Bj Jay | Hiatus

By Dfideliiz

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Segredos foram criados para manter pessoas curiosas longe. Gwen teve a grande sorte - ou azar-, de descobrir... More

Prólogo
Capitulo um: Cruz e Coroa
acordo fechado.
Na minha casa.
De jeito nenhum.
Lembranças indesejadas.
acabou.
você tem 5 minutos
Eu queria dizer não, mas não consigo.
inimigo próximo.
Baunilha
mas você tem que me prometer.

passado assombroso

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By Dfideliiz


Tudo estava quieto. Mudo.

Nunca ficou sem palavras antes, nunca perdeu a fala diante de alguém, muito menos de uma mulher. A verdade era que estava com medo dela. Medo do que diria e de como diria, e se ela reagisse igual a noite de sexo que tiveram? E se essa mulher a sua frente não fosse mais a Gwen Stacy que conheceu? Era possível uma pessoa mudar tão rápido de personalidade? Questionamento, atrás de questionamento. Não chegava a uma resposta nunca, e a situação se tornava constrangedora a medida que Gwen esperava que ele falasse algo.

— Você não vai dizer nada? — suspira cansada, enquanto encarava seus pés a fim de não olha-lo. Ela ainda estava o evitando.

— O que tem feito ultimamente?

Ah!, que idiota.

Rosnava baixo se xingando por ser tão covarde. Nunca se intimidou na presença de alguém, desde pequeno havia sido preparado para não abaixar a cabeça, — o que era considerado teimosia, e desrespeito para seus pais —. Era marrento, sempre foi, mas usava sua marra com as pessoas certas, só aprendeu isso na faculdade, infelizmente. Não podia amarelar, uma atitude dessas não faz nem sentido partindo dele, mas não podia evitar. Estava caidinho por ela. E como não ficaria nervoso? Já teve uma péssima experiência antes, quem o garante que não terá outra vez? Sua trava anti-gadismo não o permitia se abrir, por isso parecia um idiota naquele momento perguntando o que Stacy está fazendo da vida em seu horário de trabalho, com uma chuva que parece mais o segundo dilúvio.

— Isso é sério? — riu, incrédula. — Veio até aqui só para perguntar isso? Não temos nada, então acho que isso não é da sua conta. — sorriu falsa. Meu Deus. Ele desconhecia totalmente aquela mulher, mas não deixava de se sentir ainda mais atraído por ela.

A loira fez menção de sair, mas ele a impediu jogando seu corpo na frente do dela.

Não conseguiria dizer a ela o que a mesma merecia ouvir. Ainda buscava respostas em seu coração, e não sabia ao certo o que sentia. É claro que ele poderia esperar um tempo e pensar com calma para então definir o que sente pela loira. Mas agora não era como antes, Stacy não estava mais sob seus “encantos”. Quando transavam fixo tinha a loira na palma da mão, e tempo não seria problema se ainda estivessem com essa relação. O problema é que Stacy está livre, e se demorasse tempo demais para pensar, ela poderia facilmente partir para outra. Se é que já não o fez.

— Você aceitaria ser outra vez minha parceira sexual fixa?— engoliu seco. A feição da menor ficou séria, como se sua mente estivesse em branco. — É que eu só consigo com você, não tenho interesse em mais-...

— Não acredito que está me dizendo isso. — sorri amarga, se contendo ao máximo para não chorar. — Não. Eu não estou interessada. — mentiu. Não cederia fácil, embora achasse que tê-lo em uma noite tempestuosa, pedindo quase que desesperado, para que ela voltasse a ser sua parceira sexual, fosse um grande avanço. Aparentemente, Justin Bieber não era de ferro, e ele sentia sim emoções e sentimentos, constatou isso ao vê-lo quase chorar diante de si. — Você não me queria por perto. Nunca quis! Eu demorei demais para perceber. Desculpe alimentar uma relação inexistente, eu não sabia o que estava fazendo, mas agora eu sei, e não posso dar continuidade a isso. Existem várias garotas interessadas em sexo sem compromisso, Justin. — fez uma pausa para secar as lágrimas com as costas de sua mão. — Nunca mais vou me entregar para alguém que não me ame, aprendi da pior forma que eu não consigo ter esse tipo de relacionamento raso, onde o intuito é só transar e nada mais.

Justin balançou a cabeça sem abrir a boca momento se quer. Ele concordava com tudo que a loira dizia, mas queria dizer que agora era diferente. Ele não sabia como, e nem porquê, mas era. Tudo que ele mais queria era ser recebido com o sorriso contagiante dela. Queria abrir as redes sociais e encontrar as inúmeras mensagens de “bom dia”, “como foi seu dia?”, “Já bebeu água hoje?”. Ela sempre o deixava feliz e isso estava nos pequenos detalhes, desde as perguntas invasivas, até o jeito folgado de descansar a perna sobre a sua, enquanto dormia depois de uma transa selvagem. Era disso que sentia falta, das pequenas coisas que nunca deu valor, e que agora fazia mais falta do que imaginava.

— Não me procure mais. — pediu após o silêncio. Ele podia prometer isso a ela? Se encontrava tão desesperado que duvidava da sua capacidade de se manter longe da mesma. — Acho melhor ir embora. Eu tenho que trabalhar. Use isso para ir até o carro, e pode ficar. — estendeu a ele um guarda chuvas e saiu.

Já havia passado por momentos ruins, mas aquele poderia ser considerado o pior.

Stacy, estava seguindo em frente.

[...]

Ele encarava a foto amassada, fumando seu quinto cigarro naquela noite. Jaxon, ele e Eida. Deveria ter queimado aquela porcaria. Bebeu seu último gole, do sexto copo de whisky. Não bebia, na verdade odiava, mas precisava de seu velho amigo, the Macallan no6, para aliviar a angústia que sentia.

— Inferno.

Arremessou o copo em qualquer direção, sem se importar o que atingiria. Estava quebrado como a muito tempo não ficara, e não era só por Stacy, e sim por todo o contexto da “partida” dela. Nunca lidou bem com a rejeição, passou anos de sua vida sofrendo com isso. Por um momento, pensou ter superado, seguido em frente, mas a verdade é que o medo de ser sempre sozinho ainda o assombrava. Era tão estúpido dar importância para isso. Odiava se sentir vulnerável, mas não havia o que fazer, estava novamente sofrendo pela merda de seu passado que insistia intervir em seu futuro.

Point’s of view’s, terceira pessoa.

Flash back on.

Ottawa, Canadá.

O Sr. & Sra. Bieber liam seus respectivos livros em seu escritório. A lareira queimava a lenha, deixando o ambiente quente, diferente do frio que fazia ao lado de fora. O garoto jogava uma partida de xadrez com seu irmão mais velho, engolia seco a cada movimento que Jaxon fazia com as peças do tabuleiro. Movimentou a torre em linha reta, comendo assim, seu rei. Xeque-mate.

