Escarlate

By just4rabia

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Rafaella e Bianca se descobrem mais compatíveis do que imaginavam, mas, após uma longa e intensa história de... More

Au revoir, maman.
Dépayser.
Trahison.
Bouche.
Parfait Pour Moi.
Le Désir.
Flashback 1
Préconception.
Flashback 2
Quelqu'un Que Vous Aimiez.
Le Début de Tout.
Je veux être ta femme.
La Grossesse.
Notre Petite Fille.
Jaloux.
Première Fois.
Mon Bonheur.
Fleur Bleue.
Quel est le nom de votre nouvel amour?
Rencontre.
Maternité.
Écarlate.
Enfant.
Fête.
Hôpital.
Luxure.
Tout Por Toi.
Amoureux d'une Femme.
Pour Ton Sourire.
Famille.
Anniversaire.
A Toi Pour Toujours.
Épilogue.
*Bônus*
*Extra*

Nouvelle Vie.

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By just4rabia

Novembro de 2031.
São Paulo.

Bianca estava deitada junto com a filha na cama do hospital enquanto Rafaella fazia algumas ligações. A criança estava fraquinha, mal conversava, parecia apática na maior parte do tempo. Parecia mais pálida também, com a pele levemente amarelada.

L: Mamãe? - a voz chamou fraca. Rafaella desligou imediatamente a ligação.

B: Oi meu amor, a mamãe tá aqui, diga. - respondeu sorrindo, fazendo um carinho na testa dela. Rafaella segurava o choro.

L: Eu quero a mamãe... - soou chorosa. - Fica aqui também, mamãe.

Bianca olhou para a mineira, sorrindo. A mais velha estava tensa desde que recebera a notícia do transplante, e naquele momento parecia que todos os problemas haviam desaparecido. Rafaella deitou do outro lado, quase caindo, acolhendo o corpo da menina perto do seu.

L: Eu amo vocês, mamãe. - disse baixinho.

R: Nós amamos você, Laurinha. Você é a  princesa das mamães, sabia?

L: Eu não sou mais princesa, mamãe. - disse, triste.

B: Claro que é, Laura Kalimann Andrade.

L: Eu tô doente, mamãe. E eu sei que vocês passam o dia todo chorando.

R: Filha, mas você vai ficar boa. A gente está no hospital justamente para você melhorar logo. Eu e sua mãe estamos um pouquinho tristes porque nos preocupamos muito com você.

L: E por que eu não melhoro? Tô aqui há muito tempo, e eu só me sinto pior. Queria ver os meus irmãos... - fez bico.

R: Meu amor, é só uma questão de tempo. Como você tá agora?

L: Mal. - disse, simples. - Minha barriguinha dói, e eu não aguento mais ser picada todo dia, nem mesmo aguento tomar aquele remédio que entra na minha... como é o nome mesmo? Veia?

R: Isso. - sorriu. - Você tá com saudade dos seus irmãos, é? - tentou mudar o foco. - Podemos ligar para eles, que tal? E outro dia a gente combina da Malu vir te ver.

Ficaram na ligação um tempo, as duas crianças estavam no apartamento da mineira, sendo cuidadas pelos avós e primas de Rafaella, que também estavam lá. Depois de mais uns minutos, precisaram colher mais sangue da menina e os médicos confirmaram o que Laura ainda era a terceira da fila de transplantes, mesmo sendo um caso grave. Já faziam alguns dias, e nada havia mudado na ordem de espera, enquanto o quadro da filha mais velha das duas mulheres só piorava.

B: Podemos tentar logo o doador vivo? Nossa filha está morrendo, doutor. - disse, baixinho.

Dr: Eu ia sugerir o mesmo, Bianca. De acordo com os exames das últimas 24 horas, o fígado dela pode dar falência total em breve. - disse, encarando os castanhos da mulher. - É melhor iniciar os testes agora, começando por você. É a melhor chance dela, caso seja compatível.

Rafaella não ouviu nada da conversa, pois distraía a menina enquanto uma enfermeira administrava o medicamento na veia dela. O médico pediu para que a carioca o seguisse, mas ela foi antes falar com a mineira, a chamando para que Laura não ouvisse.

B: Eu vou ver se sou realmente compatível e se preencho todos os requisitos desse protocolo de transplante... - soltou tudo de uma vez, quase sem ar. - Eu vou agora, e você fica aí todo o tempo, ok? - encheu os olhos de lágrimas. - Por favor, torce para que dê certo, Rafa, ele disse que eu sou a melhor chance dela, não posso falhar.

R: Vai dar tudo certo, Bia. - deu um beijo na cabeça dela, segurando seu rosto, com uma mão de cada lado. - Vai lá!

