storm of poison and steel | A...

By atlaswift

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{concluída} Orion Scorpius não sabe absolutamente nada sobre a origem de seu poder ou família. A rainha sombr... More

CAST | where the storm begins
prólogo
I. a world divided in two
II. a mysterious sword
III. dilemmas of the past
IV. a message from the cauldron
V. dinners and formalities
VI. the stranger on the balcony
VII. an irrecusable proposal
VIII. the meeting of darkness
IX. wake me up, please
X. revealed truths
XI. living with the unknown
XII. "he would fly with me"
XIII. a mirror that reflects souls
XIV. Hurricane
XV. glory day
XVI. Suriel
XVII. a pawn and a leader
XVIII. a gift to the gods
XIX. beautiful as a fallen angel
XX. we need time to get up
XXI. the storm has no break
XXII. kingdom of criminals
XXIII. a dreamer and a traveler
XXIV. the legend of books
XXV. give me something to hold on to
XXVI. I like the taste of your lies
XXVII. the galaxy that surrounds us
XXVIII. unrecoverable disaster
XXIX. hope for all of us
XXX. On the verge of victory or death
XXXI. belongs to us
XXXII. farce
XXXIV. a flame
XXXV. dragons and swords
XXXVI. living among myths (finale)
epílogo
SPIN-OFF, AVISO

XXXIII. unexpected revelations

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By atlaswift

     ORION SCORPIUS

       O soldado ao lado de Atlas enrijeceu, seu olhar sombrio percorrendo meu semblante nefasto. Mas meu único ponto de centralização era Atlas. Eu o encarava como se à espera de algo, como se aquela cena fosse se dissolver e no final eu perceberia que fora somente um pesadelo cultivado pela minha mente perturbada. E então eu acordaria. Eu despertaria ao lado de Atlas, abraçada por ele, sentindo seu cheiro e sabendo que tudo estaria bem contanto que ele estivesse ao meu lado. Mas não era um pesadelo qualquer, e então a fúria substituiu a tristeza, fumegante e descontrolada.

      Herdeiro traidor. Não de Kalel, mas nosso.

      - Como você ousa? - Gritei, pisando forte para dentro do escritório, e juntei minhas mãos em formato de concha enquanto criava uma esfera de fogo e a lançava contra ele com um único impulso agressivo.

      Ele desviou rapidamente do ataque e a bola de fogo passou extremamente próxima de sua cabeça, e não atingiu seu rosto por míseros segundos de sorte. O soldado ao lado de Atlas tropeçou para a porta, como se pretendesse fugir, mas eu estava furiosa demais para permitir que aquilo acontecesse. Mentalizei, e a porta sumiu conforme o macho foi jogado à parede e amarrado por cordas de escuridão infinita.

     - Veja, Scorpius, adoro quando você fica violenta, e até deixo você me usar como cobaia no futuro se quiser - atlas começou, e mesmo com um sorriso malicioso no rosto ele olhou ao redor com aparente confusão. - Mas quer explicar por que está tão furiosa?

     - Já chega de fingimentos! - Rosnei, e o lancei contra a parede com uma rajada de vento. As costas de Atlas bateram contra o material sólido, e seus olhos estava ligeiramente arregalados de surpresa. - Onde está a espada? E chega de mentiras! Não quero mais histórias ou floreios. Quero que me diga a verdade. Pela primeira vez na vida, me diga a verdade, senão rasgo seu pescoço!

     Uma mentira tola de minha parte,        claro. Mesmo depois da traição, que doera mais do que o próprio movimento de um chicote, eu ainda era fisicamente e mentalmente incapaz de infligir dor a Atlas. Embora tudo tenha sido uma farsa diabólica para ele nos últimos meses, para mim não fora.

      - Você... você descobriu? - Questionou, qualquer resquício de divertimento desaparecendo com um sopro. Ele passou as mãos pelo cabelo sedoso. - Scorpius, eu queria contar antes, mas precisava que você confiasse em mim para que pudéssemos trabalhar juntos e...

     - Você nem sequer sente remorso! - Gritei, minhas mãos tremendo de raiva ao lado do corpo, e me senti como um animal acuado. - Confiei em você, deixei que entrasse na minha vida, no meu castelo, que soubesse tudo, e para quê? Para que me usasse? Para que me traísse na primeira oportunidade?

      De repente, Atlas ficou estático. Seu semblate, antes complacente, se tornou um espelho que refletia minha raiva e incredulidade. Como ele ousava ficar furioso quando ele era o responsável por tamanha desgraça?

