John
As coisas estavam fluindo de forma tão maravilhosa, sem atrasos, sem problemas, a empresa estava melhor do que nunca.
— Quando você falava que ia construir o seu império eu achava que você estava brincando. — Tyler comentou.
— Porque achava isso?
— Porque o seu pai tem um bar que é o mais popular da cidade, desde que me entendo como gente, achei que seu império já estava montado.
— Te entendo.
— Como está você e a Julie?
— Confuso, eu não sei o que ela sente, uma hora parece querer e outra hora parece ainda ser louca pelo ex doente dela. — Assentiu. — Mas está melhor do que eu esperava, tem horas que ela parece estar tão próxima de deixar o passado para trás e isso me dá esperança.
— Torço por vocês. — Falou levantando o copo de whisky.
***
Já havia se passado dez minutos e nada dela, até que seu macacão amarelo, refletiu no meio das pessoas e apesar do salto alto, ela permanecia baixinha no meio da multidão.
— Até que enfim.
— Julie não engoliu a minha história, ficou fazendo perguntas e para pegar o vestido no quarto dela foi uma missão quase impossível. — Ana disparou a falar. — Mas peguei. — Mostrou a bolsa branca enorme em seu braço.
— Que bom, vamos andando então. — Passamos a caminhar lado a lado.
— Já tem ideia de como quer?
— Sim! — Falei animado e contei a ela como queria o vestido.
— Vai ficar perfeito nela! — Falou animada. — Quanto tempo passou planejando?
— Não muito.
— Gostei da cor vermelha, minha vontade é de pintar todas as roupas claras dela, mas ainda há respeito em nossa relação. — Ri e ela também.
Ana tinha um senso de humor incrível, impossível não rir quando estava com ela.
Procuramos a roupa em diversas lojas e nada me agradou, foram mais de dez lugares e não havia nada do jeito que eu havia imaginado.
— E agora? — Perguntou ao sair da última loja que tinha em mente.
— Será que ela vai sentir falta do vestido que você trouxe? — Caminhamos até o carro.
— Com certeza! Semana passada eu peguei um short estampado dela e antes mesmo de eu usar ela já estava procurando. — Revirou os olhos. — Mas eu posso enrolar ela.
— Ótimo, vou encomendar um. — Ela me entregou o vestido azul bebê e eu guardei no porta luvas do carro.
— Você está mesmo apaixonado por ela. — Comentou sorrindo.
— Não tenho culpa se ela é tão incrível. — Sorriu. – Você acha que tenho alguma chance?
— Acho sim, segue em frente, mas se magoar ela eu mesma vou atrás de você. — Ri da forma como ela falou.
— Não se preocupe com isso.
Depois que deixei Ana perto da rua dela, fui até uma costureira, encomendar o vestido.
A noite fui ver a Melanie, Dália havia me dito pela manhã que ela havia acordado cabisbaixa.
— Como foi seu dia? — Ela estava mexendo no tablet no sofá a minha frente.
— Foi normal. — Falou sem olhar para mim.
— E como está se sentindo? — Me olhou.
— Sou maluca? — Franzi o cenho.
— Claro que não! Porque está perguntando isso? — Ela apertou os lábios.
— Uma menina na sala ontem, disse que quem vai no psicólogo é maluco, porque o tio dela era.
— Ela está muito errada, Mel. Todo mundo precisa de alguém que nos ajude a lidar com problemas internos, nos quais sozinhos não somos capazes de lidar.
— E por que você não vai em um? — Ri.
— Boa pergunta. — Molhei os lábios. — Eu deveria ir, todos deveríamos ir. Você não é maluca, ok? — Assentiu. — Agora vem aqui me dá um abraço e atenção. — Ela sorriu e veio até mim, me abraçando.
— Quando vamos sair com a Julie de novo? — Perguntou saindo do meu abraço.
— Não sei.
— Podíamos fazer um almoço para ela.
— Que ideia ótima. Quando quer fazer isso? — Se sentou ao meu lado.
— Que tal no domingo?
— Vou falar com ela. — Assentiu com um sorriso largo no rosto.
Ela ficou bem empolgada, deu a sugestões de pratos, pratos esses que nunca havíamos feito, as chances de dar tudo errado eram grandes, mas o que eu não fazia para manter a minha irmã contente?
***
A sexta foi corrida, houve atrasos de algumas encomendas e consequentemente atrasamos as entregas, passei o dia um pouco irritado.
— Até mais e desculpa outra vez. — Falei me despedindo de um dos nossos clientes.
— John. — Jeremy, o gerente, apareceu na porta do escritório. — Tem uma mulher procurando por você.
— Que mulher?
— Não sei, só falou que queria falar com você.
— Deixe-a entrar, por favor. — Assentiu.
Em frações de segundos a mãe de Hanna entrou na sala, era tudo o que me faltava.
— Olá, John.
— Sra. Lawrence, o que faz aqui?
— Sem formalidades hoje, me chame de Leila. — Sentou-se à minha frente, com uma cara enfezada. — Vim falar sobre a minha filha.
"Nossa que surpresa!" Pensei.
— O que é que tem ela?
— Nós, Lawrence, merecemos um tratamento respeitoso.
— Na verdade, todo mundo merece. — Rebati.
— Estou surpresa por saber que tem consciência disso. — Franzi o cenho.
— Por que está dizendo isso?
