Flores (Rabia)

By kalimannss

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Meses após o BBB 20, e as circunstâncias são outras. Bianca ainda não conseguia lidar completamente com o ma... More

Um.
Dois.
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Quatro.
Cinco.
Seis.
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Dezesseis - (Omissões)
Dezessete
Dezoito
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Treze

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By kalimannss


Eu juro que não era pra eu ter demorado tudo isso, mas aconteceu imprevistos - como sempre, e tive que adiar a saída do capítulo.

Mas enfim, ele saiu.

Não vou prometer não demorar pois nunca cumpro, mas vou dar o meu melhor.

Boa leitura! :)

#

A quarta-feira que sucedia o dia do último episódio do programa de Bianca havia chegado, a terça tinha sido um sucesso e a mulher sentia-se com um peso a menos em suas costas.

Entretanto, não havia tirado nem mesmo aquele dia para descansar, pois optou por discutir os números da audiência com a sua equipe e realizar diversas reuniões de sua empresa no mesmo dia.

Ao fim do expediente, concentrada na tela de seu celular, Bianca esperava Miguel trazer a lasanha que havia preparado com Venturotti naquela noite. Aquele momento era natural para os três, aproveitavam a hora de jantar juntos para relaxar e colocar o papo - não relacionado a trabalho, em dia.

Bianca suspirou baixo antes de finalmente abrir os stories de Rafaella, como fazia todos os dias ao fim de seu expediente.

Recebendo um olhar de Venturotti, que estava sentada na cadeira ao seu lado, Bianca baixou o volume do celular e deu de ombros ao notar o sorriso que nasceu nos lábios de sua amiga.

— Todos os dias, no mesmo horário, na mesma posição e com a mesma carinha de cachorro abandonado. — Disse jogando suas pernas em cima da mesa de jantar. — Aqui, eu acho bonitinho!

— Que isso, garota? — Franziu o cenho, fechando os stories da mineira, optando por visualiza-los mais tarde em sua privacidade. — Tá falando do que? — Não segurou a risada ao notar a expressão zoada de Venturotti.

— Toda noite que tu janta com a gente, nesse cantinho aqui, nessa mesma hora, é o momento que tu para pra visualizar os stories da Rafa. — Explicou. — Um dia vou filmar tua carinha fazendo isso.

— Ah... — Sorriu ao revirar os olhos, desconcertada. — É o que me resta, né?

— Ué, não estão se falando?

— Até estamos. — Explicou ao suspirar e arrumar sua postura na cadeira. — Faz quase um mês que a gente não se vê por causa da nossa agenda, né? Eu estava toda atolada com as coisas do programa aqui e ela passou quase o mês todo no Rio, inclusive ainda está lá, pelo que eu percebi nos stories.

— Faz sentido. — Concordou. — Mas nem um facetime? Websexo? Não sei, algo assim.

— Websexo, Bianca? — Encarou a amiga, incrédula. — Eu nem sei como isso funciona!

Revirou novamente os olhos ao escutar a gargalhada de Venturotti ao seu lado, ignorando-a e voltando a explicar sua situação com a mineira:

— Sei lá! Ela mandou mensagem em todas as terças de programa, elogiando cada aspecto da apresentação. — Sorriu lembrando das mensagens da mineira. — Mas ela nunca fala sobre que dia vamos nos ver, e eu não sei se eu devo tocar nesse assunto.

— E qual o problema de tocar nesse assunto? Pensei que já tivessem passado dessa fase. — Franziu o cenho, vendo Miguel se aproximar com a lasanha em suas duas mãos, na direção da mesa posta.

— Eu também achei, mas depois que ela foi pro Rio eu fiquei sem graça de perguntar quando ela volta, sabe? — Torceu o nariz. — Não quero que pareça que eu tô em cima.

— Quem foi pro Rio? Estamos falando de quem? — Miguel perguntou, querendo entender o assunto das duas.

— Da Rafaella. — Venturotti explicou, já se servindo. — Bia está em crise de adolescência, sem coragem de perguntar quando vai ver a boazuda.

