Jujutsu Kaisen - Orbitando um...

By adri_bertolin

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Aprisionado no Reino da Prisão, Gojo Satoru inicia um processo de fragmentação sobre os conceitos em relação... More

Vazio
Grandes olhos negros
Caos
Propósito
Igual
Ciúmes
Domínio incompleto
Consumo
Anseio
Posse
Retaliação
Fôlego
Engrenagem
Bolha
Escolha
Capítulo Extra: Sequestro
Paz artificial
Busca
Renúncia
Receptáculo
Liberdade
Esperança
Destino
Resgate
Surgindo das cinzas
Surto

Entorpecência

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By adri_bertolin

As coisas mudaram depois que o receptáculo de plasma estelar morreu. Riko Amanai foi a primeira pessoa fraca que conquistou seu afeição. Uma menina que poderia ter tido um futuro mais do que satisfatório assumindo-se como um ser além do novo corpo de Tengen, alguém que não deveria ter partido tão cedo.

Ela ter sido assassinada não era exatamente o motivo de sua perturbação, não... em uma carreira como a dele ver o sangue de seus companheiros sendo derramado é algo a se esperar. Era a forma com que a morte dela foi recebida pela sociedade jujutsu que lhe embrulhava o estômago.

Ver aqueles fieis ignorantes aplaudindo com gratificação, como se estar com o corpo morto daquela criança em seus braços fosse algo digno de reverencia... isso fez suas crenças de certo e errado mudarem. Como se não bastasse, ninguém além daqueles envolvidos na missão parecia ser capaz de enxergar a garota como uma perda significante.

Riko foi tratada como uma ferramenta com status de inutilizável, descartável e facilmente substituível. Eles não a viam como a porra de um ser humano. Não como a menina corajosa e cheia de vitalidade que ele conheceu, era apenas mais uma oferenda de sacrifício a ser aproveitada.

Gojo não teria se importado nenhum um pouco se Geto houvesse optado por deixarem de lado seus papeis na sociedade e dado sinal positivo para exterminarem cada pessoa dentro daquele maldito templo. Aqueles odiosos aplausos ainda soavam em sua mente.

Havia mesmo uma razão para estarem ali? Um significado, um propósito? Ele não conseguia ver o sentido de qualquer uma dessas coisas.

Sua humanidade também se rompeu naquele dia. Não por causa de Amanai, mas por causa de um homem comum sem energia amaldiçoada. Fushiguro Toji. Um mercenário que ia contra todas as leis naturais do mundo em que viviam, alguém que contrariava as normas do conhecido e que esfregava na cara dos costumes como eles eram ridiculamente atrasados. Um humano sem poder que o derrubou, o derrotou e o colocou a beira da morte.

A visão da realidade rotineira muda quando você encara a morte pela primeira vez. Satoru nem mesmo costumava considerar isso como uma possibilidade real, não para ele. Ter sua garganta rasgada e suas entranhas expostas ao vento era no mínimo esclarecedor.

"Ao longo do céu e da terra... Eu sou o honrado."

Uma honra e uma maldição, ele era o desequilíbrio das forças, o portador do talento de seis olhos, o último de uma linhagem poderosa demais para o próprio bem e um pé no saco da tradicionalidade.

Sua mente estava atordoada e confusa, agora que a adrenalina havia passado seu corpo carregava um peso que não conseguia suportar, seus pulmões trabalhavam desreguladamente, seu coração bombeava recursos para sua veias com contrações fortes e dolorosas, sua garganta estava seca e suas mãos tremiam. Ele não entendia a sensação, não a reconhecia, mas era horrível e não possuia forças para lutar contra.

Suguru não estava tão diferente. O outro adolescente carregava aquela mesma culpa e tormenta, embora culpasse os cidadãos comuns envolvidos tanto quanto culpava aqueles de alto escalão na sociedade jujutsu. Perder para um cara normal foi um golpe em sua moral, mesmo que ele escondesse seus sentimentos muito bem, não era bom mentiroso ao ponto de enganar Gojo e convence-lo de que não havia levado a situação como uma ofensa profunda.

