Fullgás • Jjk + Pjm / jikook

By FANFUNK_

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CONCLUÍDA ✓ Jungkook é um garoto atípico com a maturidade emocional de uma pedra. Tão apático quanto uma segu... More

Capítulo 00 - Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30 - Epílogo

Capítulo 24

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By FANFUNK_

— Taehyu— Hope fechou a boca assim que a abriu, seus olhos indo parar nós próprios pés tamanha sua vergonha ao ver o loiro ali em sua frente. Esse que estava tão nervoso quanto si. Seus dedos se esfregavam na calça, ao que o rosto corava levemente.

Taehyung não havia pensado no que iria dizer. Quando minutos atrás viu como Jimin parecia tão desesperado para ter qualquer migalha de atenção de Jeon e a forma como seu amigo estava… Mesmo que simplesmente o garoto não tivesse demonstrado em momento algum, o loiro sabia.

Afinal, era o único que realmente conseguia ler Jungkook.

Entretanto, naqueles dias, tudo parecia ter se virado um completo caos. Jeon havia se trancado em si de uma maneira quase assustadora, nem mesmo o Kim conseguia se aproximar verdadeiramente. Foram realmente muitos dias em que simplesmente aparecia na casa do mesmo, tentava o animar, mas no fim… No fim nada adiantaria.

Porque não era ele quem deveria conversar com Jeon. Não era ele quem o moreno queria escutar. E também não era com ele que Taehyung queria falar. Eram tantos quereres, tantos motivos para conversarem, mas ninguém tomava uma atitude, ninguém ia atrás. Ficavam presos em suas mentes, projetando o que fazer, o que iria acontecer e deixavam a pedrinha correr ladeira abaixo sem parar.

Mas era momento de tudo se acertar. O loiro não aguentava mais o clima tenso, a forma como todos se olhavam e se ignoravam, como se afastaram, como a briga havia tornado o dia de cada um tão cinza. Porque bem ou mal, quando os sete estão juntos, eles se completam e tornam-se apenas um só.

Cada um tinha sua parcela de culpa, seus motivos e razões, cada um tinha ali um parte para resolver. E Taehyung estava na hora de finalmente resolver a dele. Estava cansado, simplesmente não aguentava mais aquele triângulo entre ele, Hoseok e Yoongi. Não havia mais ali alguém que lhe servia de ombro amigo, não havia ali um consolo mais. As coisas foram se misturando, tornando-se turvas e agora nem mesmo o loiro entendia.

Ele queria apenas esquecer as coisas. Apagar da memória, mesmo que por poucas horas, o quanto aquela paixão que nutria por Yoongi crescia em seu peito, o quanto já havia sofrido, para então, quando enfim talvez tudo pudesse terminar, o verdinho lhe acertava mais uma de suas incertezas e lhe deixava à mercê outra vez.

Hoseok era apenas um curativo, alguém que lhe deixava bem, lhe fazia rir, brincar, se divertir e esquecer. Contudo com o tempo, quanto mais se passava, mais viciado no remédio se tornava, mais falta sentia. E as cicatrizes às vezes estavam ali, bem fechadinhas, mas Taehyung não queria tirar o curativo.

E quando o loiro notou, Hoseok já fazia parte de si. Assim como Yoongi. Dois complementos que pareciam criar um coisa inacreditavelmente perfeito para si… Entretanto injusto com eles. E cruel.

— Eu… — respirou fundo e mordeu o lábio. Hoseok parecia tão apreensivo, tão nervoso, tão triste. Olhar para seu rosto que antes vinha sempre com um sorriso lindo, enorme e bem feito, agora sua boca envergada em uma linha triste e as olheiras debaixo dos olhos. Lhe deixava tão… Mal. — Podemos conversar?

Hoseok o mirou. Não foram por segundos, foram por minutos longos e lentos, minutos em que ele analisava cada pequeno traço daquela face. Ali, naquele momento, parado apenas para observar o loiro, tirara sua máscara. Não havia mais suas lentes que lhe cegavam de enxergar verdadeiramente como via Taehyung, dos tampões que não lhe fazia notar como escutava a voz grossa dele… E nem da ilusão que tinha no coração ao ignorar as coisas que sentia.

Naquele momento, era ele de verdade. De peito aberto e braços erguidos para aceitar o que viesse. E o sentisse por ele.

E não foi tão aterrorizador quando finalmente teve sua resposta. A primeira coisa que notou foi como os olhos amendoados de Taehyung eram bonitos, como todas as vezes em que olhava-o mergulhava sem medo e se perdia em suas falas. Em como seu sorriso era bonito, como o som de sua risada eram sinos que lhe levavam para algum lugar qualquer. Algum lugar onde não havia nada que não fosse paz.

Notou como estar ao lado de Taehyung não lhe completava, lhe transbordava. De sorrisos, alegrias, amores, bem quereres e um bem estar como nenhum outro. Derramando loucuras a procura de, ao menos, tentar ser diferente de tudo para ele. Ser único.

Único para ele. Porque realmente estava apaixonado. E por esse motivo, antes sentado naquela sala, queria apenas que Kim fosse feliz. Com quem fosse.

— Eu… — o loiro riu finalmente quebrando aquele silêncio. Jung tinha um olhar tão intenso, a ponto de lhe fazer perder as falas. A coragem. E qualquer coisa que antes tivesse em sua mente. — Não sei o que quero falar com você pra ser sincero, mas… Ao menos…

Estava tão nervoso, suas mãos suavam. Ele parecia tão sério, tão triste, tão tantas coisas. E a que menos queria era encontrar mágoa naquelas íris.

