Nouvelle Vie.

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Novembro de 2031.
São Paulo.

Bianca estava deitada junto com a filha na cama do hospital enquanto Rafaella fazia algumas ligações. A criança estava fraquinha, mal conversava, parecia apática na maior parte do tempo. Parecia mais pálida também, com a pele levemente amarelada.

L: Mamãe? - a voz chamou fraca. Rafaella desligou imediatamente a ligação.

B: Oi meu amor, a mamãe tá aqui, diga. - respondeu sorrindo, fazendo um carinho na testa dela. Rafaella segurava o choro.

L: Eu quero a mamãe... - soou chorosa. - Fica aqui também, mamãe.

Bianca olhou para a mineira, sorrindo. A mais velha estava tensa desde que recebera a notícia do transplante, e naquele momento parecia que todos os problemas haviam desaparecido. Rafaella deitou do outro lado, quase caindo, acolhendo o corpo da menina perto do seu.

L: Eu amo vocês, mamãe. - disse baixinho.

R: Nós amamos você, Laurinha. Você é a  princesa das mamães, sabia?

L: Eu não sou mais princesa, mamãe. - disse, triste.

B: Claro que é, Laura Kalimann Andrade.

L: Eu tô doente, mamãe. E eu sei que vocês passam o dia todo chorando.

R: Filha, mas você vai ficar boa. A gente está no hospital justamente para você melhorar logo. Eu e sua mãe estamos um pouquinho tristes porque nos preocupamos muito com você.

L: E por que eu não melhoro? Tô aqui há muito tempo, e eu só me sinto pior. Queria ver os meus irmãos... - fez bico.

R: Meu amor, é só uma questão de tempo. Como você tá agora?

L: Mal. - disse, simples. - Minha barriguinha dói, e eu não aguento mais ser picada todo dia, nem mesmo aguento tomar aquele remédio que entra na minha... como é o nome mesmo? Veia?

R: Isso. - sorriu. - Você tá com saudade dos seus irmãos, é? - tentou mudar o foco. - Podemos ligar para eles, que tal? E outro dia a gente combina da Malu vir te ver.

Ficaram na ligação um tempo, as duas crianças estavam no apartamento da mineira, sendo cuidadas pelos avós e primas de Rafaella, que também estavam lá. Depois de mais uns minutos, precisaram colher mais sangue da menina e os médicos confirmaram o que Laura ainda era a terceira da fila de transplantes, mesmo sendo um caso grave. Já faziam alguns dias, e nada havia mudado na ordem de espera, enquanto o quadro da filha mais velha das duas mulheres só piorava.

B: Podemos tentar logo o doador vivo? Nossa filha está morrendo, doutor. - disse, baixinho.

Dr: Eu ia sugerir o mesmo, Bianca. De acordo com os exames das últimas 24 horas, o fígado dela pode dar falência total em breve. - disse, encarando os castanhos da mulher. - É melhor iniciar os testes agora, começando por você. É a melhor chance dela, caso seja compatível.

Rafaella não ouviu nada da conversa, pois distraía a menina enquanto uma enfermeira administrava o medicamento na veia dela. O médico pediu para que a carioca o seguisse, mas ela foi antes falar com a mineira, a chamando para que Laura não ouvisse.

B: Eu vou ver se sou realmente compatível e se preencho todos os requisitos desse protocolo de transplante... - soltou tudo de uma vez, quase sem ar. - Eu vou agora, e você fica aí todo o tempo, ok? - encheu os olhos de lágrimas. - Por favor, torce para que dê certo, Rafa, ele disse que eu sou a melhor chance dela, não posso falhar.

R: Vai dar tudo certo, Bia. - deu um beijo na cabeça dela, segurando seu rosto, com uma mão de cada lado. - Vai lá!

Bianca voltou mais de uma hora depois, completamente sem reação alguma no rosto. Como já era noite, Laura dormia e Rafaella estava rezando na poltrona ao lado dela, para que a carioca fosse compatível. Ao perceber a chegada da mais nova, a mineira levantou.

EscarlateWhere stories live. Discover now