— Ganhei. — sorriu vitorioso. — Mais sorte na próxima. — riu, bagunçando os cabelos do mais novo.

— Parabéns, filho.

Pattie abriu seu sorriso amável, fazendo Justin derreter. Como ele queria que pelo menos uma vez, aquele sorriso fosse direcionado a ele. A mulher finalmente o encarou, dessa vez sem o belo sorriso no rosto. Levantou-se, deixando seu livro de lado, caminhando até a porta do escritório.

— Justin, para o banho. — abriu a porta, esperando que seu filho mais novo saísse. — Anda.

Não respondeu. Nunca contrariaria uma ordem dela. Soltou as pecinhas de suas mãos, e saiu em direção ao seu quarto. Tinha seis anos, mas não era tolo, sabia que seus pais enchiam Jaxon de presentes e elogios sempre que o mesmo saia. Ou ficavam apenas os três juntos, curtindo a presença uns dos outros.

Foi para o banho o mais rápido que pode, assim voltaria para o escritório e poderia receber elogios e presentes de seus pais, tal como seu irmão. Banhou-se depressa, e saiu vestido com seu pijama xadrez, com um sorriso no rosto que foi tirado por Nora, sua babá.

— Boa noite, chefinho. — Nora, saudou com o sorriso penoso de sempre. Amava sua babá, mas odiava o fato dela ter pena de si. — Eu trouxe seu jantar. Seus pais pediram para que você não saísse do quarto e fosse se deitar após o jantar na cama. — explicou. Não entendeu o motivo, era muito novo na época. Não iria ser mal criado com Nora que tanto lhe dava carinho, apenas concordou sentando-se na cama, obviamente chateado. Não entendia por que as coisas eram assim para ele.

Naquela noite Jeremy e Pattie foram a uma festa, no qual expuseram a todos o filho maravilhoso que tinham. Quanto a Justin, bem, ele estava dormindo em casa, pois era muito novinho para ir a eventos tão tarde da noite. Aquela não era a verdade, mas foi a desculpa que deram a todos quando questionado da ausência do caçula.

[...]

Ao 16 anos as coisas não eram mais as mesmas. Agora ele entendia. Agora não era mais tolo como antes. Se com 6, ele não era bobo, imagine 10 anos depois? Era tão óbvio o apresso que sentiam por Jaxon, e o desgosto que sentiam por ele. Era muito jovem para ignorar, e superar o fato de que seus pais não gostavam de si. Pessoas não são obrigadas a amar outras, mas pais que planejaram ter filhos, deveriam sim! Amar e zelar pelos seus herdeiros igualmente. Pattie fez inúmeros tratamentos até conseguir engravidar de Jaxon, e quando seu primogênito veio ao mundo se sentiu completa, mas como uma boa gananciosa que era, queria mais. Então ele veio, dia 01 de março de 1994. Pensou que seria a nova bajulação da família, mas logo nos primeiros anos era tratado diferente. O que fez? Qual era o problema com ele? Por que seus pais eram tão cruéis ao ponto de deixa-lo trancado um dia inteiro no natal, para que não ganhasse presente do resto da família e amigos? Passou anos pensando nisso, e com 16 foi o auge. Então, fez o que seu coração adolescente desesperado por atenção mandou, se tornou uma cópia de Jaxon para agradar os pais.

— Você está lindo, meu filho. — Pattie abraçava Jaxon, enquanto lhe enchia de beijos. Olhava para o filho mais velho com tanto amor e orgulho, que seus olhos se enchiam de brilho. Sentia-se orgulhosa por ele estar indo ao primeiro dia do último ano de colégio, tudo que ele fizesse iria decidir seu futuro, e estava tranquila pois sabia que Jaxon jamais decepcionaria. — Justin. — seu tom perdeu o ânimo ao mencionar o nome do mais novo. — Penteou o cabelo? Agora sim vocês parecem irmãos. — comentou. Aquilo encheu seu peito de felicidade, era um grande avanço. Quanto mais parecido com Jaxon ele fosse, mais seus pais gostariam dele. Era o que pensava.

Era sufocante pisar em ovos, sempre tendo que medir as palavras ou atitudes para não desapontar ninguém. Seus cabelos eram rebeldes, precisava de meia hora de escovação para deixá-los tão perfeitos quanto os de seu irmão. Se matava dia e noite para estudar e ser um gênio como Jaxon era, e receber bons elogios dos professores. Usava camisa social com aquele suéter horrível por cima, para que ficasse tão elegante e charmoso quanto Jaxon ficava. Estava dando certo, mas era cansativo ser quem não era.

Será que um dia alguém gostaria dele por ser quem é?

...

O dia na escola não foi fácil, tirou um A ao invés de A e isso o preocupava. O que diriam seus pais depois daquilo? Precisava manter a calma e pensar em uma desculpa plausível para convencê-los de que havia dado tudo de si. Pattie não o perdoaria fácil, e como sempre diria que ele não conseguia fazer o mínimo. Não queria ouvir aquilo outra vez.

— Maninho, como vai? — Jaxon bagunçou o cabelo que ele havia passado horas arrumando. O loiro e sua mania chata de mexer em seus cabelos. — Veio a pé para casa? — perguntou preocupado, ao ver que Justin se encontrava vermelho e suado.

Jaxon havia faltado por preguiça de ir a aula. Isso resultou em um Justin caminhando 17 quadras até em casa, tudo por que seus pais cancelaram o motorista ao saberem que Jaxon não iria a aula. O que significava para seus pais? Era tratado com um nada, como a um estranho! Sentia-se um peixinho nadando e tentando se igualar aos tubarões, mas estava sempre atrás, se afogando no mar de descaso que eles insistiam em lhe dar.

— Sim. Eu quis respirar um pouco de ar fresco. — mentiu. Não diria a verdade. Não queria confusão com seus pais agora que estava começando a ter o apreço deles.

— Entendi. Ah!, essa minha amiga, Eida. — saiu da frente, deixando a bela garota na visão do mais novo.

Perfeita.

Essa era a palavra que usava para descrevê-la. Seu corpo era escultural, com seios gigantes que quase saltavam para fora daquela regata apertada. Sua boca brilhava com o gloss, que lhe dava uma imensa vontade de beijá-la. Foi a primeira garota por qual se interessou de verdade em seus 16 anos. Não pôde conter o formigamento que sentiu desde os pés até a espinha. Foi uma vibração elétrica que sentiu no corpo, algo jamais sentido por si. Seu peito aqueceu, e por um breve momento esqueceu como se respira.