— Vai te lascar! — A carioca xingou com humor, acompanhando os dois ao servir sua janta. — Não é só isso, é só que essas últimas semanas tanto eu, quanto ela, trabalhamos muito e mal nos falamos! Mas já estava pensando em dar uma ligada esses dias.

— Nossa, Boca! Você já foi mais desenrolada, hein? — O amigo alfinetou. — Não estou reconhecendo.

— Foi o que eu disse! Ela passa noites e noites presa nos stories da Rafaella, esperando a boa vontade da mulher mandar mensagem e correndo o risco de ficar pra trás na fila de pretendente da gostosona! — Venturotti não guardou o raciocínio para si, arrancando gargalhadas dos dois amigos.

A carioca havia rido do comentário mas a verdade é que estava extremamente insegura quanto a isso.

Sentia Rafaella tentando se aproximar, lhe mandando mensagem e seu coração só aquecia cada vez mais que notava o interesse da mineira. Entretanto, no último mês, sua rotina havia sido tão turbulenta que confessava que tinha negligenciado o contato com Rafaella.

A falta da mineira já se fazia presente a dias. Antes de dormir, Bianca não evitava de acompanhar todos os passos que a outra havia registrado na internet, fosse no instagram, fosse no twitter, ou em qualquer outra rede social.

Não queria mandar mensagens todos os dias para não entrarem em um ciclo de apenas conversar pela internet e acabar esfriando o que as duas estavam tendo.

— Eu ri mas acho improvável a Bia sair da posição dela na lista da Rafa. — Miguel opinou. — Posso estar errado, mas é só ver as duas juntas por dez minutos que dá pra notar o quanto uma cadela a outra. E você, Bianca, está perdendo tempo!

— Eu tô ligada, amigo! — Sorriu com as palavras de Miguel. — Vou me situar, parar com o drama adolescente e aproveitar essas duas semanas que a gente se deu férias pra arrumar minha vida amorosa.

— Por favor! — Venturotti incentivou. — A festa de lançamento da campanha é daqui a 3 semanas, a última coisa que a gente precisa é da Rafa desmarcando a presença, combinado com um monte de instagram de fofoca especulando o porquê.

Bianca arregalou os olhos e chacoalhou a cabeça como se quisesse afastar aquela possibilidade, recebendo uma risada de seus amigos.

— Minha vida amorosa a parte, de que forma vocês pretendem usar esses 15 dias de férias que eu dei pra vocês? — A carioca questionou recebendo um olhar debochado de Venturotti.

— Tua cara nem treme, né? Se não fosse eu e o Miguel ressaltando a importância de duas semanas de descanso, tu nem tinha pensado em férias!

E era verdade, Bianca havia hesitado por dias antes de autorizar a pequena pausa após meses de trabalho.

— É verdade, Bia. — O homem concordou. — Mas eu pretendo visitar minha avó por uma semana no interior e depois voltar pra São Paulo e ficar mais uma semana só de boa, sabe?

— Ai amigo, vai mesmo... faz tempo que tu não vê eles, né? — Incentivou.

— Nossa, demais! Vai ser bom passar esse tempinho lá. — Concordou antes de sorrir sugestivamente com sua fala seguinte. — E quando eu voltar, ainda consigo passar uma semaninha com o Paulo.

— Paulo é aquele último que veio aqui te buscar? — A carioca questionou com um sorriso, vendo o amigo assentir. — Mó gatinho.

— E o terceiro desse mês. — Venturotti comentou fazendo o amigo gargalhar. — Antes era a Bia que trazia umas três por mês, agora que ela está fora do mercado... tu tomou o lugar.

Andrade não evitou a risada.

— Perdemos real uma soldada, ela nem nega mais! — Miguel alfinetou entrando na brincadeira de Venturotti e assistindo Bianca apenas dar de ombros.

— Vocês exageram! — Revirou os olhos. — Mas não vou ficar discutindo isso.

