— Relaxem, vou tirar a gente daqui — Brenda disse, me entregando mais uma lanterna.
— Por que está nos ajudando ? — Perguntei, curiosa.
Ela quase nos matou antes, agora está nos ajudando ?
— Pode acreditar, não é ideia minha ! O Jorge acha que vocês são um bilhete dele, para um paraíso seguro. — Brenda admitiu, fazendo com que ficassemos mais confusos ainda.
— O que ?! — Thomas perguntou, estranhando sua resposta.
— Sabem, paraíso ? É tipo a salvo do sol, sem infecções. — Começou, ajeitando sua mochila. — Dizem que o braço direito vem pegando adolescentes há anos ! Imunes, pelo menos. — Completou.
— Você sabe onde fica ? — Perguntei para a mesma, enquanto começamos a andar novamente.
— Não, mas o Jorge conhece um cara.. Marcos, ele contrabandeava crianças na montanha. — Me respondeu, tentando abrir uma tampa. — Se Jorge conseguir sair, é pra lá que ele levará seus amigos !
— Se ele sair ?! — Thomas perguntou, desesperado.
— Olha só, vocês fazem muitas perguntas ! — Brenda suspirou, um pouco irritada. — Será que podem vir aqui me ajudar com isso ? — Perguntou, se referindo a tampa que ela estava tentando abrir.
Fomos rapidamente até a mesma, usando toda nossa força. Enfim, conseguimos puxar a tampa, escutamos gritos de lá de baixo. Mas não tínhamos outra opção.
— Isso não parece bom ! — Thomas murmurou, tenso.
— É.. Aqui embaixo a transformação já está completa. — Brenda o respondeu.
Droga..
— Vamos logo ! — Disse, já pulando dentro do túnel, fazendo com que os dois também pulassem.
Passamos pelo mini corredor que havia ali, dando a visão de um grande túnel escuro e assustador.. era que nem os filmes de terror, havia várias pichações nos muros.
— Acho que é por aqui ! — Brenda avisou, nos fazendo ir para direita do túnel.
— Acha ? — Thomas perguntou nervoso, apenas peguei em seu braço fazendo o mesmo continuar seguindo.
[...]
Continuamos a andar, até que encontramos com um grande corredor que pelo menos era espaçoso.
— Mora gente aqui ? — Perguntei curiosa, vendo tudo aquilo.
— As tempestades solares forçaram as pessoa a ficarem no subsolo, Jorge diz que a acampamentos por todos esses muros. — Me respondeu, chateada.
— Nos fale sobre o Jorge, ele é seu pai ? — Thomas perguntou, curioso sobre Jorge.
— Quase isso. A verdade é que eu não sei o que ele é, ele sempre esteve ao meu lado ! E eu sempre fiz o que ele me pediu, até a piores burrices. —Respondeu meio decepcionada para Thomas.
— Acha que o braço direito é real ?
Perguntei, mas antes dela responder, um barulho muito alto de cranks ecoou por nossos ouvidos.
Aquilo estava me preocupando, mas temos que seguir.
— Acho que.. Esperança é uma coisa perigosa. Esperança já matou mais amigos meus do que o próprio fulgor e o deserto juntos. — Respondeu, Brenda era forte, ou ela se fazia. Ela tentava ao máximo se manter forte até o final. — Só achei que o Jorge fosse mais inteligente. — Completou.
Viramos mais um corredor, dando de cara com duas passagens. Mas o problema era, direita ou esquerda ?
— Droga ! — Brenda resmungou, irritada.
Comecei a seguir junto com meu irmão, para ver pra onde que iríamos. Não havia só duas passagens ali.
Assim que me aproximei de um outro corredor, pude ver que ele levava em direção a uma luz.
— Aí, pode ser por aqui ! — Disse para Thomas, pois Brenda estava do outro lado.
— Brenda ? — A chamamos, mas não obtemos resposta da mesma.
— BRENDA ! — Gritei novamente, preocupada.
— Eu estou aqui.. — Me respondeu com uma voz falha, ela parecia estar nervosa.
Fomos até sua voz, dando de cara com uma grande gosma na parede.
— Olhem só para isso ! — A mesma exclamou, curiosa.
