G O V E R N A D O R
Eu tinha apenas uma semana, uma corrida contra o tempo para que pudesse organizar e cumprir meus compromissos antes da viagem acontecer. Havia dito ao Samuel que contrataria alguém para auxilia-lo enquanto eu respirava. A principio eu havia prometido ajudar uma certa senhorita de cabelos escuros que não saia da minha cabeça, além do mais ela parecia mesmo precisar do trabalho.
— E quando vai contratar a garota? — ele me fez a pergunta sem se dá o trabalho de olhar para mim.
— Marquei uma entrevista hoje a tarde com ela. — respondo.
Ele joga o tablet de lado e vem até mim surpreso.
— Enlouqueceu? Hoje é o baile beneficente. — olhei para ele.
Eu sabia que hoje era o baile, mas também não podia desperdiçar tempo, a festa de casamento dos meus pais estava chegando e eu não poderia desperdiçar a oportunidade de vê-la antes da viagem.
— Sim, preciso contrata-la o quanto antes de viajar, quero ela te auxiliando em tudo. — ele concorda.
— Isto eu sei, mas quem irá treina-la? O pessoal está a mil tentando cumprir sua agenda a tempo antes da viagem.
— Você. — digo simplesmente.
— Como vou treina-la? Ela provavelmente teria que grudar em mim para que isso fosse possível e olhe lá se ela vai aceitar essa proposta sua de última hora.
— Exatamente. — sorrio com a ideia da Monique o dia inteiro para lá e para cá usando uma daquelas saias extremamente coladas ao corpo.
— Duvido que ela aceite. — ele se levanta.
— Ela aceitará — digo confiante.
Pelo canto do olho vejo-o voltar para seu lugar de antes com o tablet na mão dessa vez.
— A Camila vai te acompanhar hoje a noite, você sabe né? — suspiro relembrando do nosso último encontro.
Um desastre total.
— Sim. — respondo de má vontade deixando ele curioso.
— Aconteceu algo entre vocês? — lhe olho. — Você costumava gostar dela.
— Você disse tudo, eu costumava. Hoje não suporto está no mesmo ambiente que ela mas infelizmente é ela a pessoa que vai me acompanhar essa noite e eu espero que seja a última.
Vou até a mesinha me servi de um dos meus uísques mais fortes.
Três batidas da secretaria na porta chamam nossa atenção e depois de um “entre" baixinho do Samuel ela aparece dentro do escritório com uma ficha na mão parecendo afobada.
— Senhor a senhorita Monique está aí fora posso manda-la entrar?
Só na menção do nome dela me faz virar a bebida de uma vez só e correr para o outro lado da mesa me sentando as pressas arrumando meu paletó. Os dois ainda me olhavam sem entender mais ignorei a confusão estampada no rosto de cada um dele e me ajustei melhor na cadeira.
— Sim pode mandar ela entrar. — meu irmão olhou para mim e riu. — podem ir. — dispensei eles.
Verifico meu cabelo uma ultima vez pelo reflexo do vidro e volto minha atenção a porta.
Ela entra meio sem jeito observando cada canto da sala até que seus olhos param em mim. Ela está tão linda, vestida socialmente com roupas justas e delicadas, suas bochechas levemente coradas enquanto me encarava.
— Sente-se, por favor. — aponto para a cadeira em frente a minha mesa.
Ela fecha a porta devagar e faz o que eu peço, retira algo da bolsa e me entrega.
Seu currículo.
— Boa tarde, senhor governador. — cumprimenta.
— Boa tarde Monique, pode me chamar de Gabriel como eu havia pedido antes. — lhe entrego de volta o currículo — Não preciso disso, eu falei que iria te ajudar e aqui estou.
Ela sorri timidamente.
Ligo o computador e finjo digitar algo afim de impressionar ela, afinal sou um homem importante e mulheres adoram isso.
— Vai consegui mesmo um emprego pra mim? — pergunta com a voz doce e preocupada me obrigando a lhe encarar.
— Já consegui — anuncio — preparada para começar hoje mesmo? — seus olhos brilham e seu sorriso aparece.
— Serio?
— Sério! — seguro o sorriso.
— Muito, muito obrigada. — se levanta e vem até onde estou. — Não sei como te agradecer — ohhhh querida eu sei, não me diga uma coisa assim... penso comigo mesmo.
Ela para diante de mim e me abraça forte soltando gritinhos de alegria. Retribuo o abraço me levantando levando ela junto ao ficar de pé, ela é tão pequena e leve que eu podia carrega-la o dia todo. Nos afastamos no instante em que seguro firme em sua cintura afim de me fundir ainda mais nela, me viciaria facilmente no seu cheiro.
Sacudo a cabeça afastando esses pensamentos. Uma mulher interesseira é tudo o que eu não preciso no momento.
— Obrigada — agradece novamente se afastando.
Apenas aceno.
— Hoje a noite vai haver um baile beneficente, a secretária que te recebeu não vai poder ir, gostaria de ir no lugar dela? — digo já voltando para o meu lugar.
Ela me olha surpresa e confesso que até eu estou surpreso pela minha atitude em convida-la mas agora ela trabalhará comigo terei que dá a ela um tratamento profissional dessa vez.
— Sim, é claro que eu quero. — responde animada.
— Ótimo, pode ir agora. Nos veremos hoje a noite então, meu irmão irá buscá-la em sua casa. — digo por fim.
— Tudo bem e... obrigada de novo. — sorrio enquanto lhe acompanhava até a porta — até mais tarde, Gabriel. — abro a porta antes de acenar e ela sai.
Inclino a cabeça para olhar ela saindo do salão, o movimento que ela faz ao andar fez sua bunda balançar e meu pau pulsar no mesmo instante.