Bianca voltou mais de uma hora depois, completamente sem reação alguma no rosto. Como já era noite, Laura dormia e Rafaella estava rezando na poltrona ao lado dela, para que a carioca fosse compatível. Ao perceber a chegada da mais nova, a mineira levantou.

R: E aí? Deu tudo certo? - perguntou, esperançosa.

Bianca só conseguiu chorar. As lágrimas escorriam rapidamente e a mulher não emitia som algum, completamente em dor. Se viu desesperada, sem saber o que fazer. A mineira ficou entristecida, e muito preocupada com o estado de Bianca ali desmoronada em sua frente. Entretanto, esperou que a mulher se recompusesse para conversarem.

B: Eu teria tudo para ser compatível com a minha filha, Rafa... - começou, do nada, assustando a mineira. - O tipo sanguíneo e todos os vários exames que fizeram comigo. O médico até disse que parecia que ela só tinha mãe, genética e fenótipo.   

Rafaella sorriu.

B: Mas aí... - fez uma pausa. - Eu sofri aquele acidente no começo do ano... - fez menção para continuar chorando, e a mineira pegou em suas duas mãos, a encorajando a falar. - E eu não sei se você lembra, ou sequer sabe, mas eu passei por uma neurocirurgia.

R: Eu sei... - disse, lembrando bem da situação.

B: No pós-operatório, eles precisaram me dar alguns medicamentos para previnir sequelas, como convulsões. E um desses remédios provocou uma pequena lesão hepática, pelo o que eu entendi.

R: Ô Bia... - abraçou a mulher fragilizada.

B: Eu queria muito poder doar, Rafa... doar para nossa menina, mas eu não posso! Eu disse que não me importava com os riscos para a minha saúde, mas a ética médica não permite. - enxugou as próprias lágrimas. - Ele disse que a merda desse medicamento aumentou umas enzimas aí e causou essa lesão, mas eu nunca tive nada, Rafaella! Ainda que seja algo leve e que não me traga maiores complicações para mim no futuro, não posso ficar sem uma parte do meu fígado.

R: A gente vai encontrar outro doador, Bia. Pelo o que eu li e perguntei pra Thelma e pra Marcela, essa avaliação é bem rigorosa mesmo.

B: Eu sei... - disse, ainda tentando parar de chorar. - Eu sou uma inútil! Nem salvar a Laura eu vou poder... era melhor que nossos filhos fossem todos gerados por você! Você conseguiria doar!

R: Deixa de falar bobagem, Bianca. - falou séria. - Se fossem as duas geradas por mim, a Laura não seria a Laura e eu não teria uma cópia sua para morrer de amor toda vida que olha para mim. Os olhos dela, e todo o resto, são iguais aos seus. - disse, olhando admirada para a carioca.

Bianca olhou bem para os verdes merejados da mais velha, que tinha a expressão muito transparente para a interpretação da carioca. Por um instante, sentiu muita vontade de poder beijá-la, mas se conteve muito para não o fazer.

B: Minha mãe tá vindo com a Íris para o hospital... - disse, tentando não pensar mais no que estava pensando. - As duas têm o mesmo tipo sanguíneo, meu pai e meu irmão não têm, então... são duas chances a menos.

No final do dia seguinte, foi descoberto que nenhuma das duas poderia doar. Mônica era diabética e Íris apresentou na tomografia uma má-formação anatômica no fígado. Bianca e Rafaella estavam novamente sozinhas no quarto com a filha adormecida, aos prantos.

Não sabiam o que fazer, só iriam conversar com o médico no dia seguinte pela manhã para verem o que fazer, até que Bianca recebeu uma notificação do WhatsApp. Era Clara enviando uma foto de Malu.

"Olha quem se divertiu hoje no parque e tá morrendo de saudade da mamãe dela! Amamos você, Bia."

Bianca sorriu enquanto chorava e ficou apreciando a beleza da caçula, até que Rafaella sorriu também ao perceber o sorriso largo da carioca.

R: Que foi? - sorriu mesmo sem ver o que era, mas por ter visto a carioca assim.

B: A Malu tá a sua cara nessa foto. - mostrou o aparelho. - Ela sempre é sua cara, mas eu consegui te ver aqui por um segundo.

R: Verdade! - sorriu. - Que saudade dela, Bia.

B: E se... Rafa, e se você fizesse os exames para testar compatibilidade?

R: O médico disse que tinha que ser da família consanguínea, Bia. - abaixou os ombros, entristecida. - Bem que eu queria...

B: Ele disse "preferencialmente", Rafa. - corrigiu. - Se não for doador consanguíneo, pode aumentar as chances de rejeição, mas e aí? Melhor testar a sorte e, na pior das hipóteses, voltar à estaca zero do que ficar aqui de braços cruzados assistindo a minha filha definhar nessa cama de hospital.

R: Não sei não, Bia.

