Shattered Ice

Bởi veegreenbriar

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O DESTINO É FEITO DE GELO Quando se é uma patinadora artística, baseia-se na confiança. Nos outros, e em si m... Xem Thêm

PREFÁCIO
PRÓLOGO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXX
XXXI
XXXII
XXXIII
XXXIV
XXXV
XXXVI
XXXVII
XXXVIII
XXXIX
XL
XLI
XLII
XLIII
XLIV
XLV
XLVI
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS

XXIX

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Bởi veegreenbriar

— Quem quer café? — Escutei Elijah gritar da cozinha.

— Nem precisa perguntar. — Gritei de volta, pegando as banquetas que ficam ao redor da bancada de mármore, ao centro da cozinha.

Ai!Alec exclamou, tocando em sua coxa. — Você me furou com essa merda.

— Para de chorar e pega a que restou, suas mãos são maiores. — Assoprei o pedaço de franja que estava caindo em meus olhos.

— É, elas são bem grandes. — Alec abriu um sorriso malicioso. — Para muitas coisas.

Parei de andar e olhei por um instante para os seus olhos, vidrados como duas bolas de gude. Depois respirei fundo com as bochechas queimando e me virei, tentando disfarçar o sorriso querendo nascer em meus lábios.

— Eu quero também! — Charlie gritou do sofá.

— Você não pode tomar café! — Max rebateu ao lado.

— É só uma xícara. — Resmungou. — A doutora Fraser disse que tudo bem.

— A doutora Fraser não têm conhecimento do seu vício em cafeína.

— Credo, parem. Eu faço um chá! — Elijah interrompeu. — J, coloca a água para ferver para mim, por favor.

— É para já! — Jacob praticamente pulou do sofá e correu até a cozinha. É alto e de grande porte como o irmão, então três passos seus equivalem a uma volta completa pela minha sala.

— Odeio café, tem suco? — Aisha perguntou timidamente.

— Tem de laranja e uva. — Respondi, ajustando a alça do meu vestido, que havia escorregado de meu ombro. — E limonada, se não me engano.

— Eu pego para você. — Isaac ofereceu-se, e Aisha sorriu.

— Eu parei de tomar café, vou ajudá-los com o chá. — Matteo se desencostou da parede da sala e caminhou até a cozinha. — Dimi, o seu café é sem açúcar?

— Por favor. — Dimitri pediu educadamente enquanto finalizava uma ligação no corredor.

— Oh, eu vou junto! — Clary prontificou-se, levantando de uma das banquetas que colocamos na sala. — Quero certificar-me de que o meu tenha bastante açúcar.

— Então é melhor eu ir também. — Escutei a voz de Eve, saindo do banheiro. — E você, Alec?

— Sem café! — Eu, Matteo e Dimitri gritamos em uníssono, deixando Eve confusa.

— Ele fica ansioso. — Menti.

— O que é isso? Uma prisão? — Alec revirou os olhos. — Tem cerveja?

— Não guardo bebidas em casa. — Organizei a última banqueta na sala.

— A velhota não guarda. — Elijah confirmou da cozinha. — Mas eu sim! No armário branco de madeira no meu quarto, fique a vontade.

— Você havia me dito que guardava suas roupas de inverno lá. — Coloquei as mãos na cintura. — Eu vi!

— Você viu o que eu queria que visse, agora deixa esse menino beber, por favor.

— Com licença. — Alec abriu um sorriso impetuoso.

— Puxa saco! — Gritei para Elijah.

— Puxa saco ou não, ganhou pontos comigo! — Alec exclamou do corredor, enquanto caminhava até o quarto de Elijah.

Resmunguei e me abanei. Mesmo sendo de noite, está tão quente que sinto que poderia derreter de mil maneiras diferentes. Meu cabelo está preso em um coque, e as minhas franjas são verdadeiras guerreiras por permanecerem soltinhas e bonitas mesmo com o suor. O vestido azul-tiffany foi a peça de roupa mais fresca que consegui encontrar. Ele é soltinho, sendo decotado nas costas e na frente, mas vesti um top de renda com um tom de azul parecido por baixo, o que ajuda.

Caminhei até a cozinha e tive que espremer-me entre Clary e Eve.

— Desculpe... — Murmurei, apoiando as mãos na coxa de Clarissa.

— Essa não é minha coxa. — Clary gargalhou. — Mas tudo bem!

— Foi mal. — Abri um sorriso tímido, agora trombando com Jacob enquanto dava as costas.

— Os sachês de chá! — Eve alertou, mas já era tarde demais.

Jacob deixou todos caírem no chão, e eu apressei-me para agachar e pegar.

— Acho que a quantidade de água foi pouca. — Elijah concluiu. — Vou ferver mais, espero que não se importem com um café mais forte.

É. Há definitivamente muitas pessoas aqui.

Meu apartamento tem menos de quarenta metros quadrados, e não acho que seja equipado para receber mais de doze pessoas ao mesmo tempo. A razão para esse fuzuê todo foi o andamento indispensável do caso de Aisha e Jordan, além das recentes atividades de Natasha.

Precisamos discutir o que fazer a seguir, porém chamamos Matteo, Dimitri, Eve e Clary porque eles precisam saber. Não contamos antes por falta de planejamento, provas. Não queríamos causar pânico, mas agora não temos outra saída a não ser contar, incluindo o fato de Andrew estar me roubando há anos.

