Vidas Entrelaçadas ☽︎𝑲𝑻𝑯+...

By vantecherries_

236K 32.5K 27K

Jeongguk amava seu irmão mais velho, Yoongi, isso era fato. Faria de tudo para vê-lo sorrir sem nem hesitar... More

Avisos e Trailer
Prólogo: Vidas Entrelaçadas
I. Um baile
II. Kim Taehyung
III. Chantagem
IV. Mentiras
V. Feliz Aniversário
VI. O casamento
VII. Nada bom dura muito
VIII. A verdade vem a tona
X. Segundo passo
XI. Tentação
XII. Presentes de coração
XIII. Pesadelo
XIV. Passado, confiança e perdão
XV. Proposta
XVI. Punição
XVII. Despedida
XVIII. Capital
XIX. Sem ele
XX. Lupus Curate
XXI. Meu
XXII. Confissões
XXIII. Últimos dias
XXIV. De volta para casa
XXV. De corpo e alma
XXVI. Calor intenso
XXVII. Depois do calor
XXVIII. Novos planos
Epílogo: Um novo começo

IX. Primeiros passos

9.9K 1.1K 1.4K
By vantecherries_

Tô de volta!

Estamos oficialmente começando o segundo arco de Vidas Entrelaçadas (verdade e perdão)!

Agradeço a mulletdoteteco por betar o capítulo!

O capítulo contém cenas novas!

Usem a tag #EntrelacadosTK no twitter, podem mandar mensagens no meu curious cat se não quiserem se identificar, sigam meu perfil @Kim_Lala95 para spoilers e informações.

Comentem bastante, eu gosto de ver vocês 😭 e não esqueçam de votar, isso também é muito importante para o engajamento!

Creio que é só isso... Então, tenham uma boa leitura!

XXXXXXXXXX

Quarto dia de Dezembro, segunda-feira
1847 anos depois da B.G.L
Daegu, Coréia do Sul

  Taehyung chegou cansado da viagem. Tinha negócios a resolver na capital, sobre algumas encomendas, e agora, finalmente, estava de volta em casa.

Não teve contato com seu marido desde que ele saiu da sala de jantar, no dia em que o Kim partiu em viagem, e usou todo esse tempo para pensar no que fazer para consertar as coisas entre eles.

A primeira coisa que fez ao entrar, foi deixar sua mala na porta e subir as escadas para ir até seu escritório, em busca da rosa de cristal que esqueceu de devolver ao marido.

Assim que abriu a porta, franziu o cenho ao não achar a flor em cima de sua mesa. Não tinha mais nada ali, nem mesmo os cacos que não havia terminado de colar.

Yonhi! — chamou alto pela governanta, a voz potente ecoando pelo corredor vazio.

— Dispensei os empregados, por que está gritando no corredor? — a voz de Jeongguk soou no final dele, fazendo Taehyung se virar para encará-lo na porta do quarto.

— Alguém mexeu no meu escritório — baixou e suavizou o tom, encarando fixamente os olhos negros do mais novo.

Alguém não, eu. Só tirei os cristais quebrados e devolvi para a natureza. Cristais quebrados não podem ser remendados — respondeu entrando novamente no quarto, fazendo Taehyung segui-lo. — De qualquer modo, obrigado por tentar consertar.

Aquilo era alguma metáfora? Ele estava falando apenas da rosa ou da relação conturbada que tinham?

— Sinto seu cansaço de longe. Eu iria tomar um banho, mas você chegou, então, use a banheira e descanse, temos muito o que conversar depois — Jeongguk disse, e só então Taehyung notou que ele estava enrolado em um robe de seda.

O robe de seda verde de Taehyung.

Engoliu em seco e assentiu com a cabeça, retirando o blazer e afrouxando a gravata, entrando no banheiro logo em seguida.

Jeongguk soltou um resmungo e sentou na cama grande, observando o enorme quarto com pesar. Não que fosse feio, longe disso, mas era grande demais e vazio demais.

Faltava vida ali.

As paredes eram creme, a cama com um dossel ficava no centro, encostada em uma parede. Havia a lareira ao lado da porta do banheiro e, do outro lado, uma escrivaninha. Em frente a cama, uma janela grande. Em frente a lareira, havia uma mesa de centro e duas poltronas. No chão, um tapete grande. Ao lado, encostada em outra parede, a grande penteadeira cheia de acessórios e produtos de beleza, junto à porta do quarto de roupas.

Era um quarto grande e bonito, mas não tinha vida alguma ali.

Olhou para a mesa de cabeceira do seu lado da cama, onde estavam um relógio, um abajur, sua caixinha de música e um vaso de porcelana, com um buquê inteiro de rosas de cristais.

Para compensar a que se partiu.

O relógio marcava duas horas da tarde e Jeongguk já tinha almoçado. Pretendia tomar um banho relaxante e cuidar de sua depilação, mas Taehyung chegou e estava exausto, precisava relaxar.

Relaxar…

Jeongguk se levantou em um pulo, amarrando bem o laço em sua cintura e entrando no banheiro logo em seguida, assustando o Kim dentro da banheira.

— D-demorei muito? — questionou assustado, tentando esconder o corpo grande em meio a espuma.

— Não. Fique aí, vire para frente — Jeongguk ordenou baixo, se aproximando do alfa.

O banheiro não era tão grande, mas havia duas pias com balcão de mármore, um chuveiro, um banco redondo no meio e uma banheira grande, com bordas de mármore, em frente às janelas. Como estavam na floresta, e ali só havia árvores e mato, não tinha problema algum as janelas altas, mas, ainda assim, tinham cortinas e estavam fechadas, deixando apenas uma brecha por onde o sol entrava.

Jeongguk se sentou na borda de mármore ao redor da banheira, ficando atrás do alfa e colocando suas pernas dentro da água, ao lado do corpo amorenado. Estalou os dedos e se esticou para pegar um óleo atrás de si, despejando em sua mão e levando em direção aos ombros tensos do marido, iniciando uma massagem lenta.

Taehyung suspirou aliviado, relaxando aos poucos e sentindo seu corpo amolecendo dentro daquela banheira, com os dedos do ômega desfazendo os nós em seus músculos.

— Pensei que estivesse bravo comigo — sibilou, olhando para a espuma da banheira.