Haviam essas feridas horrendas em suas almas que quebraram seus ânimos e alteraram seus rumos. Eles voltaram para a escola, entregaram o relatório da missão para seu sensei e caminharam rumo ao dormitório, tudo de maneira tão automática que mal registraram os próprios passos.

O quarto de Geto apareceu diante de seus olhos primeiramente. Seus corpos pararam, exaustos, mas sem realmente quererem descansar. Nenhum dos dois se moveu. Ir em frente em busca das próprias acomodações pareciam um erro, deixar o outro sozinho era ainda pior.

- Oe, Satoru... - O rapaz de cabelos negros chamou baixinho, seu amigo não teria ouvido se o conflito sobre deixa-lo não estivesse o incomodando tanto.

Suguru abriu a porta do quarto lentamente, buscando seus olhos para confirmar se estava recebendo atenção. As pálpebras dele se fecharam por um breve instante, como se refletisse sobre o que deveria fazer em seguida, como se buscasse orientação sobre qual caminho tomar. A resposta não demorou para alcança-lo.

As palavras pareciam difíceis de vir agora, então sua ação foi física e mais significativa do que qualquer frase poderia ter sido. O controlador de maldições segurou seu pulso e o puxou junto dele para dentro do cômodo, envolvendo-o em um abraço ao mesmo tempo que fechava a porta, sem trancar.

Seus sentidos sempre foram muito fortes e predominantes sobre sua vida, estímulos que influenciavam de maneira gritante sua visão de mundo, inevitavelmente. Era provável que sem esse fato sua interpretação poderia ser reescrita do zero e torna-lo uma pessoa completamente diferente, mas como esse não é o caso, cada pequeno detalhe de seu ponto de apoio emocional começou a se registrar em sua mente.

Geto cheirava a suor, sangue e a resquícios do perfume caro que havia lhe dado meses antes. Uma fragrância muito diferente de seu gosto pessoal, mas que o lembrava do amigo com tamanha intensidade que não resistiu ao impulso de gastar uma pequena fortuna com a coisa apenas para agrada-lo. O adolescente nunca chegou a agradece-lo, mas a usava com frequência o bastante para já ter se mesclado ao seu odor natural a essa altura. Pequenas coisas que acalmavam seus pensamentos bagunçados.

O uniforme de tecido macio acariciava seu rosto a medida que enterrava seu rosto naquele pescoço tão tentador. Ele possuia o tipo de desejo destrutivo que encontrava prazer machucando pessoas, restringido apenas para casos em que o alvo de sua atenção era interessante ao ponto de feri-lo de volta, algo que no momento estava se manifestando com mais ferocidade do que o seu auto controle fragmentado podia suportar.

Seus braços devolviam aquele aperto com força demais, o suficiente para quebrar, enquanto seus ossos estalavam com gosto anunciando como o clamor era reciproco. Ambos encontravam conforto na violência, um tipo de dor que podiam controlar e sabiam que iam superar, uma rota de escapatória que os garantia o tão necessário relaxamento.

Os braços de Suguru se abaixaram junto dele, recorrendo às suas coxas como novo lugar de agarre, apenas para poder levanta-lo do chão e carrega-lo como bem entendesse. Gojo o envolveu com as pernas instintivamente, como se fosse um tipo de contato que compartilhavam rotineiramente. Ele gostava dessa sensação de se submeter a alguém, retribuia fome estampada naqueles olhos mundanos, apreciava o calor daquele corpo contra o seu, se deixava levar para a cama de solteiro como se fossem se render algum tipo de frenesi de desejo e prazer.

Mas sabia que não iriam além. Nunca foram antes e esse não era o momento. Haviam estabelecido uma barreira contra esse impulso, não se lembravam de quando, porém algo sempre os impedia. Nesses instantes nada lhe parecia melhor do que provar daquela carne suculenta e imaculada, nada lhe era mais tentador do que reivindicar aqueles lábios cheios e instiga-lo até que pudesse tomar seu corpo ou deixar que ele tomasse o seu. Nunca passando disso, um inferno de sentidos entorpecidos que se recusavam a concretizar suas vontades.