Andrew é o meu patrocinador desde que eu tinha dezenove anos. O plano inicial era de ir para Toronto com dezoito, e deu errado. Fiquei sem planos e totalmente desalinhada da vida por um ano, o qual fiquei morando com a minha mãe, infelizmente. Foi um ano nulo, em que não fiz absolutamente nada, mal sai de casa e muito menos entrei no gelo — por isso foi bem difícil voltar ao ritmo — até que avistei um anúncio na frente de casa, deixado pelo carteiro. Andrew estava procurando novos talentos, e eu, completamente desgastada, nem pensei em entrar em contato.

Porém Eve, que ficou um ano tentando fazer-me voltar a treinar, viu o anúncio dentro da lata de lixo do meu quarto quando me visitou. Ela estava determinada a me fazer voltar para a patinação, afinal, não queria ver todo o meu potencial sendo desperdiçado daquela maneira. Por isso, achou que eu devesse tentar chamar a atenção de Andrew, e que parecia ser uma boa oferta na hora.

Fiquei relutante em aceitar por alguns dias, até me dar conta de que minha vida estava indo por água abaixo. O momento em que decidi assinar o contrato foi quando minha mãe estava assistindo o noticiário, e então passei pela sala e vi Alec sendo premiado. A raiva foi o suficiente para pegar o telefone e discar o número de Andrew. Em seguida marquei uma audição, e não demorou nem setenta e duas horas para ele me retornar e fechar os detalhes do contrato comigo e Eve.

Na mão de uma jovem de dezenove anos desesperada e sem rumo, aquilo era ouro. Os benefícios, morar em Nova York... Achei que fosse ser a carreira de meus sonhos.

Não imaginei que o ouro queimaria a minha mão no final.

A única coisa que não iremos abordar é a respeito da saúde de Alec, já que mais uma vez, isso só diz a respeito dele. Não posso sair espalhando por aí. Apesar de sentir-me um pouco agoniada por Jacob não estar ciente da condição do irmão. Ele é a única pessoa que praticamente implorei para Alec contar a verdade, mas ele não confia que Jacob não vá abrir a boca, e acha que já está fazendo "mal" o bastante depositando essas informações em mim, o que nego todas as vezes.

Inicialmente, não haveriam tantas pessoas aqui está noite. Porém Elijah trouxe Jacob, Charlie trouxe Max e Aisha trouxe Isaac. Eu e Alec desistimos de tentar controlar e começamos a tentar organizar a sala da forma mais m confortável possível.

Depois do que pareceram ser horas, todos acomodaram-se pela sala e a cozinha com suas bebidas. Meu sofá só cabe de três à quatro pessoas, então Aisha, Isaac, Charlie e Max sentaram-se nele. Elijah e Jacob estão sentados em cima da bancada de mármore e Eve, Dimitri, Matteo e Clarissa nas banquetas que colocamos ao redor da sala.

Eu e Alec estamos de pé ao centro de todos. Por mais que seja mais uma noite de verão, busco forças com o café quente e necessário para manter-me atenta durante a noite, afinal, já são quase nove horas, e fico exausta após os treinos. Ligamos o ventilador no chão do corredor, mas ele não parece fazer tanto efeito.

— Acho melhor Aisha começar. — Sugeri.

Aisha é adorável, realmente carismática. Fala tudo com tanta suavidade e calma, transmite delicadeza e segurança. Tudo o que me disseram a respeito dela estava correto, mas acima de tudo, já demonstrou ser uma mulher extremamente forte. Não apenas pelo que passou, mas pelo que está disposta a enfrentar agora. Presenciou o inferno, mas preservou sua energia. Não sei se vai desejar retomar mesmo a sua carreira como atleta olímpica, porém adoraria que dividisse suas experiências comigo, já que conquistou tanto e em tão pouco tempo.

— Pode ficar sentada se quiser. — Acalmei-a enquanto assistia seu incômodo em falar com vários desconhecidos.

— Tudo bem. — Sorriu, e visualizei a palma da mão de Isaac em suas costas.

Alec e eu trocamos um rápido olhar de soslaio.

— Eu-

Antes que Aisha continuasse, escutamos o interfone tocar.

— Eu atendo! — Elijah desceu da bancada de mármore e correu para atender o interfone ao lado da geladeira.

— Quem está faltando? — Perguntei com o cenho franzido.

— Hm... — Isaac cocou a nuca, nervoso. — Eu posso ou não ter comentado com Rafael que viria aqui hoje.

— Isaac, isso não é uma festa. — Alec deu um gole na cerveja.

— Ele sabe! — Isaac ajeitou os óculos de grau. — Quer dizer, não disse para o que vinha, mas ele sabe que o teríamos convidado...

A campainha tocou, e Elijah imediatamente abriu a porta.

— Cadê a música? — Rafael franziu o cenho, entrando com algumas garrafas de bebida em mãos.

— Eu falei. — Alec cruzou os braços.

— Cara, isso não é uma festa! — Isaac exclamou. — Estamos aqui para discutir coisas sérias. Coisas de adultos.

Eu sou um adulto! — Rafael deixou as bebidas no balcão da cozinha e começou a cumprimentar Elijah e Jacob. — Só não sou vidente, babaca.