B: Rafaella, ela vai morrer! - disse, por fim. - Eu não vou ficar aqui esperando sem saber se realmente fizemos o máximo que conseguimos fazer por ela.

R: Eu sei, eu só... só tenho medo de dar ruim e ela rejeitar o fígado e acabar pior do que está agora. E se conseguirmos um doador pela fila de transplante nesse meio tempo? Ela agora é a segunda, Bia.

B: Não! - disse, incisiva. - Vamos conversar com o Dr Caio amanhã e resolver isso. Se não for você, alguma outra pessoa da sua família ou algum amigo que possa doar parte do fígado para a Laura! Eu não vou parar até salvarmos a vida dela.

R: Bia, eu também tô com você nessa, viu? Só peço para que a gente tenha calma e serenidade para resolvermos essa situação da melhor maneira possível.

B: A Laura é tudo o que eu tenho... - abaixou a cabeça, choramingando novamente. - Junto com a Malu, é óbvio.

R: Eu sei, Bia... para mim também.

B: A Laura foi muito desejada, né? - riu fraco. - A gente fez tantos planos e mais planos... a gestação dela foi difícil, senti todos os sintomas juntos... e ela nasceu tão perfeitinha.

R: A nossa bolinha... - riu. - Lembre que você chamava ela assim?

Bianca riu fraco, apoiando uma de suas mãos na mão de Rafaella que repousava em sua perna.

B: Ela é tão parecida com você, Rafa. Ela é a minha cara, eu sei, mas todas as atitudes dela são suas. Ela dorme igualzinho a você...

R: Desde pequenininha, né? - sorriu, visualizando a criança no outro lado do quarto.

B: Eu me odeio por ter estado naquele acidente... poderia salvar nossa filha agora!

R: Bianca, são coisas que, infelizmente, fazem parte da sua história. Aquele acidente infeliz serviu talvez para alguma coisa que a gente só vá entender no futuro... - disse, pensativa.

B: Talvez para nos reaproximar, não é? - sorriu. - Assim, eu digo, porque antes a gente mal conversava, ou ficava um clima desconfortável quando precisávamos estar no mesmo ambiente. Eu sinto que depois do acidente tudo isso mudou.

R: Claro que mudou... - sussurrou. - Eu me vi desesperada achando que perderia você, Bia.

B: Desculpa te causar esse susto. - riu.

R: Você não faz ideia do que eu senti, Bia... - arqueou uma sobrancelha. - Talvez você saiba.

B: E talvez seja melhor não ser dito, não é?

R: Você vai casar, eu já sei. E eu espero do fundo do meu coração que vocês sejam felizes. Eu vi ela aqui com você outro dia... - pausou um pouco antes de continuar, limpando a garganta. - Vocês formam um casal bonito.

B: Obrigada. - se resumiu a responder isso, confusa com tantos sentimentos aflorados naquele momento.

•••••

Dr: Rafaella, de acordo com os resultados dos seus exames...

A mineira apertou mais forte a mão de Bianca, sentada ao seu lado naquela sala com todos os médicos presentes. As expressões de todos eles eram positivas.

Dr: Você é compatível para doação! - sorriu sincero. - Parabéns! A Laura vai poder receber uma parte do seu fígado, e vai salvar a vida dela.

Bianca caiu em lágrimas no mesmo instante, sorrindo largo para a mineira que, não conseguia fazer outra coisa além de agradecer ao médico. As duas se abraçaram, a carioca fazendo um carinho nos cabelos da mais alta, dizendo em seguida:

B: Você é perfeita, Rafa. - falou baixinho. - Tinha que ser você!

R: Nós duas conseguimos, Bia. - soltou o abraço para poder olhar nos olhos dela. - Nós vamos levar a nossa filhinha para casa.

O ambiente estava repleto de boas energias e alegria. Cada pessoa ali na equipe médica acompanhou todo o longo processo da garota que sensibilizou todos.

B: E como vai ser agora, doutor?

Dr: Bem, as duas cirurgias serão realizadas ao mesmo tempo, em salas cirúrgicas diferentes e com equipes diferentes.

B: E demora muito? - parecia aflita, Rafaella olhou terna para ela, lhe passando confiança.

Dr: Sim, infelizmente, não é uma operação tão rápida assim, pode demorar até 8 horas esse processo todo. Ou um pouco mais, não temps como precisar ao certo o tempo.

B: E os riscos?

Dr: Bom, a gente já sabia que não se trata de um quadro fácil... nada do estado da Laura é simples, então a complexidade é sim muito alta. Mas vamos fazer o possível e o que tiver no nosso alcance para que seja tudo feito da melhor maneira possível. - as duas engoliram em seco. - Mas não é segredo para ninguém o quanto esse fígado dela está quase inteiramente sem função.