Não estava com um bom pressentimento daquilo, algo estava errado. Uma gosma preta ? Eu já vi essa gosma em algum lugar.
Começamos a seguir a gosma com nossas lanternas. O que vimos nos chocou.
Todas as paredes do outro corredor, estavam com a mesma gosma.
— O que que é isso ? — Thomas perguntou, totalmente confuso e horrorizado.
— Eu não sei ! — Brenda o respondeu.
Até que outro barulho, ecoou por aqueles muros. Mas nos aliviamos quando vimos que era um ratinho indefeso.
Brenda o chutou fazendo o mesmo ir até a outra parte.
Foi aí que me toquei, essa gosma preta era a mesma que saia da boca de winston, ou seja..
CRANKS !
Quando fui tentar avisa-lós, nos assustamos quando um braço de crank pegou o ratinho e arrancou a cabeça dele.
Brenda estava tão chocada que eu tive que segura-la junto com Thomas, ou ela iria cair.
O Crank começou a se debater, conseguindo sair da própria gosma onde estava preso. Infelizmente ele conseguiu chamar atenção de outros cranks, que começaram a vir até nós.
Começamos a tentar correr, mas fomos cercados por outro crank que estava atrás de nós. Rapidamente peguei um bastão que estava na bolsa de Brenda e taquei na cabeça do crank.
Fazendo com que a gente conseguisse correr pelo caminho livre, todos os cranks estavam correndo atrás de nós. Era muita tensão.
— VAI, CORRAM !! — Gritei para os mesmos que estavam em minha frente, estávamos em direção aquele corredor que eu havia encontrado.
— O QUE É ISSO ?! — Brenda perguntava desesperada, não iríamos conseguir contar tudo agora, apenas precisei resumir.
— SÃO OS CRANKS !! AGORA NÃO PARE, CONTINUA CORRENDO !! — Gritei para a mesma, fazendo nós corrermos um pouco mais rápido.
Comecei a correr mais rápido na frente deles, caso houvesse algo que colocasse a gente em perigo lá na frente.
Foi aí que eu segurei eles, aquilo era um prédio abandonado, e estava quebrado como se fosse um penhasco, Brenda quase caiu. Por sorte meu irmão a segurou.
Olhamos para o lado, pude ver que havia um prédio quase despencando do nosso lado. Por sorte ele estava sendo segurado por outro prédio.
Nos preocupamos novamente quando escutamos os barulhos dos cranks atrás de nós.
— POR AQUI ! — Brenda nos chamou, fazendo a gente escalar aquele monte de pedras junto dela.
Por incrível que pareça, os cranks começaram a nos seguir e escalar junto. Meu irmão ficou apenas parado olhando.
— THOMAS, VAMOS LOGO ! — Gritei junto de Brenda, puxando o mesmo.
Escalamos tudo aquilo até entrar dentro do prédio, infelizmente uma barreira estava cercando a outra parte.
Merda !
— Por aqui ! — Thomas nos chamou, fazendo a gente escalar aquele prédio que estava quase despencando, nos assustamos quando três cranks apareceram atrás de nós.
— Rápido, por aqui ! - Brenda nos chamou, escalando até perto do vidro do prédio que faltava muito pouco para cair.
Eu estava atrás de todos, caso algo acontecesse eu poderia chutar e distrair ao máximos os cranks.
— CUIDADO !! — Brenda gritou, quando um armário começou a cair em minha direção, rapidamente desviei fazendo o mesmo acertar um crank e quebrar o vidro.
Continuamos a escalar aquilo, na intenção de despistar os cranks. Assim que subimos, passamos por um pilar de pedra que quase despencou em minha cabeça.
— Você está bem ?! — Brenda perguntou, me estendendo sua mão.
Rapidamente, começamos a escalar a outra parte do prédio, estávamos praticamente no meio do mesmo.
— NOS SEGUE ! — Thomas gritou para mim, já que eu estava atrás dos mesmos.
— ESTOU LOGO ATRÁS ! — Gritei em resposta.
Senti que aquele prédio não iria nos aguentar por muito tempo, rapidamente fomos até uma escada, e a subimos.
Quando olhei para baixo, notei que um dos cranks estava escalando para chegar até nós.