— Está tudo bem, Raf. — Deixei minha rasteirinha no chão e resolvi caminhar descalça. — É sempre bem-vindo, só espero que não se importe de ficar de pé ou sentar-se no chão.

— Está um calor dos infernos, eu não ligo de ficar no chão. — Sorriu, enquanto me abraçava. — Deveria aprender boas maneiras com ela, grosso.

— Isso é o quê? Carência? — Alec revirou os olhos. — Para de graça.

Rafael abraçou Alec e começou a cumprimentar o restante, maravilhando-se com a barriga de Charlie.

— Ah para! — Rafael arregalou os olhos. — Como cresceu tanto?

— Está passando muito rápido. — Max lamentou — É quase o quinto mês!

— Bem, vocês sempre podem fazer outro. — Rafael falou com naturalidade. — Para eu ser o padrinho. — Alternou o olhar para Alec, com uma carranca.

— Só faltou o Orion. — Murmurei para Alec enquanto Charlie e Rafael conversavam.

— Não acredito. — Alec virou a cabeça para ne olhar. — Safira Varson está com saudades de um cachorro?

Ele que deve estar com saudades de mim! — Arqueei as sobrancelhas. — Viramos amigos.

— Você sente falta dele. — Divertiu-se com a própria fala, voltando a olhar para o grupo.

— Tanto faz. — Sinto mesmo.

Não querendo atrapalhar o momento fofo. — Clarissa olhou para Rafael e Charlie. — Mas podemos começar? Tenho que brigar com um cliente daqui a uma hora.

— Espera! — Exclamei, desatenta. — Temos que explicar o que anda acontecendo para vocês primeiro.

Clarissa, Eve, Matteo e Dimitri pareciam confusos a respeito da presença de Aisha. Notei que não entenderam o que ela tem pra falar e muito menos quem é ela, mas eles não sabem de nada.

— É melhor beber mais um pouco do chá de camomila, Eve. — Elijah comentou atrás de mim. — Vai precisar.

— Vocês dois... — Eve afiou o olhar para mim e Alec.

Eu e Alec nos entreolhamos e respiramos fundo, antes de contar desde o início toda a história com Jordan, Aisha e agora, Natasha.

.。:*•.──── ✧ ────.•*:。

— Safira Amelie Varson! — Eve caminhou transtornada em minha direção. — Está maluca? Como escondeu isso de mim por meses?

Nós não queríamos causar esse tipo de pânico sem ter o que fazer para diminuí-lo. — Expliquei calmamente.

— Que bem teria feito contar antes? — Alec tentou ajudar.

— Você quer me matar do coração. É isso. — Matteo falou baixinho.

— De você eu não esperava nada, para falar a verdade. — Clary olhou para Alec, e Rafael segurou o riso. — Mas Safira! Meu trabalho é literalmente cuidar de coisas assim!

— E o meu também! — Dimitri exclamou. Até quando ele levanta a voz é quase imperceptível.

— Todos aqui sabiam disso? — Eve perguntou, agora olhando para o grupo.

Todos abaixaram a cabeça ou olharam para a parede, como se fôssemos adolescentes encrencados mais uma vez.

— Antes que essa gritaria continue. — Alec colocou a garrafa de cerveja vazia na bancada. — Não teriam feito nada diferente do que fizemos, teriam?

Agora foi a vez deles de ficarem em silêncio.

— E o caos deu uma diminuída. Tivemos alguns bons meses de tranquilidade. — Disse, olhando para Eve. — A intenção não era esconder, mas sim poupá-los do nervoso até avançarmos. Os atrasamos, fizemos um bom estrago na reputação de ambos e Alec conseguiu sustentar sua teoria a respeito de Jordan.

— E eu estou aqui para explodi-la. — Aisha finalizou.

— Eu não tenho estruturas para isso. — Eve sentou-se novamente.

— Tem... — Alec contou as bebidas de Rafael, além das existentes no quarto de Elijah. — Mais de quatro variedades de álcool aqui. Pode escolher.

— Céus. — Eve colocou a mão na testa e remexeu a cabeça.

Busquei um copo d'água para ela e Matteo, enquanto Dimitri e Clarissa permaneciam com as caras fechadas.

— Quando quiser, Aisha. — Sorri docilmente.

Aisha retribuiu o sorriso e arrumou seu turbante amarelo, que contém pequenas margaridas de enfeite. Rafael sentou-se no chão, encostando as costas na ponta do sofá. É engraçado, porque sempre esqueço o quão grande todos os jogadores de hockey são. Suas pernas ocupam quase toda a distância entre o sofá e a mesa que apoia a televisão.

— Bem, — Respirou fundo. — Antes de tudo, sabia que se caso quisesse ir atrás dele precisava de ao menos uma prova concreta, e era isso que ia mostrar para Isaac e Alec em Barcelona antes dele-

Alec tossiu a cerveja e eu arregalei os olhos para Aisha, alertando-a para ficar calada.

— Antes do treinador notar nossa ausência e termos que voltar para o hotel. — Isaac encobriu rapidamente, e agradecemos mentalmente.

