ainda mais atraentes e umedeço os meus, sentindo meu corpo quente.

- Você quer me beijar? - ele sussurra e sua pergunta me pega de surpresa, mas não hesito em minha resposta. Assinto, esperando sua aproximação, mas ele não sai do lugar, ainda tocando minha coxa, com seus dedos raspando em minha virilha. - Então me beija, gatinho.

O sorriso em seu rosto mostra como ele está querendo me desafiar e, a fim de cumprir seu desafio e porque quero desesperadamente beijá-lo, aproximo meu corpo do seu, subindo minhas mãos até seus ombros, sentindo seus músculos ali. Não beijo seus lábios, mas sim observo seu olhar semicerrado fixo ao meu e me ajeito melhor na cama, sentando como ele: com minhas duas pernas dobradas em cima da cama, na posição de lótus.

Sem pressa, levo meus lábios até sua bochecha direita, deixando um selar suave e vejo um sorriso pequeno em seu rosto. Ansiando por sentir mais de seu cheiro, meus lábios descem até tocar seu pescoço, onde deixo um selar, também suave. Imediatamente, sinto sua mão em minha coxa pressioná-la com mais força e sorrio um pouco, sabendo que ele é sensível ali.

Tendo consciência disso, dessa vez, o beijo que dou é realmente um beijo, minha língua tocando a pele de seu pescoço e o arfar que sai de seus lábios apenas me incentiva a continuar beijando sua pele. Minha mão vai até seus cabelos, puxando sua cabeça minimamente a fim de expor seu pescoço da maneira que quero e a outra continua apoiada em seu ombro.

Novamente beijo seu pescoço, sentindo seu corpo se tensionar com o toque de minha língua molhada em sua pele e mais um arfar sai de seus lábios, então, ainda mais atiçado, continuo a marcá-lo, chupando a pele e sentindo seu toque ser mais grosseiro em minha coxa. Sua outra mão sobe até minha cabeça, puxando meus cabelos e trazendo uma sensação nova em meio aos meus beijos em seu pescoço.

Fico envergonhado quando percebo que, com tão pouco, já sinto uma ereção começar a se formar em mim, gemendo baixo contra seu pescoço toda vez que sua mão quase roça em meu membro coberto pela calça. Eu tenho certeza que ele sabe o estado que estou, já que claramente faz de propósito: sua mão continua apertando minha coxa, raspando levemente em minha virilha.

Quando ele acaba tocando meu pau com mais intensidade, não contenho um gemido mais alto sair de meus lábios, afastando-os minimamente de seu pescoço molhado com minha saliva. Tudo acontece muito rápido: assim que meu gemido morre no ar, Jimin empurra meu corpo contra a cama, fazendo minha cabeça cair nos travesseiros e me ajeito melhor, olhando-o por cima de mim.

Assim que ele se inclina contra meu corpo, suas duas mãos apoiadas ao lado de minha cabeça, envolvo sua cintura com minhas pernas ao mesmo tempo que seus lábios tocam os meus e sinto o gelado de seu piercing em meus lábios. Porém, ele me pega de surpresa quando derrapa o quadril contra o meu, me fazendo sentir sua semi ereção, levando a mais um gemido sair de minha boca.

Eu sou muito mais sonoro que Jimin, embora ele solte alguns gemidos mais graves contra meus lábios, os meus são mais arrastados e presentes. Eu gosto de deixar meu corpo relaxado em momentos como esse, sem me importar se estou sendo muito barulhento ou não, apenas deixando meu corpo falar por ele próprio.

Jimin distancia nossas bocas minimamente e observo seu olhar semicerrado em minha direção, os lábios vermelhos e molhados tão próximos dos meus. Sua mão direita desce, indo até minha cintura onde toca com vontade, puxando meu corpo ainda mais ao encontro do seu e mais uma vez nossos membros se derrapam, enquanto ele diz:

- Você é tão gostoso, Jungkook... - ele continua a olhar meus olhos, mas aos poucos vai descendo, observando meu corpo abaixo do seu. Mesmo coberto, é como se ele me visse sem roupas, dado o olhar mergulhado em desejo que me lança. - Sério, você é muito gostoso... Sua cintura... - sua mão vai para debaixo de minha camiseta, tocando diretamente a pele de minha cintura e solto um gemido baixo, apreciando o toque.

- O... O que tem minha cintura? - consigo perguntar, mordendo o lábio ao observar seus olhos brilhantes em minha direção.

- Sua cintura me faz imaginar muitas coisas...

Movido pelo desejo e excitação que Jimin me causa, quase me levando a tirar minhas roupas e as suas neste momento, não penso muito antes de perguntar:

- O que te faz imaginar?

O olhar que ele me dá é a confirmação que fiz a pergunta certa, olhando-me como se eu não devesse provocá-lo. Jimin não para de tocar minha cintura, os dígitos agarrando minha pele sem pudor e sussurra:

- Me faz querer te virar nessa cama e te foder enquanto aperto sua cintura com força...

Bem, talvez eu não devesse ter perguntado nada.

Porque sua resposta apenas faz um gemido necessitado escapar de meus lábios ao imaginar a cena: me imaginar sendo fodido por Jimin, como desejo imensamente. Agarro sua camisa, trazendo seu corpo novamente de encontro ao meu e beijo seus lábios, nossas línguas se encontrando com pressa e necessidade.

Ele continua derrapando seu quadril no meu e sentir seu pau duro tão próximo a mim é o bastante para eu querer pedir que tire a calça, mas, antes que eu o faça, um barulho rouba minha atenção e afasto meus lábios.

São vozes. Vozes dos meus pais.

- Puta que pariu! - falo, empurrando Jimin pelo ombro, sem muita delicadeza.

- O que foi? - ele pergunta, as sobrancelhas franzidas e me olhando como se fosse louco.

- Meus pais... - saio da cama, ficando em pé enquanto jogo meus cabelos para trás. - Meus pais chegaram, eles não podem te ver aqui...

- Porra! - Jimin murmura, ficando em pé à minha frente. - O que eu faço?

- É... - olho ao redor, pensando. Não pode ser a única solução, não é? - Bem... Vai pra debaixo da cama!

- Tá falando sério? - ele murmura, claramente descrente. Quando lanço um olhar sério para ele e as vozes de meus pais se tornam mais próximas, ele assente, abaixando o corpo e indo para debaixo da cama.

Sabendo que estou de pau duro e não vai ser nada interessante lidar com meus pais dessa maneira, pego meu celular na escrivaninha e subo na cama, cobrindo meu corpo e finjo estar mexendo em meu celular. Assim que termino de me ajeitar, ouço as batidas na porta.

- Pode entrar! - falo, um tanto ofegante e pensando se estou com cara de quem estava gemendo há pouco segundos atrás.

- Ei, chegamos. - meu pai abre a porta e os dois estão ali, olhando-me com atenção.

- Oi! Como foi lá? - pergunto, tentando soar casual.

- Foi bom, fazia um bom tempo que não saíamos com os Yoon. - meu pai responde, seu sorriso habitual enfeitando seu rosto sempre simpático. - Você estava dormindo?

- Ah, não. - falo, sorrindo sem graça. - Eu estava mexendo em umas coisas e cansei, aí vim me esticar um pouco.

- Certo... - meu pai responde, ainda me olhando com atenção.

Tenho vontade de jogar tudo pro alto e dizer "Sim, tem um cara embaixo da minha cama e estávamos nos beijando", porque parece que eles já sabem de tudo com esses olhares sérios em minha direção. Porém, eu sei que é apenas besteira da minha cabeça e tento não ouvir minha voz do mal, confiando que eles não sabem de nada.