— Enfim, eu acabei comprando uma passagem pro Rio amanhã. — Foi a vez de Venturotti informa-los sobre o itinerário de seu recesso. — Vou passar essas duas semanas lá e aproveitar que é o aniversário da minha irmã daqui a alguns dias.

— Ai amiga, queria eu estar indo pro Rio. — Miguel comentou. — Eu nem lembro a última vez que eu saí de São Paulo.

A mente da carioca parou por alguns segundos, ao mesmo tempo em que processava a ideia que havia surgido em sua cabeça naquele momento.

Era uma boa oportunidade, não?

Precisava ver sua família a meses, precisava descansar, e... bom, era uma chance de passar um tempo com Rafaella - se a mineira quisesse lhe ver, claro.

De quebra, ainda teria companhia no avião.

— Aqui, essa tua passagem tá marcada pra que horas? — Não resistiu.

#

Prendendo o celular entre a orelha e o ombro, em um entortar de pescoço, Bianca escutava o chamar do número que havia acabado de discar enquanto enrolava uma toalha branca em seu cabelo recém lavado.

Havia acabado de deixar o banheiro após seu último banho do dia, e arrumava o roupão branco em seu corpo quando ouviu a voz que esperava ansiosamente a alguns segundos.

Bia? — A voz da mineira era até um pouco preocupada. — Ei! Tudo bem?

Oi, Rafa! — Praguejou por não ter pensado antes no que falaria. — Liguei em uma hora ruim? Quer dizer, tu tá ocupada?

Do outro lado, Rafaella estava apenas positivamente supresa com a ligação.

Não estou ocupada, não. — Sorria com o cenho franzido, mesmo que a outra não pudesse ver. — Só um pouco surpresa de receber uma ligação da empresária mais ocupada de São Paulo!

A risada da carioca, que Rafaella tanto sentiu falta, se fez presente.

Tu falando assim eu me sinto pior! — Torceu o nariz. — Mas nem fala porque pelo que eu ando vendo tu já me alcançou nesse quesito faz muito tempo também. — Acusou em tom de brincadeira.

Cê tem razão, essas duas últimas semanas foram puxadas demais da conta. — Foi sincera. — Mas e aí? Como você tá?

Sentindo sua falta, posso dizer. — Riu fraco por não ter conseguido manter aquilo para si, finalmente. — Fiquei mal acostumada com os nossos últimos dias juntas, e queria demais ter te ligado antes.

E por que não ligou? — Perguntou simples.

De verdade? Eu não sei, só imaginei o quanto tu devia estar se acabando aí nos teus trampos e evitei.

Rafaella estava verdadeiramente achando aquilo adorável, e ainda processando a sinceridade da carioca em dizer que realmente sentia sua falta, pois era completamente recíproco.

Cê podia ter ligado, trem. — Riu fraco, indo em direção ao fogão e apagando o fogo que cozinhava alguns legumes que faria para jantar. — Talvez eu estivesse só esperando uma mensagenzinha ou uma ligação.

A carioca deixou o celular em cima de sua penteadeira e colocou a chamada no viva-voz, de modo a fazer seu ritual diário de skin care antes de dormir.

Pois então, a ligação aconteceu. — Disse bem-humorada. — Mas indo ao que interessa... — Deu início ao verdadeiro motivo de ter ligado para a mineira. — Tu vai ficar aí pelo Rio até quando?

Ai, eu estou finalizando a mudança pra casa nova, faltam poucas coisas mais ainda sim necessitam da minha presença aqui e no estúdio. — Explicou. — A casa estava cheia com a minha família aqui mas todos foram embora ontem, e infelizmente eu ainda fico por mais uns dez dias. — Seu tom era chateado.

Nossa, mas tá odiando tanto o meu Rio de Janeiro que já fala "infelizmente"? — Brincou na tentativa de amenizar a chateação na voz de Rafaella.

Mordeu o lábio parando por alguns segundos o que fazia ao ser atingida pela risada da mais velha.

Besta! Claro que eu amo o Rio demais da conta. — Carregou o sotaque despertando em Bianca o pensamento sobre o quanto sentiu falta daquilo. — Mas algumas coisas em São Paulo estavam me fazendo muito bem, de forma que recentemente eu tenho sentido uma falta que cê nem imagina.