— Sou, Eida. Muito prazer. — sorriu, de uma forma nada angelical. Seu sorriso era outro — do tipo que nunca viu uma garota de aparência tão meiga —, sorrir.

— Justin. — se apresentou, retribuindo o sorriso da mesma maneira que ela.

[...]

Digitava seu trabalho de ciências o mais rápido que podia, tentando se concentrar nas palavras que escrevia. Tarefa difícil já que Eida insistia em cantarolar no fundo, tirando parte de sua concentração.

— Você fica sexy estudando. — comentou, mordendo o próprio lábio. Bieber prendeu a respiração com o comentário. — Se parece muito com Jaxon. — algo dentro de si murchou ao vê-la comparar com Jaxon, óbvio que eram parecidos por serem irmãos, mas dizer isso o deixava tão... Triste? Ah, não importa. Não queria ser incomodado com as comparações maldosas que sempre o deixava triste no fim por saber que todos preferiam Jaxon e que nunca chegaria aos pés dele. — Mas você é mais divertido, Jaxon chega a ser um pé no saco. — revira os olhos, rindo de sua própria fala. Justin a olha com incredulidade, talvez fosse a primeira vez na vida que ouvira alguém, além de sua avó, falar mal de seu irmão. — Ele é muito certinho, mas você...

Seu corpo paralisou quando sentiu a mais velha sentar sob seu colo. Pior, sob seu membro, que provavelmente daria sinal de vida por ser um virgem adolescente cheio de hormônios. Parou de respirar. Engoliu seco, olhando para a mulher com um olhar que dizia “por favor, tenha piedade”. Grunhiu baixo quando a mesma pressionou seu sexo contra o dele em um movimento de vem e vai. Não esperava por aquilo, sentiu que sua alma sairia do corpo se ela fizesse mais uma vez.

— Você é um menino mau... Posso ver em seus olhos que não será como o sonso do seu irmão. — sussurrou contra a boca aveludada e rósea do mais novo. Mordeu com força, e riu vendo o filete de sangue escorrer. — Sabe... Eu estou muito interessada em você. Tu é tão melhor que ele, em todos os aspectos bebê. — elogiou ao pegar no membro duro sob o fino tecido da bermuda azul. Péssimo dia para usar calção. — Você me deseja, Justin? — perguntou manhosa, enquanto arranhava sua nuca em um carinho leve com as unhas. O loiro umedeceu os lábios, não respondendo nada, se encontrava hipnotizado demais para dizer alguma coisa aquela mulher. Sua resposta foi com ação. A ação que se arrependeria pelo resto de suas vidas. Beijou a mais velha, segurando sua cintura firme, querendo que sua intimidade se encaixasse perfeitamente em seu pau duro e visível. Que porra de sensação era àquela? Estava afoito. Oh, céus, morreria com aquela mulher sob seu colo, pois não aguentaria mais nenhuma rebolada.

...

A relação se intensificou. Primeiro foram os amassos as escondidas no quarto. Depois Justin dedava Eida por debaixo da mesa de jantar como se fosse a coisa mais natural do mundo. E então na festa de boas-vindas ela o chupou atrás da quadra, deixando o garoto de pernas trêmulas pelo orgasmo intenso que tivera naquela noite. Não se esqueceria nunca daquele dia. Então em uma festa da família, no caminho para o local da festa Justin parou no posto de gasolina, e no banheiro dos fundos perdeu sua virgindade com a garota mais gostosa que viu em toda sua vida. Na festa de sua avó, minutos antes do aniversário de 70 anos de Bertha, transou com Eida novamente, só que dessa vez no jardim. Estavam movidos ao prazer desde o beijo, e aquela mulher mais do que qualquer outra estimulava sua libido. No outro dia, na piscina tiveram uma discussão enquanto transavam, literalmente durante o ato, isso por que Eida não conhecia a palavra limites, e simplesmente se encaixou em seu membro com as crianças dentro da água, no mesmo ambiente. Seus movimentos foram sutis e ninguém percebia nada, quem olhava achava lindo a amizade que possuíam, sem saber os atos que cometiam ali. Justin como sempre estava entregue demais para afastar a garota, então só relaxou e gozou vendo o riso vitorioso da namorada ao final do ato. Pela primeira vez não se sentia bem. Eida usava de seu charme e do amor que ele sentia para persuadi-lo a fazer coisas que não queria, se tivesse se preocupado com aquilo no início, teria evitado muita dor lá na frente. Mas infelizmente ele não sabia o que iria acontecer.

...

Sua formatura estava próxima e com isso os exames finais também. Por passar 24 horas com Eida, não conseguia mais tempo para nada em sua vida. Seu plano de se igualar a Jaxon foi por água abaixo, a cada dia estava mais distante da personalidade de seu irmão. Suas notas estavam péssimas e nem queria chegar ao final do mês quando veria o olhar de decepção de seus pais. A verdade é que não importava mais, por um breve momento Jaxon e seus pais deixaram de ser sua prioridade. Ele estava concentrado em apenas uma pessoa, Eida. Em apenas uma coisa, foder com ela. Aquela garota foi a melhor coisa que lhe aconteceu, tanto que sentia que não precisava mais do amor e do carinho de sua família, não lutaria por um espaço que deveria ser ocupado por obrigação no coração de seus pais. Queria continuar o ano da forma que achasse melhor, logo mais o último ano chegaria e assim iria para o mais longe possível dos Bieber’s. Faria de tudo para ir para a mesma faculdade que sua namorada, e ficaria com ela pelo tempo em que dessem certo.

Seus planos estavam completamente traçados, e não havia nada que poderia mudar o curso deles. Era o que achava.

— No que tanto pensa, gatinho? — Eida perguntou sonolenta, despertando de seu cochilo pós sexo. — Você parece tenso. — tocou a lateral de seu rosto, acariciando com cuidado. Ele a amava tanto, era assustador.

— Formatura.

A garota revirou os olhos. Acendeu um cigarro, puxou e tragou antes de passar para o menor. Graças a ela, ele adquiriu um novo hábito e descobriu que o cigarro pode ser um bom amigo, em noites que sua ansiedade atacava, e sua mente lhe auto-sabotava dizendo que ele não era suficiente, que nunca seria. Justin fumava dois ou três em seguida, sentindo uma paz avassaladora, tranquilidade e o prazer que a nicotina lhe proporcionava. Se tornou um dependente, tanto do cigarro quanto de Eida.

Tragou sentindo a fumaça descer até seus pulmões, e voltando para a boca, onde soprou contra o rosto da mulher que sorria maliciosamente. Não precisava de mais nada pois tinha tudo bem ali na sua frente.

...

A formatura chegou.