— Sim, isso. — Aisha mordeu o lábio inferior e pediu desculpas para Alec com os olhos. — De qualquer forma, essa prova é graças a Zara, minha irmã. Não estava muito consciente do ambiente ao meu redor durante aqueles dias, principalmente na hora em que aconteceu. Mas ela sim, e foi rápida ao notar que seu apartamento possui câmeras de segurança. — Aisha tirou algo da bolsa que estava em seu colo. — Isso são fitas de gravações da parte da noite. É um pouco oblíquo, já que mostra que ele esteve na cozinha preparando o chá e todos os acontecimentos a seguir, porém não exemplifica exatamente o que utilizou.

— Mas mostra que usou algo que não era somente um sachê de chá Earl Grey. Tem outra coisa em pó, como um vidro de ervas, que pegou no armário. — Isaac completou. — Claro que pode dizer que eram diversas coisas, já que no vídeo não está tão claro, mas é algo suspeito o bastante.

— Como homens são estúpidos. — Clary descruzou as pernas. — Tenho que lidar com esse tipo de burrice todos os dias.

— Um piscopata sempre deixa falhas. — Dimitri comentou, olhando para a cortina sendo balançada pelo vento.

— Provocar a interrupção de uma gravidez sem o consentimento da gestante equivale a uma pena de três a dez anos, é a forma mais gravosa nesse âmbito. — Aisha continuou. — Minhas advogadas, Deborah e Camila, explicaram que há um duplo objetivo jurídico protegido pela lei penal. De um lado, claro que a vida do feto. E de outro, a integridade física e psíquica, bem como a liberdade da gestante. Os advogados de Jordan já foram notificados e entrei com o processo ontem, sendo a primeira audiência daqui a uma semana.

— Ou seja, Shaw está praticamente promovido a membro oficial do NYF. — Rafael sorriu.

— Daniel provávelmente receberá a notícia oficial na semana que vem, mas o treinador vai usar a acusação e o processo como chaves finais para tirá-lo do time. — Max disse com alívio. — Para sempre.

— Eu devo ter salvado Daniel Shaw da morte umas três vezes. — Alec inspirou ar. — Primeiro quando James "esqueceu" — Abriu aspas com os dedos indicadores. — De avisar sobre o gelo que não estava polido ainda, depois quando fingiu não ter conseguido frear os patins e quase esmagou o braço de Shaw na grade. Ou então, quando mentiu sobre os horários do treino e o fez chegar atrasado — atrasado o suficiente para o treinador surtar.

— E como ele ainda está no time? Os pais dele nem são influentes. — Questionei, buscando um pouco de limonada na geladeira.

— Ele cumpre a parte dele no jogo. Infelizmente o laudo médico de imbecil não é o suficiente para causar uma expulsão. — Max explicou enquanto abanava a nuca de Charlie com um porta-copos.

— A não ser que tenham provas... — Rafael murmurou.

— Uma eliminação de cada vez. — Isaac disse fechando os olhos, e em seguida, encostando a parte traseira da cabeça no sofá.

— Recapitulando. — Comecei a andar em círculos pela sala. — Jordan está fora do time, ou seja, longe dos rapazes e sem poder roubar a posição de Alec.

— E logo mais, estará fora de toda a sociedade elitista e esportiva. — Observei Alec sorrir sem mostrar os dentes.

— Natasha está fora do mapa há meses. Ao que tudo indica, está treinando no rinque da mansão Petrova com os seus pais, tentando abafar o caso da mídia. — Graças a Deus. — E a reputação antes queimada de Aisha agora melhorou percentualmente desde o rumor.

— É normal nesses casos que a reputação dela sofra oscilações a partir do momento em que o processo e as acusações virem a tona. Sempre há as mulheres que acreditam na vítima sem questionar — até por conta do rumor, as mulheres que não acreditam em outras mulheres... — Clarissa disse entre os dentes. — E a parcela masculina, em que mais de 85% dos casos resolve tomar partido do acusado, e não da vítima. Mas nesse caso, acredito que em um geral, a maioridade venha a ser positiva.

— Isso signfica que nossa barra está limpa por enquanto. — Assegurei, procurando os olhos de Eve.

— Por enquanto. — Eve frisou. — Estão sobre um gelo muito fino.

— No geral, parece bom. — Matteo trocou olhares com Dimitri. — Mas não queremos que escondam mais nada.

— Não vamos. — Afirmei.

— Alec. — Matteo arqueou uma sobrancelha.

— Não vamos, Matt. — Alec assegurou com naturalidade.

— Isso quer dizer que não há mais surpresas, não é? — Clarissa perguntou enquanto escutava um áudio no celular.

— Hm... — Estralei o dedo anelar da mão direita. — Agora é sobre mim.

— Deus. — Clarissa jogou o celular na bolsa. — Desembuche logo.

Hesitei alguns instantes pensando em como dar a notícia, Eve já está tão preocupada...

— Andrew está roubando a Safira. — Alec falou na lata.

Eve cuspiu o chá, começando a tossir em seguida. Clarissa procurou a banqueta cegamente para sentar-se, com os olhos arregalados.

— Não era para contar desse jeito! — Dei um tapa no braço de Alec.

— Não tem como amenizar! — Defendeu-se, tocando em seu braço. — Tudo bem, Andrew está infringindo o contrato.

— Agora você já jogou a merda no ventilador, bonitão. — Rafael deu risada, abrindo outra lata de cerveja.

— Como você não nos contou? — Charlie cruzou os braços por cima da barriga.