      Lancei minha escuridão contra ele, visando feri-lo de alguma forma, mas ele rebateu com as próprias trevas, criando um escudo que impossibilitou que eu o machucasse. Mas eu queria. Queria que ele sentisse um terço da dor que eu estava sentido, da merda do meu psicológico destroçado. Eu me entregara a ele, corpo e alma, enquanto tudo sempre fora encenação em seu teatro doentio.

      - Você acha que eu a traí? - Sua voz saiu baixa, quase inaudível diante do zunido entorpecente em meus ouvidos. Ele olhou para mim, e eu jamais vira ele dirigir aquele olhar a mim, um de raiva em seu estado mais cru.

      - Elijah me contou tudo - falei em meu momento relapso. - Você disse que era incapaz de mentir, mas tem mentido para mim e me enganado desde que colocou os pés neste castelo. Isso nunca passou de um ardil para ajudar Kalel a prosseguir com seu plano e para você ficar com a espada no final, para que impedisse nossos avanços, para nos manter alheios ao que de fato acontecia sob os lençóis. Tudo nunca passou de um jogo, não é? Eu sempre fui uma distração, e você... me usou, como todos os outros tentaram antes de você.

       Abaixei o olhar para minhas mãos trêmulas, sentindo minha garganta se fechar com a repetina vontade de chorar. Mas eu não desabaria. Não ali, não na frente de ninguém. Não podia. Mas era tão difícil lidar com aquela reviravolta repetina sem querer explodir.

      - Olhe para mim - Atlas ordenou em um tom gélido e incapacitante, a voz rouca. Senti seu olhar pesado sobre mim. - Olhe para mim - rosnou.

      E eu olhei, mesmo que a contragosto, mesmo que me odiasse por isso. Senti minhas pernas falharem ao fitar seu rosto impassível, e estava prestes a atacá-lo novamente, fosse com palavras ou ações, quando ele me interrompeu.

     - Sim, eu menti, mas apenas sobre uma coisa desde o dia que nos conhecemos. Eu disse que era incapaz de mentir porque caso contrário você jamais acreditaria em mim, e então não aceitaria trabalhar comigo e seria o fim de uma chance única. Eu precisava que você confiasse em mim, senão eu também estaria sentenciado a essa vida de escravidão eterna, assim como você. Eu pensei milhares de vezes, enquanto ficávamos mais próximos, em uma forma de admitir que eu era capaz de mentir. Mas não podia, não podia porque você se sentiria enganada então tudo seria destruído. Mas eu ia contar. Quando tudo isso acabasse, quando Kalel fosse derrotado, eu ia contar. - Ele deu um passo à frente e segurou meu queixo com força, não o bastante para machucar, apenas para me fazer encará-lo. - Eu nunca me aliaria a Kalel, ao homem que tomou de mim tudo o que eu amava. Eu dei tudo a você, Orion, e ainda assim você é capaz de me enxergar como um traidor? Você jamais confiou em mim, confiou? Quem é o traidor agora?

       Minha mente deu um nó. Ele ainda estava mentindo, ainda estava exercendo um papel no qual ele não era o vilão da minha história. Mas ainda assim, não consegui deixar de notar a desolação em seu rosto, a raiva, angústia e mágoa em seus olhos. Como ele podia fingir tão bem? Que habilidades afiadas e comportamento irascível era aquele?

      - Eu confiei em você - falei, apertando seu pulso que segurava meu queixo. - Você deu tudo a mim, mas eu dei tudo a você também. Mas você mentiu. Mentiu quando prometeu que não o faria. Mentiu quando prometeu que jamais me machucaria. E agora... Kalel? Como pôde fingir tão bem? Como pôde...

        Agir tão bem ao fingir que me amava, completei mentalmente.

      - Alguma coisa foi verdade? - Foi o que perguntei, porque eu precisava saber.

      - Eu não sou o traidor aqui, Scorpius - ele susurrou, a voz áspera.

      Senti lágrimas quentes escorrerem por minhas bochechas em reação àquele confronto, e me odiei por isso. Tentei contê-las, mas Atlas segurou meu rosto com as mãos, apoiando a testa na minha. Suas mãos tremiam, de raiva ou de pânico. Eu não sabia dizer.

       - Tudo foi verdade, Scorpius. Tudo foi verdade. - Tentei me livrar de seu corpo junto ao meu, tentei me desvencilhar de suas mãos largas que me puxavam para si, mas ele me segurou firme contra ele mesmo enquanto eu me debatia.