Era um dia memorável para todos, principalmente para os que estavam prestes a ir à faculdade. Se tornar um jovem adulto e ir em busca de seus sonhos, era coisa mais heroica e independente para Justin, sentia um orgulho imenso de seu irmão, e embora o invejasse sempre, não nutria ódio ou mágoas por vê-lo receber tudo que não tinha. Não era justo ser um filha da puta com ele quando a culpa era de seus pais.

— Estou tão orgulhoso de você, campeão. — Jeremy o abraçou, sorrindo como nunca o fez. Jaxon corou como tomate, atraindo olhares de todos. Era adorável para todos, menos para Justin que sentia seu estômago revirar. — Meu filho será um ótimo advogado, e quem sabe um renomado juiz. — comentou, esperançoso.

— Não duvido disso. Jaxon é o melhor em tudo que faz. — Se gabou presunçosa. Olhou para Justin que também usava uma beca, não tão elegante quanto a do irmão pois não estava de fato se formando. — Você deveria ser igual a ele, seu irmão será um sucesso, o melhor. — afirmava com convicção, como se Jaxon jamais fosse errar, ou os decepcionar. Era tão bizarro. Em parte, ele queria que seus pais acreditassem nele como acreditavam e seu irmão, mas talvez não conseguiria aguentar a pressão de ter tantas pessoas esperando nada mais que a perfeição, com suas expectativas altíssimas como se errar não fosse uma opção.

Pensando por esse lado não era tão ruim ser invisível.

A festa não havia sido tão legal quanto esperava. Se encontrava sozinho na mesa. Seus pais foram embora logo após o discurso de seu irmão. Não tiraram uma única foto com ele, não fizeram questão de sequer demonstrarem que se importam. Não ligava, o descaso deles não o afetava mais, o que o magoava verdadeiramente era o fato de sua namorada ter passado a noite com todo mundo, menos com ele. A noite toda escutou desculpas prontas, coisas como “Vou tirar algumas fotos com as meninas”, “preciso falar com alguns professores”, “minha turma vai tirar foto”, “minha turma vai se apresentar”. O engraçado é que não vira nenhuma apresentação, e quando Eida sumia não a encontrava em lugar nenhum. Não a via falando com ninguém, e aquilo era no mínimo estranho.

Enquanto Justin, bebericava o ponche e comia seus salgadinhos gelados. Eida estava nesse momento fodendo loucamente com Jaxon Bieber em seu carro esportivo no estacionamento da escola. A cada gemido de prazer dela, era um bufar de tédio e angústia de Justin que sentia em seu coração que havia algo errado. Marchou sozinho para o estacionamento a fim de ir embora, quando escutou gemidos que o tiraram do transe. Era próximo ao seu carro, olhou de relance como um bom curioso que era, até se dar conta de que aquela silhueta feminina era familiar demais. Quando se deu conta já estava próximo suficiente para ser notado pelo casal sem vergonha que transava no estacionamento. Por um momento seu coração parou, assim como sua respiração. Ela era realmente familiar.

Se afastou no momento que percebeu que era Eida ali. Não notou quem era o cara, e sinceramente não queria saber, poderia fazer uma besteira com a raiva que sentia naquele instante. Ouviu a garota murmurar um “espera” antes de sair, mas não deu ouvidos.

— Justin....

— POR QUE FEZ ISSO??? — berrou, sem se importar com algumas famílias que passavam por ali, a fim de encontrar seus carros.— P-por que? — soluçou. Oh, odiava chorar na frente das pessoas.

— Foi no calor do momento, eu...

— Porra, você tem ideia do que fez? Tem ideia do que eu estou sentindo agora? — rosnou, avançando até a garota que não se intimidou. — Eu não consigo entender.

— Aconteceu. Acabou. Foi tudo no calor das emoções, não precisa desse show todo. — ralhou, irritada pelo drama desnecessário do namorado. — Será que a gente pode ir embora? Eu quero uma carona, meus pais já foram embora. — disse em tom indiferente, como se não tivesse acabado de trair seu namorado no estacionamento da escola.

Aquilo foi tão absurdo e inacreditável que foi impossível não rir. Qual era o problema dela? Fechou os olhos por um breve momento, e saiu indo em direção a saída da escola. Não tinha condições de dirigir. Não tinha condições de conversar com Eida sem socar a cara dela e mandá-la para o inferno por ser tão desgraçada.

— Vai mesmo me deixar sozinha aqui? — questionou indignada. Sabia que havia o magoado, e possivelmente iriam terminar, não prolongaria mais aquela mentira. — Justin?

— Vai se foder, Eida.

— Se você não vier aqui, eu vou voltar foder com o meu amiguinho ali, ele ainda está me esperando. — debochou, e se arrependeu quando Justin praticamente voou em cima dela, colocando seu frágil corpo contra uma van azul. Sorriu surpresa, nunca o viu tão bravo como agora. Achou sexy toda essa “marra” que desconhecia.

— Que porra você quer, não está satisfeita do que fez não?

— Não, você merece muito mais. — acusou. Era hora de virar o jogo contra ele. Era boa em manipular situações a seu favor, e faria aquilo sem se importar, ainda não era a hora de abrir mão de Justin, estava mais perto do que nunca de conseguir o que quer. — Sempre me tratou como lixo, sempre se insinuava para outras meninas. Acha que eu não vi o seu sorriso para Amber Bloom hoje? — riu amarga. Era uma boa atriz. Justin a olhava incrédula. Colocou essa mulher em um pedestal. Fez dela seu tudo. Colocou todas as suas expectativas em seu relacionamento e a amava com todo o coração. Nunca a tratou como lixo. Nunca foi ruim, ou se quer brigou com ela. Como Eida podia dizer aquilo? — Eu estava cansada de te amar e não receber nada em troca. Você só me usa. — chorou. Os soluços davam um toque realista para seu choro falso, e ao julgar pela cara de assustado que Bieber tinha naquele momento, estava funcionando. — Você só me usa porque minha buceta é a única coisa boa na sua vida patética. — cuspiu as palavras sem medi-las, e sem pensar duas vezes antes no que elas causariam a ele.

— Eu não vou conversar com você. Não vou bater boca com uma bêbada que se joga nos braços de qualquer um no estacionamento. — os olhos da garota se arregalaram. Justin nunca a tratou mal, e naquele momento insinuou que ela era o mesmo que uma vadia bêbada. Seu sangue ferveu, e seu ódio cresceu. Iria machucá-lo da pior forma.

— Você é corno, trouxa. — gargalhou. — Eu te odeio. — disse, fazendo ele parar de andar. Estavam em uma distância média já que Justin preferia ir embora, ao invés de conversar. Paralisou com a confissão dela. Será que era verdade, ou ela estava magoada com suas palavras?