— Desde quando sabe disso? — Elijah caminhou até a minha direção.

— Eu vou explicar tudo o que sabemos. — Disse, antes de sentar-me de pernas cruzadas no chão. Alec seguiu os meus passos e sentou com as pernas estendidas, ocupando metade do meu chão.

Ele é um homem... grande.

— Se não quiser chamar uma ambulância, vai mesmo. — Eve ameaçou, prendendo os cabelos com alguns grampos.

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Quando contamos o que sabíamos, Alec me ajudou mostrando a planilha que fez em meu notebook com os principais trabalhos e apresentações que tive, além dos salários que recebi versus os que eu deveria ter recebido, sem contar com as indispensáveis porcentagens. Fiquei muito feliz que ele se propôs a fazer a parte dos cálculos e financeira, já que sempre fui péssima em exatas na época do colégio. Eve, Dimitri e Matteo estavam de frente para a tela do computador, analisando tudo sem dizer ao menos uma palavra.

— Sabe o que eu acho? — Rafael foi o primeiro a quebrar o silêncio. — Que deveríamos fazer um mutirão para quebrar a cara dele.

— Isso ainda é uma proposta? — Alec levantou as sobrancelhas. — É óbvio!

— Dizem que sou intimidante, sabe. — Max arrumou a postura.

— Não é não... — Charlie murmurou. Ela estava a segundos de dormir, isso é, após xingar Andrew há cada minuto enquanto explicávamos.

— Eu também. — Elijah afirmou, e Jacob soltou um berro. — Tudo bem, tudo bem. Talvez não intimidante, mas sou forte.

— É mesmo, ao contrário não teria conseguido me carregar há doze metros do chão. — Eu e Elijah sorrimos um para o outro.

— Isso tudo é banal demais. — Isaac estralou a língua no céu da boca. — Para que bater se podemos hackear a sua conta bancária e pegar o dinheiro de volta? Com juros! — Um sorriso formou-se em seus labios.

— Isaac! — Aisha tapou a boca ao soltar uma gargalhada.

— Eu vou fingir que não ouvi isso. — Dimitri arrumou o terno e olhou para o chão.

— Canalha! — Eve cerrou os punhos. Parecia melancólica. — Safira, precisa anular o contrato.

— Renovei no início do ano, lembra? — Suspirei. — Não posso...

— Você pode abrir um processo contra ele para anulá-lo. — Dimitri sugeriu. — No entanto, isso levaria meses até que conseguisse o que quer. Livrar-se dele, do objetivo de fornecer uma vitória, recuperar o dinheiro perdido...

— Não é inteligente fazer isso agora. — Clarissa interveio. — Acabamos de entrar em outubro, o que significa que vocês só tem mais dois meses de contrato e até as Nacionais. O tempo que gastaria realmente te atrasaria até após o ano-novo, fora o desgaste emocional, o que assumo não ser bom para uma competidora. Além de que não é sensato envolver-se em um escândalo agora, não quando já estamos lutando para controlar outro.

— Está certa. — Cruzei as mãos por trás do corpo. — E me roubando ou não, ainda é quem me mantém como competidora, preciso dele até as Nacionais. Apenas necessito pensar no que fazer para ele não acabar com elas quando a hora chegar.

Ainda sentado ao meu lado, senti os dedos de Alec envolverem os meus discretamente por trás das minhas costas. Continuamos olhando para Clarissa, mas apertei sua mão de volta.

— E vai continuar sem dinheiro? — Elijah parecia abismado. — Isso não pode ficar assim!

— Não quero fazer parecer que entreguei os pontos, mas já sobrevivi quase seis anos de contrato dessa forma, então mais dois meses não vão me matar.

Até porque com as Seccionais e as Nacionais se aproximando, não vou estar realizando nenhum trabalho adicional, como os de modelagem. Sinto que se não focar 100% em todos os treinos a partir de agora, vou perder a cabeça.

— Então sugiro que continue agindo normalmente, porém ainda mais... perfeitamente. Atenda a todos os seus pedidos, sem questionamentos ou rebeldia. E por favor, não dê nenhuma dica de que sabe do que ele anda fazendo. — Clarissa olhou para as mãos. — O que ele mais pega no seu pé? O que mais o irrita?

— Alec. Com certeza. — Olhei de relance para ele, que concordou com a cabeça. — Andrew é maluco, quase obcecado, com a ideia de eu me aproximar demais — ou de verdade — de Alec. Acredito que seja essa a razão dele ter sido tão passivo no início do contrato de parceria, porque mesmo sabendo que já conhecia Alec, também tinha conhecimento de que nós nos odiávamos. Perdi a conta de quantas ameaças recebi para manter-me na linha profissional.

— Fez algo que instigou ele em relação a isso recentemente?

No mesmo segundo da pergunta, os dedos de Alec desvencilharam-se da minha mão e percorreram o meu cóccix, dedilhando lentamente minha coluna pela parte traseira e aberta do vestido.

Engoli em seco e senti meus músculos rígidos. Olhei de soslaio para Alec e observei suas covinhas surgirem.

Ele realmente não presta!

Não pergunte coisas as quais não deseja saber as respostas. — Jacob disse rindo.