- Bem, vamos tomar um banho e depois podemos sair para comer algo, o que acha? - minha mãe pergunta e concordo. - Esteja pronto daqui uma hora.

Eles saem de meu quarto, fechando a porta e suspiro aliviado, esperando mais um pouco antes de levantar da cama e dizer:

- Pode sair.

Logo vejo Jimin rolando para fora e solto uma risada baixa, recebendo um olhar semicerrado seu.

- Está rindo de mim?

- Foi engraçado te ver rolando. - confesso, vendo ele se colocar à minha frente e envolver minha cintura com suas mãos. Ele puxa meu corpo contra o seu e sorrio.

- Agora é o momento em que eu pulo a janela?

Arregalo os olhos, negando com a cabeça.

- Não, você vai sair pela porta mesmo. Meus pais vão estar tomando banho...

- Então me deixa aproveitar mais um pouco. - ele sussurra contra meus lábios antes de envolvê-los com calma, sem pressa, me fazendo fechar os olhos. Sua língua toca a minha, mas de uma maneira suave, mostrando que quer algo mais lento dessa vez. Subo minhas mãos até seus cabelos, puxando-os sem muita força, como gosto de fazer quando nos beijamos.

Suas mãos em minha cintura puxam meu corpo de encontro ao seu e ele afasta nossos lábios, sussurrando contra eles:

- Melhor pararmos agora, se não vou ter outra ereção e aí vou ter que ir embora de pau duro...

Balanço a cabeça, rindo de seu comentário e apoio minha cabeça em seu ombro, sentindo o selar suave que ele dá no topo dela.

- Vem, vamos.

Confiro se não há ninguém no andar debaixo da casa e, assim que tenho o aval positivo, subo de volta para meu quarto, saindo com Jimin ao meu lado. Abro a porta da casa, vendo Jimin passar para o lado de fora e me olhar, com um sorriso enfeitando seu rosto bonito.

- Bem, até mais então. - digo, não sabendo bem como me despedir dele.

- Eu posso te beijar?

Assinto, vendo seu sorriso aumentar e ele se aproximar de mim, tocando minha cintura com delicadeza e beijando meus lábios, em um selar suave, mas ainda o suficiente para me fazer suspirar, completamente rendido.

- Até mais, gatinho. - ele sussurra contra minha boca assim que se afasta minimamente.

- Até, hyung.

Observo sua imagem sumir assim que ele vira a rua e suspiro, sorrindo como um bobo. Rapidamente fecho a porta da casa de meus pais e subo novamente para meu quarto, sentindo ainda meu coração palpitar por conta de Jimin.

Embora aquela partezinha minha ainda diga que não é uma boa ideia me envolver com o cara que gosto de maneira casual quando claramente sou monogâmico, não deixo de sorrir por ter conseguido me resolver com Jimin e digo isso de maneira além de romântica, mas sim de amizade.

Porque, antes de mais nada, somos amigos. Se eu gosto dele dessa maneira hoje, é porque conheci o lado amigo de Jimin e foi esse lado que me conquistou: conheci Jimin no dia a dia, sendo ele mesmo. Embora ele ainda esconda muito de si, o que me diz faz sentido: por que apenas consideramos alguém quando sabemos sobre o passado dela com exatidão, detalhes que, muitas vezes, são irrelevantes?

Então estou completamente aliviado em saber que eu e Jimin estamos bem. Porque eu senti a falta do meu amigo e senti muita falta.

Durante o restante da noite, enquanto estamos sentados em um dos restaurantes que meus pais gostam de ir, fico pensando se devo mandar algo para Jimin ou se é muito cedo. Opto por não mandar nada e, assim que chego em casa e saio do banho, sorrio ao ver a mensagem em meu celular.

Jimin-hyung

nunca conversamos mt por msg, pq moramos no msm quarto (22:28)

mas dessa vez vamos ter que nos acostumar pq estamos longe (22:28)

enfim, não sei o que qro te falar, só sei lá... acho que boa noite (22:28)

Sorrio diante das palavras de Jimin, digitando uma resposta rápida enquanto sinto meu coração se aquecer com sensações boas.

Não sou muito bom em conversar por mensagem. Mas darei meu melhor. (23:02)

Boa noite, hyung :) (22:02)

É impressionante como durmo rapidamente, completamente extasiado e acordo me sentindo tranquilo, algo que não acontece há muito tempo.

Passo o domingo trocando mensagens com Jimin e, por mais que conversar por mensagem não seja meu forte, o tempo passa rápido enquanto conversamos sobre vários assuntos. Ele comenta estar no campus e obviamente não questiono sobre seus pais, já que não é um assunto que gosta. Pretendo questioná-lo quando nos veremos novamente, mas não quero parecer desesperado e, por isso, não digo nada.

Na segunda, Jimin fala que à noite vai sair para comer algo com Yoongi e comento para si que quero conversar com os meninos, porque sinto falta deles. Por isso, mando mensagem para Hoseok, falando para nos encontrarmos porque meu retiro espiritual acabou e aproveito para chamar Han, que quase surta ao ver que lhe mando mensagem. Combinamos de nos encontrarmos em um barzinho no centro e, à noite, não demoro para encontrar o tal bar e ver Han sentado em uma das mesas com Hobi ao seu lado.

- Que saudades de você! - Han fala enquanto se levanta e me puxa para um abraço. Retribuo com vontade, sorrindo.

- Eu também senti sua falta. - falo, sinceramente. Quando Han me larga, dou um abraço em Hoseok e nós três sentamos ao redor da mesa. - Você está ficando no campus, Han?

Hoseok comentou comigo que está dividindo seus dias: alguns no campus e outros na casa dos seus pais, mas não sei como Han está fazendo.

- Sim, mas alguns dias vou visitar meus pais... Bem às vezes mesmo. - fala, dando um gole na bebida rosa no copo. - Tomamos liberdade e compramos soju para você.

- Obrigado. - falo, dando um gole.

- Olha... - Hobi começa, mas Han é mais rápido e diz:

- Me conta o que houve porque estou curioso! - Han não esconde sua agitação e acabo rindo. - Sério, Jungkook, quando soube que Seokjin gosta de você, eu fiquei surpreso, mas sabia que Jae já tinha comentado comigo que achava que ele se comportava de maneira estranha perto de você? Nunca comentei nada porque achei que fosse bobagem dele...

- Ele falou isso para você? Nunca comentou nada comigo. - Hoseok comenta, franzindo as sobrancelhas.

- Sim, há não muito tempo atrás... - Han fala e suspiro, pensando em como Jae foi mais esperto do que eu.

- Como Seokjin está? Vocês têm falado com ele? - pergunto, pensando no que Jimin me disse, sobre conversar com Seokjin quando me sentir preparado.

- Foi como eu te falei, é como se houvesse uma polarização. - Hoseok fala, com pesar na voz e dou mais alguns goles de soju. - Seokjin e Taehyung estão de um lado, enquanto Jimin e Yoongi do outro. Os quatro estão ficando no campus e acabamos nos trombando algumas vezes no refeitório, o que acaba gerando um clima ruim...

- Tae está bravo com Jimin? - pergunto, curioso.

- Não diria bravo, mas acho que decepcionado. - Hobi comenta e assinto, sabendo que Taehyung dificilmente fica bravo com as pessoas. Ele é muito tranquilo para isso. - Eles ainda se falam, mas bem pouco e Tae está dando um suporte para Seokjin também... Assim como Yoongi está dando para Jimin.

- Jae, Seung... Eles ficaram sabendo?

- Sim, ficaram. As notícias correm soltas. - é a vez de Han responder, bebendo.

- E... Acham que Taeyang sabe?