— Diga o que você sentir que deve falar… — e como um mar de tranquilidade, acalmando lentamente aquele nervosismo e tremedeira, a voz do moreno viera mansinha, quase como uma canção de ninar. Taehyung o mirou surpreso e então o viu se aproximar, parando realmente perto de si. As orbes se ergueram, encarando seu rosto com uma admiração quase desconcertante. Seu coração palpitava como um louco.

— Você está bravo? — perguntou temeroso. Jung riu e com a aproximação dos dois o loiro sentiu a respiração bater levemente em seu nariz, causando cócegas na pontinha. Pela primeira vez em muito tempo não se sentia tão acanhado daquela forma, o rubor subindo por suas bochechas. Fazia tanto tempo que não se sentia daquela forma.

Hope ergueu sua mão e tirou a franja de cima dos olhos do mais novo. Gostava das íris castanhas e do brilho vivendo nelas.

— Não. — o loiro abaixou a cabeça, seu coração acalmando-se aos poucos, a ansiedade dando adeus devagarzinho. — Você está? — Jung perguntou e o mais alto negou rapidamente com a cabeça. Puxou o ar com força, estava ali para ser sincero de verdade a primeira vez.

— Eu gosto do Yoongi. — Hoseok sorriu um tanto triste. Ele sabia disso. E suspirou abaixando a mão que mexia na franja alheia, enquanto observava o rosto abaixado de Taehyung. — Ainda gosto dele mesmo depois de três anos. — o loiro se sentia tão mal falando aquelas coisas, porque sentia como machucava Jung. — Mas você me deixa confuso demais, Hoseok…

Uma pontada forte no peito do moreno e esse prendeu o ar, surpreso com aquilo. Seus olhos se arregalaram e a boca abriu rapidamente, pronto para dizer algo, todavia não tivera tempo.

— Você me deixa feliz, me faz esquecer de qualquer coisa. Estar com você é como estar em um mundo inteiramente só meu. E… Eu sei que é egoísmo meu, mas é você é a chave dele. Você é… — um suspiro pesado e envergonhado demais, Taehyung deitou sua cabeça no ombro alheio. — Um pônei amarelinho que sai saltitando por aí com as minhas flores preferidas e se eu não tiver você lá… Não tem sentido eu também estar lá.

— Taehyung… — o loiro apertava os olhos contra os ombros de Hoseok, escutando o coração do mesmo realmente enlouquecer no peito. E como um dever a se seguir, o seu próprio entrou em sincronia com o dele, quase explodindo no peito.

— Eu… Nunca te usei, Hobi… — sua voz estava embargada. Não conseguia entender mais o que estava acontecendo, seu corpo parecia tão mole, sua barriga gelava como se estivesse tentando secar gelo com a mesma, algo dentro de si parecia desesperado para sair.

Lembrou-se de Yoongi, de como estar com ele lhe trazia uma sensação semelhante, como o cheiro dele era tão cítrico e como Hoseok era doce, como marshmallows e Taehyung amava marshmallows. Yoongi e Hoseok eram como café e marshmallow juntinhos em um copinho apenas seu. Apenas seu.

Mas também estava cansado disso. Cansado de não ser correspondido, de não corresponder. Cansado de tapa buracos, de cavar buracos fechados pra reviver o passado, cansado de se jogar sem saber o que fazer. Ele só queria gostar de alguém e que esse alguém gostasse dele também. E não simplesmente existir Min-sou-hetero-mas-gosto-do-seu-beijo-Yoongi e outro Jung-perfeito-para-esquecer-o-senhor-não-tão-hetero-Hoseok, pra no fim resultar num Kim-alguém-me-ajuda-a-escolher-porque-eu-estou-confuso-e-quero-os-dois-Taehyung.

— Você só completa o que eu sempre quis. — ditou por fim com a voz embargada, ao que Hoseok ficou em silêncio por alguns segundos. Não sabia o que pensar, não sabia o que dizer, não sabia nem mesmo o que queria. Taehyung chorava baixinho em seu ombro, dizendo coisas com mil significados por trás que nem mesmo o loiro sabia, como Hoseok iria conseguir entender? — Me desculpa por aquele dia…

Hope suspirou e suavemente segurou os braços alheios, tentando ao menos entender o que acontecia naquele momento. Não sabia o que era declarado, nem o que sentir com aquelas palavras, nem se Taehyung sentia o mesmo. Mas tinha clareza de uma única coisa para se falar:

— Eu estou apaixonado por você, Taehyung. — o loiro aquietou-se momentaneamente, arregalando os olhos ao escutar aquilo. Era algo que realmente, ao menos naquele momento, não esperava ouvir. O loiro já suspeitava disso, mas não pensou que ele fosse se declarar bem ali enquanto sujava o casaco dele de baba e lágrimas. — E eu quero uma resposta sua, uma que faça sentido, por favor. — mesmo que o tom e risada divertida confundisse, Hoseok continuava falando sério.

Taehyung levou as mãos até a blusa dele e apertou a mesma, erguendo o corpo e ficando de frente, porém ainda sem erguer os olhos para olhar o mais velho. O loiro respirou fundo. Que resposta daria? Sim, não? Estou confuso? Todas pareciam tão erradas… Não havia nada concreto, não era tão na cara quanto com Yoongi. Havia algo, intenso, mas não tão forte a ponto que Kim pudesse saber analisar.