Geto encostou-se contra a parede, mantendo-o perto o bastante para compartilharem a respiração, mas como se milhas de distancia garantissem que não se inclinariam apenas um pouco mais. Ele parecia compartilhar de seus próprios impedimentos, mesmo quando estes não estavam esclarecidos o suficiente. Aquela era uma agonia silenciosa que não eram capazes de acalmar e que os arrastava para uma entorpecência sufocante capaz de distrai-los de todas as merdas que tornavam seus sensos de vida distorcidos.

Nenhum dos dois se importava com qualquer besteira homofóbica em que seu envolvimento poderia resultar, eles eram o tipo de pessoa que tomavam o que quisessem sem se importar com as consequências e muito menos com o que os outros pensariam. O mundo esteve aos seus pés para reivindicar tudo o que desejasse desde o momento em que nasceu, jamais seria diferente nesse aspecto.

O problema estava relacionado a uma incompletude inexplicável, uma ausência marcada que tornava cada movimento de aproximação uma estranheza perturbadora e errada. Era a mesma razão para não ter atacado Uyara em um sentido sexual ainda. Nem beijos, nem toques, nem agressões que colocariam um deleite maníaco em seus rostos, nenhuma vontade vinha sem o sentimento culposo de que estava ultrapassando um limite que verdadeiramente os bloqueava.

Seus pulmões buscaram por ar puro, inspirando oxigênio bruscamente ao mesmo tempo que tentava focar sua atenção em algo coerente e menos complicado. Ele se arrependeu imediatamente, fora da zona de intoxicação apaixonante e de batidas aceleradas do coração, havia o formigamento fantasma de seus membros, causado pelo poder explorado pelas fibras de seu ser e de todo a liquido escarlate vindo de Amanai que manchou sua pele.

O olhar de Geto pesava contra seu corpo, não com a névoa de luxuria que a proximidade havia trazido segundos antes, mas com o horror escancarado que ver sua camisa debaixo tingida de vermelho o trazia. Gojo não estava preocupado com a possibilidade de ainda estar ferido, ele havia lidado com a situação muitíssimo bem, porém conseguia compreender o que isso implicava para o outro.

Não eram os mais fortes coisa nenhuma. Ainda havia muito em que deveriam melhorar e a percepção disso não poderia ter sido escancarada de forma mais horrível.

- Eu sei que estou uma merda, mas você está me fazendo sentir pior agora. - Ele tentou soar brincalhão, no entanto sua voz soou com uma rouquidão ferida e seus lábios se ergueram de forma tão forçada que não se esforçou para tentar mantê-los como a desculpa fajuta de um sorriso.

- Não estamos tão diferentes.

Aquilo era verdade na maior parte dos aspectos, embora o outro tenha buscado por Shoko para ter seus ferimentos tratados com alguém que sabia realmente o que estava fazendo e que não descobriu a cura no improviso, ele parecia tão danificado quanto o deus mortal. Nenhum dos dois teve forças para se quer mudarem os trapos que ainda estavam vestindo, o uniforme do de cabelos escuros estava rasgado no peito e endurecido com o sangue que jorrou daquele lugar. Toda aquela sujeira apenas parecia grudar em suas almas para lembra-los do fracasso.

- Quem se preocupa em cuidar dos mais fortes, não é mesmo? Estamos por conta própria a tanto tempo... - Satoru falou com o tipo de melancolia que nunca combinaria com as palavras que saem de sua boca, ao mesmo tempo que voltava a se esconder no refugio que era o corpo do outro, buscando qualquer coisa que o fizesse esquecer.

- Você sabe a resposta. - Ele olhou para a parede como se pudesse ver além dela. - Nós cuidamos um do outro.

Kioku abriu a porta do quarto como se estivesse esperando para fazer uma entrada triunfal no momento certo, o que pela expressão de seu rosto poderia se dizer que não era o caso. Não haviam se preocupado em avisa-la, procura-la ou chama-la, mesmo que a ideia passasse por suas mentes já sabiam que ela os encontraria por conta própria.