Não fez questão de ser discreta na sentença, dando a liberdade que a carioca estava esperando para avançar.

É? Então deixa eu te contar uma novidade.
— Pegou o celular, tirou do viva-voz e colocou novamente na orelha, levantando da cadeira onde estava em ansiedade. — Tu lembra que eu falei que boa parte da minha família ainda mora aí no Rio, né?

Lembro sim.

Então, eu ganhei umas duas semanas de férias e tô precisando vê minha mamãe, sabe? — Explicou prendendo o sorriso. — Estou chegando por base de meio dia na casa de dona Mônica amanhã!

Sério, Bia? — Não escondeu a empolgação. — Primeiro, eu amo que cê fala que "ganhou férias" como se você não fosse a chefe da própria empresa. — Bianca gargalhou. — Segundo que, eu tenho uma dúvida maior.

Qual?

Será que dona Mônica ficaria muito chateada se você ficasse aqui em casa? — Perguntou receosa, mas ao mesmo tempo caprichando no bom humor. — A mudança não acabou mas a maioria das coisas já estão bonitinhas nos seus cantinhos. Além do mais, eu estou sozinha desde ontem, e seria uma companhia até que agradável.

Bianca não podia negar que realmente esperava aquele convite, estava até um pouco receosa na possibilidade não recebê-lo. Então não seria inteligente perder tempo na resposta que daria para Rafaella.

Mamãe não vai sentir nem a minha falta, contanto que faça algumas visitas. — Afirmou.

Olha lá, hein! A última coisa que eu quero é meu filme queimado desde já com a sua mãe.

Por mais que seu tom fosse completamente bem humorado, a mineira realmente não queria aquilo, agradar a mãe de Bianca poderia entrar em uma de suas prioridades a partir dali.

Até parece, Rafa. — Disse enquanto andava com o celular preso em seu ombro e separava algumas roupas para levar na mala. — Mas então, cê tem certeza que é de boa eu ficar aí? Tipo, não quero atrapalhar, eu entendo o quanto mudança é estressante e quanto menos bagunça melhor.

É mais do que de boa, Bi. — Disse rapidamente. — Cê precisa que eu pegue você no aeroporto? É só me falar a hora que seu voo chega.

Que isso, não precisa. — Negou. — Consigo pegar um carro por aplicativo e vou pra aí.

Perfeito, então. — A mineira fez de tudo para esconder em seu tom o quanto havia ficado feliz com a notícia que teria a presença de Bianca novamente.

Te vejo amanhã, então? — Não queria desligar mas lembrou de sua mala que ainda precisaria arrumar.

Por favor! — As duas riram antes de se despedirem novamente e desligarem.

#

Arrumando uma das várias mesas de jantar que havia naquela casa, dessa vez a que ficava em sua varanda, de frente para a piscina, Rafaella escolhia um dos vinhos caros que pertenciam a sua nova adega.

A mineira havia chegado tarde do estúdio e cansada o suficiente para não cozinhar, além do mais, Bianca havia acabado de chegar, não poderia arriscar cozinhar algo cansada para a carioca comer. Haviam grandes chances de dar errado.

Resolveu pedir um japonês com diversas opções, inclusive as veganas.

Distraída com a escolha das taças, Rafaella não notou a presença da outra que havia acabado de descer as escadas.

— Tua casa é linda pra carái, Rafa.

Levemente assustada com a presença repentina, virou o corpo para dar de cara com uma Bianca de cabelos recém lavados, roupas confortáveis e com o olhar perdido na decoração da casa.

— Cê gostou? — Apertou os olhos e torceu o nariz. — Ainda faltam algumas coisas chegarem mas já tá ficando a minha cara, né?

— Tá tudo muito lindo, de verdade. — Se aproximou da mesa onde a mineira estava ao lado. — Inclusive essa mesa aqui, que isso gente? Ganho hospedagem gratuita e ainda jantar chique?

