Um Lugar para Nós Dois

By mylendo

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Camilla é uma garota extrovertida, cercada de amigos e que está sempre frequentando festas e bares ao redor d... More

Prólogo
Um encontro Perfeito
Revelações
O Festival
O jantar desastroso
Segredos
De volta a rotina
Girassóis
Boas notícias
Brigadeiro e Mojito
Cativeiro
Plantação de Girassóis
Capítulo Especial: O início
Resgate
Jonas
Amigos
Um copo de whisky ou dois
De volta ao quase normal
Uma tarde no parque
Mais um ponto de vista
Uma folga nos problemas
A Fuga
Telefonemas
Hospital
Um acordo
Parceiros
Família
O pai e o irmão
Redenção
Conversa Sincera
Despedidas
Formaturas e presentes
Epílogo
Agradecimentos

Outro Lado da História

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By mylendo

Bernardo:

Era uma noite para comemorar, afinal a Cami tinha apresentado o último projeto prático do semestre. Nós tínhamos passado o fim de semana longe por conta disso e também por eu precisar gravar uma reportagem em outra cidade, mas hoje teríamos a noite toda para nós. Olhei meu celular e tinha uma mensagem dela avisando que estava a caminho, eu já estava ansioso em vê-la. Ainda não sei como essa garota fisgou meu coração assim de repente, mas a verdade é que eu era loucamente apaixonado por ela.

Digitei e apaguei umas três vezes o final da mensagem, eu já havia dito isso a ela várias vezes sem que ela ouvisse, a última foi no acampamento depois que ela dormiu. Na casa dela eu finalmente tomei coragem para dizer abertamente que a amo, mas os pais dela chegaram e ela não respondeu, talvez não esteja preparada. Eu devo insistir? E se ela se sentir pressionada? Por isso apaguei e escrevi mais de uma vez, até que resolvi mandar "melhor assim. Te amo".

Ela visualizou e novamente a resposta não veio. Era cedo demais para falar em amor?

Essa dúvida me corroeu até que começou a ficar tarde, realmente tarde. Já era para ela ter chego há um bom tempo. Mandei outra mensagem, mas não chegou, liguei e caiu direto na caixa postal. Será que foi o que eu falei? Não, isso era mais grave. Foi então que liguei para os pais dela e eles disseram que Camilla não tinha ido para casa, ela não estava com as amigas, ninguém sabia dela.

Desse momento em diante tudo é apenas um borrão para mim, atravessei a cidade em um piscar de olhos me dando conta disso apenas quando cheguei em frente ao portão da casa dela. Carlos estava indo para a faculdade porque a Nat encontrou o carro dela estacionado no mesmo lugar. Eu tive medo de perder ela, mas esse medo não era apenas o ciúme que eu não sabia evitar, Camilla estava realmente em perigo. Passei todos aqueles dias apenas rezando para que ela voltasse bem.

Os sequestradores fizeram contato na manhã seguinte, eu ouvi a voz dela gritando pelo pai e pedindo para tirar ela de lá. Eu quis fazer alguma coisa, mas o que? O que um merda como eu faria nessa situação? Era assim que eu me sentia, um merda incapaz de proteger a garota que ama. Então eu pude fazer, era eu quem deveria levar o dinheiro do resgate, eles mesmos pediram isso. Eu insisti que a polícia não fosse, eu tinha medo do que fariam com ela caso desse errado.

O ponto de encontro eu conhecia, parecia coincidência, mas isso não importava. Eu só queria ver a Cami. Foi tudo muito rápido, pelo menos na minha cabeça, ele pediu para deixar a mochila no chão e me afastar, ele a pegou enquanto Cami corria em minha direção, um tiro no pneu para evitar que seguíssemos ele. Não me importava. O que era um pneu furado quando eu podia abraçar ela novamente?

– Cami, amor. Você se machucou? – Perguntei vendo que ela havia caído.