— Eu… Não consigo… — ditou com a voz baixa, sem coragem alguma. Mas Jung não se abateu, já tinha certeza que seria aquela a resposta do loiro. O moreno sorriu.

— Eu sei. — por que Hoseok tinha um sorriso tão bonito? Taehyung pensou hipnotizado, observando o rosto próximo do seu. Ele era radiante, o loiro sentia-se horrível por ter murchado aquele sorriso por tantos dias. Hobi levou a mão até a bochecha do mais novo e se aproximou.

— Você está magoado? — Hoseok não falou nada, continuou olhando para o loiro, acariciando sua bochecha. Às vezes se perdia olhando para o rosto alheio.

A resposta para aquela pergunta era simples e Hope a demonstrou em um ato.

Os lábios se tocaram suaves, Taehyung mal podia senti-lo, entretanto seus olhos arregalados o fazia ter certeza do que estava acontecendo: Hoseok havia lhe beijado. E era… Bom. A boca alheia era macia, gostosa, e quando notou seus braços passavam pelos ombros alheios, enquanto sua cintura era abraçada com uma força confortável.

Os lábios se moldavam com leveza, ao que o loiro bagunçava os fios morenos já em pé de Jung com carinho. Não era acostumado com aquele tipo de beijo, não era o estilo que sempre acontecia. Era sempre algo afoito, com mãos bobas e apertos. Mas Hobi era diferente, ele era calmo, doce e envolvente. Arrancava suspiro baixinhos de Taehyung, fazia sua mente se apagar de qualquer coisa de cinco segundos atrás. Era… Maravilhoso.

Os barulhos calmos e a forma como Hope trazia o corpo mais para perto, sustentando seu peso em um abraço gostoso enquanto seu rosto se movia lentamente entre o beijo. Ou como fazia suas pernas bambearem, seu corpo derreter-se inteiramente com aquele carinho, os braços perderem as forças. Estava realmente entregue naquela hora.

Porém nem tudo que é bom dura para sempre, e para estragar o que já estava bom demais, Hoseok se afastou suavemente do loiro e o mirou com um sorriso. Sua boca brilhava levemente e estava rosinha, mas o que lhe era mais notório eram seus olhos que explodiam fogos de artifício. 

— Espero que isso te ajude a um dia ter uma resposta para a minha pergunta… — Hoseok sorriu levemente enquanto Taehyung continuava sem fôlego. Estava tão… Maravilhado. O moreno se afastou completamente e foi atrás de sua mochila, logo acenando para o loiro e então saiu da sala.

De primeira Kim não entendeu muito bem o que ele queria dizer, afinal, estava mesmo muito afetado pelo beijo. Todavia apenas acordou quando se viu sozinho na sala. Desesperou-se e virou para a porta.

— Eu deixei você parar de me beijar? — Taehyung gritou emburrado, escutando uma risada gostosa de Hobi pelos corredores, quase saltitando ao ir embora.

O coração do mais novo ainda palpitava forte, ao que em sua mente ainda tinha as cenas do beijo.

Hoseok havia acabado de lhe beijar e havia sido… Uau.

[...]

O celular de Yoongi era jogado sem cuidado algum para cima e logo pego por mãos que na verdade não prestavam atenção em nada ao seu redor, assim como o dono que pensava em diversas coisas, mas a única coisa que não se passava em sua mente era a preocupação com o próprio telefone. O mesmo rodou o celular em suas mãos enquanto seus olhos nublavam-se fitando para o teto da sala de seu pai.

Estava na empresa em que o mesmo trabalhava, não era uma das mais conhecidas no mundo do entretenimento, mas havia bons artistas ali. Artistas esse que um dia o garoto desejava fazer parte. Entretanto, diferente de todas as vezes em que pensava quando visita o local de trabalho de seu pai, dessa vez sua mente concentrava-se em outra coisa.

Pensava em Taehyung.

Não que fosse muito anormal, mas eram tantas vezes por dia e com tanta intensidade que chegava a ser assustador. Claro que antigamente costumava pensar no loiro, relembrar atitudes e situações com o mesmo, mas não quase 24 horas por dia. Suspirou profundamente, fechando os olhos e deixando o celular escorregar minimamente. Era hora de pensar de forma racional.

Embora tudo o que tivesse acontecido fosse de longe algo assim.

O dia em que a confusão havia acontecido. E tudo por sua causa. Se não tivesse tido a ideia de ir até aquela escola, se não tivesse de certa forma retribuído o beijo de Hoseok, se não tivesse posto uma raiva sem cabimentos no mesmo aquilo tudo não teria acontecido. Se não fizesse Taehyung apaixonado por si, se não tivesse tão confuso a ponto de sequer poder dar mais certezas se realmente via o loiro como um amigo. Quer dizer, óbvio que o via, mas não parecia mais ser tão certo de que era apenas isso.

Aquele dia quando o vira tão perto de Hoseok lhe chateou. Quando o loiro correra atrás de Jung quase desesperadamente, pedindo desculpas e ditando que o ciúmes não havia sido apenas por si. Seria errado sentir-se mal com isso? Egoísmo talvez, com certeza. Kim passara três anos apaixonado por si e agora que tinha a chance de se distrair com outra coisa, outros amores o verdinho ia lá e decidia ficar confuso? Céus, não era nem mesmo uma certeza.