R: Mas pode causar alguma sequela, doutor? - a mineira pela primeira vez se pronunciou.

Dr: Em qualquer transplante, existe a chance de rejeição do órgão, ainda que pequena. Como a Rafaella não é consanguínea da Laura, essa chance aumenta um pouquinho. Mas é a melhor chance que a Laura tem no momento.

B: O que você nos aconselha, então? Fazer ou não fazer o transplante?

Dr: Bem, para ser sincero, se fosse um dos meus filhos, senhoras, eu arriscaria. Continuar esperando pode nos levar ao pior. A Laura não pode mais esperar.

B: E depois da cirurgia, como vai ser?

Dr: Risco de infecções, alguns sintomas, desconforto... mas isso a gente resolve de uma maneira simples. O importante mesmo é que ela receba esse transplante.

B: Mas não tem chance de... - Bianca sentiu um frio na barriga. - Chance de ela vir a falecer na mesa se cirurgia não, né?

Dr: Eu não posso mentir, vocês sabem... eu não tenho como garantir isso. Não posso dar falsas esperanças, mas as chances não são altas, a não ser que o organismo dela apresente complicações inesperadas.

B: E a Rafa? Ela vai ficar bem?

Dr: Praticamente impossível acontecer isso com ela durante a cirurgia, já que ela é saudável e completamente capaz de se recuperar da melhor maneira possível.

R: Eu não quero saber de riscos, não. Eu vou doar de qualquer maneira. Eu só quero saber se minha filha vai ficar bem...

Dr: As primeiras 48 horas... de repente 72, dependendo do caso, são decisivas. Mas depois disso, se ela estiver estável, só tende a melhorar. Depois de 3 meses, a estabilidade do quadro é de praticamente 100%, mas óbvio que precisará de alguns cuidados, principalmente no primeiro ano pós-transplante. Alimentação, hábitos, consultas... mas ela vai ter uma vida como a que tinha antes com o tempo, com o fígado novinho em folha. Ela praticamente vai nascer de novo.

Bianca só sabia chorar e abraçar a ex-esposa desde que a equipe médica deixou a sala, para que aa duas ficassem a sós processando tudo.

R: Vou em casa pegar algumas coisas para mim e para a Laura, certo? - disse, limpando as lágrimas da carioca com o polegar.

Bianca concordou com a cabeça, visualizando Clara do lado de fora, já que a porta era parcialmente de vidro.

B: Certo, então vai. - se afastou um pouco dela. - Descansa, se quiser, eu vou estar aqui o tempo inteiro, você só precisa chegar mais tarde para ser internada antes da cirurgia. - sorriu. - Até mais tarde, Rafa.

•••••

B: 6 horas a Rafa e umas 8 ou 10 para a Laura... - abaixou a cabeça, um tanto nervosa. - Difícil demais aguentar uma coisa dessas, mãe. A cirurgia vai ser daqui a algumas horas.

M: Como elas estão?

B: A Rafa tá ótima... - sorriu ao pensar na mineira. - E a Laura tá apática, mãe. Ela está tão ruinzinha, eu tô com uma sensação tão ruim dentro de mim...

M: Porque você é nervosa e pessimista demais, minha filha. Elas vão ficar bem.

B: Mãe, mas e se minha filha não aguentar? Eu não entendo nada de cirurgia, mas... e se houver alguma complicação? Infecção? Se o coração dela parar? - disse, com a voz arrastada. Estava exausta.

M: Isso não vai acontecer, Bianca.

B: Como você pode ter tanta certeza?

M: Porque ela é forte, e é minha neta. Eu acredito muito nela, vai conseguir superar isso.

B: E a Rafa, mãe? Eu me preocupo demais... ela tá lá, perfeita, e se morrer na mesa de cirurgia? Eu nunca vou me perdoar.

M: A Rafa vai continuar perfeita, Bianca. Deixa de falar bobagem.

B: Eu queria ter ido com ela pegar as coisas, sabe? Mas a Clara tava lá e... bem, eu tive que ficar com ela, né? Eu mal falo com minha noiva, mãe. Tá tudo errado.

M: É o momento que vocês estão passando filha, completamente compreensível. Você sabe que a Clara não é mais aquela pessoa explosiva de antes, ela confia em você.

B: Eu sei, mãe, mas... eu tô com medo de não estar sendo sincera comigo mesma e, consequentemente, desleal à Clara.

M: Como assim?

B: Eu amo ela, mãe, amo mesmo. Amo de verdade. Ela é ótima para mim...

M: Mas? - um esboço de sorriso surgiu no rosto da senhora.

B: Mas a Rafa, mãe, é a Rafa... não sei se voltaria com ela, mas só de ter essa dúvida no meu coração já me desespera. E a Clara já sabe disso, ela percebe toda hora. Mas mesmo assim está comigo...