– Não, – ela respondeu enquanto eu a levantava – e você? Ele atingiu você?

– Não, olha. Ele atirou no pneu – expliquei mostrando a camionete atrás de mim – Você tá bem?

Eu fiz uma varredura com os olhos e só vi alguns arranhões. O criminoso já havia entrado no carro e dava meia volta levando o dinheiro consigo.

– Cami, você tá de volta. Meu amor, você tá de volta! – Comemorei puxando ela para mim outra vez – Deixa eu te ajudar com isso aqui.

Desamarrei as cordas com delicadeza percebendo os punhos machucados, dessa vez ela quem me puxou para um abraço e eu fui do inferno ao céu sentindo seu corpo junto ao meu. Troquei o pneu e levei ela para casa, depois de um banho me ofereci para ficar ao seu lado enquanto ela dormia, assim eu poderia aliviar a saudade e a angústia desses dias terríveis, apoiei sua cabeça em meu peito e afaguei seus cabelos aproveitando a sensação de estar com ela outra vez.

– Nunca mais me deixe assim de novo, meu amor – pedi mesmo sabendo que ela já havia dormido.

Depois de um tempo, Sarah entrou no quarto avisando que a médica havia chego. Acordei Camilla com paciência, ainda assim ela parecia assustada como quem teve um pesadelo. Eu a tranquilizei, avisei que a médica estava lá e que eu teria que voltar para casa. Por mais que quisesse ficar ali para sempre precisava trocar o pneu da camionete que agora estava com o estepe e organizar tudo o que eu deixei de fazer nos últimos dias.

– Então até amanhã – falei beijando-a e virando para sair do quarto.

– Be... – ela chamou e me virei para olhá-la.

– Oi?

– Eu te amo.

Era o que faltava para completar minha felicidade, não consegui segurar o sorriso bobo que se formou no meu rosto, voltei e dei mais um beijo nela. Passei pela doutora na porta dizendo um breve "tchau" e desci as escadas quase saltitando. Depois de todo o pesadelo, aquele dia estava sendo perfeito. Passei na borracharia e em diversos outros lugares, quando cheguei em casa já era tarde, tomei um banho e dormi feliz.

No dia seguinte, acordei com a detetive Samantha me ligando.

– Bom dia, sr. Bernardo. Como vai?

– Estou bem, detetive. E a senhora?

– Bem, obrigada. O senhor pode vir até a delegacia agora pela manhã? Nós combinamos que daria seu depoimento hoje à tarde, mas gostaria de antecipar nossa conversa. Pode ser?

– Claro, até prefiro. Já estou indo.

Tomei uma ducha rápida e peguei uma maçã como café da manhã, fui comendo enquanto dirigia até a delegacia. Cheguei e me pediram para aguardar na recepção, nesse momento recebi uma mensagem da Cami, ela estava com um novo celular, avisei que assim que saísse daqui a encontraria para passarmos o resto do dia juntos, meu único compromisso hoje era esse depoimento e por sorte a detetive preferiu que fizéssemos isso agora de manhã.

Samantha apareceu na recepção pedindo que eu a acompanhasse até uma sala reservada, havia apenas uma mesa estreita com uma cadeira de cada lado e um espelho retangular na parede, se for igual aos filmes do outro lado deve haver uma outra saleta de onde é possível nos ver. Eu nunca estive em uma dessas antes. A detetive fez sinal para que eu sentasse na cadeira oposta ao espelho e se sentou à minha frente.

– Sr. Bernardo de Oliveira Costolli? – Eu assenti – O senhor tem um advogado ou prefere que o estado disponibilize um?

– Advogado? – Estranhei – É necessário?

– O senhor reconhece esse homem? – Samantha tirou de dentro da pasta uma folha com um rosto.

– É o homem que estava com a Camilla ontem – falei reconhecendo aqueles cabelos descoloridos e a cicatriz no rosto.

– Já tinha visto ele antes?

