[Degustação] Bordel

Od MaaMarche

615K 21.7K 2K

Enemies to Lovers | Medium Burn | Opposites Attract | Workplace Romance | Mistaken Identity O bordel Rendevou... Více

1.1 Falido
2.1 Virgem
2.2 Ideias
2.3 Fala
3.1 Discussão
3.2 Sabotagem
3.3 Eco
4.1 Amiga
4.2 Leilão
5.1 Balanço
5.2 Amiguinhos
5.3 Concorrência
6.1 50 Tons
6.2 Parabéns
7.1 Lapdance
7.2 Fogo
História Completa
Livro Físico de Bordel disponível!

1.2 Murilo

22.1K 1.4K 85
Od MaaMarche

- Matteo! – meu tio saudou ao me assistir passar pela porta de ferro pesada, que impedia a claridade de entrar propriamente no lugar. – A que devo a honra do meu filho postiço colocar seus nobres pés no meu estabelecimento? – minha cara estava fechada e eu ainda sentia o peso da derrota sobre os meus ombros, mas me forcei a ir até o velho e lhe dar um abraço caloroso.

Nós não nos víamos há um bom tempo, e ele sempre me criou como um filho. Quando meus pais morreram em um acidente de carro quando eu era moleque, foi ele quem me deu abrigo, e por mais motivos do que apenas ordens de tribunal.

- Papá, eu fiz merda e podia usar um pouco do seu positivismo. – disse, repuxando os lábios. O velho estreitou os olhos, como se analisasse bem as minhas feições.

- Priscila! – chamou alto a esposa. – Vou estar no escritório!

Papá me conduziu para a sua sala nos fundos daquele lugar desprezível e fechou a porta. Assim, no cômodo iluminado e com mobília sóbria, eu quase podia me esquecer de onde estávamos e já me sentia mais confortável.

Puxei a cadeira à minha disposição e joguei meu corpo pesado ali, prevendo uma conversa difícil. Mas antes que eu pudesse dizer algo a meu tio, um som doce ecoou pelas paredes vindo do canto da sala.

Me assustei quando vi um bebê sentado no chão, brincando com um avião de plástico colorido.

Vestido em um macacão jeans simplório e com os cabelos castanhos ralos penteados de lado, o menininho não podia ter mais que três anos. Ele parecia alheio ao que acontecia ao seu redor, ao estranho que tinha acabado de entrar ali, e apenas sibilava baixinho os sons que eu acreditava imitarem os de um avião, enquanto movia o brinquedo de um lado ao outro.

- Quem é esse? – perguntei ao ver Papá se sentar na sua cadeira imponente de couro. Ele ajeitou os óculos de leitura, olhando para mim sem precisar checar o lugar para onde eu apontava.

- Esse é meu filho, Murilo. – respondeu, sereno.

Como é que é?

- Papá, você tem mais de sessenta anos. Não quer me convencer de que mesmo todos os tratamentos do mundo o fizeram viril para engravidar sua esposa nessa altura do campeonato, não é?

- Você não nos visitou há tanto tempo assim, moleque. Teria notado se Priscila estivesse grávida. – disse, fazendo pouco caso. Já tinha percebido que ele ainda não tinha desistido de me chamar de "moleque". Não importava que eu tivesse entradas de calvície e avançado nas duas décadas de vida. – O menino é adotado, mas não é, por isso, menos filho meu.

Ah, sua eterna mania de paternidade. Resolvi que não era da minha conta, a esposa devia tê-lo pressionado e o pequeno era tranquilo e fofo como são os melhores bebês. Não tinha por que me meter ali.

- Vai me dizer por que está aqui? – perguntou.

- Eu disse que tô na merda, Papá. Perdi muita grana...

- Não fez a poupança que te mandei fazer, não é? – perguntou esfregando a testa, já sabendo a resposta. – Você faliu, moleque?

Era aquela palavra de novo. Quem foi o responsável por criar uma palavra tão odiosa? O significado já era duro, mas isso não parecia suficiente para o imbecil que resolveu colocar letra com letra...

- É. – concordei como quem tira um band-aid. - E eu não sei o que fazer. Não é como se o mercado de trabalho estivesse fácil, e ninguém vai querer contratar um Administrador que conseguiu se falir... - engoli em seco. Apenas verdades, eu sabia, mas dizê-las em voz alta fazia parecer mais real. Ele me olhou como se fosse começar mais um de seus discursos intermináveis sobre dar mais uma chance à minha vida pessoal ao invés de me enfiar em trabalho.

Entretanto ouvi Priscila chamando o nome do marido distante.

- Me dê um minuto, filho, ela quebrou a perna e não consegue se virar sozinha. Eu já volto para resolvermos o que fazer quanto ao seu problema.

Ele levantou, saiu e eu suspirei resignado na cadeira. Olhei em volta, entediado pela falta de quadros ou artigos de decoração que eu pudesse observar, e acabei encarando o bebê brincando, entretido. Como se sentisse meu olhar, Murilo levantou os grandes olhos expressivos e os cravou em mim, sem parecer ter vontade de desviá-los tão cedo.