M: Nã em como você tomar nenhuma decisão nesse estado, Bia. Você está vulnerável.

B: É que... uma hora dessas não faz sentido nenhum eu não estar com a Rafaella. Se acontecer alguma coisa com as duas, eu prefiro morrer.

M: Não vai acontecer nada, Bianca. Por Deus! - começou a se irritar com as falsas esperanças da empresária.

B: Eu queria que fosse eu... - disse, depois de algum tempo sem silêncio. - Porque se eu morresse, saberia que elas ficariam bem juntas. Não precisaria envolver a Rafa nisso.

M: A gente tem que agradecer é que ela é compatível. Vai dar tudo certo, minha filha. Eu tenho certeza.

B: A gente tem conversado muito esses dias aqui, sabe? Só tenho a ela e ela só tem a mim numa situação dessas... e eu percebi que sinto muita saudade de conversar com ela, sobre as meninas, sobre a vida... parece que eu tô conhecendo a Rafa de novo, mãe. Ela virou mãe no mesmo momento que eu, e agora ela vai doar um pouco dela para a nossa filha. Mais do que nunca, somos uma família.

•••••

C: E a Laura, amor? Já sabe da cirurgia? - a gaúcha estava sentada em um banco da área externa arborizada do hospital, com a carioca em seu colo, descansando.

B: Não, ela não sabe de nada.

C: Mas vocês vão falar, não é?

B: Sim, tô esperando a Rafa voltar para conversarmos com ela juntas. - sorriu.

C: Você acha que você e ela estão mais próximas com essa situação toda, Bia?

B: Com certeza! De um jeito horrível, mas precisamos nos aproximar diante de tudo isso que tá acontecendo. Claro que existe uma falta de intimidade devido a tudo que já aconteceu entre a gente, mas conseguimos conversar sobre tudo.

C: Que bom! - torceu os lábios, mas a carioca não percebeu.

B: Nada daquilo do passado faz mais sentido, não tem a menor importância hoje, sabe?

C: As meninas são maiores do que tudo, né? - continuou acariciando os cabelos dela.

B: O amor que sentimos por ela, Clara... é capaz de tudo. Eu faço qualquer coisa pelas minhas filhas.

C: Claro que faz, meu bem. Eu sei que você faz... - abraçou a cabeça dela, dando um beijo na testa em seguida. - Tá tudo bem!

•••••

B: Meu amor, lembra daquele filme que nós assistimos no cinema pela última vez?

A menina pálida e cansada olhou para as duas mães com dificuldade, que estavam em pé lado a lado, perto de sua cama. Apenas assentiu.

B: Você lembra da menininha que precisou fazer uma cirurgia para ficar bem?

Confirmou de novo.

B: Então, você vai precisar fazer a mesma coisa hoje a noite... - ela arregalou os olhos. - Pra você melhorar e voltar pra casa logo.

L: Mas eles vão abrir a minha barriga? - disse, com medo, apertando mais seu urso contra o peito.

R: Filha, os médicos vão precisar sim abrir sua barriguinha para consertar o probleminha que está te deixando dodói.

L: Vai doer?

B: De jeito nenhum! Eles vão dar uma coisinha para você dormir e não sentir nada.

L: Promete?

Bianca sorriu, tentando se convencer que ficaria tudo bem.

B: Quando acordar, já vai estar consertado, a mamãe promete.

L: Tudo bem, então...

Uma enfermeira já conhecida adentrou o quarto depressa, dizendo para Rafaella que estavam esperando por ela, para se preparar para a cirurgia. Laura ficou confusa.

B: A mamãe vai doar uma partezinha do fígado dela para você, meu amor.

R: Para você não sentir mais dor! - acariciou o rosto da filha. - Mamãe tem que ir agora, meu amor... - deu muitos beijos no rosto da menina, que riu um pouco. - Mas a sua mãe vai ficar aqui com você, ok? Mamãe ama você.

L: Eu também. - suspirou.

R: Tchau, Bia. - abraçou forte a carioca. - Até já. - beijou a bochecha dela, que fez o mesmo.

Clara, que estava também na sala, viu toda a cena.

Nas horas que se seguiram, Bianca fez de tudo: rezou, comeu, vomitou, chorou e dormiu. De tudo um pouco. Estava muito nervosa. Quando já tinha passado 7 horas da cirurgia aproximadamente, quase de manhã, a pediatra de Laura surgiu no quarto reservado, onde no momento estavam Bianca, Clara, Mônica e Genilda.

B: Dra Sabrina? - levantou num impulso. - Cadê elas? - soou quase desesperada.

S: A cirurgia da Laura foi um sucesso e ela já está no quarto! - as quatro mulheres ali preocupadas sorriram mais aliviadas. - Mas precisamos observá-la nas próximas horas, devido à complexidade do pós-operatório.