       Uma pequena parte de mim, surrada bem no fundo, não queria que ele soltasse. Não naquele momento, porque talvez aquela fosse nossa última interação íntima antes de estarmos em lados proclamados opostos na batalha. Mas Atlas, de repente, lançou a mim o mesmo olhar com o qual me despira horas antes, o mesmo olhar com o qual falara que me amava até o último osso, e disse:

      - A minha alma jamais pertenceu a Kalel. Ela sempre foi sua.

      Fechei os olhos com força, sentindo como se eu estivesse caindo em uma espiral de problemas irreversíveis.

      - Então por que você decidiu destruir a minha quando eu a entreguei a você? - Sussurrei, e Atlas estremeceu.

       Inesperadamente, o piso do escritório tremeu. Abri os olhos a tempo de me apoiar na estátua de uma gárgula para me recompor, mas não foi o suficiente. Eu só percebi o que estava acontecendo quando tudo explodiu em pó. O barulho foi alto e desconexo, e eu estava tão despreparada que não pude criar um escudo apropriado para me proteger. Esperei o inevitável, ser acertada pelos escombros e lascas da explosão poderosa e irrefreável. No entanto, eu fui jogada para o lado oposto, um corpo grande me protegendo da explosão. Atlas.

      Os destroços do desastre foram lançados ao redor, e Atlas me segurou como se pudesse me proteger. E percebi, tarde demais, que eu estava agarrada à gola de sua camisa, meu rosto apoiado na curvatura de seu pescoço, seu cheiro de trovões e chuva me entorpecendo.

       De súbito, os barulhos pararam. Abri os olhos a tempo de ver que eu tinha automaticamente criado um escudo que abrangia tanto meu corpo quanto o de Atlas, nos mantendo protegidos da destruição.

      Atlas colocou as mãos ao redor do meu corpo, levantando-se apenas o suficiente para me ver, e ele soltou um suspiro que pareceu de alívio. Seu cabelo estava bagunçado e seu rosto sujo de poeira. E se eu não estivesse tentando odiá-lo, eu teria levado a mão ao seu rosto.

       Inesperadamente, bombas de fumaça foram jogadas pelo cômodo já destruído. Tudo ficou branco de repente, e era impossível enxergar algo enquanto eu tossia e minha cabeça caía contra o chão semidestruido. Tudo ficou tomado pela fumaça, e era impossível encontrar qualquer brecha de luz ou imagem sólida. Senti o corpo de Atlas sair de cima de mim. Ouvi gritos. A voz de Alípio ecoou à distância, e uma gargalhada rouca e irreconhecível preencheu meus ouvidos. Não era Kalel, mas também não era Atlas.

      Levantei aos tropeços, tentando me localizar.

      - Está tudo bem, sou eu. - Reconheci a voz de Azriel enquanto ele me ajudava a ficar de pé e me equilibrava em seus braços mesmo quando eu estava tão tonta e instável.

     - O que aconteceu? - Perguntei enquanto íamos em direção ao corredor. Fiquei grata ao perceber que a explosão fora apenas no escritório onde estávamos, como se quisesse nos atingir. Mas por que diabos Atlas comandaria o funcionamento de uma explosão em um lugar onde ele também poderia ser ferido? Pior, porque os supostos invasores só explodiram o escritório, mas jogaram bombas de fumaça em todo lugar?

      - Os soldados de Kalel invadiram, mas não foi para lutar. Eles nem sequer nos confrontaram. Minhas sombras não conseguiram detectar seus movimentos. O alvo era você e Atlas.

      Atlas? Mas se ele estava trabalhando com Kalel, por que ele seria um alvo? A única resposta seria se... se ele não fosse o traidor.

      - Não faz ideia de há quanto tempo espero por esse dia - disse uma voz sombria atrás de mim que me lembrava muito aos mortos em seus aspectos  mitológicos.

       Com uma mão apoiada no ombro de Azriel, olhei para a escadaria, mais especificamente para Delion, cujo sorriso assustador o transformava em uma réplica fiel de Kalel.

      - Não - sussurrei, e senti que meu corpo ia entrar em colapso a qualquer segundo.

      - Elijah fez um ótimo trabalho em convencê-la que Atlas era o traidor, e enquanto vocês dialogavam e você o julgava tão veemente, tivemos tempo de colocar o plano em ação, invadir esta porcaria e sequestrar Atlas. - Delion grunhiu, como se falar o nome de Atlas lhe deixasse com ânsias. - Ele é um covarde que não merece o título que carrega. Eu queria matá-lo antes, mas Kalel não deixou. Ele disse que queria lidar com o próprio filho pessoalmente, e imagino as torturas mórbidas que tem em mente. Tudo que Atlas merece, claro.