Não sei dizer exatamente porque fico curioso em saber se Taeyang sabe sobre o que houve, mas fico e muito. Han dá de ombros e diz:

- Eu não o vi mais.

- Também não. - Hobi pergunta e, pelo seu olhar, sei o que está pensando.

Hoseok é o único que sabe que descobrir sobre o envolvimento de Jimin e Taeyang me deixou mal. Porém, é um assunto que pretendo tentar deixar no passado e não ficar remoendo dentro de mim, porque só vai me fazer mal. Agarro-me nas palavras de Jimin ontem e, embora ainda seja ruim lembrar que os dois transaram, isso não tem mais importância.

- Eu quero conversar com Seokjin. Estou adiando essa conversa porque tenho receio de magoá-lo mais. - confesso, tristonho ao pensar que, querendo ou não, estou deixando uma pessoa que gosto triste.

- Eu acho que ele já entendeu que você não sente o mesmo por ele. Seokjin é inteligente, sabe que você não tem culpa de nada. Não aja como se tivesse, Kookie. - Hoseok fala, tocando delicadamente minha mão em cima da mesa.

- Ainda assim, a situação é péssima! Pensem comigo, eu conheço Seokjin há mais de um ano e nunca, nunca mesmo, reparei em algo. - a bebida que consumo me ajuda a deixar minha mente e corpo mais soltos, então continuo: - Você sabe disso, Hobi, saiu algumas vezes comigo, Daeshin e ele. É estranho pensar que durante esse tempo ele vem guardando os sentimentos...E eu não reparei em nada.

- Às vezes a gente só não presta atenção no que está debaixo dos nossos olhos. - Han comenta. - Talvez fosse óbvio mesmo, mas não foi algo que você conseguiu ver... E está tudo bem também. Sei lá, eu não quero soar insensível nem nada do tipo... Mas todo mundo já teve o coração partido, não? Se não teve, tenho certeza que vai ter.

- O que isso quer dizer? - Hoseok questiona, confuso.

- O que mais fode nessa situação toda é que Jimin beijou Jungkook quando já sabia sobre Seokjin. Porque, de resto, claro que é uma merda e tals... Mas eu acho que há um certo exagero. Sei lá, posso estar falando merda... - ele bebe mais um gole de sua bebida rosa e faço o mesmo com o meu soju, pensando sobre suas palavras.

De fato, todo mundo já teve ou ainda vai ter o coração partido. É triste ver isso acontecer com um amigo seu e, principalmente, quando você é a pessoa que está partindo o coração de alguém. É como se eu fosse o vilão de uma história que não sabia fazer parte e isso me frustra muito.

Só que não posso deixar de lado o que Seokjin sentiu ao ver a cena de mim e Jimin juntos. Não posso diminuir ou aumentar sua dor, apenas respeitá-la, porque a sua dor vai além de ver o cara que você gosta aos beijos com outro, mas sim aos beijos com seu amigo. Sem dúvidas dói muito mais.

Mas consigo entender o ponto que Han está querendo chegar: Jimin, querendo ou não, está sendo excluído. Hoseok acaba ficando mais com Tae, já que os dois praticamente namoram, Han também pois tem mais intimidade com Jae e este não vai ficar em um grupo com Yoongi e Jimin (duas pessoas que não gostam nada dele). Os únicos que permanecem ao lado de Jimin acabam sendo Yoongi e, provavelmente, Seung.

Então, Jimin praticamente "perdeu" seus amigos. Uma vez Daeshin me falou algo que ficou em minha cabeça, que eu isolo as pessoas da minha vida quando elas agem de uma maneira que não me agrada. Embora as palavras tenham vindo de Daeshin, alguém nada confiável, acho que ele tem uma certa razão. É mais fácil isolarmos a pessoa do que tentarmos resolver o problema e sinto que isso está acontecendo com Jimin.

Isso me faz pensar em como ele deve estar mal com essa situação e tentou parecer tranquilo quando nos vimos no sábado. Como normalmente faz, Jimin esconde seus momentos de fragilidade.

- Eu entendo o que quer dizer. - verbalizo meus pensamentos, recebendo a atenção dos dois. - Sei que posso parecer parcial, mas fico chateado ao ver Jimin sendo excluído... E é sobre ele que quero conversar.

Os dois se atentam as minhas palavras e começo a contar o que houve no sábado, omitindo algumas partes (como a pegação que tivemos e meus pais quase nos flagrando), terminando minha garrafa de soju ao mesmo tempo que finalizo meu relato. Han é o primeiro a comentar quando termino de falar, com a voz já levemente alterada:

- Então vocês estão ficando?

- Acho que sim... - digo, um pouco tímido. - Eu nunca fui muito de ficar...

- Eu não quero ser chato, Jungkook. - Hoseok começa com o tom de voz que usa quando quer me dar uma bronca. - Mas você gosta de Jimin, não gosta? - assinto, timidamente. - Acha mesmo que ficar casualmente com ele é a melhor ideia? Tipo, saber que ele fica com outros caras... Não te incomoda?

Como eu posso dizer para Hobi que minha consciência tenta me dizer que não é uma boa ideia, mas a estou evitando para tentar algo de diferente em minha vida? E que, além disso, tenho fé que posso aprender a ver Jimin apenas como um lance casual e deixar para trás esses meus sentimentos?

- Podemos pegar mais bebida? - é o que pergunto, recebendo um tapa fraco no braço, me acusando de estar fugindo no assunto e ouvindo a risada de Han.

Han conta que reprovou em uma matéria e a recuperação é só no próximo semestre, então sugiro ajudá-lo a estudar. Hoseok não reprovou em nada e conta sobre seu primeiro semestre no curso de Artes, sendo nítido o brilho no olhar enquanto fala sobre seu curso. Meu melhor amigo não demonstra nenhuma inquietação como normalmente vem fazendo, parece estar verdadeiramente relaxado e bem, o que me deixa aliviado.

Não sei dizer exatamente quantas garrafas de soju bebemos, já que foram muitas. Sinto meu corpo leve e minha cabeça um tanto aérea, então consigo saber que estou um tanto alcoolizado, na verdade, bastante bêbado. Minha voz sai arrastada e a dos meninos não está diferente, o que me faz rir.

- Posso falar para Jae onde estamos? - Han pergunta, trazendo seu celular para perto de seu rosto e depois o afastando, repetindo isso algumas vezes. - Meu deus, não estou enxergando direito, acho que vou mandar um áudio...

- Por mim de boa. - falo, enquanto bebo mais um pouquinho de soju e observo que Hobi não diz nada, parecendo um tanto incomodado.

Han rouba minha atenção quando pergunta:

- Meu primo nunca te mandou mensagem?

Minha mente alcoolizada demora alguns segundos para entender do que está falando e lembro de Yunho, primo de Han que beijei na viagem que fizemos e de Han comentar comigo que ele queria meu número.

- Nunca me mandou nada. Você passou meu número?

- Sim, acho que ele amarelou. - fala, dando de ombros. - Meus primos são bem covardes mesmo...

- E a garota com quem estava ficando, ainda estão juntos? - pergunto, recebendo um negar de cabeça de Han.

- Agora estou ficando com outra.

Han começa a contar sobre sua nova paquera (é muito velho chamar assim?) e os minutos passam, até que uma voz atrás de mim chama minha atenção e me faz sorrir:

- Quem é vivo sempre aparece, não?

A voz característica de Jae me faz virar a cabeça em sua direção e sorrir, levantando-me da cadeira e percebendo como meus sentidos estão um tanto deturpados pelo álcool que tomei. Mesmo assim, abraço Jae, sentindo suas mãos envolverem minha cintura e acariciarem com calma.

