ALGUNS ANOS ANTES DO CRUEL...
Havia uma multidão em cima da gente, eram pessoas gritando, desesperadas por seus filhos sendo levados.
Luzes fortes batiam em nossos rostos.
Eu estava junto com Tommy, no colo de nossa mãe.
Os guardas pediam para que ela nos entregasse nas mãos deles.
— Lembre-se, eu amo vocês ! — Foi a última que escutei de nossa mãe, antes de sermos levados por guardas.
— MÃEEEE. — Gritávamos, enquanto nos debatíamos naqueles guardas.
Estávamos em um ônibus, cheio de crianças. Olhei para o guarda ao meu lado, ele me encarava. Me dava medo.
— Sarah, está tudo bem ! — Uma mulher loira me dizia, era a doutora Ava Paige. Pude reconhecer ela.
[...]
Quando eu simplesmente pisquei, já havia mudado para dentro da caixa.
Comecei a me desesperar, não queria que fosse real de jeito nenhum.
— ME TIREM DAQUI AAAA. — Gritava na tentativa de alguém me escutar, mas foi totalmente falha.
— SARAH, SARAAH ! — Escutei Minho gritar meu nome, não sabia da onde vinha o som. Mas sabia que era ele.
Foi aí que a caixa começou a subir mais rápido e aquela luz clara novamente apareceu sobre meu rosto.
— NÃOOOOO. — Gritei quando minha visão ficou totalmente branca.
[...]
— SARAH ! — Acordei assustada com Minho gritando meu nome.
Me aliviei por tudo aquilo não ter sido algo real.
— ACORDA, TEMOS QUE IR ! — Minho gritava desesperadamente, foi aí que percebi que estávamos em uma base gigante.
— ESPERA AÍ, ESPERA AI ! — Gritei quando me lembrei que o colar que Chuck havia me dado, estava ali dentro do helicóptero.
Consegui pegar, antes dos guardar virem me levar a força.
Tentei procurar o resto dos meus amigos com os olhos e eles estavam todos correndo até dentro da base.
Olhei para trás e pude ver que os guardas matavam uma espécie de "cranks." foi o que eu ouvi eles dizerem.
E realmente a base é gigantesca, parecia um castelo.
Vários guardas chegavam acertando tiros nos cranks, era estranho pois pareciam pessoas normais. Eu apenas continuei a correr com os outros.
Assim que entramos, aquelas portas grandes se fecharam. Comecei a analisar o lugar e nossa, era cheio de guardas, máquinas, carrinhos, parecia a pista de um aeroporto.
Mas não era..
[...]
Estávamos todos em uma sala, ninguém falava nada. O silêncio era tão grande que podia ouvir a respiração de Thomas ao meu lado.
Até que o silêncio foi quebrado, quando um dos guardas abriram a porta, fazendo com que um homem de jaqueta e camiseta branca, com barba entrasse.
Não sei por que, mas não tive um bom pressentimento desse cara.
— Vocês estão bem ? Peço desculpas pela confusão. Enfrentamos um enxame. — Disse o homem, enquanto todos nós nos aproximávamos.
— Quem é você ? — Thomas perguntou preocupado, ao meu lado.
Pelo jeito, não foi só eu que tive um mau pressentimento.
— É por minha causa que estão vivos ! E eu pretendo mantê-los assim. Agora venham comigo vamos ajeitar vocês ! — Exclamou o homem.
Demoramos um pouco para ver se podíamos confiar e o seguir, mas não havia escolha, então apenas fomos.
— Podem me chamar de Senhor Janson. Eu sou o administrador, para nós isso é um santuário. O que nos salva do terror do mundo lá fora, vocês devem vê-lo como um abrigo. Como uma casa entre casas. — Enquanto ele explicava, a gente o seguia, passamos por um lugar que soltava faíscas e ele pediu para que tomássemos cuidado.
— Vai levar a gente para casa ? — Perguntei pela primeira vez, algo.
— Por assim dizer. Pena que não sobraram muitos de onde vieram, mas nós temos um lugar para vocês ! Um refúgio no deserto. Onde o CRUEL nunca vai achá-los, gostam da ideia ? — O mesmo respondeu, fazendo com que Minho e Newt se entreolhassem meio confusos.