Era injusto.

Injusto de uma forma que Taehyung não merecia. Nem Hoseok também. Entendia o lado do moreno, sabia muito bem que no começo era mesmo amizade e preocupação, eles tinham uma personalidade tão parecida. Pareciam tão bem juntos. Kim fazia tudo se tornar dez vezes mais intenso do que é, tristeza, alegria, raiva, tédio. Tudo com ele era extremo e alguém que parecia apreciar isso como Jung era óbvio que o moreno se apaixonaria. Só havia chego um pouco tarde demais e por esse motivo Yoongi sentia-se mal.

Sentia que prendia Taehyung por algo que não podia nem dar estabilidade.

E isso o fazia pensar? E se talvez, e apenas talvez, estivesse realmente se atraindo por ele? Depois de tanto tempo, talvez aquele beijo tivesse desbloqueado algo, ou então a interação repentina entre Hoseok e Kim. Quem sabe na verdade tudo não fosse apenas o verdinho se confundindo, ciúmes forte de amigo, vontade de não perder alguém que prezava, ou algo mais egoísta de não querer ser o segundo.

Não sabia, não tinha certeza. Parecia errado dizer: não gosto de Taehyung. Mas ainda pior era pensar estar apaixonado. Droga, nunca antes se apaixonara por um garoto, está certo que é a mesma coisa que uma mulher – em questão de sentir –, mas com o loiro era complicado. Consigo era complicado. Com Hoseok se tornava ainda mais!

Que bosta, não tinha a mínima ideia do que fazer.

E agora, por culpa dele Hoseok perdeu o controle e dividiu o grupo. Estavam todos afastados e isso parecia tão errado.

Era triste não os ter por perto, todos eles.

— Filho? — Suga despertou de seus devaneios ao notar seu pai adentrar o recinto com uma maleta na mão. — Tudo bem? 

— Hm? — olhou para trás. — Ah, sim. Estou. — sentou-se no sofá. — Você já terminou?

— Já sim, só precisava pegar alguns papéis com Bang Shin. — o verdinho sorriu ao que observava o pai ajeitar os papéis dentro da maleta. — E você? Parecia pensativo demais. Ocorreu algo?

— Eu estou legal, pai. Não se preocupe. — o homem fitou o filho de forma desconfiada, arrancando um pigarrar deste. — Enfim, o que é isso?

— Isso? — o pai ergueu a mão indicando o papel. — São algumas fichas para o projeto que a empresa está montando. Ah, você acredita que vieram me falar pra te segurar na coleira? — o velho riu, negando com a cabeça. — Dizem que você tem a personalidade muito forte e por isso alguns se sentem desconfortáveis contigo. 

— Oras, eu só não engulo ignorância. — o verdinho deu de ombros e seu pai riu. — Mas como assim novo projeto? E o que isso tem a ver comigo?

— Ah, você sabe, filho. Todos conhecessem o seu sonho e sabem de alguns testes que você participou para entrar na empresa. Por isso me falaram pra ficar de olho em você. Estamos montando um projeto para trazer um novo grupo e debutá-los. Ia ser divertido, além de novos trainees. Então pensamos em dar uma chance àqueles que querem tentar realizando um concurso. Mas seria para grupos e não solos, então eu disse que não teria problema com você.

Assim que o homem terminou de falar os olhos de Yoongi estavam triplicados de tamanho. Ele não ficou sabendo sobre esse projeto, aliás, muito menos que teria um. O sorriso nasceu enorme, ao que se levantou praticamente correndo e bateu as mãos na mesa de seu pai, assustando-o com a felicidade que tinha. O mesmo pareceu finalmente entender o que estava acontecendo. Droga, pensou que dessa vez se livraria de mais alguma reclamação por causa de seu filho…

— Você não sabia, não é? Por isso não me perturbou durante esse mês inteiro. — o verdinho sorriu mais.

— Não mesmo. Por que não me contou? E como isso vai funcionar? Vamos, me diga! — o pai suspirou pesadamente e massageou as têmporas. Maldita boca grande.

— É para grupos.

— Eu já entendi isso, eu quero saber como funciona. — o homem revirou os olhos.

— Vamos realizar duas provas. Iremos chamar alguns grupos que nós vimos que tinham potencial, porém não tiveram chances. Iremos preencher suas fichas e então criaremos uma competição. Primeiro terão de se apresentar em frente a dois jurados, para escolherem qual seria os melhores, dentre esses, dois grupos seriam selecionados. E por fim eles fariam um pequeno show e o que a platéia mais gostasse nós iríamos debutar.

Ah, aquele sorriso no rosto de seu filho não era bom.

— Então quer dizer que eu posso participar? — Min sabia que isso ocorreria.

— Não, eu não disse isso. Um: você não tem grupo. Dois: isso é apenas para trainees e você não é um. 

— Mas eu tenho potencial e sobre o grupo… — o verdinho pensou por alguns segundos, tendo uma maravilhosa ideia. — Eu já tenho um.

— Vocês não vão passar na seleção. — o homem negou com a cabeça, juntando finalmente fechando a maleta e decidindo dar fim aquela conversa.

— Por favor, pai. É o meu sonho e o senhor sabe disso. O que custa tentar? E se nós conseguirmos? E se formos o que vocês procuravam? Eu faço aula de música há mais de um ano, tenho dançarinos incríveis e rappers também. — ditou animado, seguindo o homem pelos corredores. Lembrou-se de como Jimin, Hoseok e Jungkook dançavam bem. E as horas vagas em que fazia rap junto a Namjoon e J-Hope certas vezes.