- Estava com saudades de você. - falo, sinceramente. Assim que nos afastamos, ele cumprimenta Han e Hoseok, me parecendo que Hobi fica um pouco incomodado com sua presença, mas penso ser coisa da minha mente bêbada.

- Eu também, bebê. - ele responde, bebendo um pouco de soju. - Posso beber isso aqui, certo?

- Beba o que quiser. - Han responde, a voz tão arrastada quanto a minha.

- Devo dizer que as notícias se espalham rápido... - Jae começa e já entendo do que ele está falando. Talvez seja pela quantidade de álcool que consumi ou por esse estar se tornando um assunto frequente em minhas conversas, mas, de qualquer forma, eu não me inibo de sua fala. - Eu comentei com Han uns tempos atrás que achava que Seokjin podia gostar de você...

- Ele falou mesmo. Como você reparou? - pergunto, aproveitando para beber mais um pouco.

- Não lembro quando foi exatamente que me passou pela cabeça... - Jae responde. - Mas a maneira que ele te olha é diferente, os olhos dele parecem brilhar. Além de que, quando fomos na balada, assim que voltei para perto dos meninos, Namjoon comentou que Seokjin tinha ido beber depois que você voltou da pista de dança, o que era esquisito já que tinha bastante bebida ali... E naquele dia você estava se pegando com um cara, não? Aí já achei estranho...

- Eu queria ter percebido antes pra evitar toda essa confusão. - confesso, suspirando forte. - Então qual a sua opinião sobre tudo isso?

- Minha opinião? - Jae questiona e assinto. - Olha, eu não sei se deveria dar opinião de algo sendo que não estou envolvido na história... Mas, já que está pedindo, o que posso dizer é que Seokjin é muito emocionado. Desde a época de escola, ele sempre foi muito... Qual a palavra? - ele parece pensar, dando mais um gole de bebida enquanto pondera. - Ele tem a pretensão de viver um romance de filme, sabe? Amor verdadeiro, pra vida toda e esse tipo de coisa... E você gosta também disso, não? Acho que esse pode ter sido um dos motivos que fez com que ele gostasse de você...

A minha ideia de amor sempre foi dessa maneira: me apaixonar profundamente, namorar e depois ter uma vida ao lado da pessoa. Então, entendo o que Jae está falando, porque compreendo as vontades de Seokjin.

- Mas o que quero realmente falar é que eu sabia! - ele fala as últimas palavras quase gritando, o que me assusta e franzo as sobrancelhas.

- Do que você está falando? - pergunto, confuso.

- Eu te disse aquele dia no festival que Jimin fazia tudo que você queria, não? - assinto, me recordando. - Então, vocês dois ficaram, ele gosta de você...

- Quem disse que ele gosta de mim? - pergunto, um tanto sem jeito e sentindo meu rosto queimar. - Ele não gosta de mim não, a gente só se beijou...

- Bem, eu achei que... - ele parece surpreso, mas dá de ombros e diz: - Quando me falaram que vocês estavam ficando, achei que tinha tido declarações e tals. Mas, de qualquer jeito, eu acho que ele gosta de você mesmo...

- Não fala essas coisas que Jungkook vai ter um treco. - Han comenta, sorrindo fraco.

- Não é nem por isso... - falo, bebendo um pouco a fim de diminuir o calor que sinto causado pela vergonha. - Mas sim porque não é verdade...

- E você queria que fosse? - Jae pergunta, as sobrancelhas arqueadas como se me desafiasse.

Meu silêncio acaba sendo a resposta que Jae queria e ele ri depois de alguns segundos, me fazendo beber outro shot.

- Está tudo bem, bebê, meu coração já foi magoado por você antes... - ele comenta, colocando a mão no peito. - Se quiser, eu te ajudo a fazer ciúmes nele, já que ele me odeia...

- Acho que não é necessário. - falo, pensando em como o ciúmes foi ruim no meu relacionamento com Daeshin. Não que eu e Jimin tenhamos um relacionamento, mas ainda assim... - Eu sei também que ele não sentiria ciúmes. Agora estamos ficando, como que diz mesmo? Ficando casualmente? Amigos coloridos? Sei lá...

- Que ideia de merda, Jungkook. - Jae quem fala, arrancando uma risada de Han e um tapa fraco de Hobi, que o olha feio. - Qual é, estou falando a verdade! Se você gosta dele, por que vai ficar com ele sem compromisso? Tipo, Jimin fica com vários caras, sempre foi assim, desde a época de escola. Eu acho que a faculdade só fez com que a frequência aumentasse, já que possui mais liberdade e tals...

- Para de falar essas coisas! - Hoseok fala, dando um tapa fraco em Jae, os olhos o fuzilando.

Os três presentes na mesa me olham, como se esperassem minha reação, mas apenas continuo bebendo meu soju, pensando nas palavras de Jae.

É, pode ter sido uma má ideia, mas tenho que experienciar por mais tempo para ter certeza, não?

- Eu sei que Jimin é assim. - comento, recebendo a atenção dos três. - Mas eu quero experimentar isso... Isso de ficar de maneira livre, ver como é e sei lá... Talvez eu acabe perdendo o encanto que sim por ele, sabe?

- Acho que você vai se apaixonar mais. - Jae quem fala e solto uma risada fraca, balançando a cabeça.

- Quem disse que estou apaixonado? Eu só gosto dele. - respondo, tentando soar firme. - Quer saber, Jae? Esquece que eu pedi sua opinião. - falo, cruzando os braços e fazendo um bico com os lábios.

- Ah, meu deus, não precisa ficar bravo comigo, coisa linda. - Jae fala, sorrindo para mim. Sua fala me arranca um sorriso pequeno, mas tento fingir que estou bravo.

As conversas continuam e vou bebendo mais e mais, até perceber que bebi muito além do que costumo beber. Minha vista é um tanto embaçada e, mesmo que seja fora de mão, acabamos voltando no mesmo carro particular, primeiro para casa dos meus pais e depois eles seguem para o campus.

- Você e Jimin já tran... - do banco ao lado do motorista, Jae começa a perguntar e não demoro para entender o que está tentando perguntar, querendo desaparecer no banco de trás por alguns motivos.

- Não, não, não precisa terminar. - respondo, sentindo minhas bochechas vermelhas.

Ele está perguntando algo sexual na frente do motorista, que obviamente entende sua pergunta, já que olha para Jae com os olhos arregalados. Além de que esse é um assunto que não parei para pensar realmente, mas consigo lembrar do nosso momento juntos na primeira vez que nos beijamos e no sábado, os toques que compartilhamos em minha cama.

- Ah, qual é, eu posso não me dar bem com o cara, mas devo admitir que ele é muito gostoso... - Jae fala e novamente quero desaparecer.

- Isso que dá beber em plena segunda feira. - o motorista murmura, não tão baixo quanto ele pensa e vejo Han ao meu lado querendo rir de sua fala, colocando a mão na boca para não deixar nenhum som escapar.

Por isso, agradeço mentalmente quando chegamos em minha casa, respirando fundo antes de sair do carro para não cair de cara no chão. Meu deus, tudo parece embaçado e estranho. Mal me despeço de meus amigos, me focando em sair do carro com segurança e eles vão embora, enquanto olho para a porta da minha casa. Os passos que dou são lentos, olhando para o chão e tentando não tropeçar.

Que meus pais estejam já no quarto, no décimo sono, por favor...

Mentalizo enquanto abro a porta de casa, suspirando aliviado quando não vejo ninguém na sala. Depois de trancar a porta e tirar meus sapatos, vou até a cozinha lentamente, sentindo minha cabeça rodar e bebo vários copos de água, sabendo que preciso me hidratar para diminuir a ressaca que vou ter amanhã.