— Não estou bravo, estou magoado e decepcionado. Nunca pensei que você poderia ser tão baixo assim… — Jeongguk suspirou pesado, apertando mais os ombros do alfa. — Você poderia ter se aproximado-

Esse é o problema. Meu lobo queria uma coisa e eu outra. Como iria me aproximar sabendo que, a qualquer momento, poderia perder o controle de V e te atacar? — Taehyung exclamou, segurando as mãos do marido.

Jeongguk fechou os olhos com força, encostando a testa no topo da cabeça do alfa, tentando regular sua respiração. Aquele assunto lhe magoava e, naqueles dias afastado, tentou engolir aquilo, as mentiras e a manipulação.

Já estava feito, nada que fizessem poderia mudar o passado.

— S-se você não me quiser… e-eu posso pedir o divórcio — choramingou, abaixando a cabeça e deixando as lágrimas escorrerem.

— Você não escutou o que eu disse dias atrás? Eu me apaixonei! Mesmo com todas as merdas que você já fez, acha mesmo que eu quero o divórcio? Alfa idiota! — rosnou baixo, puxando os cabelos do marido e fazendo sua cabeça tombar para trás, o encarando de cabeça para baixo. — Uma chance.

— Taehyung não queria esse casamento. Nosso tio ofereceu a ideia da chantagem e ele iria recusar, porque vocês finalmente iriam se aproximar sem forçar nada, mas eu estraguei tudo — Jeongguk se assustou com a voz mais grossa, quase animalesca, encarando o rosto alfa com espanto — Olá, mon trésor, eu sou V.

O ômega soltou os cabelos do marido e, em puro reflexo, estalou um tapa em sua bochecha, fazendo a pele rapidamente avermelhar. Levou as mãos à boca assustado, os olhos arregalados, enquanto o alfa se afastava com a mão no local ardente.

— D-des-

— Eu mereci isso, não se desculpe — V lhe cortou a fala, se virando na banheira para ficar frente a frente com o ômega, o peitoral para fora da água.

Jeongguk realmente não sabia o que fazer naquele momento. Estava cara a cara com o alfa que o manipulou, magoou e usou de seus sentimentos. Aquele tapa foi puro reflexo. Estava assustado, magoado e chateado. Queria sair correndo dali e ficar longe daquele lobo, que lhe tomou seu primeiro beijo como se fosse nada, que o forçou a se casar, que o machucou.

— Por que vocês me ignoraram durante esses meses? Por que mentiram para mim sobre os instintos? Por que se casaram comigo? — Jeongguk despejava as perguntas conforme aumentava o tom de voz, fazendo o alfa baixar a cabeça.

— Ignoramos pois escutamos sua conversa com Yoongi, no pé da montanha, dizendo que não gostava de nós. Tecnicamente, não mentimos sobre os instintos, pois você é nosso ômega e está casado. Viu? Nenhuma mentira.

“Nos casamos com você porque eu tomei controle desse corpo, quando nosso querido tio veio dizendo que tinha uma proposta. Não foi uma chantagem. Ele disse que poderíamos te ter para nós se te chantageássemos com a felicidade do seu irmão.

Eu sofri e vi Taehyung sofrer todos os dias, por doze anos, sem a sua presença. Não podia deixar o coração bondoso de Taehyung tirar a oportunidade única que teríamos.

Se quiser culpar alguém, xingar ou brigar, faça comigo. Taehyung nunca concordou e ainda não concorda com isso, ele não tem culpa. Você pode me odiar, odiar o V, mas o Taehyung não merece isso.”

Jeongguk respirava pesado com as informações despejadas em cima de si. Estava atordoado, completamente perdido. Eram muitas coisas rodando por sua mente conturbada.

— Eu nunca estive com alguém, não faço ideia de como é beijar outra pessoa, ou amar e ser amado, e-eu-

Jeongguk não queria mais escutar. Ele chutou a água para o rosto do alfa, fazendo espuma grudar em sua face incrédula.

Devolve o Taehyung — resmungou chutando a água de novo, se assustando quando seu pé foi segurado.

— Pare com isso — Taehyung reclamou, olhando feio para o marido.

Jeongguk, então, arregalou os olhos com o que viu. Kim Taehyung tinha olhos castanhos, e eram lindos. Eram tão lindos, que acabou se perdendo naquela imensidão que lembravam amêndoas, se esquecendo de tudo o que tinha ouvido momentos antes.

Seus olhos são lindos… — tapou a boca ao perceber que falou em voz alta, se levantando rapidamente.

Antes que Taehyung pudesse falar algo, Jeongguk deu as costas e caminhou às pressas para fora do banheiro. Precisava pensar longe do alfa.

━━━━━☽︎☀︎︎☾︎━━━━━

  Jeongguk levantou os olhos do livro que estava lendo em direção a cama, quando ouviu Taehyung resmungando. Seria um pesadelo?

Depois que saiu do banheiro, foi até um outro, no corredor, para se banhar e, quando voltou ao quarto, o alfa já estava entre os travesseiros e cobertores, dormindo. Sendo assim, pegou um dos livros de medicina que o marido trouxe da capital e passou a tarde estudando, até a noite cair.

Ao ver Taehyung se mexendo na cama, Jeongguk largou seu lápis em cima do caderno de anotações, se levantando em seguida. Saiu do quarto e desceu as escadas, indo até a cozinha para preparar a mesa de jantar, já que havia feito a comida a pouco.

Taehyung ergueu o corpo, esfregando os olhos e olhando ao redor, em busca do dono do aroma de morango que dominava aquele quarto. Não o achou.

Levantou da cama e foi até o banheiro lavar o rosto e, quando voltou ao quarto, parou para olhar o caderno de anotações de estudo do seu marido, arregalando um pouco os olhos ao ver uma folha solta, com o rascunho de um desenho de seu rosto.

Não mexeu naquilo, apenas saiu do quarto, se apoiando nas paredes e desceu as escadas com lerdeza. Sorriu de canto quando ouviu patinhas batendo no piso de madeira, logo vendo Yeontan no final da escada, lhe encarando e esperando que terminasse de descer.

O filhote o seguiu conforme caminhava para a sala de jantar, bem a tempo de ver Jeongguk com as duas mãos ocupadas, quase derrubando as panelas. Taehyung rapidamente segurou o corpo do marido por trás, impedindo que ele caísse, logo pegando um dos recipientes para colocar em cima da mesa.