— Ah, minha nossa. — Clarissa remexeu a cabeça. — Sabia que isso estava acontecendo, esqueçam que eu perguntei. Mas então não podem fazer nada na frente dele ou perto. Muito menos em qualquer lugar público. É fundamental que atuem muito bem, não preciso de detalhes sobre o que vocês fazem no privado.

Minhas bochechas aderiram um tom de rosa queimado e escutei Charlie rir enquanto roncava.

— Pode deixar, mas atualmente Andrew anda na linha comigo, não estou dando mais trabalho nenhum. Sou a marionete perfeita.

— Não deveria ter comentado sobre ele anos atrás, olhe o que aconteceu! — O olhar de Eve ficou pesado.

— Eve, fui eu quem decidi ligar para ele. — Levantei do chão, caminhando em sua direção. — E bem, sem ele não estaria aqui hoje. Posso ter avançado lentamente, mas pelo menos avancei.

— Tudo isso para ele tirar o seu avanço bem no final.

— O que nós não iremos deixar acontecer. — Tranquilizei-a, pegando gentilmente em sua mão.

Sabia que ela estava sentindo-se culpada, mas a única pessoa que deve sentir culpa é Andrew.

— Preciso brigar com aquele cliente. — Clarissa avisou, enquanto seu celular tocava. — Vamos fazer uma pausa?

— Sim! — Suspirei, esgotada mentalmente — e fisicamente.

Comecei a recolher as xícaras e Elijah pausou minha mão.

— Deixa comigo. — Sorriu, pegando a xícara do móvel.

Jacob começou a ajudar e apertou suavemente a minha mão e o ombro de Alec.

O restante começou a conversar enquanto Clarissa discutia no corredor.

Peguei o meu notebook do balcão da cozinha e o carregador e resolvi levar até o meu quarto. Enquanto caminhava, Alec me seguiu.

— Tudo bem? — Alec perguntou, enquanto eu guardava o computador em cima da escrivaninha.

Ele fechou a porta do quarto e eu aproveitei para abrir por completo a minha janela, na esperança de que o ar abafado fosse embora. Dei uma curta olhada nos prédios do Brooklin e na escada de incêndio do prédio, sentindo uma brisa mais leve envolver o meu rosto. Meu bairro é bem barulhento, e mesmo que nessa hora da noite os barulhos diminuam, é comum ouvir sirenes de polícia, ambulâncias ou buzinas de carro. Mas já estou acostumada, afinal, moro em Nova York.

— Eu que deveria te perguntar. — Lembrei de sua condição. — Já checou a sua pressão hoje? Está com fome? Sei que já havia jantado, mas Eli fez macarrão ontem-

— Safira. — Alec cortou com a voz grave. — Esqueça de mim por um momento, está bem?

Assenti com a cabeça e sentei na beira da cama.

Alec caminhou até o centro do meu quarto e o estudou por alguns instantes. A única iluminação é feita de piscas-piscas amarelados, fazendo um contraste com as flores brancas em minha parede azul-turquesa. Ele roçou os dedos pelos meus troféus, e então, para a pilha de livros que tenho solta, já que tornaram-se tantos que não tenho aonde guardá-los.

O vento fez com que um dos pequenos livros de poema caísse no chão, e Alec agachou-se para pegar, bem em minha frente.

— Então? — Alec lançou o livro na cama, e continuou agachado em minha frente. — Como está?

— Por que quer tanto saber? — Desviei o olhar.

Essa é uma coisa nova para mim. Percebi que não consigo olhar rente aos seus olhos como sempre costumo — e costumei — olhar. Além de sentir minha barriga ser pisoteada por milhares de borboletas, sinto uma vergonha inexplicável, algo que nunca senti com o meu melhor amigo.

Me pergunto se é assim que uma adolescente se sente.

— Porque me dei conta de que não perguntei como você estava se sentindo, mas você faz isso comigo toda hora, todos os dias. Não quero que pense que é um incômodo, muito pelo contrário, está sendo o meu alicerce nos últimos tempos, e sou infinitamente grato por isso. Mas não quero piorar o seu caos, sei que existem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, no exterior e no interior. — Alec envolveu a parte interna de minhas pernas com suavidade, segurança e firmeza.

A ação provocou arrepios crescentes até minha vértebra.

— Você não piora o meu caos. — Assegurei, respirando fundo. — Por incrível que pareça, ajudá-lo faz com que eu me sinta melhor. Sinto que tenho algo concreto para focar.

— E os treinos? Está conseguindo focar? Eles são mais concretos do que eu. — Soltou uma risada.

— Eu acho que sim, mas a próxima competição é importante demais para mim, não posso fazer besteira. E anda um pouco complicado pensar adiante quando tenho a confirmação de que Andrew vai me atrapalhar nas Nacionais. — Olhei para as minhas mãos. — Se eu chegar lá.

— Eu sei que o objetivo é ganhar, mas sabe que até onde está já é uma honra enorme, não sabe? — Encontrei o olhar de Alec. — Duvido muito de que não fique em uma boa colocação nas Seccionais, e muito menos que não chegue nas Nacionais, mas você está ganhando, Safira. E não vai ser o cretino do Andrew a pessoa a tirar isso de você.