O problema é quando chega a escada. Os degraus parecem ainda maiores e infinitos, o que me faz suspirar. Não pode ser muito difícil, é só uma escada.

Então subo praticamente de quatro, não querendo correr o risco de morrer caindo da escada e, assim que termino de subir o último degrau, dando mais alguns passos agachado até que pego uma distância segura da escada, levanto, sentindo minha cabeça rodar mais uma vez.

Entro em meu quarto, fechando a porta e vou até minha cama, me jogando nela, completamente aliviado por ter cumprido o caminho até aqui. Pego meu celular, percebendo como as letras parecem bastante embaralhadas, mas minha atenção é imediatamente dirigida às mensagens que Jimin me mandou.

Jimin-hyung

eu e yoongi comemos duas pizzas (00:21)

OITO pedaços para cada (00:21)

eu me sinto muito cheio (00:21)

Um sorriso involuntário nasce em meu rosto e tento digitar uma mensagem, não conseguindo escrever certo por conta da minha vista bagunçada. Por isso, acabo pressionando o botão de áudio e digo, sabendo que minha voz está arrastada e lenta:

- Hyung... - começo, passando minha outra mão pelo meu rosto, cansado. - Eu saí com os meninos e bebemos muuuuuuito... Estou bem bêbado...

Solto o áudio, olhando para o teto de meu quarto por poucos minutos, quase caindo no sono, mas uma vibração em meu celular me faz olhá-lo, vendo que estou recebendo uma ligação de Jimin.

Nós nunca conversamos por ligação e mordo meu lábio, um tanto ansioso. Assim que atendo, ouço sua voz rouca do outro lado dizendo:

- Jungkook... Tudo bem?

- Hyung! - falo, sorrindo. - Eu estou bem... Está tudo bem? Por que me ligou?

- Sua voz fica fofa quando está bêbado... - consigo sentir seu sorriso em cada sílaba que diz e meu rosto enrubesce. - E também porque estou com preguiça de digitar...

- Então foi legal sair com Yoongi?

- Sim, nos divertimos bastante. E foi o que te disse: comi oito pedaços de pizza. - solto um riso fraco diante sua fala e ele continua: - E com os meninos, como foi?

- Foi muito bom, eu não via Han há um bom tempo e estava com saudades de Hoseok também. - penso em meus amigos e em nossas conversas, sorrindo. - Bebemos muito, mas aí depois que Jae chegou, bebemos muito mais...

- Ah, Jae foi?

- Sim, Han chamou ele. - respondo, demorando para lembrar que os dois não se dão bem. - Eu estava com muita saudades dele também, eu gosto bastante de Jae...

- Ah, sim...

- Nossa, hyung! - coloco a mão no rosto, lembrando do que tinha deixado de lado. - Você não gosta dele, eu esqueci disso...

- Não é por eu não gostar dele que você não pode falar dele, gatinho. - o apelido que sempre me deixa desconcertado parece provocar o triplo de efeito quando estou sob efeito de álcool, sentindo meu rosto esquentar e meu corpo arrepiar.

- Você... - me atrapalho um pouco com as palavras, mas tento mesmo assim: - Vocês chegaram a conversar? Eu lembro que ele me pediu para te convencer a falar com ele, mas nunca mais perguntei sobre...

- Ele tentou, mas eu disse que não estava no clima. Então, ainda não conversamos.

- Quando vai me explicar o que houve entre vocês? - com um bico em meus lábios, questiono.

- Você fica tão curioso assim pra saber? - consigo saber que ele está sorrindo e isso me deixa irritado.

- Você só me enrola, nunca conta nada! Claro que eu fico curioso...

- Eu te conto, prometo... Mas só se você me prometer uma coisa.

- O que?

Jimin leva poucos segundos para responder, cada segundo parecendo um minuto e, quando finalmente responde, meu rosto esquenta ainda mais:

- Vamos sair juntos, só nós dois.

As palavras ecoam em minha cabeça: ele quer sair comigo, ele quer sair comigo... Mas, ao mesmo tempo, reforço: ele só está pedindo para sair comigo, isso não é um encontro...

- Sair? - repito, tentando organizar minha mente bêbada. - Sair comigo?

- Claro, gatinho.

Mais uma vez o apelido, mas, dessa vez, eu fecho meus olhos, aproveitando como soa em seus lábios. É como se eu conseguisse visualizar seus lábios bonitos pronunciando cada sílaba, lábios esses que são tão, tão atraentes...

- Quando você me chama assim, me deixa todo estranho... - não contenho minha boca em falar o que penso, sabendo que posso me arrepender disso.

- Ah, é? Estranho como? - sua voz desce alguns tons e respiro fundo.

- Não sei dizer exatamente... Mas eu gosto muito, hyung... - confesso, sinceramente.

- Eu quero um dia beber com você... Quero ver você falando essas coisas olhando para mim.

- E por que quer isso, hyung?

- Porque você deve estar vermelho falando isso e gosto de ver você assim. - um sorriso de canto nasce em meus lábios e respondo:

- Então vamos beber juntos, hyung. Eu também quero bastante. - finalmente aceito e é como se eu conseguisse visualizar seu sorriso quando me responde:

- Então está marcado.

Conversamos sem parar e é engraçado como o tempo passa rápido quando converso com Jimin. Desligamos quando percebo que estou quase morrendo de cansaço devido ao álcool consumido e o horário, já que são mais de duas horas da manhã.

Mas, no dia seguinte, eu preciso lidar com algumas questões assim que acordo: a ressaca absurda que sinto, que me faz pensar que estou prestes a morrer e a lembrança do "encontro" que eu e Jimin marcamos para a sexta feira.

E ainda é terça, mas já estou sentindo meu coração querer surtar.

O álcool nunca me fez esquecer nada no outro dia (se eu bebesse uma quantidade realmente absurda talvez isso poderia acontecer, mas nunca cheguei a isso), então, lembro do que eu e os meninos conversamos no bar, além da minha conversa com Jimin.

O problema é esperar o tempo passar até a chegada da sexta feira, que me deixa ansioso e frustrado. Passo a terça feira assistindo filmes enquanto me recupero da ressaca que tenho, bebendo bastante água trancado em meu quarto. Na quarta, acabo saindo para correr e aproveito para encontrar com Han, já que ele me chamou para ajudá-lo a estudar para a recuperação que vai precisar fazer, o que me fez ficar surpreso já que Han normalmente foge de estudar.

Na quinta, faço uma chamada de vídeo com Hoseok, lhe contando sobre o "encontro" que terei com Jimin, vendo como meu amigo fica surpreso. Ele me conta que Taehyung está querendo me mandar alguma mensagem, mas fica receoso e falo que é besteira, que pode falar comigo.

- Não sabe quando vai falar com Seokjin?

Sua pergunta me deixa pensativo, porque eu realmente não sei. Observo seu rosto através do celular e suspiro, negando com a cabeça.

- Ele falou alguma coisa com você?

- Não, eu acho que ele tem medo de me falar algo e eu te contar. Tae comentou comigo que algumas coisas ele pede pra não falar para mim justamente para eu não passar para você. Eu entendo o lado dele, sabe que somos muito amigos e enfim...

- Você não fica mal por conta disso, não é? - pergunto, preocupado. Quando ele nega, suspiro aliviado e digo: - Porque eu entendo o lado dele, os dois são amigos há anos... É normal terem segredos.

- Sim, sem dúvidas. Assim como as coisas que você me conta, não falo para ninguém. - sorrio diante sua fala e pergunto:

- E quando vai pedir Tae em namoro, hein?

É estranho como a expressão de meu amigo parece um tanto mais pesada, o que me deixa pensativo. Ele suspira e passa a mãos nos cabelos, ao responder:

- Eu... Eu não sei. Você sabe que nunca namorei antes...