Precisamos subir mais rápido, pois o mesmo escalava aquilo em uma facilidade.
Como eu estava atrás de todos, foi mais facil do crank segurar em meu pé e quase me puxar.
Por sorte, Brenda o chutou fazendo o mesmo cair de uma altura de nove andares. Infelizmente o outro crank estava subindo até nós, fazendo nós continuarmos a correr.
Subimos para última parte, assim que Brenda tentou abrir a porta a fechadura escapou de sua mão, fazendo a mesma cair e bater as costas na outra porta.
A porta era muito frágil, e acabou abrindo pelo impacto de Brenda.
— BRENDA !! — Gritei, segurando na mão da mesma. — NÃO SOLTA ! — Gritei novamente, mas a força era muita, eu não estava aguentando.
Quando meu irmão tentou no segurar, já era tarde. Acabei escorregando e caindo junto com Brenda naquele vidro.
Se o vídeo quebrasse, nós iríamos cair de um penhasco praticamente.
— SARAH, BRENDA, VOCÊS ESTÃO BEM ?! — Perguntou, desesperado.
— Estamos ! — Gritei de volta, com dor.
Olhei para Brenda, que me olhava preocupada e eu não entendia o porquê.
— Você está bem ? — Perguntei para a mesma.
— Eu to sim, mas a sua cabeça não ! — Me respondeu.
Passei a mão por minha cabeça e pude perceber que havia um grande corte, por conta do vidro. Estava sangrando bastante.
— Aqui, toma ! — Ainda deitada, Brenda me deu um pano para amarrar e estocar o sangue.
Assim que olhamos para baixo, tivemos a visão do grande penhasco e do vidro quase quebrando, nos entreolhamos desesperadas.
— Não se mexe ! — Sussurrei para a mesma, que apenas assentiu com a cabeça.
— ESPEREM AÍ, EU VOU DESCER ! — Thomas gritou, desesperado.
Coloquei minha mão encostada no vidro, para ver se pelo menos ele era resistente. Assim que encostei, o vidro abriu um mini racho, fazendo com que eu tirasse minha mão rapidamente dali.
— SARAH NÃO SE MOVA !! — Thomas gritou, fazendo eu congelar ao lado de Brenda.
Começamos a tentar levantar lentamente, enquanto meu irmão descia até nós se agarrando nos lugares.
— Cuidado ! — Brenda disse para meu irmão, que quase caiu por cima da gente, mas por sorte se segurou em um armário do nosso lado.
Já estávamos de pé, mas não fazíamos nenhum movimento, aquilo estava prestes a estourar por inteiro.
— Segurem a minha mão ! — Thomas gritou, estendendo sua mão para mim.
Peguei na mão de Brenda, entrelaçando a minha na sua e tentando chegar até a mão de Thomas. O vidro estava rachando mais e mais enquanto tentava pegar na mão do meu irmão.
Até que para nossa infelicidade, o crank que estava nos seguindo, apareceu caindo no vidro e me puxando junto, fazendo com que Brenda e eu voltássemos com as costas para o vidro.
Que ótimo !
— THOMAS ! — Gritei tentando pedir ajuda de Thomas, enquanto nos debatíamos contra o crank.
Assim que segurei na mão do meu irmão, tentei segurar a de Brenda. Mas a mesma foi puxada pelo crank, fazendo ele ficar por cima dela. Bloqueando os movimentos da mesma.
Rapidamente pedi pra Thomas que me desse a estaca que estava em sua frente. Brenda conseguiu empurrar o crank, logo eu desci junto com Thomas tentando a puxar.
O crank levantou rapidamente e mordeu a perna de Brenda.
Peguei a estaca que estava na minha mão, e quebrei o vidro fazendo com que a mesma quase caísse. Mas eu estava segurando sua mão.
— Te peguei !! — Disse para Brenda, que ficou mais aliviada.
Finalmente !
[...]
Estávamos descendo pela escada do prédio, que pelo menos ainda estava inteira.
Assim que descemos, demos de cara com um corredor vazio, cheio de lixo, barris e roupas espalhadas. Também havia um portão ali.
Paramos por Brenda que se sentou no chão, colocando sua bandana na mordida.
— Está tudo bem ? — Thomas perguntou, preocupado com a mesma.