— Não está falando sério. — disse firme, tentando se convencer daquilo.

— Não? Eu quicando no colo de outro cara não foi prova suficiente para você? — tocou na ferida, vendo o maxilar do garoto travar, assim como os punhos.

— Você disse que me amava. — deixou uma lágrima escorrer, se deixando levar pelas emoções e sentimentos. Não queria desmoronar ali.

— E você acreditou? — perguntou incrédula. — Meu Deus, acreditou. — levou as mãos na boca, enquanto ria copiosamente.

Pior que ser traído por quem você ama, é escutar essa mesma pessoa rindo de você por simplesmente amá-la. Ser motivo de piada por corresponder sentimentos, era humilhante. Claro que Eida estava bêbada e não podia levar a sério o que a garota dizia.

— Eu não vou discutir, quando você estiver bem, eu te procuro, por hora eu me retiro. — avisou, tentando manter a calma e o juízo. A garota ficou furiosa, ele não havia sido afetado? Era para o mesmo ficar arrasado, sentir ódio, mas a única que se encontrava mal era ela.

Jaxon transou e caiu fora logo em seguida, quando foi procurá-lo, o encontrou com Verônica Sanchez, bebendo aos risos, muito próximos. A primeira vez deles não significou nada. Ficou com ódio, muito ódio que transou com o nerd da biblioteca no carro dele, no meio do estacionamento, precisava aliviar e como se não bastasse foi pega em flagrante por seu namorado. Não queria maltratá-lo, Justin era a pessoa mais dócil que conhecia, e a tratava muito bem, mas não devia nada a ele, é claro que estavam em um relacionamento e se fosse seguir as regras, devia sim. Mas, por não amá-lo, ou se quer gostar dele, não se via na obrigação de ser fiel, ou de lhe dar satisfações. Agora estava ali, aos prantos, sozinha com sua cobiça de querer dois irmãos para si.

Naquela noite Justin foi a pé para casa, pensando e constatando no fim que a pessoa que mais gostava, havia o traído, e pior, dito coisas horrendas como “eu te odeio” mesmo que fossem da boca pra fora, ainda o feriam muito. Havia sumido e ignorado completamente sua presença como todos faziam, e pior, e traíra com um aluno qualquer sem demonstrar um pingo de respeito pelo relacionamento dos dois.

...

Passaram semanas sem se falar. Justin acreditava veementemente que Eida daria o braço a torcer e com certeza o procuraria com saudades, e pediria perdão. Após umas semanas pensando, chegou a conclusão de que talvez tivesse dado motivos para sua namorada trai-lo. Realmente falou alto com ela quando transaram na piscina, e não nega que olhou para os seios de Amber, isso com certeza machucou Eida, e merecia sofrer por ter feito sua namorada sofrer.

Depois de 15 dias, voltaram a conversar por mensagem, claro que, não era a mesma coisa e ambos estavam tímidos e magoados. Esperava que ela mandasse mensagem dizendo que quer o ver, e passar natal juntos. Mas a única mensagem que sua namorada lhe mandou foi anunciando que faria uma viagem com seus pais até Minnesota para as festas de fim de ano. Foi uma coincidência muito grande, pois Jaxon viajou no mesmo período com uma amiga que até então ninguém sabia quem era. Era natal e passaria o feriado deitado em sua cama, sozinho em sua casa. Seus pais foram convidados a um jantar exclusivo apenas para adultos e não pensaram duas vezes antes de aceitar o convite. Não esperava nenhuma consideração vinda deles, desistiu há muito tempo de tentar entrar no coração de seus pais e ocupar um espaço que deveria ser dele por livre e espontânea vontade. Passaria o natal e o ano novo sozinho, mas o que era dois feriados para quem passou a vida toda só?

...

— Nora, o que faz aqui? — disse. Estranhando a presença de sua babá na manhã de natal em sua casa. O local cheirava a biscoito e canela como quando era criança. — É natal. — explicou, como se a mulher não soubesse desse fato. Não imaginava que ao descer pra tentar cozinhar algo, encontraria sua babá ali.

Nora não deveria estar ali. Ela tinha filhos, uma família... Por que trabalharia no feriado? Ela deveria estar no aconchego de seu lar, enchendo as crianças de carinho e biscoitos. A surpresa maior foi ver que sua avó também estava ali. Bertha segurava em mãos uma grande torta de maçã, rindo para duas crianças que pulavam tentando pegar um pedaço. Eram os filhos de Nora. Não queria demonstrar sua imensa felicidade ao ver as duas pessoas que mais gosta em sua vida miserável, mas foi inevitável, não tinha poder algum para conter o que sentia, nunca foi bom para reprimir sentimentos seja eles bons ou ruins.

— O-que vocês estão-...

— Feliz natal, querido.

A avó o beijou na testa, montando a enorme mesa de jantar para um café dá manhã reforçado.

Era como um sonho, sua vó estava ali preparando sobremesas atrás de sobremesas, enquanto ria com os filhos de sua baba que também estava ali para fazer companhia a ele. Era um detalhe tão pequeno. Era uma felicidade tão boba, mas não podia evitar, seu peito queimava em agitação e felicidade. Juntos eles montaram uma pequena árvore de natal, aquelas que você poderia facilmente segurar com a mão. Nenhuma das duas mencionou o fato de que seus pais o deixaram sozinho no natal, talvez evitando cutucar a ferida. Não era dia para ficar amargurado, ou triste. Estavam ali por ele, para sua felicidade e não deixariam nada abalar isso, o ruim era que já se encontrava abalado.

Ao contrário do que imaginou seu natal não foi triste, estava melancólico é claro, mas feliz pela companhia das pessoas que mais gostava. Não podia reclamar do que havia recebido, porque era mais do que suficiente. Era mais do que acreditava merecer. O dia foi tranquilo, e ganhou dois presentes, um caderno de desenhos de Nora, e lápis profissionais de sua avó. É, não foi tão ruim.

Pensativo em seu quarto, lia um livro qualquer de sua estante, já o lera antes, o mercador de Veneza, pela quinta vez e ainda trazia a mesma sensação de euforia que tivera quando o leu pela primeira vez. Deixou o livro na estante e colocou-se de pé, encarando a porta de seu quarto. Estava pensativo com a proposta que sua avó lhe fizera. Passar a virada de ano em Ontário não parecia uma opção ruim. Queria poder ter recusado a oferta. Queria poder ter dito a avó que estava ocupado pois iria em uma festa com seus amigos. Queria poder dizer que estava prestes a ir a Nova York com sua namorada para ver os fogos de artifício. Queria dizer que sua vida não era entediante, e que tinha sim planos, mas não tinha. Não tinha nada além de seu celular com músicas e seu caderno vazio esperando por novos desenhos. Era um fracassado, essa era a verdade. Não tinha amigos, e a única pessoa que deveria estar ao seu lado, se encontrava a quilômetros de distância com sua família e não parecia estar com saudades.