— Obrigado — Jeongguk agradeceu baixo, tirando as tampas das panelas e bandejas, sentando na ponta da mesa em seguida.

Taehyung se sentou também, de frente para o marido, esperando que Jeongguk pegasse primeiro para, em seguida, fazer o mesmo. O mais novo já havia notado aquilo, o alfa sempre esperava que ele pegasse algo para somente depois o fazer.

Era fofo, de certa forma. Afinal, os ômegas que deveriam esperar os alfas pegarem suas comidas, ou melhor, deveriam primeiro servi-los e depois comer o que sobrou.

Mas Taehyung não era assim, nunca seria.

— Sobre mais cedo… — Jeongguk começou baixo, cutucando a comida em seu prato. — Você quer recomeçar?

— É o que eu mais desejo, no momento — Taehyung disparou sem hesitação.

Jeongguk passou a tarde estudando e pensando. Já estava feito, Taehyung errou e sabia disso, mas estava disposto até mesmo a se divorciar para que Jeongguk não se sentisse desconfortável. Não estava esquecendo as atitudes ruins, apenas estava tentando entender os motivos e isso envolvia doze anos apaixonado por alguém que só viu uma vez nessa vida, e que amou em outras cem.

Era uma coisa complicada e Jeongguk sabia disso.

— Você tem uma chance, só uma. Se mentir ou me manipular de novo, eu sumo da sua vida — ditou sério, levantando o olhar para o alfa.

— Não vou decepcioná-lo — Taehyung sorriu tranquilo, sendo firme em sua fala.

Jeongguk sorriu também.

Oitavo dia de Dezembro, sexta-feira
1847 anos depois da B.G.L
Daegu, Coréia do Sul

  Taehyung suspirou pesado ao terminar de ler mais um contrato.

Nos dias anteriores, levou Jeongguk até a cidade para um passeio no parque e um almoço em um restaurante caro, o mimou com algumas jóias, o levou para uma cavalgada e conversaram tranquilos pelos dias que se passaram.

Quer dizer, as conversas nada mais foram, que o alfa escutando o marido tagarelando sobre os estudos de medicina e seu sonho de assumir um dos hospitais da família.

Costumavam passar a tarde na estufa, com o mais velho mostrando cada uma das ervas que cultivava e algumas flores, incluindo violetas brancas, as quais fez um novo buquê apenas para colocar na mesa de cabeceira de seu marido.

No entanto, uma nova proposta de compra chegou ao anoitecer do dia anterior e, depois do jantar, o Kim se deitou com o marido, para dormirem. Na manhã seguinte, acordou cedo para analisar tudo o que precisaria, fazendo ligações e mandando cartas para entregadores.

Obviamente, tirou um tempo para ficar com Jeongguk no jardim, brincando com Yeontan, e ainda o convidou para lhe fazer companhia no escritório, e assim o outro fez.

Lá estava o ômega, deitado no sofá de dois lugares, uma perna para fora do estofado e a outra no encosto, completamente relaxado enquanto lia um romance. Taehyung soube que, enquanto estava analisando documentos, Jeongguk estava praticando esgrima e dança, o que era muito bom para distrair sua cabeça.

Já tinham jantado e até escovado os dentes, colocado os pijamas e voltado para o escritório do alfa, para que ele pudesse terminar de assinar as últimas pilhas de documentos.

— Estou ficando com sono — Jeongguk resmungou, esfregando os olhos após fechar o livro.

Não esqueceu das coisas que Taehyung fez, mas reconheceu os esforços da alfa para consertá-las, assim como se esforçou para tentar colar a rosa de cristal, a qual Jeongguk enterrou perto de uma árvore no jardim.

Poderiam fazer as coisas darem certo, Jeongguk poderia passar por cima de seu orgulho por isso. Taehyung fez escolhas erradas? Sim, mas por puro desespero.

— Então? Vem dormir ou vai ficar aí? — indagou enquanto esticava os braços acima da cabeça, para fora do sofá, ficando de ponta cabeça no móvel.

Observou rapidamente o alfa, que estava com os cabelos castanhos um pouco bagunçados e um óculos redondo de armação fina.

— Pode ir — murmurou sem olhar para o ômega, assinando mais um papel.

Jeongguk suspirou pesado e se levantou para fechar a porta, não queria que algum empregado escutasse a conversa. Assim, se sentou na poltrona que havia no canto do cômodo.

Estava decidido a mostrar que confiava um pouco no alfa, quem sabe assim, ele contava algo sobre si também. Precisava mostrar que as coisas estavam mudando, que seus esforços e desculpas diárias estavam valendo a pena.

— Pode me dar um pouco de atenção? Estou prestes a contar algo do meu passado, então, olhe para mim antes que eu desista e vá embora — Jeongguk cruzou os braços e no mesmo momento recebeu o olhar surpreso do alfa.

— Estou te escutando — respondeu, já retirando os óculos e entrelaçando os dedos abaixo do queixo. Jeongguk suspirou mais uma vez.

  “Tudo começou quando meu primeiro cio se aproximava e meu cheiro ficava mais e mais forte.

Um alfa adulto e bem influente se interessou, ficou louco com o meu cheiro. Ele tentou me cortejar, mas eu tinha apenas quatorze anos. Não aceitei, obviamente, e isso o irritou muito.

Ele tentou por meses e, quando meu cio finalmente chegou, depois que fiz quinze anos, ele tentou me assediar. Eu era apenas uma criança sofrendo de dor e ele tentou se aproveitar disso.

Por sorte, algo em mim o rejeitou completamente e o botou medo. Então, passei meu cio sozinho, mesmo com um alfa tentando me saciar. Eu não o desejava.

Quando finalmente essa tortura acabou, o alfa ainda insistiu, e até ofereceu muito dinheiro, até mais do que realmente tinha, para os meus pais. Mas a lei da família é de livre arbítrio para seus ômegas, então, nem mesmo a maior quantidade de dinheiro venderia um de nós. Bom, isso também o irritou muito.

Um dia, eu e Yoongi saímos para passar uma temporada na casa da tia Sohyun. Aquele alfa estava tão obcecado que pensava que, se ele não me tivesse, ninguém mais teria.