Assim que ela levantou sua calça, conseguimos ver a mordida que parecia mais um arranhão. Estava profundo, se Brenda não for imune, provavelmente o vírus irá se espalhar rapidamente.
— Droga ! — A mesma murmurou, nervosa.
— Brenda..
— Está tudo bem, eu já sei ! — A mesma nos respondeu, se referindo ao fulgor.
Pelo jeito, ela era uma das não imunes.
Merda..
— Vamos procurar o Marcos ! — Disse, já me levantando.
Saímos do corredor por aquele "portão." que havia ali, assim que passamos por ele, tivemos a visão de uma cidade escondida.
Havia barracas, cabanas, fogueiras e muitas pessoas em volta. A gente apenas seguia Brenda.
— Olha, tentem passar despercebidos, ta bom ? — Brenda nos avisou, como resposta apenas assentimos para ela.
Enquanto passávamos pelas pessoas, pude ver que até um churrasco elas faziam. A diferença é que a carne eram os ratos.
Olhei para trás e percebi uma mulher andando com um garotinho e uma garotinha do seu lado. Apenas me lembrei da minha mãe..
[...]
Havíamos andado até um lugar que estava lotado de pessoas, provavelmente o tal do Marcos estava ali.
Haviam vários bêbados nojentos ali..
— Você tem certeza que é aqui mesmo ? — Thomas perguntou para Brenda, meio desconfortável.
Percebi que uma moça loira se aproximava da gente.
— Vieram pra festa ? — A mesma perguntou, parecia estar bem chapada.
— Er.. não ! — Brenda respondeu, desconfortável também.
— A gente veio ver o Marcos, é aqui que ele mora não é ?! — Perguntei passando pelos mesmos, ficando de frente para a loira. Enquanto a encarava.
— É aqui que eu moro ! — Um cara loiro, com os olhos contornados de preto e um blazer roxo, bebendo um líquido verde apareceu de dentro daquele lugar.
A loira começou a nos levar até próximo do cara, o mesmo nos chamava com a mão.
— Você é o Marcos ? — Thomas perguntou, confuso.
— Não, Marcos não mora mais aqui ! — O cara o respondeu, como se estivesse meio chateado.
— Sabe onde a gente encontra ele ? — Brenda perguntou, com firmeza na voz.
— Claro, claro.. ele está na zona B. — Nos respondeu, algo nele me dizia que não era bom confiar. Ele estava escondendo algo.
— O que é a zona B ? — Perguntei, vendo a loira se aproximar do meu irmão.
— É onde queimam os corpos. — A mesma respondeu, sarcasticamente.
O cara nos olhava como se tivesse pena, mas algo me dizia que ele estava escondendo algo, eu sei que está.
— Passou mais alguém aqui, procurando por ele ? — Perguntei junto com meu irmão, estávamos preocupados com nossos amigos. — um grupo da nossa idade. Havia uma garota entre eles ! — Thomas exclamou, se referindo a Teresa.
— Quer saber.. eu acho que eles estão lá dentro. — O cara nos respondeu. Rapidamente senti esperança de encontrar meus amigos novamente.
— Tomem ! — O cara disse, nos entregando uma garrafa com um líquido verde. Era o que um dos bêbados estava bebendo. — Bebem aí ! — Tentou nos convencer a tomar.
— O que é isso ? — Perguntei junto com meu irmão, nós podíamos até acreditar que nossos amigos estavam lá, mas beber algo que nunca vimos na vida.
— É o preço da entrada ! — O mesmo respondeu.
Droga !
— Isso é por vocês ! — Disse me referindo aos meus amigos, peguei a bebida e virei um gole.
Logo em seguida Brenda também bebeu, Thomas também. Nossa, o que havia naquela bebida.
— Belezinha ? Curtam a festa ! — O cara gritou, nos jogando para dentro da festa, e rindo de nossa cara.
Agora já foi !
N/A:
- Oi oi anjos, como estão?
- O que acharam dos capítulos?
- Eu não sei se fico com ódio, tensa, feliz, boba, triste. Cada coisa.
- O ódio que eu tenho do Marcos, inexplicável!!
- Se puderem votar e comentar, agradeço muito <3
- Até quarta!! 🖤