A maior riu da cara de pau da carioca e esticou a mão para puxa-la para bem mais perto de si.

— Jantar chique o que, garota? — Rodeou os braços pela cintura da menor e levou o rosto para o pescoço recém banhado e perfumado. — Pedi um japonês pra gente, e se o meu bom Deus quiser me ajudar, eu não errei nas opções que cê gosta.

Bianca sorriu com a sensação da fala da mineira contra seu pescoço e virou a cabeça buscando seu rosto para um beijo cheio de saudades, porém rápido.

— Preparou tudo isso pra mim mas o beijo e o agarrado eu que tive que estar providenciando primeiro, né? — Beijou novamente a mineira.

— O mínimo, Bia. — Deu de ombros. — E a banheira que eu preparei pra você, estava boa? Cê achou as toalhas limpas que eu deixei lá também?

Estava extremamente preocupada com o conforto da carioca.

— Achei e estava tudo perfeito, só faltou a companhia na banheira. — Arqueou as sobrancelhas com o sorriso que a maior já estava familiarizada. — Achei a anfitriã fraca...

— Não dou conta dessa sua cara de pau, não! — Negou com a cabeça. — Mas já vou anotar, dá próxima vez eu te espero completamente suja da rua só pra tomar banho com você. — Disse ironicamente.

— Ta aí, gostei!

A dona da casa deixou um último beijo no canto da boca da outra e afastou seus corpos para abrir o vinho que havia escolhido.

— Enquanto nossa janta não chega, cê divide esse vinho comigo? — Levantou a garrafa sugestivamente.

— Olha, não sou muito de beber na semana não, mas nunquinha que eu ia fazer essa desfeita contigo. — Observou a mesa detalhadamente arrumada pelos caprichos da maior.

Rafaella não evitou a risada irônica e a alfinetada que daria em seguida:

— Primeiro, se eu pouco me lembro não era você quem estava dividindo um Cabernet Uruguaio, no meio da semana, com o boleiro lá um dia desses na sua casa? — Franziu o cenho servindo as duas taças. — Além do mais, hoje já é quinta-feira, quase sexta!

— Nossa, mas ficou tão bolada assim que decorou até o vinho que era? — Prendeu a risada com o tom passivo agressivo de Rafaella.

— Que bolada o que, Bia! — Se defendeu. — Só achei importante desmascarar essa sua cara de sonsa.

A carioca se aproximou novamente, dessa vez com sua taça na mão, e após tomar um gole fez questão de massagear o ego da outra:

— Deixa de ser marrenta, aquele dia eu tava aceitando beber até com meu pior inimigo de tanto que eu tava amargurada por você sabe o que!

Rafaella deixou um sorriso desconfiado escapar.

No fundo, sabia que Bianca não lhe contava tudo sobre as outras possíveis pessoas que se relacionava, e é claro que gostaria de saber, principalmente para falar a forma que se sente sobre aquilo, mas conversar sobre aquele tópico seria avançar para um patamar que não tinha certeza se a carioca estaria preparada.

— Eu tô brincando. — Manteve o sorriso enquanto sugeria um brinde com a carioca ao levantar sua taça. — À suas férias! — Bateram as taças e deram um longo gole.

Minutos após bebericarem pelo menos duas taças de vinhos, em meio a troca de flertes descarados, a comida que Rafaella havia pedido chegou, fazendo a mesma ir buscar.

Sentaram em um grande pufe que havia perto da piscina, com as peças de sushi no colo e a garrafa de vinho na mesa a frente, criando um ambiente ainda mais confortável.

— Pô Rafa, tu preparou um mesa linda e a gente vai comer deitada? — A carioca se deu conta da grande contradição da mineira.

— Deixa de besteira, Bia. — Puxou a mulher de volta, que já se levantava do pufe. — Aqui está bem mais confortável, e bem informal do jeitinho que a gente gosta. — Pegou uma das peças com o hashi, levando a própria boca, e expressando prazer em seu rosto, deu o passe para Bianca fazer o mesmo.