Achando que eu estava em casa naquele dia, ele e alguns capangas armaram um vazamento de gás em minha casa, durante a noite. Era inverno e todas as lareiras estavam acesas.

Os empregados que estavam dormindo lá, morreram queimados. Meus pais morreram queimados. Tudo porque um alfa abusador ficou inconformado ao receber um 'não' de um ômega.

Meus pais morreram em um incêndio, por culpa minha. O alfa, obviamente, foi inocentado de tudo, pois tinha muito dinheiro e o caso foi dado como um acidente causado por um dos empregados.

E sabe o que aconteceu? Essas famílias sofreram e alguma delas pagou por um crime que não cometeu.”

Tudo por minha culpa. E depois disso tudo, nunca mais dormi com uma lareira acesa. Durante o inverno, meus primos alfas vinham passar uma temporada na casa dos meus tios e isso era bom, porque eles esquentavam a mim e a Yoongi, sem pedir nada em troca. Eles sabiam o que tinha acontecido. Sabiam do meu trauma. E agora você também sabe.  Esse foi o motivo de eu ter surtado daquele jeito naquele dia — Jeongguk limpou uma lágrima solitária que rolou por seu rosto.

Odiava se lembrar daquilo, doía muito.

Taehyung se levantou e foi até o ômega, se abaixando em frente a poltrona para olhar o rosto vermelho do marido.

— Jeongguk, eu…

— Está tudo bem. Estou com sono, já é quase meia noite — murmurou, sorrindo fraco e se levantando da poltrona.

Se assustou quando o alfa lhe abraçou de repente, acariciando seus cabelos com suavidade e forçando sua presença para que o ômega se acalmasse.

Aromatizando Jeongguk.

— Sinto muito. Eu vou te esquentar neste inverno, não precisamos acender a lareira — as lágrimas de Jeongguk rolavam sem permissão conforme escutava o tom doce e protetor do marido.

Seu lobo se sentia protegido nos braços de Taehyung. Jeongguk se sentia seguro.

— A culpa não é sua, é de um homem doente que ainda vai pagar caro por seus crimes, eu prometo. Vou te ajudar a lidar com esse trauma e nós vamos superar isso juntos, me ouviu? — indagou segurando o rostinho molhado, encarando os olhinhos negros com firmeza.

Jeongguk não entendia o motivo de se sentir tão seguro ali, mas então, se recordou da ligação que compartilhavam. Se lembrou que estava se permitindo sentir, e do que sentia.

Estava sentindo também, muita vontade de se enterrar nos braços do marido e deixar ele lhe acalmar e proteger durante todo o inverno, além de um imenso desejo de beijar o mais velho.

E foi isso que fez.

Jeongguk segurou a cintura do alfa com a destra e levou a canhota para a nuca e, assim, colou os corpos e os lábios.

Taehyung não sabia reagir aquela ação inesperada, não sabia se afastava ou retribuía. Acabou por afastar seu marido, olhando assustado para os olhos negrumes e brilhantes, que pareciam carregar uma galáxia inteira.

Me beija — Jeongguk pediu sôfrego, apertando a cintura do mais velho.

— Tem certeza? — indagou receoso, limpando as lágrimas que ainda escorriam pelo rostinho vermelho.

Jeongguk revirou os olhos e empurrou o alfa contra a mesa cheia de papéis, que voaram pelo ar, e logo avançou sobre o corpo maior e o atacou novamente.

As bocas se encontraram com certa brutalidade, o ômega parecia desesperado pelo contato, estava completamente sedento para sentir os lábios do alfa mais uma vez. Agarrou a nuca do Kim com as duas mãos, se certificando de que ele se manteria perto. Já Taehyung, agarrou a cintura fina e colou ainda mais os corpos, retribuindo com vontade o selar do mais novo.

Não ficaram muito tempo assim, as línguas logo invadiram as bocas um do outro e iniciaram uma batalha por dominância, totalmente desajeitados, sem saber realmente o que fazer.

Sentiram um calor no peito e os corações entraram em sincronia com aquele simples contato. Quanto mais avançassem, mais ligados ficariam, e logo estariam loucos de paixão, se tocassem mais e mais no corpo alheio, se aprofundassem mais e mais a relação.

Ambos eram inexperientes, então, diminuíram o ritmo e seguiram seus próprios instintos. Os dentes se batiam de vez em quando, mas isso não os impediu de fazerem o que queriam há muito tempo.

Passaram a mover as línguas com mais delicadeza, explorando com calma a boca um do outro, sentindo os gostos de canela e morango se misturando, os corações em sincronia, compartilhando uma sensação única de um frio gostoso na barriga e um calor avassalador no peito.

Seriam aquelas as famosas borboletas no estômago?

Após alguns segundos, Taehyung virou Jeongguk, o colocando em cima da mesa e deixando mais papéis caírem. Porém, isso não importava, o que importava era a boca do ômega contra a sua, as línguas se movendo com leveza enquanto os corpos eram prensados um contra o outro.

Jeongguk arranhou o pescoço do alfa com as unhas curtas, até chegar na gola da camisa social. Apertou com força o tecido quando sentiu sua língua ser chupada com pouca intensidade, abraçando a cintura do alfa com as pernas grossas.

Fez o mesmo com o marido, porém com mais força. O que menos queria naquele momento era delicadeza. Necessitava de um contato mais voraz, portanto, mordeu com certa brutalidade o lábio inferior de Taehyung, escutando um gemido rouco em resposta.

Jeongguk sorriu satisfeito, quebrando o ósculo quando o ar faltou. Desceu os beijos pelo maxilar e pescoço, abriu os primeiros botões da camisa e beijou a clavícula exposta do alfa.

Sentiu Taehyung apertar sua cintura e levar a destra para seus cabelos, apertando um punhado e puxando levemente. Gemeu contra a pele bronzeada e mordeu um pouco abaixo da clavícula marcada.

Jeongguk… — ele chamou em um gemido rouco. Mais uma vez o ômega riu fraco, o alfa era tão submisso…

Subiu a boca para a curva do pescoço e deixou um chupão forte ali, arrancando um gemido mais alto e surpreso de Taehyung, antes de finalmente levantar o rosto.

— Hm? — indagou, resvalando os lábios inchados contra os do mais velho — Diga.