— É muito tarde para aceitar seu convite? — perguntou. Bertha que se despedia de Nora, olhou seu neto feliz por sua decisão. — Não quero ficar sozinho. — admitiu tristonho. Odiava pensar que sua avó sentia pena dele e de sua situação deprimente.

— Minha proposta sempre estará de pé para o meu neto favorito. — beijou sua testa, ajudando o menino com a mala.

Foi a melhor semana de sua vida. Teve um bom tempo para pensar em seu relacionamento com Eida, e acalmar seu coração. O lugar era tranquilo, e nunca em toda sua vida se sentiu tão amado e em paz como naquela semana com sua avó. Cogitou a ideia de morar com ela, não estaria perdendo nada se mudasse para um lugar tão quieto como aquele, a cidade grande não o encantava, não tinha amigos e não sentiria falta de seus pais. Era perfeito. Se acostumaria ir dormir às oito horas da noite, e acordar às sete da amanhã, não seria um grande esforço ir ao bingo de sábado, ou ir a igreja nas manhãs de domingo. Não seria sacrifício nenhum ficar com sua avó, pois amava muito. Mas infelizmente as coisas não eram simples assim, e em breve precisaria retornar a sua casa.

...

Deixar Bertha foi ruim, não gostava de ver a expressão triste no rosto de sua vozinha, se pudesse passaria sua vida toda morando com ela, mas existia uma garota que o fazia desistir disso, uma garota que valia a pena passar por todo aquele inferno com seus pais. Pensou muito na namorada nos últimos dias, gostava tanto dela que não se importaria em viver um inferno só para tê-la ao seu lado. Voltaria por Eida, e sabia que todo o esforço valeria a pena assim que colocasse seus olhos nela. Eida o revigorava, era seu porto seguro em meio ao mar tempestuoso que era sua vida, mesmo depois de tudo que houve estava disposto a esquecer e recomeçar, não seria um namorado tóxico. Não elevaria seu tom o falar com ela. Não cobiçaria outra garotas. Seria perfeito com ela, assim como ela era para ele.

Ansioso e feliz para vê-la, Bieber bateu na porta da casa de sua namorada assim que desembarcou em Ottawa, e foi atendido por sua mãe — que era muito gentil por sinal —. Ignorou toda a falácia excessiva da dona de casa, que possuía uma vida tão chata quanto a sua, e focou apenas quando de sua boca saiu o nome Eida. Paralisou por um momento com a revelação que a mulher fez, tanto que nem sentia suas pernas, tentava assimilar tudo. O gosto amargo que surgiu em sua boca o fez querer vomitar e quando se deu conta já estava em seu quarto, vomitando e chorando. Eida foi embora, viajou a três dias para a universidade Brown onde cursaria direito igual a seu irmão. O mais revoltante de tudo, era que não havia recebido nenhuma mensagem, ou se quer ligação. Porra, eram namorados. Cadê a consideração? Aquilo tudo era tão absurdo e bizarro. Não acreditava que sua Eida fosse capaz daquilo. Não mesmo.

Ligações. Mensagens. Cartas. Todos os meios de comunicações, ele tentou. Eida o ignorou e o bloqueou em todas as redes sociais existentes. Fazia dois meses desde sua partida e sua vida se encontrava de mal a pior. Perdeu a única luz de sua vida. O único propósito de sua existência miserável. Não sabia como seguir em frente. E aos poucos foi se deixando levar pela ansiedade, e pelo vício que tinha adquirido. Sabia que tinha magoado ela com suas palavras, mas ele também estava magoado, foi traído e ainda doía e desconfiava dela, graças a aquele episódio nunca mais iria ter confiança em si mesmo, ou nela.

Bebeu tanto nas primeiras semanas que assistia às aulas embriagado, sendo muitas vezes, colocado para fora. Todo aquele caos foi resultado do namoro “perfeito” que tinha com Eida, as coisas eram fáceis demais e quando a esmola é boa o santo desconfia. Era óbvio que um amor tão forte como aquele que sentia por ela, resultaria em uma tristeza enorme quando ela o deixasse. Foram os piores dias de sua vida, e por um momento, aquela dor parecia que duraria para sempre. Estava destinado a ficar sozinho pelo resto de sua vida. Agora sabia disso.

Após quatro meses no fundo do poço com a esperança de que ela ainda lhe mandaria mensagem, Justin parou de ligar. Antes de dormir ainda se perguntava o que tinha feito para que Eida tivesse o traído, para que Eida fosse para faculdade sem avisá-lo. Eles não terminaram, e isso deixava tudo mais confuso. Não parecia ser um namoro à distância já que nenhum dos dois conversaram e chegaram a um consenso. Namoro à distância exige o máximo de contato possível, não o contato físico é claro, mas por mensagens e ligações. Eles não estavam fazendo isso, na verdade não existia mais “eles”. A fase da negação havia passado há muito tempo, e agora bastava aceitar que tudo passou para que pudesse superar.

...

O semestre estava quase encerrando, após o fiasco que foi o começo do seu ano, Justin conseguiu recuperar suas boas notas graças aos estudos. A pedido de sua avó, ele deixou toda confusão de Eida de lado, e focou em sua vida acadêmica. Bertha havia lhe ensinado que o amor próprio é muito melhor que é um amor verdadeiro. E que Justin deveria lutar pelos seus sonhos, ou se não ficaria a vida toda preso com pais que não o amavam. Sua avó era a mulher que mais amava e respeitava em todo mundo, e sabia que seus conselhos eram ótimas e o fariam crescer, sabia que sua avó queria seu bem e que estava certa. Não podia ficar 24 horas deitado em uma cama bebendo, fumando e pensando o que havia feito de errado para que uma garota estúpida ou abandonasse. Havia momentos para tudo e o momento de sofrer chegou ao fim.

O garoto traçou novos planos para sua vida, finalmente faria faculdade que gosta e não a que lhe foi mandada. Montou todo um cronograma de estudos e focaria neles até o final do ano. Iria se dedicar ao máximo para que pudesse estar bem longe daquela cidade e de seus pais no ano que vem.

Pela primeira vez na vida estava na mira de olhares curiosos e apaixonados de garotas do colégio. Os professores o elogiavam sem papas na língua, admitindo que ele era tão bom quanto o irmão, ou até melhor. Sentia-se bem consigo mesmo, não precisava mais pisar em ovos, ou ficar com medo de errar, medo de ser humano, estava em paz pois agora era só ele mesmo e não uma cópia fajuta de Jaxon.

