Um Lugar para Nós Dois

By mylendo

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Camilla é uma garota extrovertida, cercada de amigos e que está sempre frequentando festas e bares ao redor d... More

Prólogo
Um encontro Perfeito
Revelações
O Festival
O jantar desastroso
Segredos
De volta a rotina
Girassóis
Boas notícias
Brigadeiro e Mojito
Cativeiro
Plantação de Girassóis
Capítulo Especial: O início
Resgate
Jonas
Outro Lado da História
Um copo de whisky ou dois
De volta ao quase normal
Uma tarde no parque
Mais um ponto de vista
Uma folga nos problemas
A Fuga
Telefonemas
Hospital
Um acordo
Parceiros
Família
O pai e o irmão
Redenção
Conversa Sincera
Despedidas
Formaturas e presentes
Epílogo
Agradecimentos

Amigos

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By mylendo

Eu permaneci sentada no sofá mesmo depois de Samantha ir embora, não fui capaz de me mexer. Minha cabeça voltou a doer e nem mesmo o comprimido que a dra. Greta receitou estava fazendo qualquer efeito, dessa vez eu sequer conseguia chorar.

– Eu sou uma idiota – falei baixinho.

– Não fala assim, filha – minha mãe tentou me acalmar.

– Tudo apontava para ele, mãe. Eu não desconfiei em nenhum momento, mesmo que tudo apontasse diretamente para ele!

– Cami, você não tinha como saber – dessa vez foi meu pai.

– O horário, ele sabia que eu sairia da faculdade sozinha, a plantação de girassóis, ele sempre me deu girassóis e mesmo enquanto eu corria no meio das flores não desconfiei que pudesse ser ele. Eu sou burra – falei quase gritando. – E tem mais, no dia do resgate me lembro que os bandidos comentaram "é ele quem vai entregar o dinheiro" ou algo do tipo. Ele quem? Era o Bernardo o tempo todo e eu ignorei todas as evidências. E o local do encontro em frente ao sítio do pai dele...

– Filha... – minha mãe tentou começar, mas apenas me abraçou.

– Eu sou muito ingênua, mãe. Não imaginei que ele pudesse... que ele teria motivos ou coragem para... – minhas palavras se perdiam nos pensamentos turbulentos.

– Não tem que se culpar por isso, não tinha como você saber.

– Eu acreditei que o Bernardo me amava, mãe. Eu mesma já amava ele.

– Eu sei, Cami. Isso é terrível, mas a Polícia vai cuidar de tudo daqui para frente. Eu sinto muito.

Os repórteres continuavam se aglomerando no nosso portão, liguei a TV para ver o que diziam, uma mulher loira posicionada bem em frente a nossa garagem falava ao vivo para uma outra emissora, abaixo dela no canto da tela uma foto minha com Bernardo que estava nas nossas redes sociais e a manchete "jornalista é acusado do sequestro da namorada". Aumentei o volume para escutar o que ela dizia:

...o repórter Bernardo Costolli foi preso esta manhã após ter sido acusado de planejar o sequestro de sua própria namorada Camilla Borges. Um dos sequestradores foi preso esta madrugada e em depoimento citou Bernardo como o responsável por encomendar o crime. A nossa equipe ainda não conseguiu contato com o acusado. Já Camilla e sua família permanecem em sua residência tendo recebido apenas a visita da polícia...

­

Desliguei a TV.

– Eu vou para o meu quarto – falei já me levantando.

Deitei em minha cama e ouvi meu celular vibrar, relutante desbloqueei a tela e vi que era o grupo com meus amigos, haviam diversas mensagens então apenas passei o olho em algumas mais importantes:

Natália: Cami, como você está? Eu e a Sof vimos o noticiário.

Sofia: Se você quiser companhia podemos ir até sua casa.

Jonas: Eu estou pensando como passar pela imprensa.

Eu: Oi gente, seria muito bom ter vocês aqui. Será que conseguem passar pelos repórteres sem serem devorados?

Sof: A gente dá um jeito

Nat: 15min chegamos aí.

Eu: Jura? Obrigada, meninas.

