Um Lugar para Nós Dois

By mylendo

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Camilla é uma garota extrovertida, cercada de amigos e que está sempre frequentando festas e bares ao redor d... More

Prólogo
Um encontro Perfeito
Revelações
O Festival
O jantar desastroso
Segredos
De volta a rotina
Girassóis
Boas notícias
Brigadeiro e Mojito
Plantação de Girassóis
Capítulo Especial: O início
Resgate
Jonas
Amigos
Outro Lado da História
Um copo de whisky ou dois
De volta ao quase normal
Uma tarde no parque
Mais um ponto de vista
Uma folga nos problemas
A Fuga
Telefonemas
Hospital
Um acordo
Parceiros
Família
O pai e o irmão
Redenção
Conversa Sincera
Despedidas
Formaturas e presentes
Epílogo
Agradecimentos

Cativeiro

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By mylendo

Acordei com frio, minha garganta ardia não sei se era sede ou se eu estava ficando resfriada pela baixa temperatura, além da dor na cabeça onde fui golpeada. Abri os olhos lentamente tentando enxergar alguma coisa, percebi que estava em movimento, tentei me mexer, mas o espaço era apertado, eu estava no porta-malas de um carro. Meu primeiro instinto foi tentar gritar, porém sabia que ninguém me ouviria.

De dentro do carro eu conseguia ouvir uma música, só que de tão baixo eu não reconhecia qual era. Não sei dizer quanto tempo passei trancada ali, o carro fazia curvas em alta velocidade me arremessando de um lado para o outro naquele cubículo escuro e apertado, eu colidia com as paredes e o teto quase o tempo todo o que me rendiam muitas dores. Em determinado momento bati a cabeça e eu tinha certeza de que tinha cortado minha testa.

O veículo parou, ouvi as portas abrirem e ouvi passos em direção a traseira do carro, me encolhi sem querer como se isso pudesse me proteger. Quando o porta-malas se abriu pude ver duas figuras encapuzadas, um deles fez sinal para que eu ficasse em silêncio, eu assenti enquanto as lágrimas corriam pelo meu rosto. Eu nunca senti tanto medo.

– Se você gritar a gente acaba com você aqui mesmo, tá entendendo? – o outro disse enquanto me forçava a sair do carro.

Eles me conduziram para dentro de um barracão me lançando para dentro de um quartinho nos fundos. O lugar era escuro e apenas uma lâmpada fraca do lado de fora iluminava pelas frestas da janela que estavam isoladas com madeira grosseiramente pregadas sobre o vidro quebrado. Havia uma cadeira velha e um colchão surrado e encardido. O encapuzado que falou me empurrou em direção ao colchão e sentou na cadeira enquanto o outro permaneceu em pé atrás dele com um revólver nas mãos.

– É o seguinte, patricinha – o que estava sentado começou a falar paciente – Você vai ficar aqui quietinha até a gente conseguir o que quer. Se você se comportar não vai ter problemas, aí só vai depender da colaboração das pessoas lá fora.

– Meu pai tem dinheiro – falei com o desespero engolindo minha voz. – Quanto vocês precisam? Ele paga, só não faz nada comigo.

– E você acha que a gente não sabe? – eu pude perceber o escárnio – É por isso que você tá aqui. Teu papai vai dar uma boa grana pra gente e você tá livre, mas como eu disse você precisa se comportar ou você não vai gostar do que vai acontecer com você. Entendeu?

Eu apenas assenti nervosa.

– Ótimo. Para mostrar que eu sou legal, eu vou trazer água porque você veio sem gritar.

Ele se levantou saindo enquanto o outro continuou no mesmo lugar me encarando. Logo ele voltou com uma garrafa pet cheia de água, colocou ela no chão próximo ao colchão e saiu levando a cadeira consigo, eles fecharam a porta atrás de si me deixando sozinha ainda no chão. Primeiro me estiquei para alcançar a água que desceu rasgando minha garganta, depois caminhei pelo quarto procurando alguma possível saída em vão.

Mesmo a janela quebrada havia muitas madeiras pregadas pelo lado de dentro e de fora, seria impossível arrancar todas usando somente as mãos, sem contar que as chances de fazer barulho e chamar a atenção de meus sequestradores era alta. Me coloquei na ponta dos pés tentando enxergar algo pelas aberturas entre as tábuas, mas estava tão escuro que eu não conseguia ver além da luz da lâmpada.

Retornei ao colchão e me sentei com as costas na parede, minha cabeça ainda doía, me lembrei da pancada na testa e passei a mão para ver se tinha sangue, aparentemente não havia cortado. Olhei em volta mais uma vez e sem conseguir me conter caí numa crise de choro que me fazia soluçar. Me perguntei se meus pais já estavam cientes do meu desaparecimento, quanto tempo havia se passado desde que saí da faculdade. Talvez eles ainda não soubessem porque eu avisei que dormiria no apartamento de Bernardo.