— Certo. E o vocal? Vocês vão precisar. — o verdinho mordeu o lábio. Jin tinha uma boa voz, era suave e doce. Jungkook, mesmo falando pouco, quando cantarolava uma música qualquer tinha uma voz bem agradável de se ouvir. E por fim, Taehyung. Esse tinha a voz mais bonita quando cantava, realmente a apreciava.

— Eu também tenho. — seu pai parou de andar e o fitou. — Escuta, me dê uma chance, eu posso realmente trazer algo incrível pra você dessa vez. Confia em mim, por favor. Me deixa tentar pai… — o homem respirou fundo. Era tão difícil recusar algo a Yoongi quando isso envolvia seu sonho de infância. Parou de andar e colocou a mão no rosto. Por um lado estava orgulhoso, seu filho não desistia mesmo.

— Tudo bem, Yoongi. — o mesmo só faltou pular de alegria. — Mas essa será a última vez. Vou ver se consigo colocar vocês dentro da seleção. — o senhor Min abriu a maleta e pegou um dos papéis ali dentro. — Preencha isso daqui e me entregue depois. Vocês terão seis meses até o primeiro teste.

Suga concordou, abrindo um enorme sorriso. Aquela era a chance de sua vida.

E também a chance de fazer o grupo voltar a ser como eram antes.

— Hei, onde você vai? — o pai de Yoongi perguntou quando notou que o mesmo fazia o caminho contrário ao seu. O verdinho o fitou alegremente.

— Vou atrás do meu grupo!

[...]

— Taehyung? — Jungkook perguntou assim que abriu a porta de casa, vendo o loiro com o casaco sobre a cabeça enquanto o céu parecia ter decidido inundar o planeta, começando pela cidade deles. 

— Abre isso daqui de uma vez, não sou pinguim pra gostar de viver gelado! — o loiro gritou enquanto tremia. Não que aquele casaco tivesse adiantado algo, ainda estava frio, batendo a boca e completamente molhado. Se pegasse gripe iria passar de propósito para Jeon só pela cara de retardado dele na porta. — Anda logo!

O moreno pareceu acordar de seu transe, entrando em casa para pegar a chave e saiu correndo até o portão, abrindo o mesmo. Não precisou nem convidar, Taehyung já saiu lhe empurrando de qualquer maneira e correu para a sua casa. Parecia um peixe morrendo. Suspirou e decidiu ir atrás do mesmo. Era muito fácil saber onde ele estava, era só seguir o rastro no piso de madeira.

— Eu vou morrer congelado. — o loiro tirava a roupa e tacava no chão do quarto de Jeon, caçando alguma roupa quentinha do mesmo. O moreno observou aquilo enquanto via a cueca molhada de Kim com alguns pontinhos engraçados.

— Parecem escamas. — ditou baixo enquanto observava o loiro quicando pelo quarto enquanto colocava a calça larguinha de Jungkook. De repente o pensamento do moreno fora levado para algum lugar onde répteis lembravam peixes e que se Taehyung fosse um, provavelmente uma cobra.

— Eu troco de pele. — o loiro sorriu e Jeon concordou. Estava mesmo certo no animal.

— E veio trocar na minha casa por quê? — Taehyung revirou os olhos.

— Um: está chovendo como um cão. Dois: eu estou sem guarda-chuva, morrendo de frio, com fome e a sua casa era a mais próxima. Três: cansei do seu cu doce, tá na hora de nós conversarmos. — o mais velho ao término da frase vestiu um casaco qualquer de Jungkook e o olhou seriamente. O moreno piscou os olhos meio confuso.

— Você vai molhar a calça com essa cueca encharcada. — apontou para a mesma e Taehyung a olhou. Segundos depois o mesmo teve que refazer o mesmo trabalho de antes por ter que tirar a boxer para não ficar com a bundinha gelada a noite toda. — Mamãe não fez comida hoje, você vai ficar com fome. Vá pra casa da sua avó. — o loiro abriu a boca e quase, quase ia retrucar alguma coisa, caso não tivesse notado uma coisa estranha: os olhos de Jungkook estavam inchados.

Realmente inchados. Como duas bolhas d’água. E como se tivesse acabado de descobrir um novo país, Taehyung deixou o queixo cair e segurou o rosto de Jeon. Não que o mesmo tivesse feito muita coisa, apenas franziu a sobrancelha e tentou empurrar o loiro.

— Você estava chorando? — o moreno arregalou os olhos completamente surpreso. Era tão nítido assim? Sua mãe havia dito que quando lavamos bem o rosto, nosso aspecto melhora. Por esse motivo ele havia passado quinze minutos no banho esfregando a espuminha na pele e em volta dos olhos. — Foi pelo Jimin?

Jungkook se perdeu em pensamentos novamente, seus olhos se desviaram para baixo ao que seu rosto se tornava aquela máscara de sempre. Taehyung suspirou, notando como apenas aquele simples nome era capaz de afetar o moreno de tal maneira. Ele estava realmente apaixonado. Apaixonado demais. E Jeon era alguém… Realmente bobo demais para isso.

— Você tem medo de conversar com ele? — o moreno retesou o corpo e o loiro sorriu, notando que havia finalmente acertado algo. Aliás, aqueles dias estava tão complicado entendê-lo que ao vê-lo daquela forma sentia vontade de estufar o peito. O mais novo suspirou.