Jonas: Assim que chegarem eu vou também.

Nat: Ok, a gente te avisa.

Passaram-se um pouco mais de 15min e ouvi o portão de casa se abrir, olhei pela janela e vi o carro da Sofia entrando na garagem cercado de repórteres. Alguns seguranças que meu pai chamou da emissora se encarregaram de mantê-los do lado de fora enquanto o portão se fechava. Foi somente o tempo de entrarem pela cozinha e subirem as escadas para vê-los na porta do meu quarto.

– Jonas, nem te vi entrar – falei.

– Eu estava no carro com as meninas, – contou rindo e se sentando na cama – esperei elas na esquina e peguei uma carona, seria impossível passar de outra maneira por aquele monte de gente.

– Tem razão – concordei esboçando um sorriso.

– E aí, como você está? – Sof perguntou sentando na cadeira da escrivaninha enquanto Nat se sentava entre mim e Jonas na cama.

– Eu nem sei dizer – respondi sincera. – Acho que ainda não caiu a minha ficha.

– Não é para menos, amiga – Nat falou. – Parece impossível ter sido o Bernardo quando ele parecia tão preocupado.

– Isso é verdade – Jonas concordou. – Todas as vezes que eu estive aqui para ver teus pais ele parecia tão abatido, nem dormia, as vezes cochilava no sofá e acordava assustado perguntando se tinha notícias suas... é difícil acreditar que era fingimento.

– Eu nem sei o que pensar. Sabe que ele foi o primeiro a informar que você tinha sumido? – Sof contou – Naquela noite, assim que me despedi de vocês o Heitor me mandou mensagem perguntando se poderia ir lá em casa, o bar tinha acabado de fechar, eu busquei ele e fomos embora. Estávamos terminando de assistir um filme o Bernardo me ligou e eu achei super estranho.

"Quando eu atendi a voz do outro lado parecia bem preocupada, perguntou se eu estava com você, eu estranhei ainda mais porque sabia que você estava indo para a casa dele. Foi aí que ele contou que você não havia chego e que não estava atendendo o celular, até sugeri que você tivesse passado em casa para deixar suas coisas e ele disse que já havia ligado para os teus pais e segundo eles não tinha sinal de que tivesse vindo aqui.

"Ele disse que ligaria para a Nat e me fez garantir que avisaria ele se soubesse algo. Eu e o Heitor já começamos a ficar preocupados, ele mandou mensagem paro Jonas enquanto eu resolvi perguntar para a caloura que desfilou para você se ela sabia de algo. Ela disse que saiu do auditório bem depois de nós e que teu carro ainda estava na faculdade. Na mesma hora mandei mensagem avisando o Bernardo e a Nat sobre isso"

– Eu já estava dormindo, demorei para atender porque achei que era o chato do Yago, mas vi que era um número que eu não tinha salvo – Nat falou – Bernardo já estava perguntando se você estava comigo porque mesmo com transito você já deveria ter chego na casa dele há pelo menos 2 horas, ele estava desesperado no telefone.

"Eu tentei acalmar ele, mas quando me disse que já tinha ligado para todo mundo e ninguém sabia de você eu também me desesperei. Tentei te ligar e lógico que você não atendeu, peguei meu carro e fui até a faculdade, foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. O estacionamento estava fechado, mas pedi para o guarda na guarita ver se teu carro ainda estava lá dentro conforme a mensagem da Sof.

"O guarda aceitou me acompanhar até onde você estacionou e teu carro realmente estava lá, eu liguei para a polícia na mesma hora. Eu estava tão nervosa e tremia tanto que parecia que eu teria um ataque cardíaco, não consegui explicar nada para a polícia. Foi o próprio segurança quem pegou meu celular e explicou que eu estava procurando uma aluna cujo carro ainda estava estacionado dentro da faculdade sem nenhum sinal de onde você poderia ter ido"

– Foram teus pais que me mandaram mensagem perguntando de você, eu disse que você ia para a casa do Bernardo e estranhei que você não tivesse avisado – Jonas começou a contar – Eles disseram que avisou, mas Bernardo estava te procurando também, logo em seguida o Heitor me fez a mesma pergunta. Eu tinha acabado de buscar a Débora no restaurante, viemos direto para cá. Teu pai estava no telefone com a polícia quando chegamos, o Bernardo desceu do carro praticamente chorando. Eu não sei Cami, mas a pessoa tem que atuar muito bem para fingir aquela cara aterrorizada que ele tinha. Logo a mensagem da Nat chegou e só deixou a gente ainda mais preocupados.