– Não, apenas ontem mesmo.

– Nós o prendemos essa madrugada após uma denúncia, ele confessou ter sequestrado Camilla Borges e disse que foi a mando do senhor.

– Como é? – Engoli em seco.

– Vou perguntar novamente, sr. Bernardo. Já tinha visto esse homem antes?

– Não. Eu nunca vi esse cara até ontem – respondi convicto. – Agora eu quero o meu advogado.

Não sei quanto tempo passei dentro daquela salinha enquanto contatavam o dr. Paschoal, o advogado do meu pai. Quando finalmente abriram a porta ele entrou e se sentou na minha frente com cara de quem não tinha boas notícias.

– O quão complicada é minha situação? – Perguntei já temendo a resposta.

– Olha Bernardo, não vou mentir. O homem que a polícia prendeu garante que você é o mandante do crime e algumas coisas apontam para você. As ligações que ele fazia, a polícia rastreou a origem da chamada e bate com a torre próxima à tua casa, era um chip pré-pago sem registro algum, pode ser qualquer pessoa inclusive você.

– Mas não fui eu – afirmei mesmo sabendo que era inútil.

– Tem mais: a troca ter sido feita em frente a uma propriedade do teu pai que você administra e você ter ido sozinho, sem a polícia... por mais que tenha sido por exigência dos sequestradores, não é o recomendado e atrelado as circunstâncias colaboram para incriminar você.

– Que merda! – Me levantei bufando.

Dei um chute no ar e passei as mãos pelos cabelos tentando me acalmar. Paschoal aguardava paciente ainda sentado respeitando meu momento de raiva, choque e tudo mais que eu estava sentindo. Respirei fundo algumas vezes e voltei para a cadeira.

– O que acontece agora, Paschoal?

– Agora eu entrarei com um pedido de habeas corpus, mas por enquanto você continua aqui.

– Eu estou preso? – Perguntei incrédulo.

– É apenas uma prisão preventiva, não há provas concretas ou flagrante, você não deve passar muito tempo aqui.

– Meu pai ouviu a mesma coisa do primeiro advogado e passou dois anos na cadeia – falei exasperado. Eu não queria ser preso.

– Eu entendo, Bernardo. Te garanto que isso não acontecerá com você, nós sabemos que teu pai ficou preso por tanto tempo por negligência do advogado anterior, já temos todas as evidências disso e inclusive já anexei ao processo. Além disso, o teu caso é diferente. Antes do fim da semana você estará em casa.

– Certo, eu confio no teu trabalho – admiti por fim.

– Você é réu primário e isso acaba ajudando. Também não ficará junto aos outros detentos, farei o possível para que sua permanência aqui seja menos desconfortável possível e bem breve.

– Obrigado, Paschoal.

O advogado saiu e um guarda veio me acompanhar, como ele disse eu fiquei em uma cela a parte. Era pequena, haviam três paredes e uma grade de barras verticais à minha frente, um banco de concreto de cada lado extremamente desconfortáveis, tentei me deitar, mas eram estreitos e parte das minhas costas ficavam para fora. Durante a noite preferi ficar no chão que, apesar de sujo, me permitia deitar completamente. Foram duas noites assim e no terceiro dia após o almoço abriram minha cela.

Me encaminharam para uma saída diferente da que eu entrei, essa era pelos fundos. Paschoal me aguardava enquanto traziam meus pertences que eu precisei entregar no dia que cheguei. Coloquei meu relógio no punho, peguei a chave do carro, documentos e celular e acompanhei o advogado para fora do prédio.

– Cuidei para que a imprensa não soubesse que estaria livre hoje – ele contou.

– Claro que isso virou manchete – constatei. – Eu sou o repórter que sequestrou a namorada, é isso?

– Mais ou menos por aí – confirmou.

– A Camilla, ela acredita nisso? – Um nó se formou em minha garganta com essa possibilidade.

