Jujutsu Kaisen - Orbitando um...

By adri_bertolin

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Aprisionado no Reino da Prisão, Gojo Satoru inicia um processo de fragmentação sobre os conceitos em relação... More

Vazio
Caos
Propósito
Igual
Ciúmes
Domínio incompleto
Entorpecência
Consumo
Anseio
Posse
Retaliação
Fôlego
Engrenagem
Bolha
Escolha
Capítulo Extra: Sequestro
Paz artificial
Busca
Renúncia
Receptáculo
Liberdade
Esperança
Destino
Resgate
Surgindo das cinzas
Surto

Grandes olhos negros

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By adri_bertolin

- Oe, Satoru-kun! Venha aqui.

Gojo se viu em um corpo muito menor, como uma criança nova demais para entender as sutilezas de uma reunião de adultos. A sua frente estavam senhores de algumas das mais poderosas famílias do mundo jujutsu, seus nomes não lhe vinham a mente, mas ele reconhecia como aquelas pessoas exalavam a superioridade de suas colocações, como se tivessem algo a provar para um menino de cinco anos.

Sua versão infantil caminhou até eles, desconfiado, examinando os rostos desconhecidos, introvertido demais para realmente querer estar ali. Ele claramente não estava nenhum pouco contente, era uma bagunça em formato de pirralho, com a expressão mais raivosa que suas grandes bochechas e lábios torcidas conseguiam demonstrar. Apenas pela sua forma de andar já era possível perceber o quão inquieto o garoto estava, não sem uma razão, obviamente.

Naquele dia se completava o primeiro ano desde que seus pais pararam de voltar para casa, o primeiro ano desde que estranhos invadiram sua vida tomando o lugar de sua família como se eles nunca mais fossem voltar. Um absurdo, claro! Na sua cabeça branca cheia de resmungos nada fazia sentido.

O que não diminuía sua curiosidade, não totalmente, nunca totalmente, embora garantisse que seu foco seria transformado em uma coisinha instável.

- Gostaria de lhe apresentar uma pessoa muito especial. - Disse o homem curvado, magrelo e velho demais para estar vivo. O homem com a aura mais massiva e opressora.

O idoso acenou para um casal de rostos diferentes. Não diferentes como os outros, aqueles que carregavam semelhanças de um povo único, mas divergente em pele, cabelo, traços e olhos. Estrangeiros. Gojo nunca havia visto estrangeiros tão aleatórios antes, eles eram simplesmente encantadores.

Os adultos obviamente notaram o seu interesse, afinal sorriam com maior satisfação. Porém o pequeno estava mais ocupado tentando desvendar os segredos por trás daqueles olhos grandes, olhos brilhantes como os seus. Ele tinha o impulso de tocar nos cabelos encaracolados e escuros do homem ou questionar sobre as pinturas coloridas do corpo da mulher. Satoru nunca foi exatamente uma pessoa educada e aqueles adultos não pareciam ofendidos com isso, embora pudesse praticamente ver a repreensão vindo daqueles que tomaram a responsabilidade de vigia-lo.

- Esta é Kioku Uyara.

Eles não pareciam estar se referindo a mulher poderosa e instigante, muito menos ao homem. Foi apenas quando abaixou seus olhos para a sua linha de visão natural que notou a presença de outra criança, uma menina de cabelos castanhos tão enrolados quanto os do adulto que a deixava se esconder atrás de suas pernas, pele clara (embora não tanto quanto a sua) e olhos tão profundamente negros que pareciam querer engolir a sua alma.

Satoru a detestou. Ele não gostava de coisinhas frágeis e incompetentes como as outras crianças da sua idade costumavam ser, se aquela garota não conseguia nem mesmo lhe encarar de volta ela não era digna de brincar com seus Digimon de pelúcia, nem mesmo se os mais velhos o obrigassem!

...

Os adultos claramente têm problemas em ler a mente das gerações mais novas e têm problemas maiores ainda em seguir as orientações muito específicas que foram berradas a plenos pulmões sobre como ele não queria a coisa quieta dentro de sua propriedade.

O resultado foi que Gojo acabou trancado em seu próprio quarto com a criaturinha ignorante que não parecia apta a impor sua vontade e o seguia de um lado para o outro como um animal ansioso.

A pior parte era que ela parecia fazer um esforço imenso para entender a mensagem que lhe estava sendo passada e gesticular sua animosidade não surgia muito efeito.

Se ele soubesse que esse seria o resultado de agir como um bom anfitrião teria no mínimo fugido para os jardins. Não que alguém pudesse realmente impedi-lo.

Mesmo sendo uma miniatura de gente, ninguém nunca havia questionado o seu potencial e descartado sua evidência como prodígio. A janela de vidro do terceiro andar não seria a primeira coisa a se tornar um empecilho para conseguir o que queria, algo que no momento se referia a livrar-se da praga e roubar dangos* da cozinha.

Como acontecia sempre que utilizava habilidades que alguém tão jovem (e a maior parte da população mais velha) não possuía, a paisagem se distorceu ao seu redor, transformando-se por sua velocidade e modificando-se pela sua falta de senso de preservação. Não era uma coisa que ele realmente conseguia controlar, não por completo, mas que lhe surgia com tamanha naturalidade que não encontrava motivos para não aproveitar.

Ao menos ninguém nunca se machucava no processo e o próprio Saturo contava com uma resistência alta demais para que alguns arranhões o incomodassem. Seu pai costumava brincar de persegui-lo pelo território e incentivava que ele tentasse alcança-lo, enquanto sua mãe observava de longe coberta por preocupação. Sua mente infantil começava a entender que não teria mais o luxo de se divertir de tal forma, ninguém disposto a gastar seu tempo o entretendo era capaz de acompanha-lo, mesmo quando a contragosto se obrigava a ir mais devagar. Uma realidade irritante.