Não precisavam se explicar. Desde o momento em que ela chegou perto de onde eles estavam a sequencia de acontecimentos passou diante de seus olhos com a mesma intensidade de quem havia presenciado tudo o que os abalava. Além disso, Uyara conseguia dizer como pessoas de seu circulo intimo estavam se sentindo mesmo a longa distancia, com um retrocesso e quase sem clareza, mas normalmente o suficiente para alerta-la sobre o que esperar e como se preparar. Agora, porém, parecia que não havia sido o bastante.

Ela estava segurando sacolas com recipientes dos atuais restaurantes favoritos daqueles que precisavam de seu suporte, assim como uma garrafa de chá refrescante que combinava com o gosto de Suguru, uma outra bebida estranha horrivelmente doce que provavelmente se tornaria a preferência de Gojo e um conjunto de roupas limpas que não teve problemas em furtar das coisas do amigo. Coisas que vieram a mente dela enquanto estava em sua própria missão e que desviou do seu caminho original para adquirir, sem nem mesmo saber porque exatamente precisava fazer isso.

Nada daquilo era compensador o bastante para ela no momento, se o nojo em seus olhos e seus punhos cerrados fosse algum indicio.

A brasileira estava vestindo uma das blusas de Satoru, como se soubesse de resquícios da turbulência em que passavam desde antes de sair para eliminar maldições e precisasse de algum conforto para lidar com a agonia alheia. Ela havia abandonado a elegância que se tornou seu estilo, não estava muito diferente da menina anos mais nova que não se importava com aparências e não seria exagero dizer que ela ainda fedia ao sangue das bestas que ceifou, como se houvesse feito o possível para não demorar mais nem um segundo até encontra-los.

Foi necessário um breve momento para que ela voltasse a raciocinar corretamente, o tempo que levou até suprir as próprias emoções em prioridade ao trauma de seus amigos e começar a agir da melhor forma que podia fazer.

Encantamentos são passados hereditariamente na cultura japonesa, garantindo que linhagens supremas continuem gerando indivíduos poderosos independentemente da era. Mas na cultura dela era diferente. O líder máximo, um homem idoso com habilidades de vidência extremamente aprimoradas, agia como ferramenta de intercessão para designar dons aos que nasceram para possui-los e contava com o apoio de sua Segunda para que não houvesse nenhuma falha em todo o processo de escolha, atribuição e reivindicação.

Um humano que garantia ao mundo que traçariam o melhor futuro possível e que evitava qualquer possibilidade extinção global, um intermediador de eventos que optou por dar a uma das nascidas em seu território um enorme poder para conter ameaças, não apenas da maneira convencional.

Cada membro das comunidades jujutsu, independentemente de sua origem, guarda um instinto poderoso que surge de forma eventual para ser sua gloria ou ruína. Vida ou morte. À Uyara foi ensinado a força dessa característica para obter o trunfo de poder estimula-la não apenas para vantagem de combate, mas para controle de animosidade.

Essa era a sua camada protetora, uma força que operava com uma função defensiva semelhante ao Infinity . A identidade de uma lenda que ela assumia em raros momentos de necessidade.

Era exatamente por isso que, no instante que a garota começou a exalar fortemente um cheiro semelhante ao aroma de Geto quando não estava todo fodido, misturado com uma fragrância refrescante de limão e sol que já lhe eram características, toda a tensão fugiu do corpo de Satoru instantaneamente.

Ela sabia exatamente onde agir para aliviar todo o seu estresse e o deixou atordoado de uma ótima maneira. Parecia uma maldita droga invadindo seu sistema e o forçando a manter uma paz irreal, mas muito bem vinda.

Em outras circunstâncias isso doparia inimigos para que eles a protegessem e suspenderia todo e qualquer impulso de causar-lhe mal. Uma habilidade para momentos extremos, mas que quando usada assim mantinha a sanidade de aliados quebrados.

- Uyaraaaaa... - Gojo chamou respirando profundamente, com as pupilas dilatadas e tão contente quanto uma criança que acabou de ganhar um incrível presente. - Adoro quando você parece uma ômega no cio, faça mais.