— O que foi isso? — Taehyung arfou, sentindo o marido escorregar as mãos frias por debaixo de sua blusa, tocando diretamente sua pele quente.

— Um beijo? — indagou debochado, deixando beijinhos lentos pela bochecha quente do alfa, depois desceu da mesa de madeira. — Estou cansado Tae, vamos dormir?

— Sabe que meus instintos te reconheceram, não quero que você se sinta obrigado a me retribuir apenas por isso. Me desculpe — murmurou, segurando os braços de Jeongguk antes que ele lhe desse as costas, mais uma vez naquela semana se desculpando.

— Taehyung, quero que tenha ciência de que isso não me influenciou em nada, apenas me permitiu. Eu pensava que você pertencia a outro e nunca me amaria, então, reprimi meus sentimentos para não me decepcionar. Agora que sei que eu sou seu fated mate, tudo o que reprimi nesses meses, tudo o que dizia ser raiva e mágoa, virá à tona como verdade. Eu gosto de você, Taehyung, e gostei muito antes de saber sobre a ligação, já te disse isso — deixou um selinho demorado sobre os lábios do alfa.

Taehyung suspirou, os olhos fechados enquanto sentia mais uma série de selinhos em sua boca. Não se sentia merecedor daquele carinho, tinha errado muito, e Jeongguk apenas aceitou.

Parecia um sonho, ou talvez o ômega estivesse se vingando, iludindo o marido para depois se afastar.

— Então, seja um bom marido e venha dormir, estou com sono e com frio — disse baixo, tocando o pescoço alheio com as mãos geladas, fazendo Taehyung estremecer e rapidamente segurar seus pulsos, tirando os dedos gélidos dali.

Não, Jeongguk não tinha uma índole tão baixa quanto a de seu lobo. Ele não faria aquele tipo de coisa.

— Vou daqui a pouco, preciso arrumar isso aqui primeiro — foi tudo o que disse antes de deixar um beijo na testa do ômega.

Só então Jeongguk percebeu que havia bagunçado não só o alfa, mas também seu escritório. Seus pais o criaram bem e, se ele bagunçava algo, deveria arrumar.

— Quer ajuda, Tae? Eu que causei isso… — murmurou quase arrependido, mas logo passou.

Não se arrependia de ter dado uns amassos em seu marido e ter bagunçado tudo. Faria de novo e de novo e de novo. Taehyung tinha um beijo molhado e quente, uma língua curiosa e lábios macios. Era claro que não era um profissional, afinal, nunca tinha beijado, assim como Jeongguk, mas iriam aprender juntos, o que tornava tudo ainda melhor.

— Não precisa Jeongguk, pode ir — apesar do sorriso doce do Kim, o ômega bufou e revirou os olhos, observando ele se abaixar para pegar os papéis.

— Eu te chamo de Tae e você ainda me chama de Jeongguk? — a insatisfação era perceptível tanto na voz quanto na expressão do moreno.

— Desculpe eu-

Para de pedir desculpas, Tae — se aproximou do alfa, que se levantava após pegar os papéis do chão. Retirou-os de suas mãos e deixou sobre a mesa, segurando o rosto do marido em seguida — Não tem que se desculpar por nada — disse, selando lentamente os lábios carnudos e ainda pouco inchados pelo beijo anterior.

— Vamos acabar fazendo bagunça de novo… — Taehyung sussurrou contra os lábios do marido — Como quer que eu te chame, então?

— Qualquer coisa, menos de Jeongguk. Não gosto que pessoas próximas a mim me chamem pelo nome — respondeu, enlaçando os braços no pescoço dele, sentindo a cintura ser abraçada também.

— Você confia em mim? Depois de tudo…

— Estou te dando uma chance, e não vai ter outra, mas de que adianta se você se esforçar? Uma relação é construída por duas pessoas, não uma — respondeu calmo, sorrindo de canto.

Jeongguk poderia dizer que estava nas nuvens, o peito se aquecia apenas por saber que Taehyung estava ali, em sua frente, lhe dando o carinho que sempre esperou receber, o cuidado que sempre desejou ter, depois de tantos altos e baixos.

Sentia que poderia finalmente viver o amor que sempre sonhou, então, não poderia deixar isso escapar por orgulho e mágoa. Poderia ter em sua frente o único amor de sua vida e, se não fosse, sabia que ele lhe deixaria livre, afinal, até mesmo ofereceu o divórcio.

— Posso te chamar de Jeonie, então? Eu gosto da primeira parte do seu nome… — indagou, beijando lentamente a bochecha do ômega, que assentiu devagar, apreciando o carinho que recebia — Vamos dormir então, Jeonie.

— Vamos… — proferiu manhoso, hesitando em se afastar.

Era bom estar nos braços de Taehyung e sentir seu calor e era melhor ainda beijá-lo. Mas o sono já estava lhe deixando atordoado, afinal, havia praticado esgrima durante quase toda a tarde para distrair a cabeça. Estava muito cansado.

— Já terminou tudo? — Jeongguk perguntou, andando na frente de seu marido, que confirmou em voz baixa, enquanto seguia para o quarto de ambos.

O alfa observou toda a estrutura traseira de seu ômega enquanto isso, reparando nos ombros largos, os cabelos longos que cobriam a nuca, a cintura fina demarcada no pijama, as coxas grossas e a bunda arrebitada. Não que fosse excepcionalmente grande, definitivamente não era, mas parecia durinha e gostosa de apertar, e talvez deixar uns belos tapas.

— Tae? Tae! Estou te chamando, o que houve? — Jeongguk estalou os dedos na frente do marido, que pareceu acordar de um transe. A expressão, porém, continuava neutra como sempre.

— Desculpe, estava distraído. Terei que sair em mais uma viagem em algumas semanas — proferiu adentrando o quarto.

Desde que Jeongguk brigou consigo, na última viagem, prometeu que iria avisar sempre que fosse viajar.

Observou Yeontan dormindo na caminha que Jeongguk havia feito para ele, já que o filhote estava crescendo e a antiga havia ficado pequena demais.

— Sério? Quanto tempo vai ficar fora? — o ômega perguntou, parecendo triste, logo se jogando na cama com um biquinho nos lábios.

Justo quando achou que iriam se dar bem finalmente, algo veio para levar seu alfa para longe.