B: Certo! - sorriu, um tanto incerta. Algo dentro de si não parecia estar bem. - E a Rafa? Cadê ela?

S: Bem, a Rafaella, ocorreu um... - foi interrompida.

G: O que aconteceu com a minha filha, doutora? - a ex sogra de Bianca rapidamente mudou a expressão.

S: Então, como eu estava dizendo, com a Rafaella ocorreu um imprevisto... - Bianca apertou forte a mão da noiva, involuntariamente. Estava com medo. - A Rafaella teve uma trombose da veia porta.

B: Que merda é essa? - disse, desesperada, sacudindo os ombros da pediatra. - Dra Sabrina, pelo amor de Deus! - levou uma mão à testa. - Me diz que ela tá bem, por favor.

S: Ela está estável, por agora. - disse, limpando a garganta. - A cirurgia foi complicada, demorou mais do que o esperado. Por conta de uma pequena variação anatômica, ocorreu essa complicação cirúrgica.

B: Eu não entendi ainda... - disse, impaciente

C: Calma, Bia. - a gaúcha pediu, pegando em seus braços. - Ela tá tentando explicar.

B: Não me pede para ter calma, Clara! - disse, se soltando dela. - Eu quero ver a Rafaella agora!

S: Agora não é possível, Bianca. Eu...

B: Vocês estão mentindo para mim? Por que eu não posso ver ela, se ela está estável? Aconteceu alguma coisa que eu não sei? - engoliu em seco. - Se tiver acontecido alguma coisa, eu...

S: Me escute, por favor. - pediu, compreensiva. - A veia porta hepática é por onde o fígado recebe o suprimento sanguíneo do corpo, e como essa veia dela é menor e mais embaixo que o normal, resultou na formação de um coágulo, que desencadeou essa trombose.

B: Mas vocês fizeram dezenas de exames, não deu pra ver em nenhum que ela tinha essa variação nessa tal veia?

S: Infelizmente não. A notícia boa é que ela é completamente saudável e reagiu bem à administração dos medicamentos que fizemos para dissolver o trombo. A Rafaella está bem, Bianca. - sorriu. - Confie em mim, você pode ficar tranquila.

B: E cadê o cirurgião dela? Por que ainda não o vi? - disse, ainda desconfiada.

S: Ele está passando todas as orientações para a equipe que cuidará dela diariamente. Ela vai precisar ficar um pouquinho a mais aqui no hospital do que o habitual, mas só por precaução.

B: Acho bom... porque eu só vou descansar quando levar as duas de volta para casa com saúde. - sorriu, aliviada. - Agora deixa eu ver minha filha? - pediu.

•••••

3 meses depois...

Fevereiro de 2032.
São Paulo.

B: Malu, termina de comer rapidinho que já já a mamãe Rafa aparece aí para levar vocês.

Malu: Tudo bem. - respondeu, colorindo sua revistinha enquanto mordia o sanduíche de queijo.

B: Rápido, hein? - disse, nervosa.

Bianca estava exausta desde o fim do ano passado, por causa de tudo o que acontecera. Adiou planos profissionais e pessoais, adiou casamento e mudança para França. Rafaella passou por um processo de recuperação que a limitou bastante, só por precaução, mas não estava com nenhum risco grave. Por isso, quase nunca via as filhas, que passavam a maior parte do tempo com a carioca. Bianca também estava passando por uma crise em seu noivado.

Absorta em seus pensamentos, se assustou ao escutar a campainha tocar.

B: Oi Rafa! - disse, sorrindo largo ao abrir a porta. - Pode entrar... a Malu tá terminando de comer e a Laura tá lá em cima deitadinha repousando um pouco. Cansou demais hoje na escola.

R: Como foi o primeiro dia de aula dela depois de tudo?

B: Me parece que foi bom, ela não reclamou de nada. Só precisou se readaptar.

R: Ótimo! - sorriu, olhando a casa ao seu redor. Uma completa zona.

B: Tá julgando minha bagunça por acaso, senhorita? - riu brincalhona. - Para sua informação, a faxineira vem amanhã cedo.

R: Eu não tô julgando nada, sua boba. - olhou em volta novamente. - Só senti saudades daqui, é isso.

B: Como você está?

R: Bem! Não sinto nada desde que saí do hospital, mas preciso me alimentar ainda com algumas restrições até o final do mês. Acabei de vir do doutor Caio.

B: Tava fazendo o que?

R: Ele pediu uma tal de ultrassonografia com Doppler colorido. - disse, tentando resgatar o nome da memória. - Depois do 3º mês de pós-operatório, finalmente mostrou a recanalização daquela veia lá. Tá tudo certinho comigo.