— Eu acho que sim. Mas sabe... É como se estivesse avançando... — Tentei buscar as palavras corretas. — Correndo, em direção a todos os meus objetivos. Estou correndo, ofegando e realmente lutando para subir essa colina imaginária. Mas não consigo sair do lugar, dou no máximo cinco passos e retrocedo três. Eu continuo fazendo a mesma coisa todos os meses, e é sempre como se esses braços invisíveis estivessem ao redor da minha cintura, me puxando para trás, toda santa vez. — Senti as mãos de Alec acariciarem minhas pernas lentamente. — E esses braços pertencem a Andrew, minha mãe... Meu Deus, é um saco!

— Eu gostaria de saber como cortar esses braços da sua vida, eu realmente gostaria, mas ainda não sei. No entanto, vamos livrá-la de tudo isso, está bem? É apenas uma questão de tempo, as coisas estão acontecendo muito rápido.

— Talvez rápido e conflituosas demais. — Olhei para a janela.

— Vão se resolver na mesma velocidade em que se formaram. — Alec falou mansamente. — Tem coisas muito grandes em seu caminho, Safy. E estou aqui para presenciá-las com você.

Sua positividade no futuro fez o meu coração bater um pouco mais alegre, já que é esse pensamento que tanto desejo que ele tenha, ao invés dos pessimistas anteriores.

— Safira! — Escutamos Elijah chamar com um grito.

— Um minuto! — Pedi, ajustando o meu rabo-de-cavalo.

Alec começou a se levantar, suas mãos escorregando de minhas pernas. Prendi sua perna com o meu pé, impedindo que se levantasse, observando seus olhos azuis, cintilantes ao refletir as luzes mornas ao fundo. Podia notar uma confusão momentânea neles.

Impulsionei o corpo para frente, deslizando pelos lençóis, até acidentalmente estar agachada em meio as suas pernas. Havia uma distância menor do que mínima entre nós, mas lutando contra a minha vontade, não excedi os limites dela. Envolvi o seu rosto com as mãos, tracejando círculos invisíveis em suas bochechas marcadas por algumas manchinhas de sol.

Beijei sua testa com carinho e lentidão. Ao separar meus lábios, senti nossos narizes se tocarem, causando-me cócegas. Afastei o meu rosto a tempo de espirrar longe de seu rosto, mas sem querer, dei uma cabeçada nele.

Isso que eu chamo de clima.

— Era melhor eu ter ficado quieta. — Cocei o meu nariz, e escutei Alec gargalhar enquanto tocava em sua testa.

Amo o som de sua risada.

— É um começo. — Alec envolveu minha cintura e franziu o cenho. — Mesmo sendo remelenta.

— Ah não! — Cobri o rosto e limpei o nariz, fazendo Alec rir outra vez.

— SAFIRA E ALEC! — Rafael gritou em desespero, fazendo-me pular de susto.

Eu e Alec paramos de rir e nos olhamos, alarmados. Logo nos afastamos e ajudei ele a subir, antes de praticamente corrermos até a sala.

Todos estavam de pé, em um círculo na sala, com Rafael ao meio. Parecia estar mostrando algo em seu celular, o que deixou todos muito apreensivos. Até Charlie havia acordado, e não estava me olhando com uma cara boa.

— Por favor, parem de nos olhar assim e digam o que aconteceu. — Pedi, começando a sentir tensão e a inquietação subirem pelo meu corpo.

Rafael alternou o olhar da tela de seu celular para nós.

— Pelo amor de Deus, me dê logo isso! — Alec pediu ansioso, pegando o celular da mão de Rafael.

— O que é? — Perguntei, caminhando até o seu lado.

Alec levou alguns segundos para ler, e podia notar as veias de seus braços saltarem.

— Filho da puta! — Alec massageou a testa e me entregou o celular, começando a caminhar pela casa, irritado.

Era de um site conceituado de notícias, o TNV New York, que transmite grandes revelações sobre o mundo das celebridades, sejam elas esportistas ou não. E o fato de não ser uma revista meia boca me fez ficar ainda mais angustiada.

Mas o que eu li acabou com todas as estruturas que eu ainda tinha restando.

"BOMBA! Revelação a respeito da amada dupla do gelo choca fãs e alta sociedade esportiva.

De acordo com uma fonte anônima, a patinadora artística sênior Safira Varson e o atacante do time de hockey New York Flame, Alec Covington, já se conheciam há décadas! Isso mesmo, a fonte alega que a dupla se conhece a mais de quinze anos, e que vieram de uma pequena cidade no interior do Canadá, chamada Barrie.

Além de ambos já terem negado inúmeras vezes que se conheciam, também estiveram envolvidos em rumores e fofocas — um pouco quentes —  a respeito da credibilidade da parceria, tendo fotos um tanto quanto íntimas vazadas meses atrás, após o baile da Confederação Americana de Desportos no Gelo. Com a notícia estourando agora mesmo pela internet, muitos internautas questionam-se: foi tudo um esquema de marketing? E o que isso diz a respeito do caráter dos dois?

Uma coisa é certa: estamos decepcionados."

Abaixo havia uma foto que nem eu me recordava. A foto da turma no anuário que fizemos no último ano do colégio. No site cortaram o restante da classe, focando somente em mim e Alec, sentados nas escadarias do colégio e vestindo os moletons do time de hockey. Uma jovem Safira sorridente por estar se formando, e um Alec preocupado em arrumar o seu cabelo para a foto.