Por conhecer Hobi há mais de dez anos, consigo notar como ele está desconfortável. Hobi demonstra sua inquietação nos pequenos detalhes: seu olhar torna-se um pouco mais vazio e ele desvia os olhos dos meus, além de ficar passando as mãos no cabelo.

- Tem algo te incomodando em relação à Taehyung?

Novamente, ele demora poucos segundos para responder, até que diz:

- Eu gosto tanto dele, Jungkook, tanto... Mas...

Porém, consigo ouvir a voz de sua mãe dizendo algo, chamando sua atenção e, consequentemente, interrompendo sua fala. Ele diz que conversamos depois, que precisa ajudar sua mãe em algo, logo encerrando a chamada. Reviro os olhos, porque Hobi estava para me dizer algo que parece ser importante para si.

O problema é que não quero ser invasivo e parecer que estou lhe cobrando algo, então tento dar espaço e tempo para que ele se sinta confortável para conversar comigo. Porém, parece que nada que eu faça funciona.

Isso fica em minha cabeça durante toda a quinta, mas, quando chega na sexta, eu apenas consigo pensar na saída que eu e Jimin daremos mais tarde. Para minha felicidade, meus pais dizem que vão passar o dia fora, já que irão até outra cidade para comparecerem a uma festa de um casal de amigos. Então, tenho a casa toda apenas para mim, sem meus pais me perguntando para onde vou e com quem vou.

Durante o banho, penso se deveria me preparar, já que vamos sair juntos e pode acontecer alguma coisa... Porém, por outro lado, sei que ainda não é o momento para transarmos, não quando ainda tenho esses sentimentos por Jimin. Transar com ele, sabendo que não é recíproco, apenas vai me fazer mal. Só que... E se, não é mesmo? Por isso, acabo me preparando, por via das dúvidas.

Depois de tomar um banho demorado, fico analisando minha imagem no espelho do meu quarto, observando a roupa completamente preta que escolhi: desde a calça preta, até a camisa de gola alta preta por baixo de uma jaqueta de couro sintético. Não é um estilo que costumo usar normalmente, mas tenho vontade de fazer algo diferente dessa vez. Posso morrer de calor? Sim, mas aceito as consequências mesmo assim.

- Está tudo bem... - digo para meu próprio reflexo, colocando brincos em minhas orelhas.

Como combinamos de nos encontrar em um barzinho no mesmo bairro onde me levou quando fomos ao cinema, fico aliviado em saber que estamos indo para um lugar onde me senti bem, mesmo que não conheça o bar. O trajeto é demorado por conta do trânsito que pego e percebo que atrasarei, então aviso Jimin e ele diz que tudo bem. O atraso só me deixa mais ansioso e, no instante que o carro para na frente do bar, agradeço já abrindo a porta, observando como está cheio.

Meus olhos logo encontram os de Jimin, como se fosse magnetismo. Assim como eu, sua roupa é completamente preta, mas ele utiliza uma calça com alguns rasgos nos joelhos, um cinto acinzentado e uma camiseta de manga longa preta por dentro da calça. Como sempre, Jimin exala beleza e fico alguns segundos apenas o olhando, hipnotizado.

- Você está muito bonito. - poderia ser eu a dizer, mas é Jimin quem diz quando me vê, não disfarçando o olhar sobre meu rosto e corpo. Claro que sua fala e atitude faz minhas bochechas enrubescer, mas gosto e muito de seu elogio. Por mais que ouvir seus elogios seja sempre motivo de vergonha da minha parte, é bom ouvir sua voz me dizendo coisas bonitas.

- Eu digo o mesmo para você, hyung... Você é sempre bonito, mas está ainda mais hoje. - tento colocar minha timidez de lado, dizendo o que meu coração sente. Ele sorri de canto, aproximando o corpo do meu e toca com delicadeza minha cintura, depositando um beijo em minha bochecha.

Na boca, por favor... É o que mentalizo, mas ele apenas me lança um sorriso e simplesmente se afasta, pontuando o mesmo que eu já percebi:

- Parece que combinamos vir de roupa preta. Temos que tirar uma foto em homenagem a esse feito, não?

- Só porque sabe que eu gosto de fotografia fica querendo tirar fotos, não é? - comento, ouvindo sua risada gostosa.

- Talvez. - Jimin segura delicadamente meu braço, me puxando até estar de frente para um espelho gigantesco perto da mesa onde estava sentado. - Eu tiro.

Nos posicionamos lado a lado e Jimin apoia a cabeça em meu queixo, me fazendo aspirar o cheiro suave de seus cabelos. Sorrio, um tanto tímido e, assim que a foto é tirada, ele sorri para mim, apontando para a mesa.

- Ficou boa? - pergunto, sentando ao seu lado.

- Estamos na foto, não tem como ficar ruim. - diz, arrancando uma risada minha. - Como eu sei que gosta de soju, é o que pedi para você.

- Obrigado. O que está tomando? - pergunto, observando o líquido claro gaseificado e as rodelas de limão em sua taça.

- É gin tônica. Já tomou?

- Acho que não...

- Experimenta. - ele estende a taça em minha direção e dou um gole, sentindo um gosto delicioso invadir meu paladar. Ele parece entender que gostei e sorri, dizendo: - Pode ficar com essa, vou pedir mais pra gente.

Ele volta poucos minutos depois, com duas gin tônicas em mãos e percebo que a que ele me deu está quase no final. Resolvo beber a próxima com mais calma e Jimin diz, quando se acomoda ao meu lado novamente, o corpo virado em minha direção:

- Eu fiquei pensando se você não acabaria desmarcando...

- Por que eu faria isso? - pergunto, as sobrancelhas arqueadas.

- Não sei, fiquei ponderando se aceitou porque estava bêbado, no calor do momento... Mas não desmarcou na terça, nem na quarta, então acreditei que viria. - ele umedece os lábios, trazendo minha atenção para essa região de seu rosto. Suspiro, bebendo um pouco mais de gin e ele continua: - O que fez durante a semana?

Eu e Jimin conversamos ao longo dos últimos dias, mas ele comentou estar ensaiando, então nossas conversas foram um pouco mais espaçadas.

- Bem, nada demais... Eu e Han saímos juntos, foi bem legal. Fomos tomar sorvete, fazia um tempo que não tomava.

- E tomou do que?

- Eu sempre peço de maracujá. - ele faz uma expressão de surpresa e completo: - Vai me dizer que não gosta de sorvete de maracujá...

- Bem, não é que não gosto... Acho que nunca experimentei. - arregalo os olhos, surpreso.

- Como assim? É muito gostoso, hyung, você tem que provar! De qual sabor você gosta?

- Eu sempre peço de chocolate...

- Tantas opções e pede logo chocolate? Estou ultrajado.

- Vai me dizer que não gosta?

- Eu gosto, hyung, mas chocolate? Tem tanto sabor mais refrescante, sei lá... Gosto de pedir sabores de frutas, sabe? Maracujá, uva, banana... - falo e ele ri fraco.

- Eu sempre peço as derivações de chocolate: brigadeiro, às vezes chocolate branco...

- Você é estranho. - comento, tomando mais um gole da minha gin tônica. - Você passou a semana ensaiando então? Vai ter alguma apresentação?

- Na verdade, eu estava ajudando Seung e alguns amigos que vão apresentar em algumas escolas. - Jimin comenta e fico um tanto incomodado com a menção de Seung.

São vários os motivos que me fazem ficar incomodado, sendo o mais óbvio o fato dos dois ficarem casualmente e fico pensando se ficaram durante essa semana. Mas, além disso, eu fico incomodado ao pensar que os dois compartilham um laço que eu e ele nunca teremos, já que não gosto de dançar, laço esse que os une.