B: Graças a Deus! - abraçou tão forte que a mineira gargalhou.

R: Calma! - sorriu, sem jeito.

Malu: Terminei de comer, mamis. - a filha saiu da cozinha saltitando. - Mamãããe! - correu para abraçar a mineira.

R: Ai que saudade da minha pituquinha mais linda!

B: Vou chamar a Laura, só um minuto. - desapareceu ao subir as escadas, deixando a mineira ainda com a filha aguardando.

Malu: Mamãe, tô muito feliz que você e a mamãe agora são amigas de verdade!

R: Como assim, meu bem?

Malu: A Laura me disse tudo! Que no hospital vocês dormiam juntas às vezes, conversavam e contavam histórias juntas para ela. - disse, sem perceber a mãe querendo chorar. - Por que vocês não contam histórias juntas todos os dias?

A porta da sala se abriu, revelando Clara toda arrumada e exalando um perfume forte atrás de si.

C: Ah, oi! - disse, sem jeito. - Como vai, Rafaella?

R: Bem... - disse, simples. - Eu tô só esperando a Laura descer.

C: Pode ficar à vontade! - olhou em volta. - Malu, por que você não vai lá ajudar a mamãe a trazer a Laura lá de cima?

A pequena olhou para ela, em seguida para a mãe, e só confirmou com a cabeça antes de subir as escadas cautelosamente. Rafaella engoliu em seco.

C: Queria falar com você...

R: Eu percebi. - disse, desconfiada. - Pode dizer!

C: Eu só queria dizer que vou para a França sem a Bianca, Rafa.

R: Não entendi...

Clara encheu os olhos de lágrimas, a ponto de escorrerem no próximo piscar de olhos, que não demorou muito a acontecer.

C: Eu vou terminar com ela hoje a noite, Rafa. - disse, com uma pontada no coração. - Eu vou terminar com ela porque ela é apaixonada por você!

R: Que isso, Clara? - se espantou. - De novo isso?

C: Eu não tô com raiva, não tô com ciúmes, só é nítido demais... não precisa de legenda nem de tradução. É óbvio!

R: Não é verdade, por Deus! Que complicação esse casamento! Sei que eu contribuí para que Bianca ficasse sobrecarregada com as meninas, mas eu tô bem e vou ficar com elas. Pega essa mulher, casa com ela e leva logo pra França, caramba!

Clara chorou um pouco, tentando se conter em seguida. Soltou a respiração antes de continuar.

C: Eu tô dizendo que vou sim para a França, mas sem ela. A Bianca que você tem acesso eu jamais terei... e tá tudo bem! - sorriu fraco. - Eu demorei a entender isso, lutei muito contra, mas é impossível!

R: Clara, eu não sei mais o que falar...

C: Eu só quero que você me escute! - disse, séria. - Eu vou morar fora e possivelmente fazer minha vida por lá, quem sabe eu encontre uma outra pessoa... porque sim, eu ainda amo a Bianca, amo muito! E é por amá-la tanto que eu quero deixá-la livre para ser ainda mais feliz! Ela sempre será uma lembrança boa, uma saudade feliz... - chorou novamente. - Tá doendo agora, mas eu sei que vai passar.

Rafaella nada disse, apenas passou a mão sobre aa costas dela, tentando uma espécie de consolo.

C: Eu vou mudar de vida, mas eu preciso que você me garanta que, caso vocês de fato voltem a ficar juntas, não vai fazê-la sofrer de novo.

R: Clara, eu não... - disse, sem jeito.

C: Eu sei que vocês vão voltar, Rafaella. - sorriu fraco. - Vocês duas juntas são... - suspirou, um tanto entristecida.

R: Eu nunca quis machucar a Bia...

C: Acho bom, porque se você fizer essa mulher derramar uma lágrima sequer, eu juro... - fechou os olhos. - Eu juro que venho lá do quinto dos infernos te matar! - riu, sem humor. - Desculpa, eu só não queria que ela passasse por tudo aquilo de novo.

R: Ela não vai passar, eu prometo.

C: Cuida dela, Ra... - foi interrompida pelas crianças, que acompanhavam a carioca descendo as escadas.

B: Amor! - disse feliz, ao avistar a gaúcha. - Achei que fosse demorar mais...

C: Precisava falar logo com você, por isso vim logo. - forçou um sorriso, recusando o beijo que a carioca iria lhe dar, transformando em um abraço. Bianca arqueou a sobrancelha, mas nada perguntou.

B: Tchau, meus amores. - mandou beijo mo ar. - Se cuidem! - trancou a porta depois que saíram, virando-se para Clara. - O que foi, hein? Recusou meu beijo por que?

C: Porque eu vim terminar com você... - disse, ainda meio incerta.

B: O que eu fiz agora, Clara? - suspirou.