- Você ainda não me viu agindo como uma ômega no cio para poder dizer isso. - Ela tinha um sorriso calmo no rosto, ou o melhor que conseguia já que não era afetada.

- Alguém já viu? - O rosto dele se franziu em aborrecimento conforme ela chegava mais perto. Kioku não negou e isso foi o suficiente para um grito agudo romper por sua garganta. - Como ousa?! Suguruuu, faz alguma coisa!

Ele apontou o dedo para o amigo como se ele agora também tivesse culpa sobre o assunto. Geto estava abismado demais para reagir imediatamente, seu corpo não sabia como lidar com tantas proporções de bem estar e havia novamente aquela parte terrível de seu ser que agora desejava agarrar a mulher a sua frente para reivindica-la como um animal faria. Ao mesmo em que se sentia capaz de começar uma guerra se ela pedisse.

- Por que ele está falando como se estivesse bêbado? - O de cabelos negros perguntou, ignorando adolescente emburrado em seu colo.

- Eu não estou bêbado! - O rapaz protestou.

- Ele fica chapado no começo, mas daqui a pouco volta ao normal. - Havia muito carinho em sua feição, direcionado principalmente ao amigo de longa data. - Satoru bêbado é uma experiência muito pior, não recomendo.

Ela deixou suas sacolas de lado e acariciou os cabelos brancos do portador dos seis olhos com cuidado usando uma de suas mãos, sentindo-o ceder para mais perto imediatamente, como se buscasse pelo calor de sua pele e isso não fosse o bastante para satisfaze-lo. Uyara detestava exercer o controle sobre a mente humana nas proporções em que era capaz e, como esse não era o tipo de situação na qual tal comportamento era necessário, não estava interferindo no livre arbítrio de nenhuma forma, apenas agia como um calmante poderoso e satisfatório. Foi por isso que seu eu interno soltou um gritinho de surpresa quando o controlador de maldições inclinou a cabeça para frente sem olhar em seus olhos, pedindo por carinho.

As bochechas dele estavam coradas de vergonha, uma vista rara e muito adorável. Gojo sempre foi o mais vocal e não conteve a própria exclamação de fofura quando viu a expressão carente que tomava conta daquele rosto atraente.

- MEU DEUS, COMO CONSEGUE SER TÃO BONITINHO?! - Ele agarrou a mandíbula alheia com força, usando ambas as mãos, e apertou aquelas bochechas como se quisesse quebra-lo, aproximando-se para esfregar seu rosto como um gato afetuoso. - Você quer carinho também? Eu te dou todo o carinho do mundo!

- Saí! - Geto o empurrou bruscamente, mandando-o para fora de seu colo e quase o derrubando da cama. Seu rosto ganhou alguns tons bem piores de escarlate, ao ponto de sua pele esquentar. - Se eu quisesse que você me causasse mais hematomas com certeza não seria dessa forma.

- Está me chamando de bruto?

Kioku estava maravilhada demais para se envolver na briga, ela apenas levou sua mão até aqueles cabelos escuros e se deliciou afundando seus dígitos até o couro cabeludo, para começar uma caricia delicada. Suguru congelou imediatamente, tensionando seus músculos em um alerta involuntário, embora buscasse relaxar logo em seguida, tentando convencer-se de que não havia nada para temer ali.

As vezes aqueles dois se esqueciam que, mesmo com Satoru agindo como um chiclete grudento e sendo um invasor de espaço pessoal nato, ele era péssimo em transmitir conforto a alguém que não fosse sua amiga de infância e ocupava o posto de mais intimo na vida do colega de escola, o único com abertura o suficiente para ter a oportunidade de toca-lo de uma forma mais gentil. O resultado era que, tendo uma criação extremamente rígida, o controlador de maldições só conhecia gestos assim em teoria.