Estremeci, sentindo meu espaço sendo invadido. Ele esticou os bracinhos como se pedisse colo e eu fiquei ainda mais atônito.

Nunca tinha lidado com uma criança antes. Não daquela forma tão... Direta.

Mas seus olhos eram tão sinceros que eu fiquei tentado a fazer o que ele silenciosamente pedia. Levantei e fui em sua direção, o puxando pelas axilas para o meu abraço. Com um braço enlaçando suas perninhas grossas, ele agarrou o tecido da minha camisa e olhou em volta, como se admirasse a altura adquirida.

Dei risada de sua face curiosa, e isso chamou sua atenção para cravar os olhos novamente em mim. Xinguei-me por isso. Resolvi voltar a sentar, e ver se algo na mesa de Papá o distraía. Ele brincou com a caixa de clips e eu me certifiquei que não ia colocar nenhum na boca antes de também puxar os papéis ali em cima para passar o tempo.

Tratavam-se de extrato bancários e algumas planilhas de clientela. Eu quase teria perdido o interesse imediatamente, se os números vermelhos não fossem tão mais constantes que os azuis e se a planilha não tivesse cada vez menos dígitos.

Sentei o menininho nas minhas pernas e tratei de observar melhor o que estava acontecendo ali. O bordel Randevouz estava indo de mal a pior a julgar pelas suas finanças, tão atrapalhadas que eu mal entendia alguma coisa. Os impostos que Papá pagava eram irreais, e havia uma despesa fixa chamada "molho" que não fazia qualquer sentido, já que eles não serviam comida.

Eu estava tão imerso, identificando absurdo atrás de absurdo que só soube que Murilo estava querendo descer do meu colo quando ele quase se jogou ao chão.

Depositei o pequeno de volta à terra firme e assisti ele andar engraçado devido ao cumprimento breve das pernas até seu avião novamente. Satisfeito que ele estava imerso em seu mundinho de novo, puxei o celular e abri o aplicativo de calculadora financeira, começando a corrigir os números e as porcentagens loucas daquele extrato, quando Papá retornou.

- Quem fez esses cálculos, Papá, o Murilo? – perguntei, direto ao ponto, encontrando seu olhar confuso. – Isso aqui tá tudo errado!

- Não fiz faculdade como você, filho, eu me viro como posso. – ele riu, jogando-se contra o encosto da cadeira. – Se te incomoda tanto, devia vir me ajudar.

- Claro, e trabalhar em um puteiro... – resmunguei. Eu podia estar falido, mas ainda não estava desesperado. Certo?

O telefone tocou e ele atendeu prontamente. Abriu uma agenda cheia de papéis soltos e murmurou para a outra pessoa que aguardasse. Vasculhou sua bagunça atrás da informação que queria e eu só o observei cético. Eu não era nenhum viciado em arrumação, mas eu não entendia como ele podia se achar no meio daquela loucura.

- Aqui! – comemorou, quando encontrou o que procurava. – Essa noite a Mayra e a Selena ainda não trabalham, seu Olavo. Sinto muito. – ele desligou não muito depois de escutar algumas lamúrias do senhor, eu acreditava, e abriu os olhos para mim. – Essas meninas me deixam com os cabelos brancos antes do tempo. O cliente louco por elas, e elas resolvem tirar férias adiantadas. – riu de uma piada que só ele achava graça.

- Você tá no vermelho e permite que suas meninas tirem férias adiantadas? – perguntei, incrédulo com o bom humor infinito dele.

- Ora, e o que eu vou fazer? Nunca consegui falar grosso com elas e só quero que sejam felizes...

- Elas vão ser felizes se tiverem um trabalho para o qual voltar! – exclamei. - Papá, você não está em seu perfeito juízo. – eu negava freneticamente com a cabeça, preocupado com a sanidade do velho. Uma coisa é diversão, outra são os negócios! Nunca ninguém ensinou isso para ele?

- PAPÁ! – uma voz feminina gritou, irrompendo na sala sem qualquer sutileza. Eu girei na cadeira com o susto, querendo saber o motivo de toda aquela ira.

Era uma garota de uns vinte anos, talvez menos, que levava os cabelos na bunda, uma roupa que quase não cobria nenhuma de suas curvas e uma maquiagem pesada com direito a batom vermelho.

Ela era bonita como nenhuma mulher da vida real era.

E foi assim que eu determinei que ela devia ser uma das prostitutas.

Não foi difícil chegar à conclusão de que não, Papá não sabia diferenciar trabalho de diversão, porque seu trabalho era a diversão dos outros.