C: A gente quer coisas completamente diferentes, Bianca. - cruzou os braços. Isso numa vida em comum não tem como dar certo.

B: E o que é que você quer?

C: Eu quero casar, morar fora e expandir o meu trabalho!

B: E você não acha que eu quero isso também? - disse, irritada.

C: Talvez queira, Bianca. Talvez queira, mas você tem uma família aqui.

B: Você começou a namorar comigo sabendo que eu tinha filhas, Clara, por que isso agora?

C: O problema não é esse... - suspirou, querendo ser mais direta, mas ao mesmo tempo com receio de ir embora para sempre, pois ainda nutria um amor pela carioca.

B: Aconteceu alguma coisa? Eu não tô te acompanhando... - disse, sentando no sofá, enquanto a loira repetiu o mesmo ato, ficando de frente para ela.

C: Aconteceram muitas coisas... - sorriu fraco, mexendo nos anéis que estavam em seus dedos. - E ao longo dos últimos meses, eu... - retirou a aliança de noivado, fazendo Bianca abrir a boca. - Eu acho que... - suspirou. - Pra mim tá cada vez mais claro que você não consegue estar inteira.

B: Ô Clara... - disse, angustiada. - É só que os últimos meses foram difíceis, você precisa entender isso.

C: Mas o que eu sinto vem antes mesmo disso tudo, você sabe... eu acho que só confirmei tudo depois do que aconteceu com a Laura. Lá no hospital, eu consegui te ver sem defesa, completamente vulnerável.

B: E...? - disse, ainda sem entender direito.

C: Existe uma Bianca aí dentro que eu jamais irei ter acesso, jamais irei me conectar com ela.

B: Por que?

C: Porque ela é da Rafaella. - abaixou a cabeça, contendo as lágrimas. - Ela é apenas e inteiramente da Rafaella.

B: Eu não sei o que você viu ou acha que viu, mas...

C: Não precisa falar nada, Bia, eu percebi isso desde o primeiro dia, mas fui orgulhosa demais, egoísta demais para ser sincera com você. Eu te amo muito e não quis abrir mão de você, quis desfilar com você na frente de todo mundo, dizer o quanto você estava comigo agora... mas não é justo, nem comigo nem com você. Eu vi o quanto você se desesperou com a notícia da Rafa, eu vi você pelo vidro quando foi vê-la pela primeira vez depois da cirurgia, ainda dormindo. Vi você chorando, sorrindo, beijando o rosto dela... - disse, triste.

B: Eu fiquei com medo, porque... é natural que eu me preocupe com o estado da mãe das minhas filhas.

C: Isso, Bia. - disse. - É natural. - repetiu o termo utilizado. - Vendo de fora, vocês duas me pareceram natural demais.

B: O que você quer dizer?

C: Tô falando de vocês se entenderem só com os olhos, sem palavras. Como se eu ficasse de fora, na história de vocês... que ainda não acabou.

Bianca estava chorosa, com a voz rouca. Uma dor no coração que refletiu em lágrimas pesadas no cantinho dos olhos castanhos.

B: Clara... - chorou um pouco mais. - Eu tentei, eu tentei de verdade... eu nunca quis, nunca... - puxou o ar, devido à dificuldade de respirar. - Eu nunca quis te magoar.

C: Eu sei disso... eu sei, ok? - pegou as duas mãos dela e deu um beijo, sorrindo. - Mas, às vezes, as coisas não saem como a gente gostaria. - disse, antes de se levantar e se aproximar dela. - No caso, como eu gostaria... - pegou sua cabeça e depositou um beijo no topo da cabeça. - Me sinto aliviada, porque sei que isso é o certo, o que devemos fazer.

B: Clara... - chorava agora compulsivamente.

C: Você merece ser feliz, Bia.

B: Você... você merece ser muito feliz! - disse, fungando e enxugando o rosto com a manga da camisa branca. Levantou e abraçou forte o corpo magro.

C: Se cuida, Bianca. - sussurrou. - Cuida das meninas e se cuida! - acariciou o cabelo dela. - Vocês foram muito importantes para mim!

Bianca chorava mais.

C: Fica bem! - disse, ao destrancar a porta para sair.

B: Você também, Clarinha. - olhou bem no fundo dos olhos dela. - Vai ser feliz na França, mon chéri.

Clara deu uma última olhada antes de partir com o carro, visualizando uma Bianca parada na porta, acenando um adeus, que seria para sempre.

________

Notas?

Queria dizer que, sim, estamos nos aproximando da reta final e a partir de agora, possivelmente, só teremos capítulos da era atual e sim, todos era clean. Por isso, não terão mais tantos caps, mas prometo que me esforçarei para entregar o que vocês merecem. Beijos!

tt: @just4rabia

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