Eu realmente não gosto de ciúmes, não apenas do ciúmes amoroso, mas de amizade ou de qualquer outra coisa. Daeshin era muito ciumento comigo, o que acabou fazendo com que eu fosse ciumento com ele em alguns aspectos, porque acabava me sentindo insuficiente. Então, uma parte minha fica pensando se trago esse sentimento para minha relação com Jimin, já que o ciúmes que sinto se origina da minha falta de confiança em mim mesmo.

Tomando mais um gole, tento dispersar meus pensamentos ao perguntar:

- Eu acho curioso isso... Você não é do curso de Dança, mas ajuda eles a dançarem? Tipo, como funciona isso?

- Bem... - ele demora alguns segundos para responder, o que é estranho, mas logo começa: - Eu conheci Seung no ano passado, já que tive contato com um colega dele e, quando comentei que gostava de dançar, começamos a nos encontrar para dançarmos juntos. Aí ele me apresentou outros amigos e, dentre esses, estava Seung. Eu já comentei que danço desde muito novo, certo? Acho que por isso eles gostam que eu os ajude...

- É porque você dança muito bem. - digo, lembrando do festival e de sua apresentação. - Sério, você é absurdamente bom...

- Acho que dançar é uma das coisas na vida que tenho orgulho de fazer, porque sei que faço bem. - ele fala e, por mais que sua fala possa parecer nada modesto, é perceptível como suas palavras são ditas de maneira natural e sem nenhum tipo de pretensão. - Acho que minha parte favorita é criar coreografias, então acabo os ajudando.

- É uma coisa que você gosta de fazer? Dar aulas?

- Sim, eu gosto bastante. - confessa, sorrindo e fico hipnotizado por ele. - Qual carreira você quer seguir dentro da economia?

- Eu quero a área de análise de ações. Eu sei que pode parecer bem cansativo, já que precisa ir atrás de congressos, ler muitos relatórios e praticamente se tornar expert na empresa para qual está trabalhando, mas eu gosto disso. Eu gosto bastante da área de pesquisa, sabe? Não descarto a ideia de, mais para frente, me tornar professor... Não sei se sou bom dando aula... - olhando para o rosto de Jimin próximo ao meu, continuo: - Sabe qual área eu acho que se daria bem?

- Qual?

- A de trader.

Acredito que a carreira de trader seja a mais conhecida por conta dos diversos filmes de Hollywood que tratam sobre o tema, em Wall Street: trader é a pessoa que vai te guiar para onde você deve gastar seu dinheiro a fim de ter um bom retorno financeiro, seja comprando e vendendo ativos.

- De trader? - ele solta um riso fraco, tombando a cabeça para o lado. - Está me dizendo que pareço ser bom manipulador?

- Praticamente isso. - confesso, sorrindo. - Você é bom com as palavras, sabe persuadir e é extremamente simpático. Seria fácil fazer as pessoas seguirem o que você diz...

- Talvez você esteja certo. - Jimin bebe mais de sua gin, finalizando-a com um gole e se serve um pouco com o soju. - Não sei, já tentei pensar sobre e sou péssimo fazendo planos e metas para minha vida. Parece que nada vai ser como imagino, então não vejo sentido em gastar tempo planejando...

- Eu entendo o que está querendo dizer. Às vezes sinto que penso demais sobre e também acabo me frustrando, porque fico ansioso... - dou um sorriso fraco, terminando minha taça de gin. - Mas você tem a sensação como se apenas vivesse esperando o grande momento chegar? Tipo, a gente vive sempre pensando no futuro apenas, como se houvesse aquele momento que acontece em filmes: o grande momento de virada. Mas a vida não tem isso, então quando vivemos apenas focando no futuro, não aproveitamos o presente...

- A gente espera que algo mude nossa vida por completo, mas isso não acontece, não é? - assinto, bebendo soju assim como ele. - Eu concordo com o que você diz, Jungkook... Parece que vivemos como se houvesse um momento em que tudo estivesse cem por cento bem, mas isso não vai acontecer, porque a vida não é isso.

- Mas eu acho importante fazermos algumas metas, hyung. Sabe, pode parecer que estamos desperdiçando tempo com planos infundados, mas é bom termos um caminho que nos guia, sabe? Porque aí sentimos que as coisas realmente estão funcionando... Não precisa ter sua vida traçada como costumo fazer, mas algum caminho...

- E como se faz isso? - Jimin me dá um sorriso de canto e consigo ver como há traços de melancolia em seu olhar. - Tipo, eu não sei dizer o que quero exatamente. Já não comecei ruim?

- Mas não acha que é muito novo também para achar que precisa ter todas as respostas? - ele não responde e não desvio o olhar de seu rosto bonito, sorrindo fraco. - O Jungkook de poucos meses atrás talvez tivesse outra opinião, mas pode ir com mais calma, hyung. Não precisa ter uma resposta para tudo, certo?

- E como o Jungkook conseguiu mudar de opinião?

- Bem... - umedeço meus olhos, aproveitando para tomar um gole enquanto penso. - Se eu disser que não necessariamente aplico essa ideia para mim mesmo, você acredita? Eu sei que é um pensamento importante, porque nos ajuda a parar de nos culparmos e cobrarmos tanto. Porém, quando começo a me sentir insuficiente com algo, não consigo pensar dessa maneira e volto a me culpar e cobrar.

- Então é o famoso "faça o que eu falo, não o que eu faço"? - sua mão vem ao encontro de minha perna cruzada, tocando delicadamente minha coxa, em gesto tão suave que poderia até mesmo passar despercebido, mas obviamente eu noto.

- Pode se dizer que sim. - rimos fraco, tomando o soju. - Eu sei que é o pensamento que deveria ter, mas não é por eu não tê-lo o tempo todo que posso desqualificá-lo, certo? Não sei se existe alguém que mantém o pensamento sempre alinhado...

- Eu duvido que exista. - Jimin fala, como se estivesse pensando. - Talvez alguns monges sejam assim... Mas pessoas como nós, não.

- Então posso dizer que esses meses na universidade fizeram com que eu refletisse acerca de várias coisas... Se fosse um filme, ter ido para a universidade seria o ponto de virada, sabe? Seria o momento onde as coisas mudam...

Porque começar a faculdade de Economia não apenas me fez sair de casa e terminar meu namoro de dois anos, como também me fez e ainda me faz ter que encarar o meu eu mais do que antes, mais do que gostaria, para ser sincero. É como se todas as minhas inseguranças tivessem sido expostas de uma só vez, meu corpo e mente virados ao avesso.

E isso me assusta.

Jimin não diz nada por alguns segundos, sua mão ainda acariciando minha coxa e, por mais que estejamos rodeados de pessoas conversando, o único som que me chama atenção é o do som que toca no bar.

- Você sabe que música é essa? - pergunto, ouvindo o som desconhecido, mas interessante me prender a atenção.

- É Instant Crush, do Daft Punk com o Julian Casablancas. - Jimin responde, o tom de voz baixo. - Julian é o vocalista do Strokes, uma banda alternativa de rock... Posso dizer que indie rock, talvez?

- Não sou muito familiarizado com o universo de músicas alternativas. - respondo, sinceramente. - Mas conheço The Strokes e Foster the People, que é sua banda favorita, não?

- Sem dúvidas. - ele sorri e perco alguns instantes admirando seus lábios bonitos tão próximos dos meus. - Você nunca me disse qual sua banda ou artista favorito...

Seu corpo se inclina um pouco mais em minha direção, assim como sua mão se torna ainda mais marcante em minha coxa, apertando com um pouco mais de força. Perco a concentração por alguns segundos, olhando em seus olhos bonitos e ferinos em minha direção, até responder, em um sussurro:

- The National...