— Acho que serão necessários cinco dias, apenas — disse enquanto entrava no banheiro para escovar os dentes — Não fique triste, te trarei presentes novos.

— Não me importa tantos presentes caros, me importa sua presença ao meu lado — resmungou se ajeitando na cama e abraçando um travesseiro. Cinco dias era tempo demais.

— Irei compensar minha ausência quando voltar — Taehyung disse, antes de começar a escovar os dentes.

Quando terminou, saiu do banheiro e pegou duas cobertas de dentro do quarto de roupas, jogando em cima do marido em seguida.

Está tentando me sufocar? — Jeongguk indagou incrédulo, tirando os panos grossos de cima de sua cabeça.

Taehyung riu e fechou bem as enormes janelas, puxando as cortinas para garantir que o quarto ficasse escuro pela manhã. Depois, apenas ajeitou os cobertores em cima do marido e se deitou ao seu lado, o abraçando por trás. Jeongguk fechou os olhos, sentindo o corpo esquentar conforme se aninhou no alfa.

— Se soubesse que te teria todo entregue para mim só por saber sobre meus instintos, teria te revelado antes — sibilou contra a nuca do ômega, o apertando em seus braços.

— Não sei se reagiria do mesmo jeito. Quando nos conhecemos, eu realmente não gostava de ti, tentava me aproximar e nunca conseguia e isso era irritante. Se me dissesse sobre seus instintos, na mesma hora te expulsaria de minha vida e me casaria com qualquer outro. Inconsequente, eu sei, mas faria de tudo para te manter longe depois de ser tão rejeitado — a voz de Jeongguk soava baixa, não precisava aumentar o tom.

— E por que me manteria longe? Eu poderia ser apenas reservado — Taehyung deixava selinhos demorados por toda a nuca do marido enquanto acariciava seus braços.

Estava, sim, incomodado com o fato de que Jeongguk poderia se casar com outro alfa, um qualquer, apenas para lhe manter longe, mas não demonstraria isso.

— Eu te achava extremamente frio e egoísta, o mimadinho que se considerava melhor do que todos. Depois daquela tarde em que fomos à cafeteria, quando estávamos voltando para casa, não conseguia mais pensar que você era assim, mas também não aceitava que você era um alfa bom até demais. Por isso, preferi achar que sentia raiva, do que admitir que te achava atraente e interessante — riu ao final da declaração, fechando lentamente os olhos.

— Você é muito teimoso mesmo — Taehyung riu fraco, esfregando levemente o nariz no pescoço branquinho.

— Olha quem fala! Se tivesse sido mais gentil, estaríamos bem melhor agora! — Jeongguk bateu nas mãos do marido, revirando os olhos.

— Não acabou de dizer que me expulsaria da sua vida?

Não, eu disse isso quanto a você dizer sobre os instintos quando era um descortês! Se fosse gentil e educado desde o começo, tudo seria diferente — reclamou emburrado, mas Taehyung apenas apertou mais seu corpo, como um bichinho de pelúcia.

Era melhor não falar daquilo. O melhor era manter o passado no passado.

— Não estava cansado? Agora durma, sim? — o alfa sussurrou rouco, fechando os olhos.

— Hum… — resmungou entrelaçando as mãos nas do marido — Boa noite Tae, durma bem.

— Boa noite Jeonie, durma bem também — respondeu, levantando a cabeça para deixar um selar na bochecha gordinha do ômega.

Aquela era a primeira noite em que ambos dormiam de conchinha e com as mãos entrelaçadas. Taehyung ficou um tempo apreciando o contato e o cheirinho de morango e mel que vinha do marido, ansiando pelo momento em que escutaria dos lábios do ômega um pedido para ser marcado, um real perdão para os erros que cometeu.

Desejava isso mais do que tudo no mundo. Desejava também, escutar a voz doce de seu amado dizendo que o ama, e o amaria pelo resto de seus dias.

Com esses pensamentos, o alfa se deixou levar para o mundo dos sonhos, dormindo confortavelmente com seu marido nos braços.

Décimo quinto dia de Dezembro, sexta-feira
1847 anos depois da B.G.L
Daegu, Coréia do Sul

Quando Jeongguk acordou, não sentia mais o calor de seu alfa. Resmungou manhoso em protesto, se encolhendo embaixo das cobertas.

Desde que se beijaram pela primeira vez, há exatamente uma semana, se aproximaram ainda mais, a ponto de passarem quase o dia todo juntos.

Quando despertou por completo, se lembrou da noite anterior, em que ficaram se beijando e dando carinho um ao outro até adormecerem. Sorriu fraco ao lembrar dos beijos necessitados e das carícias gostosas.

Poderia se acostumar facilmente com aquilo. Demoraria para realmente perdoar o que V tinha feito, ele precisaria conquistar novamente sua confiança, mas, enquanto isso, iria se aproximar mais de Taehyung.

— Jeonie, já está acordado? — Jeongguk fechou os olhos quando escutou o marido entrando no quarto. Estava de costas para a porta, portanto, o alfa não viu que já estava desperto — Oh… Vem Tannie, seu outro papai ainda está nanando. Vamos te alimentar e ver o que diz esta carta.

Jeongguk sentiu seu coração falhar várias batidas com a frase proferida, sequer imaginando que Taehyung seria tão adorável. Ele era sempre tão reservado e seco, mas por dentro era uma gelatina.

— Eu estou acordado — murmurou rouco, assustando o alfa.

— Te acordei? — o ômega negou ainda com os olhos fechados, sentindo a cama afundar ao seu lado — Bom dia Jeonie.

— Bom dia Tae… — respondeu sonolento, se virando para o alfa e abrindo levemente os olhos. — O que diz esta carta? — indagou puxando Yeontan para si, abraçando o filhote contra o peito e iniciando um afago atrás das orelhas dele.

— Primeiro, esse lugar é meu, não do Yeontan — resmungou fechando a expressão.

— Pelos Grandes Lobos, Taehyung! É só um cachorrinho — Jeongguk revirou os olhos deixando o filhote no chão, que rapidamente voltou para a própria caminha. — Satisfeito?

Ótimo! A carta é dos seus tios. Ainda não abri, pois são seus tios, afinal — respondeu, oferecendo o envelope para o marido.

— Pode abrir e ler, por favor? Minhas vistas ainda estão embaçadas — bocejou, se ajeitando embaixo das cobertas. Taehyung assentiu e acatou o pedido do marido.