Ah, Bernardo. Ele sim estaria preocupado já que eu deveria ter chego 20 minutos depois de ter mandado mensagem para ele. Foi então que me lembrei do meu celular caído, do "eu te amo" não respondido mais uma vez. Eu me sentia péssima. Eu estava apavorada, mas não podia deixar de pensar no quão triste era o fato de não ter conseguido outra vez dizer a ele o que eu sentia, agora por uma razão ainda mais grave. Eu só queria que aquele pesadelo acabasse para ver as pessoas que eu amo novamente.

Acordei com os raios de sol no meu rosto, quis acreditar que abriria os olhos em casa e que tudo não teria passado de um pesadelo terrível, mas eu era capaz de perceber que estava deitada naquele colchão velho que de tão fino eu podia sentir o chão. Puxei o cobertor velho e batido que haviam deixado para mim e sentei enrolada nele, logo ouvi barulho na porta, pareciam correntes mexendo e entendi que ela estava para ser aberta. Entrou uma das figuras encapuzadas, nas mãos havia um pacote pardo:

– Café da manhã – disse arremessando o pacote ao meu lado – Precisa ir ao banheiro?

Eu assenti soltando o cobertor. Ele fez um sinal para que eu o acompanhasse, andei até a porta e ele agarrou meu braço me puxando para fora do cômodo em que passei a noite. Agora com a luz do sol eu podia ver melhor o barracão que era um lugar sujo, vi partes do que pareciam máquinas agrícolas cobertas por lonas sujas e parcialmente rasgadas logo na entrada. Mais à frente, na parede oposta ao quarto, havia uma mesa velha de madeira com duas cadeiras, uma delas reconheci sendo a mesma de ontem anoite.

O outro sequestrador estava ali encostado na mesa limpando as unhas com um canivete, ele não usava mais capuz o que me deixou confusa. Ele tinha o cabelo amarelo descolorido, uma cicatriz na testa que pegava parte da sobrancelha e da pálpebra, ele me acompanhou com os olhos, eram escuros e assustadores, estava vestindo uma regata surrada que exibia sua tatuagem no antebraço, algo que parecia um rosto feminino que eu não identifiquei.

Fui puxada para parar, poucos passos separavam a porta do cômodo que eu estava da porta do banheiro, ambas viradas para dentro do barracão. O banheiro fedia como se não fosse usado há muito tempo, entrei e encostei a porta atrás de mim, a janela também estava tampada com algumas tábuas, fui até o vaso e fiz xixi rapidamente depois abri a torneira para lavar as mãos naquela pia tão imunda quanto o resto do lugar. Abri a porta e novamente fui conduzida pelo braço de volta para onde estava.

Sentei no colchão e abri o saco pardo, havia um pão com mortadela, meu estômago roncou me lembrando de que eu não havia comido nada desde ontem a tarde antes da aula. Mordi o pão dormido mastigando com certa dificuldade, lembrei do Sanduíche Especial do Jonas, da comida saborosa da Glorinha e novamente chorei desejando voltar para casa. Um deles havia revelado o rosto para mim, aquilo não me parecia bom sinal, eles não pretendiam me libertar.

Mentalmente repassei o que vi no lugar, a porta do barracão era alta e com uma roldana grande sobre um trilho enferrujado, estava fechada com uma corrente e um cadeado pesado, não havia chances de passar por ela. Minha melhor alternativa era a janela do banheiro, reparei que as madeiras estavam podres e talvez se eu fizesse alguma força poderia quebra-las e pular, mas eu teria que ser rápida e correr muito, eles eram grandes demais para me seguirem pela janela, teriam que passar pela porta, o cadeado e as correntes os atrasariam um pouco me dando certa vantagem. Eu escolheria a melhor hora para executar meu plano de fuga.

Andei novamente até a janela que ficava virada para o mesmo lado que a janela do banheiro, analisei a altura e vi que dava para aterrissar sem grande dificuldade, havia uma plantação que se estendia a frente, eu teria que passar por dentro dela para fugir, seria uma rota boa pois as plantas eram altas, eu não conseguia discernir a espécie já que a madeira tampava o topo, no entanto pareciam altas o suficiente para me encobrir.

Ouvi vozes, eram baixas então me aproximei da porta para tentar ouvir. Mesmo assim os dois conversavam quase sussurrando e era impossível discernir as palavras, percebi que estavam vindo em minha direção e me afastei para não ser apanhada. Outra vez ouvi barulho na porta e um deles gritou para mim:

– Pro colchão – ordenou.

Acatei a ordem me sentando novamente no colchão velho e ele abriu a porta, era o homem dos cabelos amarelos. O outro o acompanhou, mas parou na porta enquanto ele entrava, agora que ele estava perto identifiquei que a tatuagem era da Arlequina, muito coerente para um bandido. Nas mãos dele havia um celular, meu coração gelou. Ele percebeu meu olhar assustado fixo no aparelho e deu um sorriso maldoso:

– Hora de falar com o papai, boneca.


Oi galera!

E então, o que você achou desse capítulo? A Cami está em situação bem perigosa. O que vai acontecer? Ela vai sair dessa? Como?

Comentem aí, quero saber a opinião de vocês.

Beijos!

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