Seguro meu guerreiro com força e volto minha atenção para o meu irmão que parece fazer o mesmo do outro lado olhando para onde não deveria.
Pigarreio.
Ele olha pra mim fingindo inocência e sabe que minha vontade é de mata-lo por isso. Entro no meu escritório com ele no meu encalço.
— Aquela gostosa é a nova assistente? — lhe dou uma rabada de olho.
— Mais respeito Samuel. Sim, aquela é a nova assistente e ela começa hoje a noite, se prepare para busca-la.
— O quê? Pirou? — ele fica a minha frente.
— Ela precisa do trabalho e você de uma assistente, não foi esse o combinado? — olho confuso para ele que parece desnorteado.
— Mais hoje? Hoje tem o bai ... ah, agora eu entendi! — sorri de lado — Quer dá uns pegas na secretária, é isso Gabriel? Você não presta mesmo.
— Não se meta em meus negócios Samuel! — indago já saindo do escritório sem esperar pela sua resposta, mais ela vem assim mesmo.
— Você não vai usar essa garota, fique sabendo disso.
Uma ova que eu não vou!
Paro diante do meu carro quando a vejo caminhando para o outro lado da rua atravessando, indo direto para o ponto de ônibus.
Fico ali parado por alguns instantes observando ela, esperando pela condução, eu poderia simplesmente lhe oferecer uma carona. Estávamos tão próximos no escritório quando nos abraçamos, ainda podia sentir o perfume dela em meu paletó. O ônibus chega e ela entra, se sentando próximo a uma das janelas e olha toda a rua ao redor antes de me ver.
Mesmo longe podia jurar que seus olhos brilharam quando encontraram os meus, o ônibus sai enquanto ainda a vejo sumir. Entro no carro ainda mais animado do que nunca hoje, afinal estava ansioso para encontrar ela hoje a noite de novo.
*
Passava das vinte e três horas e o salão de festas estava completamente lotado e nada do Samuel ter chegado ainda, isso me deixou preocupado. Havíamos combinado que ele buscaria a Monique no prédio dela e viria diretamente pra cá, mas ao que parece algo deu errado nos planos do meu irmão. Tive que convocar meus seguranças para cuidar dos paparazzi que vira o mexe tentavam invadir a festa, principalmente quando tinha Camila no meu encalço se sentindo a estrela da noite.
Não via a hora dessa festa acabar até que vejo um dos seguranças me fazendo sinal apontando em direção ao portão de entrada.
E lá estavam eles, Samuel em seus trajes de festa completamente desarrumado acompanhado de sua mais nova assistente que estava tão bem arrumada quanto qualquer outro nessa festa. Apenas com exceção do seu vestido preto que não apenas valorizava suas curvas, como mostrava demais elas.
Eles nem perceberam minha presença quando entraram na sala administrativa, parei quando alguém puxou meu ombro.
— Onde pensa que vai? Não vai me chamar para dançar querido? — Camila enfatiza o “querido" me fazendo revirar os olhos enquanto lhe estendia a mão.
— Claro meu bem. — ela sorri para as amigas enquanto caminhava ao meu lado em direção a pista.
Sinto o olhar de todos sobre nós, Camila sorri alegremente para as câmeras enquanto nos posicionarmos no pista de dança.
No início da nossa relação Camila não era uma pessoa má, mais depois do nosso relacionamento ela começou a gostar de ser o centro das atenções, gostou tanto que está sempre nas colunas e jornais da cidade. principalmente bombar em suas redes sociais. Ouvir dizer também no quão bom bando ela estava mas redes sociais.
A convidei para me acompanhar apenas por que havia prometido no ano passado que a traria novamente, apesar de estarmos separados a meses eu tive que cumprir minha promessa.
— Sabe o que eu acho? — lhe encaro esperando pela resposta.
— O quê?
— Que a gente ainda pode dá certo. — diz com a cara mais lavada que existe.
— Eu discordo, acho que nosso tempo já acabou, agora se me der licença — me desvencilho dela indo em direção ao bar.
Preciso de uma bebida forte o suficiente para que não estrangula ela até o final da noite mais paro na metade do caminho vendo as duas figuras em minha frente.
Samuel e Monique estão sentados sobre os bancos postos próximo ao balcão, ela parece rir de algo que o idiota sussurrou em seu ouvido antes de termina de beber sua bebida e pedir outra.
— Atrapalho? — me aproximo devagar deles e os vejo enrijecer.
Samuel é o primeiro a se virar e sorri para mim quando me entrega um copo com bebida, retiro o copo da sua mão e me viro para ele.
— Você bebeu? Acabei de ver vocês chegarem.
— Não bebi, estou bem, só preciso relaxar — se senta mais confortavelmente — me dê apenas mais alguns minutos e estarei pronto para ajudar você a bajular uns velhos chatos.
Olho para o lado para me certificando de que a outra não estava no mesmo estado que ele, menos um deles estava sã, ela me olha sem jeito e desvia o olhar.
— Está tudo bem Monique? Por que demoraram tanto? —ela olha para o Samuel apreensiva antes de responder.
— Tive uns problemas em casa e o Samuel me ajudou a resolver, mas no caminho para cá a gente acabou sendo assaltados, o ladrão levou o carro e tivemos que vir até aqui a pé. Desculpa.
Samuel começa a rir e isso me preocupa, ele nunca foi de fazer essas coisas.
— Ele está bem? — pergunto e ela faz que não com a cabeça — O que houve?
— No caminho ele encontrou a namorada aos beijos com um dos patrocinadores, pelo menos foi isso que ele me contou.
Meu irmão bufa e se levanta me deixando ainda mais preocupado e sai disparado para o banheiro.
— Eu resolvo isto. — aviso lhe entregando meu celular antes de correr atrás do meu irmão.