“Querido Jeongguk,

Aqui é sua titia Sohyun. Após o ano novo, sua tia Gayon irá nos visitar e o filho dela, Seokjin, se casará no décimo terceiro dia de Janeiro, então, eu e seu tio oferecemos nossa casa para a festa de noivado, no sétimo dia.

Sinto sua falta e a de Yoongi, então, peço encarecidamente que venha passar uma temporada em minha casa, e que traga seu marido, assim participam também do noivado e casamento de seu primo.

Com amor e muita falta de companhia, sua titia Sohyun.”

— Eu também sinto falta dos meus tios e das gêmeas — Jeongguk disse, sorrindo fraco.

Realmente sentia falta de como Sohyun lhe tratava como uma criança, mas não de um jeito ruim, como se não soubesse de nada do mundo, era apenas cuidado e carinho excessivo, assim como todos ao redor da ômega.

— Só temos um problema. Terei que viajar após o ano novo para verificar todas as encomendas da capital e ficarei cinco dias, pelo menos, longe — Taehyung olhou para o marido com um semblante preocupado.

— Realmente isso é um problema. Não poderei ver seu rosto lindo por cinco dias e nem dormir agarradinho com você… — reclamou, sentindo os dedos magros de Taehyung acariciarem seus cabelos.

— Agora meu rosto é lindo? Não era ridículo? — indagou, esfregando, com certa força, a palma da mão na cabeça alheia.

Eu estava delirando — alegou em defesa. — Quanto tempo sua marca temporária dura?

— Cerca de três semanas, quase um mês — Taehyung disse calmo, afastando os cabelos que caíam sobre o rosto do ômega, acariciando sua bochecha gordinha com suavidade.

— Precisa fazê-la antes de ir viajar — os olhos de Jeongguk ficaram tristes por um segundo e Taehyung sentiu o peito doer.

— Não se preocupe — pediu, cessando o carinho.

Não podia esperar que, da noite para o dia, Jeongguk pedisse uma marca verdadeira. Mas também não podia negar que estava decepcionado, porque estava, e muito.

Decepcionado consigo mesmo, por ser tão idiota e ter feito tudo errado.

O ômega sentou na cama e segurou o rosto alheio com delicadeza, trazendo os olhos vermelhos e intensos até seu rosto. Sabia que V e Taehyung ainda tinham um longo caminho a percorrer, até que as orbes do alfa ficassem castanhas, como deveriam ser.

— Tae, vamos com calma, sim? Eu gosto de você e tenho certeza que não vai demorar até que eu esteja louco de amor por ti, mas enquanto isso não acontecer, não quero te magoar. Prometo que, quando tiver certeza do que sinto, serei totalmente sincero e me entregarei completamente à você — Jeongguk dizia baixo, enquanto acariciava o rosto do marido e juntava as testas.

— Certo, eu entendo. Agora vá tomar banho, deixei a água bem quentinha para você — Taehyung sorriu forçado, se levantando e puxando o marido junto.

Awn, que amor — Jeongguk sorriu, apertando as bochechas do mais alto. A diferença de altura entre ambos era mínima, talvez um ou dois centímetros.

— Ande logo, antes que esfrie — Taehyung riu, apertando a cintura do ômega, que riu junto enquanto ia para o banheiro.

Taehyung e Jeongguk poderiam se acostumar com aqueles risos doces e os momentos de carinho que tinham. Podiam facilmente cair um pelo outro e estavam dispostos a isso. Fariam aquele casamento, finalmente, dar certo.

Estavam decididos a serem felizes juntos e nada poderia estragar isso.

━━━━━☽︎☀︎︎☾︎━━━━━

  Jeongguk sorriu levemente quando se abaixou ao lado do marido, escutando com atenção enquanto Taehyung tagarelava sobre uma erva medicinal e suas propriedades.

Encarava o rosto concentrado do alfa, apreciando sua beleza enquanto se perdia nos próprios pensamentos, as palavras de Taehyung soando vagas em sua mente.

— Também cultivo acônito, na dose certa, não é vene- Está me escutando? — o alfa virou o rosto, notando o olhar vago do marido.

— Está falando sobre as propriedades venenosas do acônito, mas que, na dose certa, pode ser curativo. Também sei sobre a maioria das propriedades medicinais dessas ervas que você cultiva, eu estudo medicina, não se lembra? — Jeongguk arqueou a sobrancelha, fazendo o outro revirar os olhos.

— Me esqueci disso, é extremamente raro acordar e tropeçar em um de seus livros — ironizou, recebendo um tapa no ombro.

Idiota — Jeongguk xingou baixo, se levantando com os braços cruzados. — Só ficam no chão quando durmo estudando.

— Quer um pouco de chá? Vou pedir para Yonhi trazer alguns petiscos para nós — Taehyung disse, se levantando também.

— Quero de limão, e biscoitos doces, por favor — pediu gentil, sorrindo tímido quando o alfa se aproximou e deixou um beijo em sua testa antes de se afastar.

Poderia se acostumar com aquilo.

Jeongguk sentou em uma cadeira estofada que havia no fundo da estufa, com uma mesinha redonda e bem detalhada. Não era a primeira vez que passava a tarde ali, na companhia do marido, tomando um chá enquanto comem biscoitos e jogam conversa fora, se aproximando e se conhecendo melhor.

Se apaixonando um pouco mais.

A área em que estava, era feita especialmente para usufruir do ambiente relaxante e natural. Havia uma mesa redonda, três cadeiras estofadas e mais ao canto, perto do vidro, duas poltronas e um divã, o qual Jeongguk, uma vez, já se deitou para ler um de seus vários livros.

Era delicioso permanecer naquele lugar. A estufa era acolhedora, ainda mais com a brisa gélida de outono – quase inverno – do lado de fora. Os vidros ofereciam acolhimento e calor e tinha cobertores quentinhos ali também, mas isso já era obra de Taehyung.

Falando no alfa, ele finalmente estava de volta, empurrando um carrinho revestido de ouro, enquanto Yonhi, e mais um empregado beta, reclamavam atrás dele.

— Senhor, nós pode-

— Jeonie, Yonhi fez bolo! Você quer?— o alfa perguntou, ignorando os protestos do beta.