      - Como... como? - Perguntei, e era de fato a única pergunta que me vinha a mente. Como Delion, meu amigo que conversava comigo, com o qual eu jogava cartas e me aconselhava, podia ser aquele a me trair? Eu o amava como um irmão. Ele era um de nós.

      - Kalel nunca confiou em você - ele respondeu com tranquilidade, se movimentando com um ar presunçoso e desinteressado que eu jamais vira em Delion, que sempre fora tão calmo e centrado. - No terceiro ano de governo de Kalel, você já tinha ajudado feéricos a escaparem da prisão, o que mais ele poderia esperar de você? Ele sempre esteve de olho, nunca se deixou enganar por uma fêmea que deu um golpe no rei de Andrômeda. Ele machucou suas asas. Eu disse que ainda não era o bastante, avisei que você voltaria a se revoltar e seria um obstáculo no meio dos planos dele, eu disse que poderíamos arrancar suas asas, mas ele falou que precisava contê-la a seu modo, aos poucos. Ele quem me mandou para a sala de tortura naquela noite. Eu não fui porque fiquei comovido e queria ajudá-la. Eu precisava que você confiasse em mim, que achasse que eu era diferente dos outros soldados, toda essa questão de sentimentalismo que sempre pareceu capaz de dobrá-lá. Lembra do que eu respondi quando você perguntou o porquê de eu a estar ajudando? Eu disse "porque acredito que chegará um momento em que você será a única coisa que teremos contra Kalel." E é verdade. Esse momento chegou, e você é a única coisa que temos contra ele que o impede de ascender, e por isso deve ser eliminada, assim como seus aliados começando por Atlas.
      "Tudo sempre foi uma farsa, Orion. Eu usei você e usei aqueles que se julgaram nossos amigos, tolos demais ao ponto de permitir que um lobo invadisse sua casa de ovelhas. A rebelião dos soldados? Eu que plantei essa ideia entre eles, sigiloso o suficiente para não levantar suspeitas. Meses atrás, sobre o contrabando de jóias com Encantor? Eu que contei a Kalel. Eu sempre contei tudo a ele, cada passo, cada plano. Isso sempre foi meu trabalho. Usá-los para, no fim, descartá-los. Você jamais passou de nada além de um meio para o fim."

      Não. Não. Não.

      Eu fora enganada da forma mais grotesca possível. Delion e seus comparsas brincaram com minha mente ao ponto de me fazer acreditar que meu parceiro era o traidor, mesmo após ele provar centenas de vezes que nunca faria algo do tipo, e mesmo assim eu preferi não acreditar nele. E Delion... mais de quarenta anos de amizade e amor fraternal que nunca passou de uma manipulação barata de sua parte. Eu sempre fui considerada sua missão e apenas isso. Meus planos nunca davam certo porque ele informava tudo a Kalel, e agora esse plano que podia custar minha liberdade também fora trapaceado por ele. E agora Atlas estava nas mãos do inimigo por minha culpa, pela pouca credibilidade que eu lhe dera mesmo ao afirmar horas antes que o amava com tudo que eu sou.

        Atlas sempre desconfiou de Delion. Ele sempre deixou claro que o considerava um elo fraco e perigoso, e eu nunca dei atenção por achar que suas provocações eram infundadas. Mas Atlas sempre esteve certo.

     - É uma pena, Delion, mas presumo que seus planos tenham dado errado - falei, a voz repentinamente baixa e contida. Encarei meu traidor com desprezo pingando no olhar. - Porque vou resgatar Atlas, vou matar Kalel e pintar os calabouços da fortaleza com seu sangue. Você me subestimou demais, não acha? De fato, acreditou que eu contava tudo a você? Que não há segredos que podem me levar muito além? Essa batalha não está vencida, Delion. Você já escolheu um lado, e quando seus aliados queimarem, você vai queimar junto.

       Delion me encarou com uma rivalidade cruel.

      - Não se você queimar primeiro - disse antes de sumir na escuridão junto com os outros soldados.

      Não, Kalel não dera ordens para que eles me atacassem em primeira instância. Ele tinha coisas mais importantes para resolver, como levar o exército para a entrada do rio que levava ao outro mundo, e assim ressuscitar o deus da escuridão que há muito tempo causara tanto caos.

       Senti minhas pernas tremerem conforme eu voltava à sala onde Rhys arrastava com magia um soldado para dentro do cômodo. Era o mesmo macho que eu vira conversando com Atlas no escritório.

        Engoli em seco, mas encontrei força quando Alípio me lançou um olhar encorajador.

        - Se Atlas não era o traidor - comecei, a cabeça ainda dolorida devido a explosão - por que vocês estavam conversando? E de qual plano ele estava falando?

