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By namgguk

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❝ Onde Jeongguk é um ômega completamente auto-suficiente, que detesta alfas e sempre venceu seus próprios cio... More

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𝐄𝐒𝐏𝐄𝐂𝐈𝐀𝐋: 𝙰𝚕𝚕 𝙸 𝚆𝚊𝚗𝚝 𝚏𝚘𝚛 𝙲𝚑𝚛𝚒𝚜𝚝𝚖𝚊𝚜 𝙸𝚜 𝚈𝚘𝚞

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By namgguk

Jeongguk observou o movimento disperso da sala de aula enquanto os alunos que ainda estavam por ali arrumavam suas coisas para irem embora. Tão disperso quanto ele próprio estava, enquanto também o fazia.

Sentia-se um pouco fatigado e mais um misto de outras coisas esquisitas que não sabia definir, e pra falar a verdade, também não sabia se queria definir, porque sentimentos eram coisas complicadas demais ao seu ver.

Por sorte, os fones com a música no último volume ajudam um pouco ao não pensar demais em qualquer coisa que não fossem a letra e melodia de Sweet Creature.

Talvez ajudasse demais. A ponto de só notar que o amigo falava consigo quando enfim teve o vislumbre de um Yoongi com a feição nada contente e o rosto pálido um pouco avermelhado, como ficava toda vez que se irritava um pouco.

— Ah, desculpe, desculpe hyung. – pediu rapidamente enquanto retirava os fones rapidamente, pausando logo em seguida

— Poxa, estou falando contigo há um tempão, pensei que estivesse ouvindo... – o menor suspirou, relaxando os ombros ainda assim. No fundo estava mais preocupado que irritado. — Você tem estado aéreo, Goo...

— 'Tô bem, Yoon. – murmurou, enquanto desviava o olhar, fechando a mochila só para em seguida estar apoiando ela nas costas. — Sério.

Talvez "estou bem" fosse a frase que mais havia dito naqueles últimos dias. Havia se tornado quase um reflexo.

Não era como se estivesse triste, chateado ou qualquer coisa do tipo. Mas como não sabia ainda dar um nome ao que era, preferia não falar. Embora soasse confuso, era assim que funcionava.

E umas das coisas que adorava em Yoongi era que por mais que ele sempre demonstrasse preocupação e tentasse fazê-lo falar, também sabia respeitar seu espaço. Como sabia que ele faria naquele momento, quando o viu somente suspirar e acabar afirmando.

Abriu um sorriso discreto, mesmo por baixo da máscara negra, antes de segurar o pulso dele.

— Então vamos lá, tá ficando tarde. – disse, não tardando a sair conduzindo ele até a saída da sala de aula, logo através dos corredores. — Do que estava falando mesmo? Foi mal não ter prestado atenção antes.

— Ah, bom. Tudo bem. – sorriu de forma mínima, enquanto caminhavam, por um momento até se distraindo. — Eu só disse que não poderia te acompanhar até em casa hoje, porque tenho que ir direto pra casa. Meu pai convidou os sócios dele... Enfim, a chatice.

— Ninguém merece. Eu sinceramente não sei como você aguenta isso. – fez uma careta, negando por um momento, revezando o olhar entre o caminho que já mostrava a saída há poucos metros e o amigo de exóticos fios azuis. — Está tudo bem, eu sei que tem suas obrigações. Só desejo boa sorte, e tenta não surtar. Me manda mensagem se der vontade de mandar algum velho rico se foder.

— Ah, então eu vou mandar assim que meu pai começar a falar sobre eu me livrar dessa tinta porque ele não criou um punk. – soltou o ar num sopro, sem muito humor, recebendo uma tapinha no ombro por parte do mais novo.

E não precisaram sequer chegarem até o portão do local que delimita a saída da escola para que avistassem o carro preto e o luxuoso que já aguardava o Min mais novo.

O mais baixo suspirou, fatigado só por pensar em como o restante da noite seria e logo em seguida estava a se despedir do amigo, trocando um hi-5 com ele, antes de seguir apressado até onde o motorista havia estacionado.

Jeongguk nem ao menos sabia quanto tempo passou ali parado, observando o amigo e logo o veículo sumirem de sua vista, mas assim que se tocou não poderia passar o resto do dia daquela forma, voltou a caminhar sem muita pressa, ainda mandando uma mensagem para o azulado.



— A-aigoo. – resmungou que sentiu o braço ser segurado com firmeza. — Mas que porra...?