— Senhor Kim, é nosso tra-

— Yonhi, não deseja nos fazer companhia? Você também, Changyuk! Sentem-se conosco — Taehyung continuou interrompendo, fazendo o marido rir baixinho.

— Sentem-se, há espaço suficiente para todos — o ômega deu corda, fazendo Yonhi revirar os olhos.

— Temos mais coisas a fazer, senhores. E, senhor Jeongguk, sabe que se me sentar contigo, iremos esquecer de nossas vidas fofocando! — a mulher dedurou, cruzando os braços.

Não é fofoca, eu não passo para frente! São troca de informações! Preciso saber o que acontece na cidade, oras — resmungou emburrado, enquanto Taehyung servia a mesa com um jogo de chá de porcelana azul.

Alfas não serviam a mesa de chá, mas Taehyung não podia ligar menos para isso.

— Então você é um fofoqueiro, Jeonie? — ele perguntou provocativo, sorrindo perverso.

— Com sua licença, senhores — Yonhi murmurou, se curvando para os patrões antes de puxar Changyuk para fora da estufa.

— Não sou um fofoqueiro, eu coleto informações — resmungou, cruzando os braços emburrado.

— Tudo bem então, mon trésor. Olhe, tem biscoitos salgados, biscoitos doces, mochis, bolo… — Taehyung foi tagarelando, tirando as tampas das bandejas com os petiscos.

Hmm, tem torta de limão! — exclamou ao ver as pequenas tortilhas, lambendo os lábios.

— São as suas preferidas. Pedi para Yonhi fazer hoje de manhã — o alfa sorriu gentil, colocando o doce em um pratinho para o marido e logo servindo o chá de limão na xícara de porcelana.

— Obrigado, querido — Jeongguk agradeceu, sem notar o forte rubor nas bochechas do alfa.

Havia o chamado por um apelido fofo e nem ao menos percebeu.

Taehyung deixou o bule detalhado em cima da mesa, se afastando até o meio das diversas flores, apenas para pegar uma pequena violeta branca, voltando para perto do ômega em seguida.

Jeongguk piscou confuso, tombando a cabeça para trás, quando sentiu o mais velho tocando seus ombros. Os olhos brilhantes e curiosos encararam o rosto bonito do marido, enquanto Taehyung apenas sorria com suavidade, levantando um pouco a cabeça do ômega e puxando sua franja para trás da orelha, colocando a flor branca ali em seguida.

Jeongguk encolheu os ombros, sorrindo constrangido enquanto mordia o lábio cheinho. Taehyung deu a volta na mesa, sentando em frente ao marido e apoiando o rosto na mão, sorrindo feito um bobo enquanto encarava seu doce ômega.

— Você me deu um vasinho delas de presente…

— E você às cuida até hoje — Taehyung sorriu docemente, servindo o próprio chá de camomila.

— Você não sabia que eram as minhas preferidas antes, então por que me deu? — perguntou curioso, segurando um garfo para pegar um pedaço da torta de limão.

— Violetas brancas significam uma promessa silenciosa. V tinha feito uma promessa, disse que iria se controlar, e eu prometi a mim mesmo que te daria tudo do bom e do melhor, mas acabei quebrando essa promessa depois que escutei você e Yoongi naquela montanha — Taehyung baixou o olhar, cutucando o bolo com pedaços de morango em seu prato.

Jeongguk fez um biquinho, olhando por cima da mesa. Achou o potinho com torrões de açúcar e sorriu perverso, fingindo pegar um para colocar em seu chá, porém, o jogou bem na testa do marido, o fazendo levantar a cabeça assustado.

— Está com uma cara azeda, quem sabe o açúcar ajuda — sorriu debochado, vendo Taehyung bufar e revirar os olhos. Jogou mais um torrão no alfa, o fazendo lhe encarar incrédulo enquanto apenas ria alto.

— Pare com isso!

— Então tira essa cara azeda!

— Essa é a minha cara, vou tirar para deixar de molho, por acaso? — reclamou debochado, fazendo Jeongguk revirar os olhos.

— Como você é grosso — reclamou crispando os lábios.

Grande também — Taehyung murmurou, sorrindo ladino.

— O que disse? — Jeongguk o encarou incrédulo.

Aquilo foi uma insinuação sexual?

— Sou mais alto do que você, sou grande, oras — deu de ombros, levando a xícara até os lábios grossos, bebendo calmamente.

Jeongguk sabia que era mentira. Foi uma insinuação e não foi a primeira, nem seria a última. E agora, mais do que nunca, sua curiosidade estava atiçada. Seria mesmo grande? O quão grande?

Droga.

Como faria para saber? Precisaria ver o alfa sem roupa, mas não o espiaria.

Fez um biquinho emburrado, enfiando um grande pedaço de torta em sua boca, mastigando com força. Taehyung, por outro lado, apenas encarava o marido com um sorriso apaixonado, o achando extremamente adorável com os cabelos longos abaixo do queixo, as bochechas cheias e vermelhas, as sobrancelhas bem desenhadas franzidas em uma careta emburrada.

Ah! Como ele era lindo! Poderia observá-lo pelo resto de sua vida e jamais se cansaria.

Nunca se cansaria de Jeongguk.

XXXXXXXXX

E ACABOU!

Finalmente os taekook se acertaram!

Usem a tag #EntrelacadosTK no twitter, podem mandar mensagens no meu curious cat se não quiserem se identificar, sigam meu perfil @Kim_Lala95 para spoilers e informações.

Não esqueçam de votar, isso também é muito importante para o engajamento!

A próxima att vai ser dia 13/06 as 17h. Até lá, stream em Butter!

Vamos para as fotos:

Continue Reading

You'll Also Like

283K 34.8K 56
Ninguém espera que seus planos sejam destruídos por alguém que te faça perder todo e ao conhecer Jeon Jeongguk, colega de república e ômega no qual...
367K 50.3K 101
Jeon Jungkook odeia bronzeados e babacas que flertam com qualquer um. Por ironia do destino, Kim Taehyung é um babaca bronzeado odiavelmente lindo. "...
1.2M 123K 60
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
137K 15.6K 26
Tudo que Jungkook desejava era entrar naquela faculdade e cursar Medicina. Só não imaginava que conheceria Taehyung, o badboy veterano da área, que c...