– Eu e o Heitor já estávamos a caminho daqui, a Nat aguardou a polícia e o teu pai lá na faculdade, tua mãe estava tão em choque que o Jonas não deixou ela sair. – Sof completou.

– Não tinha como! – Jonas explicou – A tia Sarah nem piscava. Por pouco não liguei para a dra. Greta vir aqui atender ela. A Déb fez um chá para todo mundo se acalmar enquanto aguardávamos notícias.

– Quando teu pai chegou na guarita eu já estava mais calma e estava explicando para a polícia o horário que saímos, onde você deveria ir e que horas deveria ter chego – Nat continuou – teu pai disse que o Bernardo já estava na tua casa e nós levamos a polícia até o teu carro. A Samantha que acompanhou nós dois enquanto outro policial ficou na guarita tentando conseguir acesso às câmeras de segurança. Foi nesse momento que encontramos teu celular, ele estava todo trincado e a suspeita é que eles quebraram o celular antes de sair.

– Na verdade ele caiu da minha mão quando me golpearam na cabeça, eu vi a tela trincada antes de desmaiar – contei.

– Não, miga. Estava muito destruído, não era só a tela. – Nat explicou – A câmera mostra um homem encapuzado pisando no celular várias vezes enquanto o outro puxava você para dentro de um carro preto. Eu vi.

– Sabe, agora que o Jonas comentou, eu também achei muito genuína a preocupação do Bernardo – disse Sofia pensativa – o Heitor até comentou que estava com dó dele. Não consigo enxergar como uma mentira.

– E todos aqueles dias sem sair daqui – Jonas repetiu – ele parecia um zumbi. Não comia, não dormia. Nós conversamos bastante em todas as vezes que eu vim aqui, você precisava ver como ele estava preocupado. O Bernardo nem pensou quando disseram que ele deveria entregar o resgate, ele só queria te ver logo. Será que era atuação?

– Mas era – falei botando fim ao assunto. – Era tudo fingimento, afinal ele sabia bem onde eu estava porque ele mesmo me mandou para lá, além disso os bandidos combinaram que ele levaria o dinheiro para garantir que não daria nada errado. Foi tudo muito bem planejado e executado.

– Desculpa, Cami – Nat colocou a mão sobre minha perna – estamos aqui falando quando na verdade o que importa é o que você tá sentindo.

– Não, tudo bem. Eu estava mesmo pensando em como foi quando vocês souberam, quem avisou vocês e tudo mais...

– Foi um inferno, nunca mais quero passar por isso – Jonas falou.

– Acho que nenhum de nós – dei um meio sorriso.

– Vamos ouvir uma música para mudar esse clima, vai! – Sof sugeriu já iniciando a playlist que estava no meu computador.

– Eu adoro essa música – Natália cantarolou se jogando para trás no colchão.

Era Somewhere Only We Know – Keane.

– Por favor, essa música não – pedi. – É meio que a minha música com o Bernardo...

– Vocês tinham uma música? – Sof e Nat falaram quase ao mesmo tempo.

– Não exatamente, é que tocou no nosso primeiro encontro então me faz lembrar da gente – disse com a cabeça baixa. – Na verdade, essa playlist foi montada por ele para essa noite, tudo aí me faz pensar nele. Tudo em qualquer lugar me faz pensar nele – suspirei alto.

Sofia desligou o som e apenas ficamos em silêncio por um tempo, uma lágrima indesejada escorreu pelo meu olho. Os três notaram eu enxugando rapidamente e não deixaram passar, me abraçaram e nesse momento não consegui mais segurar, desabei em choro sendo amparada pelos meus amigos.

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