Faltavam dois meses para sua formatura, havia se matriculado em várias faculdades e apenas esperava pelas entrevistas. Artes visuais foi o curso escolhido, desde pequeno gostava de desenhar, e sonhava poder trabalhar com isso um dia. Pattie por outro lado achava tolice, desenhar era apenas um hobby e aquilo não deixaria rico e não o transformaria em um homem importante. Desenhar era coisa de criança, cresceu escutando isso a cada desenho perfeito que mostrava a seus pais. A escolha da faculdade era um segredo para a família Bieber, apenas Bertha sabia e o apoiava. Torcia para que a ULCA o aceitasse. Adoraria morar na Califórnia, longe de seus pais.

Ouvia Red hot chili Peppers estralando nos fones de ouvidos, o volume era tão alto que se uma bomba caísse ao seu lado, não escutaria. Batucava o lápis na cômoda, buscando inspiração para um desenho, era preciso um desenho com personalidade única para a entrevista na UCLA, mesmo faltando semanas para as audições, queria estar preparado. O volume da música abaixou, indicando uma mensagem de texto, o que era estranho já que não recebia SMS. Abriu a mensagem, vendo o nome Eida brilhar no ecrã de seu celular. Demorou cerca de 15 minutos até abrir a mensagem, não sabia decifrar o que sentia ao ver que depois de quase um ano, sua ex namorada havia mandado mensagem depois de evaporar sem dar explicação alguma do porquê.

“Oi, podemos conversar??”

“Toc... Toc... Meu bebê está aí?”

Seria muito tolo se dissesse que sentiu seu coração palpitar ao ler a palavra bebê? Não queria demonstrar a curiosidade e a leve felicidade que sentia naquele instante ao receber aquela mensagem. O que adiantou meses de terapia e acompanhamento médico, bebendo remédios atrás de remédios se nenhum dos efeitos colaterais o deixava com aquela felicidade e euforia que apenas uma mensagem dela era capaz. Não podia bancar o bobo apaixonado, ainda se sentia magoado e furioso por ela ter sido tão cuzona ao ponto de ir embora e o ignorar por praticamente um ano.

“Quem é?”

Bancou o desentendido. A resposta veio de imediato com uma risadinha, seguida de:

“Você não está falando sério. Foi engraçado, Drew, mas de verdade precisamos conversar”

“Eu estou voltando para Ottawa, junto com seu irmão, e adoraria vê-lo”

Eida agia como se não fosse uma filha da puta, como se não tivesse ido embora no começo do ano e o deixado para trás sem entender nada do que aconteceu. Era uma grande hipócrita do caralho. Respirou fundo, antes de digitar um simples “ok”. Não deveria responde-la, mas era maior que ele.

Naquela tarde até a noite, não teve nenhum momento de paz no qual pensasse nos estudos ou na audição para a faculdade, sua mente estava presa outra vez nela, Eida. Sua volta repentina mexeu com ele, esperava que quando ela decidisse voltar, ele estivesse bem longe, na Califórnia fora do alcance de seu passado ruim.

O sol queimava sob sua cabeça, obrigando-o a fechar os olhos, estava quase chegando ao correio, onde enviaria sua tela e alguns desenhos para a faculdade. Passou dois dias tentando desenhar algo bom o suficiente, e conseguiria se não estivesse com a maldita ansiedade atacada. Comeu tão pouco que sentia-se fraco ao caminhar. Aquela droga de mensagem fodeu com tudo, imagine então o estrago que ela fará quando o ver? Engoliu seco, com medo desse possível reencontro. O que diriam? Como seria as coisas entre eles? Iriam conversar sobre?

Perguntas.

Perguntas.

Nenhuma resposta.

Precisava relaxar, e agir normalmente. Ela era só uma ex que o abandonou, deixando na dúvida se estavam ou não namorando, não deveria tirar seu sono e apetite. Tinha que ressignificar Eida Scott em seu coração, tinha que coloca-la como uma boa amiga, mas não sabia como, porque primeiro; nunca teve amigos. Segundo; Ainda gostava dela, mesmo que só um pouco.

Estava fodido.

Finalmente o dia chegou. Sua formatura estava linda e com todos os seus colegas de classe presentes, esses que se tornaram amigos com o passar dos dias — nada muito sério —. Nora e sua avó estavam na primeira fila, observando seu discurso, muito elogiado por sinal. Conseguiu se concentrar nos estudos ao constatar que Eida não viria para Ottawa e que as mensagens era certamente para brincar com seus sentimentos. Era uma cretina sádica.

— Uma salva de palmas para a turma de 2016. — gritou, a professora orgulhosa de seus alunos. Todos vibraram felizes pois ali começava o ciclo da vida adulta, encerrando de vez a adolescência. Ótimo, odiava sua vida, faria de tudo para ter a melhor vida adulta possível. A partir daquele momento.

Abraçou sua avó, e sua babá que choravam orgulhosas. Nunca se sentiu tão bem em toda sua vida, finalmente estava dando um basta na tristeza e traçando uma nova rota com inúmeras possibilidades.

— Estou tão orgulhosa de você, meu menino. — Bertha chorava, enquanto enchia seu neto de beijos. Justin não se conteve, chorou de felicidade e gratidão nos braços de sua avó, em meio a multidão.

— Eu também estou, vó. — a voz soou suave, como música para os ouvidos de quem escutasse a frase vinda por aquela voz tão angelical. Justin congelou por um momento, antes de se virar e ver seu irmão parado lhe encarando feliz. Ele não estava sozinho.

Abraçou o menor, matando a saudade, era quase um ano sem vê-lo, sentia seu peito doer. Seu irmãozinho se formou e agora estava prestes a dar um passo importante em sua vida. Justin por outro lado, só focava na figurinha risonha, que prendia o lábio de maneira sexy, enquanto olhava para ele. Ela realmente voltou.

— Feliz em me ver? — brincou assim que os irmãos se separaram. A garota abriu os braços para ele, e desajeitado eles se abraçaram.

— O que faz aqui? — virou-se para o irmão. Jaxon sorriu sem mostrar os dentes, e o abraçou novamente.

— Achou mesmo que eu iria perder sua formatura? — riu, bagunçando os cabelos do menor como de costume. — Cadê nossos pais? — o loiro procurava com o olhar, estava com saudades também.

— A-ah, eles não puderam vir, mamãe teve uma festa importante com as amigas e o papai está em reunião. — disse sem se importar. Não ligava para aquilo e agia naturalmente. Jaxon coçou a cabeça incomodado, não dava mais para passar pano para seus pais, defende-los era estupidez. Odiavam o moleque, e deixavam isso tão óbvio que o deixava com raiva. Eram dois filhos da puta.

