A aula começou cedo no dia seguinte. Mesmo com todos morrendo de enxaqueca, e com enjoos por causa da bebida, eram obrigados a se levantarem e irem para suas respectivas aulas.
_ Você não vai se levantar novata? – Molly, colega de estudos de Keila e colega de quarto de Dakota, cutucou o ombro dela.
_ Desculpa Molly, mas eu realmente não estou bem… – Dakota se virou para o outro lado, cobrindo sua cabeça com o cobertor.
_ Mas então você precisa ir a enfermaria. – Molly insistiu.
_ Fica tranquila, só vou perder a primeira aula… Eu juro! – Dakota ergueu sua cabeça para mostrar a sua colega que estava tudo bem, então ela seguiu seu rumo, e Dakota virou para o lado se cobrindo novamente.
Mas antes que pudesse fechar seus olhos, alguém bateu na porta de seu quarto.
_ A Molly não esta! – ela resmungou.
_ Sou eu, Erick. – ele disse do outro lado da porta.
O coração de Dakota acelerou. Ela já havia se recordado de tudo o que tinha acontecido no dia anterior. E esse era o principal motivo de sua enxaqueca matinal. Mas o pior, era ter que encarar Erick, sabendo que ela havia agarrado seu maior rival, e depois ter se jogado para os braços dele.
_ Só um minuto. – Dakota revirou os olhos, batendo a cabeça no travesseiro, e então se levantou, andando em direção a porta. - _ O que houve?
_ Bom dia. – Erick olhou para a figura de uma garota que sem duvidas havia acabado de acordar.
_ É, bom dia. – ela esfregou os olhos, e depois encarou Erick. - _ O que você quer?
_ Eu… Bem… – Erick não sabia como dizer para aquela garota, que tinha sofrido tantas emoções em uma noite só, que ele queria que ela simplesmente ignorasse tudo o que havia acontecido. Mas era a sua reputação que estava em jogo. Namorar uma garota que havia lhe dado um soco, e ridicularizado ele na frente da escola inteira, estava fora de cogitação. - _ … Vim te pedir para esquecer tudo o que aconteceu ontem… Entre nós dois. Não quero que isso se espalhe pela escola.
_ Perai… O que?! – Dakota piscou perplexa. - _ … Você só pode estar de brincadeira. – ela disse sorrindo ironicamente. - _ … Você é bipolar ou algo do tipo? Porque que eu me lembre, não foi só eu que quis aquele beijo.
_ Apenas… Esquece tudo aquilo. –Erick olhou para Dakota, se arrependendo de cada palavra que havia decidido falar naquela manhã. Mas a ideia de um sentimento idiota acabar com sua reputação era desprezível.
_ Simplesmente assim Erick?! – Dakota estava perplexa com o que estava acontecendo, e a única vontade que ela tinha naquele momento, era transformar Erick em um saco de pancadas. E então ela sorriu, novamente, de forma irônica. - _ Vamos esquecer o que aconteceu, assim, puff?!
_ Eu… – Erick tentou se explicar, mas ao olhar para aquela pequena garota, raivosa, e a mesma que havia deixado ele com tanto desejo, fazia ele esquecer tudo o que se passava pela sua cabeça. _ Ah, Dakota… Só esquece, ignora o que rolou entre agente. Esquece.
_ Sai daqui Erick. – Dakota fechou seus olhos, e empurrou Erick para fora de seu quarto.
_ Me desculpa, não era para ter acontecido… – Erick começou a dizer, mas Dakota o interrompeu gritando.
_ CALA A BOCA! – gritou, fechando com tudo a porta em sua cara.
_ Droga! – Erick, socou a parede ao seu lado, enquanto se xingava mentalmente.
Dakota pegou a primeira coisa que viu pela frente, e acertou o pôster do Albert Einstein que Molly havia pregado na parede.
_ Babaca! – ela suspirou, pegando uma toalha que estava sobre sua cômoda, e foi para o estádio de natação da escola, pois apenas a água poderia acalma-la naquele momento.
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Keila não tinha nenhuma aula pela manhã, então decidiu ir para seu local de costume, o parque onde haviam bancos feitos pelas raízes das arvores. - Sentada em um dos bancos, Keila começou a ler seu livro predileto, “A Viagem ao Centro da Terra”.
Branden odiava as festas que Erick dava, e não suportava ouvir as pessoas comentando sobre os ocorridos, então, já de saco cheio, decidiu ir até o parque, dormir entre suas aulas de A vida das Cinzas e Firelogi. Mas não imaginava que iria encontrar aquela garota simpática dos cabelos castanhos.