Mas não parou por aí. Depois havia uma fotografia de nós dois e Dylan com quatorze anos de idade na feira de ciências. Eu estava ao meio segurando nosso vulcão, e Dylan e Alec exibiam as medalhas de ouro. Claramente não teríamos formado um trio com Dylan se não fosse pela insistência da professora Suzie, mas pelo menos, após dezenas de brigas e discussões no entre Alec e Dylan, vencemos o primeiro lugar, e conseguimos sorrir por vontade própria.

— Eu estava mexendo no Instagram e vi uma imagem de vocês no Programa Longo circulando... — Rafael explicou aos poucos. — E então corri para o Twitter e #Safira estava nos trendings. O resto já sabem.

— Eu sabia que Jordan e Natasha estavam quietos demais. — Praticamente joguei o celular de Rafael na mesa, e me repreendi mentalmente. — Porra!

— Isso não é bom. — Matteo começou a circular pela sala nervosamente. — Preciso ligar para Mitchell.

— Quem é Mitchell? — Eve perguntou, provavelmente checando a notícia em seu celular com os próprios olhos.

— É o assessor de Alec. — Jacob explicou.

— Me passem o número dele agora! Clarissa exclamou, começando a fazer uma ligação.

— Jordan deve ter ficado irado por conta do processo, e acho que foi até o inferno para pegar a informação que faltava. — Aisha parecia pensativa. — Ele deve saber que estão envolvidos, afinal, seria muita coincidência eu retornar bem agora.

— Como diabos ele conseguiu saber disso? — Max perguntou, mexendo no celular com Rafael.

— Provavelmente contratou um investigador. — Alec bateu os pés, inquieto. — Natasha também é influente e tradicional. E querendo ou não, não era um informação difícil de se conseguir se cavasse a fundo.

— Mas com essas fotos? Principalmente a da feira de ciências? Não tem como negar, Alec. — Tentei retomar o controle de minha respiração, mas não estava dando muito certo. — Estamos perdidos.

— Eu vou quebrar a cara dessa vadia com tanto gosto. — As bochechas de Charlie pegavam fogo.

Todos começaram a falar sem parar, e eu apenas consegui me apoiar na bancada de mármore e fechar os olhos, tentando voltar aos sentidos.

Mas não é possível.

Muitas coisas poderiam ter sido vazadas, até nós nos beijando no Central Park teria sido melhor. Isso era, desde o início do contrato, um assunto proibido de ser tocado, uma informação que jamais deveria ter o conhecimento da mídia. É literalmente o nosso fim.

— SILÊNCIO! — Clarissa berrou, estremecendo a sala. — Fiquem quietos e me deixem pensar!

As vozes pararam e eu levantei a cabeça, arregalando os olhos para a figura pequena de Clarissa. Ela parecia estar ardendo em chamas com os cabelos vermelhos e o vestido de oncinha.

— Estou com Mitchell no telefone, e ele concordou. — Clarissa tapou o áudio do celular. — Aquele prêmio do leilão que tecnicamente Safira comprou, o chalé nos Alpes Suíços. Além de ser literalmente do outro lado do oceano Atlântico, também inclui uma entrevista com um dos maiores canais de televisão esportivos, não é? Me parece a única e melhor opção para arrumar essa bagunça.

— Quando podem ir? — Dimitri perguntou para Alec.

— Quando quisermos, a única data de validade é utilizar até o fim do ano. A duração da viagem acredito que sejam de três dias. Só temos que dar um aviso prévio para o canal responsável pela entrevista.

— O aviso prévio deles terá que ser de dois dias, porque vocês vão ir depois de amanhã. Sexta, sábado e domingo. — Clarissa não estava pedindo, e sim avisando.

— Somente três dias? — Charlie bebeu um pouco de água. — Isso é pouco tempo, a notícia não vai ter sumido na segunda-feira.

— O tempo não é exatamente o que é fundamental aqui, e sim o objetivo e a distância. Se a entrevista for bem-sucedida, é ainda melhor que seja na Suíça, podem ter certeza de que não haverão milhares de tabloides atrás de vocês, como será o caso de Nova York em poucas horas.

— Horas? Aposto que em meia hora essa rua já estará lotada. — Rafael comentou, bisbilhotando por trás da cortina da sala.

— Posso perder o treino esses dias? — Perguntei para Eve. — Amanhã não sei como vou sair na rua.

— Não pode! — Aisha exclamou.

— Não é o recomendado mas não há outra escolha. E as Seccionais são em três semanas, você está consistente... — Ela parecia preocupada. — A prioridade agora é fazer com que desapareçam.

— Eu posso ajudá-los a desaparecerem desde agora. — Aisha propôs. — Sou expert em sumir dos tabloides e do mundo.

— Ótimo. — Clarissa começou a ligar para alguém. — Vou desmarcar todos os meus compromissos, e Mitchell também. Não vamos deixá-los sozinhos, precisamos que digam e façam as coisas certas.

Clarissa sumiu pelo corredor enquanto conversava ao telefone, e Matteo e Dimitri discutiam algo.

— Andrew deve estar entrando em colapso. — Disse para Alec. — Tudo acabou de ir para o ralo mesmo.

— Não atendam nenhuma ligação dele. Ou melhor... — Aisha recolheu nossos celulares, e eu e Alec nos entreolhamos. — Sem redes sociais. A partir de agora, vocês são dois fantasmas.

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