         O soldado se contorceu, visivelmente desconfortável, o cabelo loiro e ralo grudado na testa suada. Rhys o encarava com frieza, mas era óbvio que mesmo coberto pela invisibilidade o poder dele inibia os movimentos do macho à mercê de seu controle.

        - Eu conheci Atlas quando ele era uma criança - admitiu, e as palavras foram arrancadas de má vontade de sua garganta. Ele pronunciava com maestria suas frases com um sotaque forte de Kallivar. - Conheci a mãe dele, e eu era amigo de Kalel. Quando a revolução aconteceu e Kalel ascendeu, ele não me forçou a jurar lealdade a ele pois confiava em mim. E eu me aliei a ele, mas nunca por vontade própria. Eu só estava tentando sobreviver. Quatro anos atrás, Atlas me procurou com a proposta de derrubar Kalel, um plano que ainda estava em seu início, mas que poderia se transformar em algo mais. Eu aceitei, claro. Eu o avisei para tomar cuidado quando você e ele, rainha Orion, começaram a se aproximar. Mas Atlas sempre foi teimoso e atraído pelo perigo. Estamos trabalhando juntos há quatro anos, e ele me chamou aqui hoje para me colocar a par do plano que você usaria a espada, e então ele iria para a fortaleza distrair Kalel enquanto você ia até lá. O plano ao qual ele se referia é que... Atlas sabe, sabe que há uma possibilidade de tudo dar errado, de Kalel ganhar de qualquer maneira. Então ele me fez jurar que se isso acontecesse, minha última obrigação seria levar Orion até as montanhas de Solarian protegidas por magia, para que Kalel não conseguisse alcançá-la, e então ela pudesse viver.

        Tudo que ele fizera foi para me proteger, e eu desconfiei dele. Justamente quando necessario, eu não confiei nele, e agora talvez ele morra antes que eu possa sequer vê-lo uma última vez.

          - Qual é o seu nome, soldado? - Shade perguntou, as sobrancelhas erguidas. Eu podia ver a dor em seu olhar. A agonia era visível no semblante de todos do meu círculo íntimo. Eu não fui a única a amar Delion, a confiar nele. Uma parte de nós tinha se quebrado ali, junto com a revelação de Delion.

          - James - disse, a voz rouca como se fosse um grande esforço falar. - Sou irmão da mãe de Atlas.

         Arregalei os olhos. Eu achava que os únicos parentes vivos que Atlas tinha eram seus irmãos e Kalel. Mesmo assim, não pude deixar de ficar furisoa por ser James a ajudar e lutar por Atlas, e Elijah, seu próprio irmão, ser aquele a trai-lo e deixar que o pai o maculasse.

        - Cora - falei de repente, olhando de soslaio para minha amiga que estava encolhida no sofá, os olhos brilhando com lágrimas. - Você tomou caminho para a fortaleza de Kalel agora há pouco. Por quê?

         - Você não suspeitou que eu fosse a traidora, né? Pelos deuses, prefiro arrancar minhas mãos a levantar uma espada contra qualquer um de vocês. - Cora meneou a cabeça, a ponta dos dedos tracejando a abertura do vestido. - Eu estava indo investigar. Achei que fosse Sebastian o traidor, então eu fui tentar conseguir informações vazadas na fortaleza.

         - Ao inferno! - Exclamou Sebastian, os olhos selvagens. - Da onde tirou essa idiotice?
 
        - Eu vi Elijah saindo do seu quarto! - Replicou em defesa própria. - Não é muita coincidência o irmão de Atlas ter saido do seu quarto minutos antes de ir conversar com Orion e Atlas ser sequestrado?
       
          Sebastian ficou em silêncio, e entendimento foi despejado através de mim quando seu rosto ficou vermelho.

          - Não me diga que você dormiu com ele - grunhi.

         - Ah, não venha com esse julgamento moral - ele revirou os olhos, o corpo inquieto. - Ele veio somente tirar informações de mim com aquele charme idiota. Se ele achava que eu era influenciável, não funcionou. Depois ele saiu, dizendo que precisava voltar à fortaleza. Aparentemente, isso era somente uma desculpa para ir falar com você.

          Reprimi a raiva escaldante que se derreteu em meu corpo. Não raiva de Sebastian ou de Cora. Raiva de Kalel, daquela situação e de tudo que a compunha. Eu estava cansada de ser domada, flexível. Kalel não podia mais me controlar.

           - Aonde você está indo? - Inquiriu Alípio enquanto me observava deixar a sala.

          - Vou salvar meu parceiro - respondi, meu poder tremendo e pedindo para ser exposto. - E matar Kalel.

×××××××

          
 

   
          

     

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