— Por que você está ajudando ? — Minho perguntou o que eu mais queria saber.
— Digamos que o mundo lá fora está em uma situação muito precária, estamos todos pendurados por um fio muito fino. O fato de crianças serem imunes a aquela vírus maldito faz de vocês a maior chance de sobrevivência da história da humanidade ! — Janson respondeu a Minho. — Infelizmente isso torna vocês alvos, que sem duvidas já devem ter notado.
Continuamos andando até chegarmos em uma porta grande.
— Atrás dessa porta, está o começo das novas vidas de vocês ! — Assim que Janson disse isso, ele pegou um cartão que me deixou muito curiosa e passou no encaixe do lado da porta, fazendo com que a mesma abrisse nos mostrando um grande corredor.
Sinceramente, não aguentava mais ver corredores.
— Mas para iniciar, vamos dar um jeito nesse cheiro. — Exclamou Janson se referindo a nós, realmente estávamos imundos.
[...]
Estávamos no chuveiro, aquela sensação era perfeita, a água quente batendo em meu corpo. Fazia tanto tempo que não tomava um banho desses.
Todos estavam comemorando por estar tomando banho, mas eu sentia que algo sempre estava errado, e sei que Thomas também está assim.
Conheço meu irmão, provavelmente ele está encostado na parede deixando a água cair em seu corpo, e pensando muito.
Olhei para baixo e pude ver sangue caindo, deixei minhas lágrimas saírem pois ninguém iria perceber. Estava chorando pois aquele sangue não era meu.
Era de Chuck.
Assim que sai do banho, fui em um canto que era feito só para mulheres e comecei a me trocar.
Coloquei uma roupa confortável que achei e arrumei meu cabelo o deixando solto como de costume. Coloquei umas luvas de couro para reforçar caso precisasse.
Imaginem assim :
Nem me dei conta de que Newt estava na porta me observando, mas ele não estava com aquele olhar que eu amava. Ele estava preocupado.
Ele não disse nada, só veio até mim me abraçando com tudo, ele estava preocupado, pois sabia que eu não estava nada bem.
Não aguentei. Lágrimas começaram a cair sobre meu rosto.
Newt colocou suas mãos sobre meu rosto, limpando as lágrimas que caiam. Até que pela saudade que eu estava, juntei nossos lábios em um só.
Um beijo saudoso, os dois estavam com saudades de tudo aquilo, mas não havia como eles ficarem juntos no meio daquilo tudo.
No meio do beijo, Newt foi descendo suas mãos em minhas costas, de um jeito carinhoso.
E eu coloquei minhas mãos sobre sua nuca, fazendo carinho delicadamente na mesma.
Nos separamos pela falta de ar, logo nos juntando novamente a um abraço.
— Obrigado ! — Sussurrou em meus ouvidos.
— Obrigado? pelo que ? — Sussurrei de volta, estranhando.
— Por me fazer o garoto mais sortudo desse mundo !
Eu conhecia essas palavras de algum lugar.
Foi aí que me toquei, foi o que ele havia me dito na base do CRUEL antes de nós irmos para o labirinto..
[...]
Estava indo para outra sala onde meus amigos também estavam, olhei para o lado e consegui ver uns frascos com líquido vermelho dentro. Imaginei ser sangue.
Do lado havia outro frasco maior, só que nele havia um líquido azul. Igualzinho o da minha lembrança.
Será que é algo relacionado a cura do fulgor ?
Acho que não..
Sai dos meus pensamentos, quando olhei para o lado e pude ver Newt perguntando para um enfermeiro, sobre o que era aquilo que ele iria injetar nele.
Era fofo ver sua cara de preocupação, mas imaginei que ele iria ficar melhor com aquela injeção.
Andei mais um pouco e pude ver Minho correndo rapidamente em uma esteira, ele nunca muda mesmo.
Me sentei ao lado de Thomas, para que os enfermeiros pudessem tirar meu sangue junto do dele.