— Só não quero saber que não posso ter o sorvete de flocos… — Jeon respondeu baixinho, lembrando-se de sua conversa com sua mãe. Era triste saber que talvez um napolitano realmente fosse melhor do que… Mas ele entendia, todos gostavam do napolitano, até ele gostava do napolitano! — E eu gosto… Eu gosto mesmo de flocos.

Taehyung sentiu uma enorme vontade de começar a gargalhar naquele momento. Que droga de exemplo era aquele que Jungkook estava dando? Como o loiro agredecia por ser um dos únicos que conseguia realmente entender Jeon e suas analogias estranhas. Aliás, manias e pensamentos também. O loiro suspirou e andou até a cama, sentando-se nela e batendo no colchão.

— Eu vou te dar um conselho. — Jeon o mirou curiosamente, lembrando-se do que sua mãe havia dito assim que havia terminado de chorar. Corou levemente ao se lembrar disso. Era tão estranho chorar… Nunca havia realmente feito isso, nem mesmo quando assistia filmes tristes, sua mente apenas não conseguia trabalhar para lhe deixar… Triste.

Mas quando envolvia Jimin? Ah, aí eram outros quinhentos. Cada som, risada, ato, fala, qualquer coisa que ele fizesse causava algum tipo de reação nova e incrivelmente intensa em si. Era alegria demais, sorrisos não costumeiros demais e, pela primeira vez, tristeza e lágrimas demais. Apenas de lembrar como o sorvete de flocos combinava com o napolitano seus ombros se amuavam e seu nariz ardia rapidamente.

E o mais chocante era a expressão completamente decifravel. Taehyung arregalou os olhos vendo Jungkook transformar sua face em uma carinha de cãozinho molhado pela chuva, completamente encolhido e em como sua boca se envergava em uma linha triste, fazendo com que seu queixo quase caísse. Ele estava tão… Normal. Tão expressivo.

— Vai falar pra eu roubar o potinho de flocos do napolitano? — o menino perguntou encolhido e com a voz fraca, fazendo a mente do loiro dar um estalo. Roubar o potinho? Com quem ele havia tido aquela conversa? Santo deus, as coisas já estavam se tornando confusas.

— Eu ia falar pra tomar uma atitude, mas… Com quem você conversou isso? — Jungkook sentou-se ao lado do amigo, respondendo que havia sido sua mãe. O loiro riu, já esperava que fosse algo assim. Se aproximou e abraçou o moreno, olhando para o mesmo. — Se você gosta do sorvete de flocos… Então por que não fala com ele? Por que você tem medo dele preferir o napolitano? E como você vai ter certeza?

Jeon abaixou a cabeça e apertou as mãos. Estava nervoso. Conversar com Taehyung sobre aquilo era desconfortável, ele era o único que parecia estar conseguindo lhe entender. Entender coisas que nem mesmo ele estava conseguindo. Era como se o amigo acabasse por lhe ler e então contava tudo o que via. Sentia-se… Exposto. Era assim? Estar magoado e ser consolado, era essa a sensação?

— O sorvete de napolitano sabe tudo sobre o de flocos. Eles são como… Como um espetinho misto, de frango e carne, que vêm juntos. Mas aí você pede para colocar a linguiça, mas… Ela não faz parte… E… — a cada fala ele encolhia mais os ombros, sentindo-se péssimo com o que estava falando. Em sua mente conseguia compreender muito bem Hoseok e Jimin. Eles eram melhores amigos, vieram juntos, as famílias se conhecem. Até a família deles devem apoiar tudo! Como… Não tinha espaço no espetinho.

E Taehyung só havia entendido duas coisas: Jungkook se sentia inferior e que não aguentava mais aqueles exemplos.

— Mano, você tá com fome? Porque eu não aguento mais esses exemplos com comida. Por favor, vamos mencionar o nome pra agilizar minha vida que eu também estou com a cabeça cheia hoje, o Hobi me beijou faz duas horas e eu tenho que te convencer a conversar com o Jimin. — Jungkook arregalou os olhos, processando tudo o que havia escutado. Beijado pelo Hoseok? Jung Hoseok? O napolitano? Mas… Ele não estava com Jimin? Oh, ele havia traído o Jimin!  O ruivo ia ficar tão triste com isso.

Taehyung olhou para o amigo e revirou os olhos. 

— Não é nada disso que você está pensando. Hoseok e Jimin não estão juntos. — Jungkook ergueu a cabeça irritado.

— Mas ele se beij—

— Eu sei disso, eu vi. E o motivo não foi o Jimin… — o loiro suspirou e bagunçou o cabelo. — Foi minha, entende? Hoseok gosta de mim, Kookie. — o moreno continuou com o cenho franzido. Mas se ele havia beijado Jimin ele deveria gostar do ruivo, certo? Por que ele beijaria outra pessoa caso gostasse de Taehyung? Não fazia sentido!

Era como pedir gostar de refrigerante, mas pedir suco. Ah, já havia entendido. Ele gostava dos dois. Hope estava apaixonado tanto por Jimin, quanto Taehyung. Já havia visto isso em filmes antes, Park era o relacionamento de muitos anos de Jung e o loiro foi o novo, o que abalou o namoro entre o ruivo e Hobi. Então o moreno o beijou para mostrar que estava tudo.

Céus, a situação era ainda pior. E cada vez mais Jeon se sentia diminuído.