– Bernardo, é melhor que você não fale com ela. Pelo menos não até que a gente consiga livrar você das acusações. Qualquer tentativa de contato pode ser mal interpretada e aí você já sabe.

– Ótimo, eu nem sequer posso falar com ela – ri com ironia. – Isso não pode estar acontecendo.

­– Vamos resolver isso o mais rápido possível, tá bom?

– Obrigado mais uma vez, Paschoal.

Dirigi até em casa, deixei o carro na minha vaga da garagem e chamei o elevador, em todo o trajeto que fiz dentro do prédio passei por outros condôminos que me olharam de cima a baixo. Era obvio que me reconheciam como o criminoso que os jornais devem estar pintando. Entrei no apartamento e fui direto tomar um banho demorado, eu realmente precisava depois dos dias precários na delegacia.

Abri a geladeira e procurei qualquer coisa para comer, fiz um pão com queijo quente e o mordi caminhando até a janela da sala, me lembrei de como a Cami gosta da vista daqui. Olhando em direção ao parque vi a barraquinha onde eu comprava os girassóis que dava para ela, eu queria leva-la para conhecer a dona Rosa qualquer dia, era uma senhorinha muito simpática que muitas vezes me ouviu sorrindo enquanto eu falava da minha namorada. Elas se dariam bem, mas agora eu duvido que a Camilla sequer quisesse me ver.

Terminei o sanduíche e fui checar meus e-mails, a emissora havia me afastado até que as investigações terminassem, talvez fosse melhor evitar essa exposição. Ao menos as matérias que fizeram sobre o caso eram imparciais me tratando como suspeito e não como um criminoso de fato, na nota oficial disseram que estavam aguardando tudo se esclarecer, mas deram a entender que acreditavam na minha inocência. Agradeci por isso no e-mail que enviei a redação do jornal.

Os próximos dias passaram de forma confusa, eu mal saía de casa, comprava comida por aplicativo quando tinha fome, mas pulava as refeições por não ter apetite. Na única vez que fui ao mercado comprei somente bebidas alcoólicas e salgadinhos. Dormia quase o dia todo e passava a madrugada em frente a TV, terminei a maratona de Harry Potter que comecei com a Cami, mas não era a mesma coisa sem ela. Naquela noite também acabei com duas garrafas de whisky sentado na sala, saúde mental eu acho que nem sei mais o que é.

Me deitei na cama com o celular nas mãos, olhando as fotos de nós dois no festival, no acampamento, no jantar com meus pais, no bar em que a gente se conheceu e que ela continuava frequentando com os amigos, no pub e em todos os outros lugares que a gente ia. Eu não queria que ela acreditasse que eu faria algo contra ela, não é possível que a Camilla acreditava que eu faria qualquer coisa que a colocasse em risco.

Em um impulso abri a conversa dela e enviei "Você sabe que eu jamais faria isso com você. Eu juro que não fui eu". Ela não visualizou, eram mais de 4h da manhã e ela sequer estava online, continuei encarando a foto dela, admirando seu sorriso e todos os traços que me encantaram desde o dia que a conheci. Adormeci ainda segurando o celular sem me importar com o fato de que a ressaca me mataria no dia seguinte.

Oi gente! Como vocês estão?

Faz alguns capítulos que eu não deixo essa nota, confesso que a correria do dia-a-dia não me deixou parar para conversar um pouco com vocês.

Eu estou muito feliz com os comentários, com a interação de todos. Adorei ver as teorias de vocês, alguns colocaram aqui suas suspeitas, outros me mandaram por whatsapp... seja como for, eu amei ver como a história tem mexido com a imaginação de vocês.

Esse pov do Bernardo vem como um balde de água fria nas conspirações de muita gente, mas ainda tem muita coisa para acontecer e muita reviravolta. Continuem comentando e não esqueçam de deixar o voto que também ajuda muito essa autora aqui.

Beijos e até o próximo capítulo!

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