- O que diabos o Murilo está fazendo aqui? Isso não é ambiente para criança ficar, seu irresponsável! – Ela continuou bradando – ou seria latindo? – nervosa e descontrolada, enquanto ele apenas girou os olhos como se dissesse "nossa, calma". Reprimi um riso e continuei observando, não sendo o alvo de seus olhares, agraciando-me com a visão de sua pele sem falhas, dos longos cílios, dos lábios carnudos. A nervosinha tinha os seios redondos e naturais – sim, homens sabiam a diferença só de olhar -, uma curva sinuosa na cintura fina e quadris que deveriam levar qualquer homem ao paraíso e de volta, vez após vez.

Ela fazia todo o meu tipo. Mas eu não estava à procura de mais uma desilusão amorosa, e em se tratando de uma prostituta, aquilo era praticamente a receita para uma.

- Lola, caso não tenha percebido, minha esposa quebrou a perna. Ela não pode mais ficar vigiando o Murilo em casa e eu precisei trazê-lo comigo até conseguir dinheiro para colocá-lo em alguma escolinha ou creche. Se você tem algum problema com isso, que me dê uma alternativa melhor. – não foi difícil perceber que havia uma longa história entre os dois e que o pequeno era o centro de tudo. Fiquei intrigado, sentando na ponta da cadeira como quem assiste a um show.

Ah, qual é, Bruna Surfistinha era um dos melhores filmes nacionais da atualidade.

Mas acabou cedo. A tal Lola bufou, batendo os pés, e se virou para sair dali sem dar nem uma olhada para a criança que ela tinha ido defender.

Curioso.

- Onde estávamos? – Papá me chamou, como se nada tivesse acontecido. Ele dizia que não sabia falar grosso com as putas, mas não pareceu ter problemas com aquela ali.

- Onde eu questionava sua sanidade mental. – lembrei, esperto.

- Olha, moleque, você veio aqui pedir colo porque está na merda. – fiz careta para o termo usado, mas deixei que ele continuasse. – Eu entendo. Mas, se não notou, eu não estou em uma situação muito melhor. – gesticulou em volta, para seus papéis sem lógica. Então, amenizou a voz. - Sei que tem seus preconceitos, e que esse lugar não é exatamente um oásis para você, mas ele é importante para mim e eu não quero ser obrigado a vendê-lo de jeito nenhum. Ainda mais agora, com Priscila sem poder me ajudar e tendo que tomar conta de Murilo, eu mal vou ter tempo para focar nessas atividades administrativas e financeiras, além de nunca ter sido realmente bom com os números. Então por que não unimos nossos problemas e saímos com uma solução? – seria maravilhoso fingir que o velho estava falando grego para mim, mas eu sabia exatamente onde ele ia chegar. E sua conclusão me irritava, por ser, ao mesmo tempo, degradante e necessária. – Você administra meu estabelecimento e em troca eu te dou uma participação dos lucros. Que tal?

Eu gostaria de dizer que tinha uma alternativa melhor. Gostaria de dizer que não estava tão na merda assim e que ele podia pedir ajuda às suas meninas. Gostaria de dizer para fechar a espelunca de uma vez e não me encher o saco.

Mas eu estava falido. E ele era como um pai para mim.

Me parecia no mínimo loucura negar aquele pedido quando realmente poderia beneficiar os dois.

Eu só precisaria engolir o meu desprezo pelo serviço oferecido ali e tratar aquilo como um desafio. Tiraria meu velho do vermelho, ganharia uma grana, e poderia voltar aos poucos à Bolsa de Valores – dessa vez com uma poupança de segurança.

Soltei todo o ar pronto para apertar a mão de Papá, não sem muito sofrimento interno. Agora eu podia escrever no meu currículo que era administrador de um bordel. Maravilha. Um arrepio de horror percorreu meus ossos.

- Não sei se eu tô disposto a lidar com as suas meninas, Papá. As finanças eu dou uma olhada, em respeito a você, mas o modo como conduz isso aqui, eu...

- Olha, nos dê uma chance. – cortou, apelativo. - Venha hoje de noite ver com seus olhos como o lugar funciona. Tenho certeza que vai pensar diferente. – eu achava muito difícil. Na verdade, ver a putaria rolando solta provavelmente me deixaria mais repugnado ainda a ponto de preferir morar de baixo da ponte a fazer parte daquela zona. Mas ele não ia aceitar receber um "não" como resposta ao que achava ser uma ideia brilhante e eu resolvi que era mais prático me despedir sem argumentar.

Pokračovat ve čtení

Mohlo by se ti líbit

171K 10.5K 32
Isís tem 17 anos, ela está no terceiro ano do ensino médio, Isis é a típica nerd da escola apesar de sua aparência não ser de uma, ela é a melhor ami...
13.3K 2.1K 23
Emma queria apenas seguir com sua vida tranquila e normal de uma jovem universitária que acabou de ingressar na graduação de seus sonhos e queria a s...
133K 5.2K 42
Bem , William e um nerd muito bonito , mas ele se acha feio e usa capuz para ninguém ver a feiúra dele , mas ele esta muito enganado , a popular do c...
147K 10.4K 30
📍Sicília - Itália Gina Pellegrine é uma menina doce e inocente criada sob educação religiosa, que conquista os olhares de todos aonde quer que pass...