— Amanhã tu vai precisar ir para o estúdio? — Falou após engolir. — Tava pensando em ir visitar minha mamain cedinho. — Utilizou o apelido com sua voz característica.

— Não. — Negou. — Só vão precisar de mim lá na terça, ainda tenho quatro dias de folga, e o resto da mudança também só chega na próxima semana.

— Entendi... — Refletiu novamente sua ideia. — Se tu não tiver muito trabalho amanhã, e quiser ir comigo, sinta-se convidada. — Falou de uma vez vendo a mineira praticamente engasgar.

Rafaella manteve sua expressão quase assustada encarando a outra.

— Ei, calma! — Não segurou a gargalhada. — Sem pressão e compromisso, seria algo leve e só se tu quiser! Juro, não se sente pressionada não.

— Pai amado... — Suspirou. — Conhecer Dona Mônica? — Engoliu com dificuldade o gole de vinho que havia acabado de tomar, passando a mão na garganta. — Assim, do nada? Sem ela nunca ter ouvido falar de mim?

— Mamãe sabe tudo da minha vida. — Sorriu. — Quer dizer, quase tudo. O suficiente. — Explicou. — Peraí, tu não tá com medo da minha mãe não, né?

— Medo? — Franziu o cenho tentando não engasgar novamente. — Claro que não, Bia. Sou madura o suficiente pra isso, e como cê disse, não é nada demais.

— Viu? — Concordou.

— Podemos ir, então. — Apesar do nervosismo já ter se feito presente, Rafaella aceitou o convite genuinamente. — Amanhã eu só tenho uma reunião à noite e nós podemos ir de manhã.

— Tu é tudinho! — Aproximou-se deixando um selinho no canto da boca de Rafaella. — Vou avisar pra ela, pra já se controlar e não me fazer passar vergonha na tua frente.

Bianca não tinha nenhuma intenção a mais ao levar Rafaella para conhecer a mãe, é claro que Mônica sabia do "relacionamento" das duas, mas para a carioca, era apenas um encontro leve que não deveria ser realizado de forma a pressionar a mineira a algo.

Assim, curtiram o resto da noite em meio ao ambiente que criaram ali fora, sem desgrudar uma da outra, trocando beijos, amassos e cada vez mais soltas em decorrência do efeito do vinho, que havia acabado minutos atrás.

— Cê quer subir pra deitar? — Rafaella perguntou, ainda acariciando o braço que rodeava sua cintura e sentindo os arrepios que a respiração da mulher contra seu pescoço causava.

Bianca deixava rastros de beijos do pescoço até a base de sua orelha, de forma lenta e confortável.

— Em qual dos dez quartos que eu contei só lá em cima eu vou dormir? — Afastou o rosto para encarar a mineira.

— No meu, uai! — Disse, óbvia. — E deixa de ser exagerada, trem! Não tem nem sete quartos direito nessa casa.

— Vai ceder a suíte master da casa pra mim? Uau! — Brincou antes de cheirar novamente o pescoço de Rafaella.

— Não vou ceder nada pra você, não! — Riu com a sensação gostosa em sua nuca e afastou levemente. — Vou dividir, porque cê vai dormir comigo.

— Eu vou? — Mordeu o lábio sugestivamente e Rafaella negou com a cabeça, rindo da palhaçada da outra. — E tem certeza que não vai ceder nada pra mim, não? — Passou a pernas pelo corpo de Rafaella, ficando por cima da mineira e atacando sua boca e pescoço com selinhos lentos.

Rafaella segurou seu rosto com uma das mãos para manter os lábios nos seus e seguiu um ritmo lento, adentrando sua língua enquanto subia sua mão livre ia direto para a coxa da carioca.

O beijo durou alguns minutos e era realizado de forma tão entregue que Rafaella jurou ter escutado um pequeno gemido da menor entre ele.

— Vamos subir, talvez lá você descubra. — Disse ao parar o beijo e seguir até o ouvido de Bianca, que sorriu com a voz baixa quase lhe soprando.

— Vamos. — Sorriu e levantou ajudando a mineira a levantar também.