_ Hmm… Você gosta de ler? – ele disse envergonhado ao se aproximar de Keila, fazendo-a pular de susto.
_Ah-ah… Sim… Gosto sim… – Keila se enrubesceu de imediato, ninguém nunca havia vindo falar com ela, alem de Jesse, Blair e seus colegas de estudos. - _… Perdão, mas… Qual é o seu nome?
_ Desculpa, esqueci de me apresentar… Sou Branden Granville, setor fogo. – ele estendeu sua mão, aguardando Keila retribuir seu cumprimento, mas ela simplesmente se encolheu e desviou o olhar.
_ Ah, setor fogo… Você é amigo do Erick, não é? – Branden se sentou ao lado de Keila, enquanto ela se encolhia mais ainda ao fazer a pergunta.
_ Sim, sou… Mas não quero que me julgue por ser amigo dele… Vocês não o conhecem como eu conheço. – Branden desviou seu olhar ao pensar em seu amigo.
_ Me desculpe… Não quis julga-lo. – ela se aproximou de Branden ao ver que ele não tinha aquela típica cara que os amigos de Erick tinham quando queria se aproveitar de algum estudante de outro setor.
_ Tudo bem… Mas, qual é a graça de ler? – Branden se tocou da forma “idiota” que ele fez a pergunta, e logo se consertou. - _Não, não quero dizer de uma forma idiota… Só quero saber, qual é essa tal magia que todas as pessoas que gostam de ler dizem que um livro pode transmitir.
_ Serio? – Keila sorriu, surpresa ao ouvir um garoto popular como ele, querendo saber o que significava ler um livro. - _ Aqui… – ela entregou seu livro a ele. - _ … Este é o meu predileto, “A viagem ao Centro da Terra” de Júlio Verne. Lê ele, e depois me diz o que você viu de mágico.
_ Mas, é o seu livro predileto… Não posso aceitar, afinal, você esta lendo ele.
_ Lendo pela décima quarta vez. – Keila sorriu tímida. - _ Aceita… Será uma desculpa para nos vermos de novo, quando você vir me devolver.
Branden sorriu ao ouvir aquilo. É claro que ele queria ver, e poder falar com ela de novo, estava surpreendido até agora de ter tido coragem para ir falar com ela, e lá estava ele, combinando de vê-la novamente.
_ Obrigado. – Branden olhou para o livro, e quando se virou para olhar Keila novamente, ele avistou Erick atravessando o parque, com chamas em seu punho. –Ham, eu tenho que ir… Depois agente se vê!
Keila assentiu timidamente sorrindo. E então Branden andou em direção á Erick, tentando não parecer muito preocupado.
_ Hey, o que houve? – ele gritou para Erick, antes dele entrar na floresta que havia logo depois do parque. – ERICK! – Branden berrou, correndo atrás do amigo.
Erick ouviu seu amigo, mas apenas o ignorou, e continuou a correr entre as árvores. Seus pensamentos estavam totalmente atordoados, ele não estava entendendo por qual motivo havia se entregado ao olhar daquela garota, e porque ele estava se sentindo tão mal por dizer para ela esquecer tudo. Ele havia feito isso varias vezes com outras garotas. Porque com ela estava sendo diferente? Por quê?
_ POR QUÊ? – Erick berrou, fazendo as chamas que estavam em seus punhos, formarem um circulo á sua volta. E então se ajoelhou, no meio daquele fogo que consumia as folhas secas do chão.
Branden correu desesperado ao ouvir o grito de Erick, e quando o encontrou ajoelhado, com as mãos sobre a cabeça e envolta de toda aquelas chamas, ficou pasmo.
_ Erick! – Branden desmaterializou as chamas, e correu até o amigo. - _ Cara, o que aconteceu? Me fala!
_ Eu me odeio! – Erick socou o chão, com toda a raiva que estava sentindo. - _ Como eu posso ter um sentimento tão idiota como este?! – ele rosnou, mais para si mesmo, do que para Branden.
_ Do que você esta falando Erick? – Branden segurou os ombros de seu amigo, e virou para si. - _ Olha para mim! E me fala, o que esta acontecendo?