Ele soltou o ar que nem sabia que havia prendido e fechou os olhos, aproveitando-se do momento da melhor maneira que conseguia, sem ter a certeza de poderia desfrutar do mesmo novamente. Sabendo que os olhos dos outros estavam fixados em si, o rapaz optou por tentar se concentrar apenas no toque dos dedos em sua cabeça, desejando esperançosamente que a circunstância se tornasse menos embaraçosa.

Havia um percentual de Gojo na personalidade de Uyara que queria dar um tapão na nuca de seu arquiinimigo, somente pela zoeira. Mas ela era a pessoa com mais compaixão ali, mesmo que não fosse algo possível de se dizer imediatamente. Em geral era a mais amável, possuia uma bondade nata e verdadeira. Embora pudesse adquirir com comportamento terrível perto de quem gostava, isso nunca foi uma regra aplicável a maior parte de sua razão e escassa interação humana.

Shoko e Kenny eram uma provas vivas disso, já que conheciam perfeitamente sua oscilação de comportamento, por convivência com os demais alunos do segundo ano com um ponto de vista fora da trindade que havia se formado.

A verdade era que ela incluiu Suguru em seu coração desde a primeira vez que ouviu seu amigo falando dele e nunca teria sido tão desagradável com ele se não o considerasse bem vindo. Havia tomado conhecimento de seus tópicos sensíveis e os evitado permanentemente desde a primeira provocação, nunca se deixou ir além das implicações calorosas e instigantes que, por mais que negassem, eram agradáveis para todos os membros do trio.

Pelo amor de Deus, ela atualmente jamais colocaria os pés em uma praia japonesa se não estivesse com pessoas na qual podia confiar a sua vida.

- Vocês dois deveriam tomar um banho. - Ela forçou uma exagerada expressão de desgosto. - Estou começando a ficar nauseada.

- Ah é? Eu não estou nem um pouco incomodado! - Satoru esticou os braços exibindo a si mesmo, conscientemente anestesiado de suas sensações ruins ao ponto de poder se vangloriar disso.

- Mas eu ficaria tão satisfeita se você parasse de cheirar como um carniceiro recém saído do abatedouro... - A forma com que ela disse isso, cada palavra banhada de energia amaldiçoada, fez com que o adolescente se colocasse em pé no mesmo instante.

- Manipuladora de mentes terrível, eu te odeio.

Uma faísca de rebeldia chicoteou contra a feiticeira amiga, nada forte o bastante para realmente ser considerado como um contra feitiço. O fato é que Gojo recolheu as roupas limpas que ela havia trazido com uma vontade de agradar que não era sua e caminhou quarto a fora com uma série de resmungos contraditórios às suas ações.

- Eu suponho que também não tenho escolha. - Geto comentou, levemente divertido.

- Claro que não. Não sou obrigada a enche-los de mimos enquanto torturam meu nariz.

(...)

No banheiro compartilhado masculino ambos os rapazes escolheram chuveiros distantes um do outro, se livraram dos uniformes destruídos e buscaram o conforto de uma ducha quente.

Os dois não confiavam neles mesmos para se encararem nus, não enquanto o encanto de Kioku ainda agia sobre seus corpos e afastava qualquer impedimento anterior. Não quando a própria pegou roupas do armário de Suguru, com autorização, e ignorou as divisões de gênero para limpar sua própria pele em uma cabine posicionada entre as que os rapazes se encontravam.

Eles perceberam naquele instante, conforme ensaboavam as extensões de seus membros e esfregavam cada parte mal cheirosa, conforme seus pensamentos se intoxicavam com imagens impróprias dos outros ocupantes do recinto e suas intimidades mostravam um interesse reprimido, que haviam desvendado a incógnita que lhes causava estranheza.

Não deveriam ver um ao outro como conhecidos com conflitos de interesses. Deveriam cogitar a possibilidade de que estavam embolados no fio vermelho do destino a muito tempo.

Se não houvesse uma ferida grotesca e pulsante em cada um deles sendo estancada por aquela magia controladora de impulsos desastrosos, talvez pudessem ter escolhido fazer alguma coisa a respeito disso. Talvez se não estivessem com tanto medo de voltarem para aquele estado catatônico teriam aproveitado melhor o tempo.

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