- Eu não conheço. - responde, inclinando um pouco mais seu corpo. - Precisa me mostrar uma música deles.

- S-Sim... - um tanto desconcentrado por sua presença, me embolo em minhas palavras, recebendo um sorriso seu.

Antes que ele responda algo, uma nova música começa e ele sorri, afastando um pouco o rosto do meu.

- Essa música é muito boa...

- Qual o nome?

- É Everybody Talks, do Neon Trees. - responde, mantendo seu sorriso de canto. - Vamos dançar um pouco?

- Dançar? - pergunto, saindo de meu transe. Esse lugar não é uma balada, mas sim um bar e há algumas pessoas reunidas dançando, mas são poucas.

- Confia em mim. - ele sussurra, levantando e estende a mão em minha direção.

Olho para sua mão estendida e suspiro, envolvendo sua palma com a minha. Ele sorri, me puxando e vamos até o pequeno grupo de pessoas, virando seu corpo em minha direção. A música é animada e dá uma sensação boa e dançante, mas fico observando seu corpo se mexer, hipnotizado.

- Precisa se mexer, Jungkook. - ele fala, sorrindo de canto por provavelmente perceber meu olhar praticamente devoto em sua direção. A maneira que Jimin balança seu corpo é suave, pode parecer simples, mas é claramente precisa. É como se ele flutuasse.

Começo a mexer meus quadris, vendo seu sorriso aumentar e sinto uma queimação boa em meu corpo, irradiando de dentro para fora. Meu sorriso aumenta e ele se aproxima de mim, segurando minhas mãos.

- Não te dá vontade de pular?

- Pular? - pergunto, vendo o momento em que ele começa a pular ainda segurando minhas mãos e acabo rindo, sentindo meu corpo ser levado junto ao seu. - Meu deus...

Jimin canta a letra da música, um tanto arrastado por conta do inglês e acabo sorrindo, pulando ao seu lado, sentindo a música em todo meu corpo, como uma vez ele me disse para fazer.

Assim que a música termina, continuamos sorrindo, voltando a nos sentar e pegamos outro soju.

- Você gosta bastante de músicas alternativas, não é? Conhece algumas músicas e grupos que nunca ouvi falar. - comento, tendo meu corpo virado em sua direção e ele sorri, como não para de fazer nessa noite. Sua mão, novamente, vem de encontro até minha coxa, já deixando meu corpo desconcentrado.

- É meu gênero favorito. - Jimin me intimida com seu olhar fixo no meu, mas não digo nada, tomando meu soju como se não me afetasse. - Mas não conheço The National, por exemplo...

- É mais rock também, eu acho. Preciso te mostrar alguma música deles.

- Têm muitas coisas que gostaria que me mostrasse. - seu sorriso sugestivo me faz prender a respiração por poucos segundos, tentando me situar. - Eu quero te beijar. - mas quando ele sussurra essas palavras contra meus lábios, jogo tudo para o alto. Não digo nada, olhando para seus olhos uma última vez até fechar os meus, encostando nossos lábios.

Não é como da primeira ou da segunda vez que nos beijamos, agora eu me sinto mais familiarizado com os lábios volumosos e macios que Jimin possui, além de entender um pouco mais como ele gosta de ser beijado. Jimin gosta de comandar o beijo, ditando se quer algo mais calmo ou mais intenso, então gosto de às vezes tentar ter o controle, porque ele acaba ficando irritado e seu beijo se torna mais agressivo. Ele gosta de chupar meus lábios, envolvendo-os com sua língua molhada e parece sempre ficar ainda mais atiçado quando acabo gemendo contra sua boca.

Quando sua língua toca a minha, levo minhas mãos até seus cabelos, puxando-os como gosto de fazer e já percebi que também gosta, sentindo seu toque em minha coxa descer um pouco mais, tocando a parte interna de minha perna. O beijo ainda é lento, nossos lábios e línguas se unindo sem pressa alguma, mas, a fim de experimentar algo novo, desço minha mão até segurar seu maxilar, mantendo seu rosto parado.

Jimin parece ficar um pouco surpreso pela minha atitude, então continuo o que quero fazer, envolvendo sua língua com meus lábios e começando a chupa-la, sentindo imediatamente sua mão em minha coxa torna-se ainda mais forte, puxando com vontade a pele coberta pela calça que visto, sua outra mão indo até minha cintura, como sempre faz, puxando meu corpo de encontro ao seu.

Faço movimentos lentos com meus lábios em contato com sua língua, sabendo como o ato é sugestivo e que está imaginando outra coisa, sentindo seus apertos deixados em minha coxa serem fortes, chegando até mesmo machucar um pouco, mas não me importo. Gosto de sentir como Jimin perde o controle em alguns momentos, algo que percebo tentar ter quando estamos juntos.

Ele suspira forte contra meus lábios e, assim que distancio minha boca da sua língua, deixando uma mordida fraca em seu lábio inferior, um gemido mais alto escapa de sua boca. Sorrio, sabendo que alcancei meu objetivo e abro os olhos, observando os seus semicerrados me encarando.

- Você não sabe as coisas que imagino quando você faz isso, gatinho...

Estava demorando para ouvir o apelido que me deu escapar de seus lábios bonitos, agora inchados e vermelhos por conta do nosso beijo. Sorrio de canto, sentindo meu rosto vermelho, mas não de vergonha e sim de tesão. Sussurrando assim como ele, respondo:

- Você sempre fala que imagina várias coisas comigo... Por que não me mostra alguma delas?

Seu olhar se metamorfa: agora é mais escuro, carregado de desejo e excitação, sem desviar dos meus olhos. Ele arqueia a sobrancelha, sorrindo de canto e não deixo de observar seu piercing, querendo sentir seu contato gelado contra minha língua.

- Vamos sair daqui.

Meu corpo queima em ansiedade, assentindo. Pagamos o que consumimos e, assim que saímos do bar, ele se vira para mim.

- Onde quer ir?

Uma ideia se passa pela minha cabeça e, mesmo que um pouco de insegurança martele no fundo dela, digo:

- Podemos ir para a casa dos meus pais... Eles não estão lá e não voltam hoje.

- Na casa dos seus pais? - ele repete e assinto, recebendo um sorriso seu. - Não vai ter problemas?

- Eles não vão saber. - respondo, com convicção. - Podemos passar em algum lugar e comprar algumas bebidas... Não disse que quer beber comigo?

Jimin tomba a cabeça para o lado, um sorriso bonito tomando conta de seu rosto ainda mais bonito. Os cabelos loiros caindo em sua testa e os lábios avermelhados são alvos de meu olhar curioso e ansioso por sua resposta.

Só depois de me fazer esperar por alguns segundos, segundos estes que repensei as escolhas de minha vida, pensando se sugerir para ir para a casa de meus pais foi demais, ele finalmente responde:

- Então vamos, gatinho. 

📷


Eai, amores, como estão? 

Antes de tudo, me falem: o que acharam do capítulo, gostaram? O que estão achando da história até agr? 

Os Jikook tiveram uma pausa merecida de todos os problemas que estavam os rodeando, não? Mas e agr, que acham que vai acontecer? 

Preciso da opinião de vcs: o próximo capítulo já está feito e ele é um pouco mais curto, então eu estava pensando em publicá-lo no domingo que vem, adiantando uma semana. Vamos descobrir o desenrolar do encontro que não é encontro dos Jikook e outras coisinhas a mais rs Vocês querem? 

Como sempre: votem e comentem bastante, gosto de saber a opinião de vcs! Até a próxima, pessoal :) 

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