Pelo que dizem, podemos ter algo de diferente no nosso sangue. Não acredito muito nisso mas não tenho escolha.
— Boa noite, doutora. — O enfermeiro do nosso lado falou para uma doutora que passou, em seguida foi ver como estava Teresa. Ela estava sentada e confusa em cima de uma cama.
— Sarah e Thomas. — Uma figura alta chegou, nos chamando.
— A gente ? — Perguntamos juntos, para saber o que aquele homem queria.
— Me acompanhem, por favor ! — O mesmo pediu, fazendo com que a gente levantasse para o seguir.
Olhei para trás junto com Thomas, pude ver que Minho nos olhava com a sobrancelha erguida, como se estivesse curioso pra saber o que iria acontecer.
Olhei para Thomas que parecia não estar olhando para o mesmo lugar que eu. Ele estava olhando para Teresa.
Toda vez que falava da Teresa, Thomas aparecia para a proteger ou algo do tipo.
Sinto que ele gosta de Teresa, e não é de hoje..
Entramos em uma sala, precisamos sentar em uma cadeira que havia lá.
Aquela sala parecia uma espécie de sala de interrogatório. Havia até câmeras pelo canto das paredes.
Até que aquele cara, acho que o sr. Janson. Entrou na sala dizendo nosso nome.
— Obrigado por virem me ver. — Janson agradeceu.
Não sei porquê ele estava agradecendo, fomos obrigados a vir.
— Me desculpem pelo incômodo, eu torci para que pudéssemos ter um tempo para bater um papo. Longe dos outros ! — Assim que o mesmo disse isso, olhei para Thomas como se estivesse estranhando o por que do "longe dos outros."
— Bem, não irei tomar muito o tempo de vocês, eu só tenho uma pergunta. — Continuou dizendo, o encarávamos com muita atenção, com aquele nosso olhar que dava medo em alguns. — O que vocês se lembram do CRUEL ?
Assim que disse isso, eu entrei em um certo estado de choque, sabia que o CRUEL não era um lugar bom, sempre tive um pressentimento ruim. Não podia dizer o que eu sabia.
— Não estão encrencados, só estamos conversando. Estou tentando entender. — Janson disse, assim que percebeu que não confiávamos nele.
Thomas me entendia apenas com olhares, isso é muito bom para nós dois. Sabemos quando estamos em perigo ou não.
— Entender o que ? — Thomas perguntou.
— De que lado vocês estão ! — Disse sériamente, olhando no fundo de nossos olhos.
Senti arrepios, mas não demonstrei, tinha que me manter forte com Thomas até o final.
Nos entreolhamos pensando no que dizer, estávamos em uma situação meio complicada nesse instante.
— Lembro que trabalhávamos para o CRUEL, me lembro que nos mandaram para o labirinto. Me lembro de ver meus amigos MORREREM em nossa frente. Estamos do lado deles ! — Respondi por nós dois, fazendo com que o mesmo nos encarasse muito irritado.
— Interessante, você disse que trabalhavam para o CRUEL, mas que mandaram vocês para o labirinto. Por que eles fariam uma coisa dessas ? — Perguntou sarcasticamente.
— Não sei, deve ter perguntado a eles antes de matar todos.. — Thomas disse. Por baixo da mesa dei um soquinho em sua mão. Ele mandou muito bem.
Janson nos olhou com aquela cara de sarcasmo que ele adorava, mas eu odiava.
— Eu garanto que vou me lembrar disso. — Terminou ironicamente. — Aproveitem a estadia de vocês aqui ! — Completou, se levantando para sair da sala.
— É só isso ? — Perguntei surpresa.
— É, já me disseram tudo o que eu precisava saber. Vocês e seus amigos foram liberados para se juntarem aos outros, logo todos serão enviados para um lugar melhor. — Respondeu, já abrindo a porta para sair.
— Espera aí, outros ? — Thomas perguntou ao mesmo, confuso.
Outros ?
Nos entreolhamos surpresos pois achávamos que éramos os únicos..
N/A:
- Oi oi meus anjos, é só passarem para o próximo capítulo.
- Se puderem votar e comentar, agradeço muito <33