— Cê vai subindo enquanto eu pego água na cozinha pra levar pra gente? Ainda não deu tempo de instalar o frigobar no meu quarto. — Torceu o nariz enquanto a outra concordou.

Agarraram-se uma última vez no pé da escada antes de Bianca subir e Rafaella seguir para a cozinha.

Enquanto o copo enchia, a mineira tirou o celular do bolso e franziu o cenho ao notar que haviam 12 ligações perdidas de Daniel Caon.

Verificou o whatsapp e também havia uma mensagem do homem:

"Rafa, quando ver essa mensagem, me liga, por favor! "

Bom, uma mensagem dessas e 12 ligações perdidas não seria algo que poderia ser tratado depois - pensou Rafaella com medo de ser algum assunto sério.

Tirou o copo do bebedouro e encostou na bancada ao procurar o número do cantor em sua agenda e prontamente ligar.

Rafa, hey... — Atendeu no segundo toque. — Ainda bem que cê ligou antes da meia noite!

Oi, Dani. — Saudou gentilmente, afinal ainda era seu amigo. — Aconteceu alguma coisa? Fiquei preocupada com o tanto de ligações! Desculpa, eu estava ocupada e deixei o celular no silencioso.

Cara, que isso! Eu que peço desculpas pela insistência. — Desculpou-se. — Não foi nada sério, não! É só que eu tenho uns trabalho no Rio amanhã, me avisaram de última hora, eu preciso de um lugar só pra tomar um banho e me ajeitar quando eu chegar, e nenhum hotel que eu liguei estava aceitando a estadia menor que uma diária. — Explicou e Rafaella já sabia onde aquilo iria dar.

Sei que cê ainda está sofrendo com a mudança, não quero incomodar nem nada, mas liguei cedo pra saber se você poderia me ceder apenas um banheiro e um quarto... — Pediu com a voz mais gentil que conseguiu. — Juro que vou passar menos de duas horas na sua casa.

Rafaella precisou de alguns segundos para refletir aquela possibilidade, lembrando que Bianca estava ali.

Que horas cê chega aqui no Rio? — Perguntou, olhando para a escada de vez em quando.

As 10h da manhã, e meio dia já tenho caído fora, prometo!

Bianca estaria na casa da mãe aquele horário.

A mineira cogitou negar e inventar alguma desculpa, mas de certa forma ainda sentia-se culpada pelo que havia feito com Caon, e ao mesmo tempo, muito agradecida pela forma em que o homem lidou com a situação.

Eles prometeram serem amigos, e ninguém melhor do que uma amiga para quebrar aquele galho para o homem. Mesmo que infelizmente, Rafaella tivesse que cancelar a ida com Bianca para conhecer sua família.

Precisava estar ali para recebê-lo, já que não havia ninguém mais na casa.

Olhou para cima e suspirou pesado, fechando os olhos antes de continuar.

Vou mandar o endereço por mensagem. — Falou, finalmente. — Só avisa quando seu vôo pousar, tá bem?

Pô, Rafa. Não sei nem como agradecer, de verdade, prometo não tomar muito do seu tempo.

Que isso, fica tranquilo. — Riu fraco. — Amigos são pra isso mesmo, não?

Trocaram mais algumas palavras antes de desligar.

Rafaella subiu as escadas com a água, ao mesmo tempo em que praticamente bufava por ter que cancelar seus planos com Bianca, ela nem mesmo sabia como fazer isso.

— Demorou! — Ao entrar no quarto, sua presença foi notada pela menor, que já estava deitada na cama apenas com um blusão e calcinha, enquanto mexia em seu celular.

— Desculpa, Bi. — Deixou a água na cabeceira ao lado e encarou a carioca que mantinha o cenho franzido, estranhando sua expressão. — Tive que atender uma ligação.

Suspirou antes de continuar:

— Não vou poder mais ir com você visitar sua mãe.

#

Hum...

Continuem me falando o que estão achando, ainda é muito importante pra mim.

Muito obrigada a todos que ainda leem isso daqui :)

Volto em breve.

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