O menino ultrapassou o vidro de seu quarto e se afastou, ele não sentiu o material se rompendo contra sua pele ou o impacto do chão contra os seus pés, mas seus lábios se curvaram em satisfação enquanto seu ouvido captava os primeiros sinais de desaprovação do resto das pessoas que ocupavam sua casa, a primeira arfada de surpresa. Ele se afastou até que seus sentidos sensíveis deixassem de alerta-lo sobre aquelas presenças desagradáveis e não demorou para encontrar um lugar distante na floresta que cercava sua moradia, uma pequena clareira repleta de flores que costumava lhe trazer alguma paz. Não que ela passasse a mesma sensação atualmente, mas ainda o agradava.

Gojo se jogou no chão familiar, relaxando quase imediatamente. O caminho até ali já lhe era tão conhecido que podia executa-lo de olhos fechados, algo que aliviava sua percepção do mundo, não que ele soubesse o por quê. Esse costume não foi rejeitado na ocasião, apenas durou menos tempo do que o esperado. Claro, ele já não percebia o contar dos segundos como os outros faziam, porém poderia dizer que não haviam passado dois ou três desde o momento em que parou até o instante em que sentiu alguém parado bem ao seu lado.

- MAS O QUE? - Sua voz fina entoou ao ver a criatura quieta ali, lhe encarando com as sobrancelhas franzidas como se estivesse irritada por sua fuga.

Ele se levantou em um pulo, horrorizado. Não que a menina se importasse, ela estava muito maravilhada com as flores ao redor agora para se dignar a lhe dar atenção. Suas exclamações de indignação também foram prontamente ignoradas. Quem foi o gênio que decidiu atazanar sua vida com alguém que nem mesmo conseguia entender suas ofensas?

Sua melhor explicação do porque ela não era bem vinda também não funcionava, embora sua linguagem corporal tenha pelo menos chamado atenção dela.

- Gojo-sama..? - Falou a coisinha intrometida, provando que, além de ser capaz de infernizar sua vida, ela também conseguia produzir sons. Por que essa raiva toda com alguém que conheceu a menos de meia hora? Ele também não sabia, mas não se importava. A menina testou seu nome em sua língua como se fosse uma pronuncia muito complexa, que não desejava errar e, parecendo satisfeita com o resultado, fez questão de repetir. - Gojo-sama!

De alguma forma o garoto percebeu que dizer seu nome significava mais do que apenas constatar que ela sabia como devia chama-lo. Alguém por aqui tinha capacidade de interpretação e ele não vai enfatizar quem é! (E nem considerar que ela estava ignorando seu chilique de propósito, porque paciência lhe impedia de atacar as pessoas.)

Farto de sua presença e apenas para desmotiva-la, ele decidiu que se a menina queria persegui-lo, que o fizesse até se esgotar! Virou suas costas e estava pronto para partir, até mesmo começou a faze-lo, mas então, já na mesma distorção de espaço que presenciou anteriormente, sentiu sua mão sendo agarrada por uma força extraordinária que tentava para-lo. Não que aquilo fosse o suficiente para isso, já que sua própria força era consideravelmente superior, no entanto foi o bastante para despertar sua curiosidade e faze-lo frear repentinamente.

A coisa quieta parou em reação a interrupção iniciada por ele, embora tenha caído de cara no chão por seu despreparo. Ela não soltou sua mão em momento nenhum e agora bufava de susto conforme se erguia outra vez, estampando um corte superficial na testa. Aqueles olhos negros devolveram seu olhar com irritação e sua determinação garantia que não fugiria mais uma vez, não por enquanto.        

A menina, como era mesmo o nome dela? Tanto faz. A espécime de velociraptor examinou seu braço com suspeita, como se estivesse procurando por algo. Aqueles olhos tão escuros eram difíceis de desvendar, mas ele conseguia ver traços de preocupação em suas feições. Sua mente infantil não se lembrava de alguém, além de sua mãe, que lhe mostrasse aquele sentimento tão sinceramente e isso o paralisou, de certa forma.

Com a mãozinha desocupada ela levantou um ponto rasgado da manga de sua blusa. Gojo não se lembrava daquilo estar ali antes.

As sobrancelhas claras se franziram novamente, porém agora expressavam concentração e foi só então que ele notou, pelo toque da outra pele, que havia algo alojado em sua carne.

Ela arrancou do ponto incomodo um pedaço relativamente grande de vidro e lhe encarou com um sorriso enorme. Imperturbada pela falta de sangue, como se houvesse completado uma missão muito importante.

Ver aquele rosto manchado de terra e escarlate do próprio ferimento o olhando como se ele fosse alguém que precisava de cuidados fez seu coração doer. Não, a garota não o via como alguém diferente, alguém que deveria afastar, isolar ou aceitar apenas por obrigação. Ela não enxergava o infinito entre ele e as outras pessoas, o acompanhava como se estivesse junto de um igual.

De repente o motivo de terem a trazido para sua casa apareceu em sua mente. Havia alguém no mundo que conseguia caminhar ao seu lado e eles a colocaram ali para que pudesse fazer isso. Talvez aqueles estranhos se importassem de fato e o entendessem de alguma forma, porque quando a compreensão o atingiu, a solidão que o consumia tornou-se muito menos espessa.

Tal constatação mereceu um período de reflexão, em busca de uma informação muito importante.

- Uyara-chan. - Satoru disse apertando a mão dela de volta e pelo brilho que atravessou aquela imensidão negra de seus olhos, foi possível saber, ela havia lhe entendido.

{...}

Dango: Doce japones com três cores e sabores de feijão vermelho, chá verde e ovo.

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Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.