— Jungkook? Jungkook! — o loiro estalou os dedos em frente ao rosto alheio, fazendo com que ele desse um pulinho. Jeon mirou o amigo seriamente e engoliu em seco.

— Você também gosta do Jimin? — Kim piscou algumas vezes.

— O quê? — alguma coisa no cérebro do mais velho parou de funcionar desde que havia entrado naquele quarto, não era possível. Jungkook apertou os lábios e então abaixou a cabeça.

E se Taehyung também gostasse do Jimin? E ai o Hoseok gosta dele e do Jimin e… E o ruivo talvez gostasse dos dois e então… Os três poderiam ficar juntos porque eles se gostam e seria como em filmes, porque um namoro a três acontecia em vida real, não acontecia? Mas… Taehyung gostava de Yoongi. E como ficaria Yoongi? 

Oh! E se ele gostasse do Hoseok também? E aí iss...

— Jungkook, presta atenção em mim. — Taehyung agarrou o rosto do moreno e o obrigou a lhe fitar. Havia esquecido que com Jeon a conversa só funciona na praticidade e sendo bem direto. — Hoseok está apaixonado por mim. Apenas por mim. Ele é meu, não do Jimin. Ele não quer o Hobi. Ele quer outra pessoa, entendeu? — o moreno concordou de leve, prestes a abrir a boca, mas recebeu um “calado” do loiro. — E não sou eu, nem o Yoongi, nem o Jin, Namjoon. Acho que ele não quer nem o Zac Efron e até eu quero esse homem. 

Jeon fez uma cara pensativa. Se Jimin não queria ninguém que ele pensou, então ele queria? Alguém que não conhecia? Talvez… Alguém da cidade dele?

— Por deus, eu devo ir pro céu depois disso. É você, Jungkook. Jimin quer você, gosta de você, quer trep— acabou mordendo a língua antes de continuar. Não era o momento para aquele tipo de assunto ainda. Pigarreou soltando tirando as mãos que esmagavam as bochechas de Jeon. — Entendeu?

— Mas ele beij—

— Ele não beijou ninguém, Jungkook. — o loiro o fitou sério. — Você se lembra como foi a cena? — o amigo concordou. — E como foi?

— O Hobi chegou e… — de repente as imagens foram voltando junto a sensação agoniante no peito. Aquele aperto, aquela dorzinha no estômago. Seu lábio tremeu de leve, ao que sua cabeça baixou levemente enquanto seus olhos ardiam de leve. — Beijou ele…

— E o que ele fez? — Jungkook olhou para o mais velho e então a imagem de Jimin de olhos arregalados em sua frente lhe acertou em cheio. Ele parecia mais surpreso e desesperado que si, não havia nem mesmo correspondido. Apenas empurrou o amigo e olhou abismado para esse.

E então para Jeon. Lembrava-se perfeitamente do olhar desesperado do mesmo ao lhe fitar, de como sua voz estava amuada quando voltaram para casa, como ele tentava lhe tocar levemente, tão suave que mal sentia. Recordava-se também que não havia dito nada ou feito nada naquele dia. Jimin parecia que iria chorar a qualquer por sua causa…

De repente esse pensamento lhe chocou de uma forma sem igual. Seus olhos se arregalaram e um sentimento de quem havia feito alguma coisa muito ruim lhe atingiu. A imagem do ruivo tentando conversar consigo mais cedo, seu olhar triste, sua aparência cansada. Ele estava tão….Destruído. Uma falta de ar se fez presente em seu pulmão, ao que uma vontade enorme de chorar voltou em cheio, enchendo seus olhinhos.

— Ele tava mal… — ditou baixinho e Taehyung sorriu acariciando os fios pretos.

— Você também… — o moreno havia voltado a chorar ao que mordia o lábio inferior. Alguma coisa apertava tanto o seu peito, seu estômago afundava sem dó e um sentimento de perda tão grande… Era como se seu dia não estivesse completo. Não tinha Jimin lhe trazendo pra casa quase todo dia, não tinha dança, piadinhas e nem a confusão do mesmo quando Jungkook dizia algo meio nada a ver.

O moreno fungou rapidamente, lembrando mais uma vez o som da risada fofa do outro. Era tão bonita e… Ele era bonito… E tão legal… E… Não entendia, faltava algo, faltava tanto algo, doía… Ele queria alguma coisa de volta, mas não estava entendendo o que. Era como perder algo que você nunca teve… Era como sentir falta de Jimin.

Ele estava mesmo morrendo de saudades do ruivo e até de suas palhaçadas.

— E aí, você vai continuar ignorando-o? — Jeon negou com a cabeça, enquanto limpava com as costas da mão os seus olhos. Taehyung sorriu alegremente e pulou da cama, pegando um casaco e jogando nas coxas grossas do moreno. — Ótimo, então veste que eu vou chamar um táxi. — o moreno limpou o rosto e vestiu o casaco, notando que tanto ele quanto o loiro estavam de pijamas.

— Táxi? — Kim digitava algo no celular, logo dizendo que logo o automóvel chegaria.

— Sim, porque a pé nessa chuva que não vamos. Me recuso a ir de ônibus. — Jungkook franziu o cenho.

— Vamos aonde? — o loiro sorriu.

— Buscar seu Príncipe encantado. E eu para casa. — Jeon olhou para as próprias roupas azuis.

— Pijama pode ser considerado um vestido de gala?