— Desrespeitou a minha filha, a dispensou de maneira indelicada e o pior, a bloqueou. — Falou indignada.
— Me perdoe, Leila, mas acho que a sua filha me desrespeitou. Ela não aceitou a minha decisão e não me deixava em paz, não tive outra opção. — Contei. — Ela me sufocou.
— Isso não vai ficar assim. — Ajeitou a bolsa. — Você é um monstro, despedaçou a minha filha, esperava mais de você. — Cuspiu as palavras, levantou-se e saiu.
Passei o dia estressado, tendo que lidar com os atrasos e com as palavras da mãe de Hanna.
No fim do dia, nem ao menos passei no meu apartamento, fui direto para o bar, senti o olhar de Julie sobre mim, mas eu não a olhei, não queria descarregar em cima de quem não tinha nada a ver e muito menos nela, apenas sentei em uma mesa e esperei que alguém viesse me atender, só não esperava que fosse a mesma que iria fazer.
— John. — A olhei e forcei um sorriso.
— Oi, Julie. — Ela não retribuiu o sorriso.
— Você está bem? — Pensei em mentir, mas para que?
— Não, você me traz vodka, por favor? — Ela molhou os lábios com a língua e limpou a garganta.
— Vamos conversar depois daqui?
— Não estou uma boa companhia hoje, Julie. — Avisei.
— Não tem problema, vamos até a praia. Preciso de você sóbrio para dirigir. — Sorriu.
— E seu carro? — Deu de ombros.
— Ana pode levar ele.
— Tudo isso para eu não beber? — Ela franziu o cenho.
— Eu disse isso? — Sorri.
— Não, mas está parecendo.
— Às vezes é melhor conversar do que destruir seu fígado. — Piscou para mim. — Preciso trabalhar agora. — Assenti e ela saiu.
A noite pareceu mais longa que o normal, mas chegou ao fim.
— Vamos? — As outras meninas ainda limpavam o lugar.
— Vamos. — Levantei. — Boa noite, meninas. — Elas acenaram para mim e então saímos.
Fomos o caminho todo em silêncio, Julie não parecia incomodada, na verdade, ela parecia estar muito bem, vez ou outra trocávamos olhares e sorriso, mas não falávamos nada.
Até que chegamos na praia, descemos do carro e nos sentamos na areia.
Ela estava com o uniforme ridículo do bar e a noite não estava tão fresca, estava serena, ainda mais perto do mar, tirei meu paletó e cobri seus braços.
— Obrigada. — Sorri. — Quer me falar o que aconteceu?
— Alguns problemas na empresa, mas nada grave. — Ela me olhou como se esperasse mais. — A mãe de Hanna foi até o meu escritório hoje. — Soltei uma risada nasal. — Me chamou de desrespeitador, insensível e monstro.
— Por que? — Perguntou confusa.
— Porque eu bloqueei o contato de Hanna. — Falei. — Ela não me deixava em paz. Nunca tive a intenção de magoa-la. Foram as escolhas dela e de certa forma as minhas também, mas eu avisei, avisei que ela estava se machucando. — Suspirei.
— Acontece, John.
— Mas poderia ter sido evitado. E para não ver ela sofrer, eu insisti.
— Você poderia ter adiantado a dor, mas ela ia sentir de qualquer jeito. — Ela pegou na minha mão. — Não se culpe, tenho certeza que ela vai superar.
— Obrigado. — Ela sorriu e recostou o corpo sobre mim, como fez no cinema.
Deslizei a mão pela sua cintura e ficamos ali, apenas ouvindo o som do mar e da nossa respiração.
— Como está a Melanie? — Perguntou com a voz baixa.
— Bem, que bom que tocou no assunto. — Ela se afastou de mim e me encarou. — Ela quer fazer um almoço para você no domingo. — Sorriu. — Lá no meu apartamento.
— Vocês vão cozinhar? — Perguntou desconfiada, com um sorrisinho lindo no rosto.
— Vamos tentar. — Avisei.
— Já estou ansiosa.
— Então isso é um sim?
— Isso é um Com certeza. — Tirei a mecha que estava no seu rosto e joguei para trás de sua orelha.
— Perfeito. — Sorri para ela. — Eu poderia passar a madrugada inteira aqui com você.
— E o que te impede?
— Amanhã de manhã, tem a consulta da Mel e a tarde vou tentar resolver os atrasos da empresa. — Assentiu.
— Eu só falei e falei, nem perguntei como está.
— Estou bem. — Abriu um sorriso largo. — Me sentindo livre.
— Você é livre.
— Mas não me sentia assim. — Suspirou. — Bloqueei o número dele. — Ela riu e eu também.
— Nossa, estou tão feliz por você.
— Claro que está. — Me olhou com um sorriso divertido no rosto.
— Apesar da minha felicidade ter porquês que favorecem a mim, estou mais feliz por você. — Toquei seu rosto. — Estou orgulhoso. — Os olhos dela brilharam, uma lagrima escorreu pela sua bochecha e ao mesmo tempo um sorriso apareceu em seu rosto.
Antes que eu pudesse limpar seu rosto, ela se jogou para cima de mim, me dando um abraço apertado, retribui.
— Vou deixar o passado no passado. — Falou se afastando de mim. — Agora precisamos ir, precisa descansar. — Limpou o rosto.
Assenti.
— Vamos.