— Que bom que a vovó veio, não é? — mudou de assunto, sorrindo para a avó que os admirava disfarçadamente.

— Sim, não sei o que seria de mim sem ela. — disse alto o suficiente para que Bertha o escutasse. A mulher limpou outra vez o canto dos olhos, emocionada com seus netinhos. Amava-os demais.

— Vou tirar uma foto de vocês, juntem-se os três. — sorriu, pegando sua polaroid. Era uma amante de fotografia, sua segunda profissão depois de jardinagem. Se juntaram para a foto, e ao ouvir o “tec.” Se afastaram desconfortáveis. Tinha alguma coisa rolando. — Prontinho, vocês ficaram lindos. — elogiou. — Vai ficar quanto tempo, Jaxon? — Bertha perguntou curiosa.

— Dois meses no máximo.

— Que ótimo, dará para aproveitar bastante.

— Sim, logo voltaremos. — Eida respondeu pelo loiro, deixando Justin confuso. — Temos muitas coisas para resolver. — sorriu entrelaçando sua mão na do loiro. — Não é?

— Sim, meu amor.

Os dois se beijaram sutilmente. Apenas um selinho. Um maldito selinho que o tirou de órbita. Eles estavam juntos! Jaxon e Eida estavam juntos como casal.

— Vocês estão juntos? — assentiram felizes. — Ah, meus parabéns...

Bertha os abraçava, feliz pelo neto, sem saber que Justin se encontrava devastado. Tudo ficou claro como água, todos os interesses de Eida por Justin, era para na verdade ficar com seu irmão. Foi usado de escada por ela, que subiu para ficar com Jaxon. Foi tudo por ele. Era tudo mentira, e o pior de tudo, ela lhe disse isso, ela não mentiu quando disse naquela noite que nunca o amou. Ele era o culpado, ele fez dela seu tudo, colocando expectativas onde só deveria ter colocado o pau. Não conseguia esconder a chateação, o ódio e a tristeza. Ser enganado dói. Ser usado dói.

Foi naquele momento que jurou a si mesmo, nunca mais deixar outra pessoa entrar em seu coração, nunca mais se permitiria gostar de alguém. Foi um idiota procurando pelo amor sua vida toda, no fim não precisava daquela merda que só o machucou.

Justin queria poder dizer que conseguiu engolir os dois, e fingir. Queria poder dizer que não se afundou em bebidas, e brigas com um mês para sua audição. Queria poder dizer que não se atrasou por estar bêbado demais, e faltou a audição. Queria poder dizer que todos os seus planos de ser feliz e de se reerguer foram por água abaixo por culpa dele, e de seu amor idiota e doentio por Eida Scott.

Jaxon e Eida foram embora dois meses depois. Antes de irem Jaxon livrou a barra de seu irmão que havia sido preso por socar um policial, que tentava separa-lo de outro garoto. Justin virou outra pessoa. Jaxon se sentia culpado, pois sabia que tudo aquilo era graças a ele, tomou tudo de Justin desde pequeno e a única coisa boa que o menino tinha, ele também tomou. O foda era que nem gostava tanto de Eida, estava com ela por pressão da mesma, e dos pais que os apoiavam muito.

— Ainda dá tempo de entrar para faculdade, eu vi as cartas em cima da mesa. — seu irmão quebrou o silêncio dentro do carro. — Sei que queria ir para UCLA, mas não deu certo e sabe o porquê... Então, siga em frente e tente outro lugar, não é a mesma coisa, mas ainda estará seguindo seu sonho. — terminou, olhando para o irmão mais novo através do retrovisor, ele não queria conversar. Suspirou.— Bem, faça como quiser.

Jaxon tinha razão, e Justin sabia disso. Após sua partida, seguiu o conselho do irmão e escolheu para qual faculdade iria. University Canada West, era a escolhida, e por ser a terceira melhor. Não estaria tão longe de casa, sabia disso, mas era a única com um bom curso de artes visuais depois da UCLA.

Faltando uma semana para ir, seus pais o expulsaram de casa por mal comportamento. Justin estava manchando o nome da família Bieber, sendo um fracassado, escolhendo a pior faculdade e o pior curso possível. Era uma vergonha tão grande, que Pattie chorou de desgosto por quase uma hora. O que suas amigas diriam? O que a mídia local diria? Justin foi uma decepção grande, e não queriam mais ser associados a ele.

Como símbolo de sua compaixão, Jeremy deu a Justin um apartamento de luxo em Vancouver, e após isso, pediu ao filho que não voltasse mais para casa, ou coisa assim.

Foi assim que sua vida adulta começou.

Flash back off.

Se lembrou de tudo que aconteceu nos últimos anos. O desprezo de seus pais, e vadia da Eida. Ela havia destruído bem mais que seu coração, e por ser um idiota descontrolado na época, não conseguiu sair do fundo do poço, deixando ser destruído por um amor não correspondido, tanto dos pais, quanto de uma garota.

— Ridículo. Se não fosse por aquela filha da puta, eu não seria tão cretino assim. — soprou a fumaça de seu cigarro para longe. Odiava reviver o passado, mas era preciso. Precisava manter fresca a memória do que o fez desistir do amor. Não estava apaixonado, e não podia se apaixonar.

Ao fechar os olhos, lembrou-se da risada de Stacy. Riu, ao lembrar que ela parecia uma gralha passando mal. Ela geralmente, era tímida e quieta, mas quando ria parecia a pessoa mais escandalosa do mundo. Lembrava de uma vez, quando Stacy deixou a porta do quarto aberta, e quando ele por uma puta falta de sorte, foi passar e a porta bateu em sua cara no mesmo instante, a risada de Stacy ecoou pelo cômodo, e se seguiu por cerca de 10 minutos com direito a lágrimas de tanto rir. Acompanhou ela na risada, e no fim afundou a cabeça da loira no travesseiro porque já estava irritado com aquele riso todo.

Mas sua vingança veio quando um carro em alta velocidade passou por uma poça, molhando a loira inteira dos pés a cabeça. Justin não conseguia olhá-la sem rir. A melhor parte foi ter emprestado sua camisa a ela, era uma visão sexy o que resultou em um sexo gostoso em sua cozinha. Mas logo após isso, caiu na gargalhada, ao olhar para carinha cansada da loira, lembrou do ocorrido mais cedo e não se segurou. Stacy hora ria, hora ficava emburrada. Não era legal ser molhada por água suja no centro da cidade, na frente de todo mundo.

Abriu os olhos, e percebeu que sorria bobo ao se lembrar dos dias “camomila” que passou com ela.

— Porra. Eu tô apaixonado por aquela filha da puta.

✨T R A I L E R ✨ (pra quem tiver interesse e quiser dar uma olhadinha :)

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