— O táxi é amarelo igual uma abóbora. — os dois se olharam.

Realmente apenas aqueles dois se entediam.

[...]

Estava mesmo certo em fazer isso? Quer dizer, o mundo estava chorando em sua cabeça e devia estar ao menos quinze minutos parado em frente a portaria, molhado e tremendo de frio. Aparentemente correr alguns metros de um carro até uma pequena varandinha era o suficiente pra parecer que havia acabado de sair de uma piscina. No vidro da porta seu reflexo mostrava como seus cabelos estavam pro alto e também os olhos inchados.

Será que Jimin lhe acharia feio por estar de pijamas ali? Em filmes eles são sempre tão bem vestidos…

O bipe de porta destrancada soou e o moreno entrou correndo, esfregando os braços com força até o porteiro lhe atender. Ele pediu para indicar o apartamento – coisa que o próprio Jeon não sabia e teve de perguntar depois qual era –, então apenas deu um nome e logo o porteiro lhe deixou subir.

No elevador seu nervosismo havia subido consideravelmente. Nunca em toda a sua vida havia feito aquilo. Antes de sair de casa acabou dizendo para sua mãe que iria dormir com Taehyung. E realmente achou que iria, não que seria enxotado do táxi e o veria apenas dar um “fighting” e sumir. Agora estava ali subindo até o andar do apartamento de Jimin esperando para não morrer de hipotermia e também de vergonha.

Devia mesmo estar ficando como Taehyung. Aliás, o que iria conversar com Jimin? Só dizer oi? Não, parecia tão estranho… Eles estavam desde o beijo sem se falarem realmente. Sem dizer que hoje mais cedo saiu correndo quando o mesmo viera falar consigo, então provavelmente ele devia estar muito bravo consigo. Sera que ele ficaria chateado por ter ido ali?

E se ele não quisesse mais conversar com Jungkook? E se estivesse tão magoado e não quisesse nem mais ser amigo do moreno? Não queria isso, seria pior do que escutar que ele preferia napolitano a qualquer sabor de sorvete que Jeon fosse. Suspirou baixinho apertou os olhos, seus pensamentos explodiam em mil formas em sua mente enquanto decidia o que fazer. Sem notar sua mão esbarrou na campainha, mas nem mesmo escutou a mesma soar. 

De repente começou a imaginar mil coisas. E se Jimin na verdade tivesse ido hoje mais cedo para dizer: você não gosta de pistache, então não podemos mais ir em nenhuma sorveteria. Ou então: eu não gosto de coelhos e você parece um. Não, se bem que uma vez ele havia lhe dito que gostava de coelhos sim.

Espera… E se ele tivesse lhe chamado hoje apenas para dizer: “Desculpe, Kookie… Eu nunca gostei de você dessa maneira”.

E então o moreno parou de andar, olhando para a porta de Jimin e vendo como tudo parecia tão quietinho. Sua testa encostou no batente da mesma. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele já estava começando a se sentir realmente irritado em como parecia um bebê chorão. Estava mesmo cansado de olhar para Park e ver tudo ao seu redor brilhar, olhar pra boca dele e pensar que queria muito um telão de cinema, que falar com ele deixava seu dia quentinho.

Cansado de simplesmente transbordar tantas coisas que não sabia absolutamente nada sobre. De não saber lidar consigo mesmo e nem o que virava quando estava ao lado de Park.

A porta se abriu e um ruivo de cabelos desgrenhados e uma cara enorme de sono arregalou os olhos, tropeçando de leve quando escancarou a porta. O coração do mais velho parecia ter ido parar na garganta, enquanto tudo o que pensava era se estava sonhando por ter Jungkook bem ali na sua frente.

O moreno fitou o mais baixo, seus olhos brilharam levemente e pra ser sincero não sabia se eram lágrimas ou felicidade. Estava sem ar, estava quente, tremia de leve e não conseguia por nenhum pensamento seu no lugar. Antes aquelas coisas ruins que falavam agora desapareceram e Jeon não conseguia enxergar ou pensar algo que não fosse apenas Park Jimin.

Park Jimin sorrindo.

— Jungkook! — os olhos do ruivo brilharam como faróis e aquele lindo sorriso apareceu em seus lábios. O coração de Jungkook acelerou no peito.

Park Jimin olhando para si.

— Oi… — respondeu baixinho ao que o ruivo se aproximou.

Park Jimin só de pijama.

O mais velho olhou Jungkook de cima a baixo, vendo-o tremer levemente e então olhou para o corredor. Ele havia vindo na chuva apenas para lhe ver?

Park Jimin respirando.

— O que está fazendo aqui? — perguntou preocupado e então tocou os braços de Jeon, vendo-o estremecer levemente. Tanto tempo que realmente… Realmente Jungkook não se abria para Jimin, não se tornava decifravel pra ele. E Jeon gostava quando o ruivo conseguia saber das coisas sem explicações.

Apenas Park Jimin.

E Jungkook estava realmente completamente apaixonado por apenas esse Park Jimin. Não era só gostar, havia demorado para entender isso finalmente.

— Jimin-ah, eu… Realmente gosto… Gosto muito de você… 

De todas aquelas coisas que Jungkook sentia e simplesmente não conseguia compreender o porquê de serem assim, a mais fácil de se entender era aquela.

Era porque ele era realmente, de verdade mesmo, apaixonado de Park Jimin. 
Como em filmes, novelas e os livros de ciência tanto explicavam.

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