_ Droga Branden, EU NÃO SEI! – Erick gritou, e depois entrou em desespero, agarrando a blusa de seu amigo, e deitando a cabeça em seu ombro. - _… Eu não sei… Eu não sei…
Branden já havia visto seu amigo naquela situação, e só ele sabia este lado frágil do grande Erick Blood. Ele não sabia ao certo o que havia acontecido. Mas sabia que não era qualquer coisa que deixava Erick daquele jeito.
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Dakota sempre que estava de cabeça quente, mergulhava até a área mais profunda da piscina, e ficava horas sentada lá, de baixo d’água, apenas com uma bolha de ar moldada na água, para que pudesse respirar. – Dessa vez ela fez questão de conferir se o estádio estava vazio, pois ela pretendia ficar lá por muito tempo.
William tinha costume de andar pela escola quando tinha aulas vagas, e dessa vez ele decidiu ir exatamente para o estádio de natação.
Assim que avistou um vulto de baixo d’água, sem movimento, ele logo se jogou na piscina, temendo que pessoa pudesse estar se afogando. Quando reconheceu os longos cabelos loiros que havia visto na noite passada, William puxou Dakota para cima.
_ Me larga! – ela vociferou, batendo no peito nu de William.
_ Ficou maluca? Ta querendo se matar? – William gritou desesperado, olhando ferozmente para a garota em seus braços.
_ Se toca! Esqueceu que eu sou uma Elementar da água? Como eu poderia me afogar?! – Dakota revirou seus olhos, se soltando dos braços fortes que já haviam agarrado ela antes.
_ Me desculpa por me preocupar! – William vociferou com ironia, irritado, levantando na beirada da piscina e começou a andar em direção ao vestiário.
_ Espere! – Dakota gritou logo atrás dele. – Me desculpa.
William olhou aquela garota atraente, que havia seduzido ele totalmente na noite anterior. Ela estava com os cabelos molhados sobre os ombros, com apenas um biquíni branco, e tremia pela friagem da falta de roupa.
_ E-eu… Estou meio que precisando ficar sozinha… Não era a minha intenção ser grossa… Eu apenas… – Dakota olhava para o chão, envergonhada, e não percebeu que William havia puxado ela novamente para os seus braços. - _ … Hey! Me larga!
_ Fica quieta, antes que você pegue uma hipotermia. – William abraçou Dakota, fazendo seu corpo transmitir calor para o corpo dela.
Dakota não sabia ao certo o que sentir. Mas aquele abraço quente, estava sendo tudo o que ela poderia desejar.
_ Você realmente estava preocupado comigo? – ela disse, se aconchegando no peitoral de William.
_ Achei que estava tentando se afogar. – ele disse, tentando parecer indiferente.
_ Ah sim… Então… Pode me soltar já, não vou tentar me matar, não tenho nenhum motivo para isso. – Dakota se afastou de William, mas ele a segurou novamente.
_ Não tem nenhum motivo para se matar, mas com certeza tem um para querer ficar sozinha. – William disse ao levar Dakota até o vestiário.
_ Sim, mas acho que isso não é da sua conta. – Dakota revirou os olhos.
_ Hey, e daí que isso não é da minha conta? Eu só quero tirar essa sua cara de “idiota que acabou de levar um fora”, e ver aquela gata que me agarrou ontem, que por sinal também me salvou. – William sorriu enquanto segurava os ombros de Dakota.
_ Como assim “idiota que acabou de levar um fora”? O que você sabe sobre isso? – Dakota vociferou. A ideia de que William pudesse saber da breve briga dela com Erick, e que ele tivesse vindo apenas para esfregar na cara dela, era repugnante.
_ Sobre isso eu não sei de nada. Mas você esta com a típica cara de alguém que levou um fora. – William deu de ombros. - _ Mas isso, sinceramente, não é nem um pouco da minha conta. Eu só quero é que você se troque, pra mim poder te levar num barzinho qualquer, para você encher a cara, se divertir, e esquecer qualquer coisa que faça você querer ficar sozinha.
_ Beber? Há uma hora dessas? – Dakota olhou para a janela do vestiário feminino, percebendo que ainda era cedo demais para bebidas.
_ Que seja… Só não quero que você fique assim. – William ergueu uma de suas sobrancelhas e deu a Dakota seu sorriso mais charmoso. - _ Um sorvete, quem sabe?
Dakota sorriu ao perceber que ele só queria tentar anima-la. William podia ser um dos babacas do setor do fogo, mas era um ótimo companheiro para alguém que deseja destruir tudo que estava a sua frente.
_ Quem sabe?! – ela sorriu dando de ombros.