Começou, visivelmente confuso, assim que ergueu o rosto do aparelho, pronto para xingar até a quinta geração do engraçadinho que havia tido a audácia de fazer aquilo.

Porém assim que deu cara com o peito com brasão do fardamento conhecido e encontrou aqueles olhos castanhos intensos assim que ergueu um pouco mais o rosto, simplesmente travou.

Travou. Logo ele tinha travado.

— A gente pode conversar? – a voz naturalmente grave e sutilmente aveludada soou um pouco baixa, ainda que houvesse sido o suficiente para que o Jeon ouvisse.

E foi ali que ele enfim pareceu despertar para a realidade, trazendo o próprio braço para junto do corpo rapidamente, embora o de fios coloridos sequer tivesse mostrado alguma resistência em soltá-lo.

— Sobre...? A gente não tem o que conversar. — resmungou baixo, talvez um pouco acuado, enquanto desviava o olhar, focado em jogar o celular dentro da mochila.

—Ah, parece que quando sou eu aparecendo de supetão na sua escola, não é tão legal não é? – fez uma careta, antes de bufar.

Mas não era como se Taehyung achasse que fosse ser fácil.

Jeongguk por sua vez acabou revirando os olhos, suspirando e logo cruzando os braços enquanto voltava a olhá-lo, erguendo um pouco o rosto.

— São situações bem diferentes.

— É, eu sei. Eu não vim aqui comprar briga.

— Quer que eu te lembre como tudo isso começou?

— Eu... Arg. – o Kim fechou os olhos por um momento, antes de respirar fundo. — Você é tão... difícil. E Complicado

— É uma opinião bem popular. – deu de ombros, antes de dar um passo pra trás quando enfim se tocou de como o mais alto ainda estava perto. Perto demais. — Enfim, e-

— Ei, você aí!

Antes que o ômega pudesse continuar e simplesmente desse alguma desculpa ao alfa para sair o quanto antes dali, uma voz grave o interrompeu.

E automaticamente ambos os rapazes voltaram a atenção a quem os havia interrompido, dando de cara com um grupo de garotos - alfas, pelo que dava pra se notar sem esforço dado a aura forte que emanavam -, com uma expressão nada amigável no rosto.

Taehyung estranhou aquilo, afinal certamente não era consigo, afinal não lembrava de conhecer nenhum daqueles garotos e sua expressão dizia claramente o que diabos está acontecendo? enquanto franzia o cenho e olhava o garoto ao seu lado. Mas ele parecia estranhamente calmo.

Aquilo não parecia que acabaria bem, não quando o alfa mais alto que chamara a atenção deles, trocava sussurros com os demais.

— Jeongguk...? – o tom que usou, ainda que baixo, foi o suficiente para expressar a dúvida que tinha naquele momento.

— É, é o desgraçado, sem dúvidas. Peguem ele!

Foi somente aquilo ser dito e de repente o pequeno grupo já estava correndo na direção dos dois, mais especificamente do Jeon ao seu lado. E automaticamente o Kim arregalou os olhos.

Não só pela situação em si, mas também pelo fato do garoto sequer ter movido um dedo para fugir ou parece que aquilo o preocupava. Mais parecia sério e só esperando no lugar, pronto para a briga, como se ele não fosse somente um, e os demais estivessem em grupo.

Maluco. Jeon Jeongguk era definitivamente maluco e ali estava a prova.

E talvez se fosse em outra situação o Kim somente fosse buscar resolver aquilo na calma, sem agressão. Talvez tentasse apaziguar tudo, descobrir o que havia acontecido ali e então ajudaria a colocar os pingos nos i 's, como qualquer bom líder faria.

Mas ele não podia, e não podia porque naquele momento simplesmente já havia agarrado o pulso do menor e agora se encontrava correndo e fazendo com que ele fizesse o mesmo.

— Ei!

— Cale a boca e corra! Você por acaso tá entendendo o que está acontecendo aqui?! - a pergunta retórica soou alta, um tanto indignada com o protesto alheio e sem ligar para o mesmo, continuando a correr, agora pelo interior da propriedade escolar.

Não era como se a lógica e seu bom senso fossem acalmar dez alfas furiosos e com sede de sangue. Ele também não era estúpido de ficar parado ou tão orgulhoso de achar que poderia com todos de uma vez. Era bom de briga, sabia que era, mas aquilo era covardia.

O de fios acinzentados vez ou outra olhava para trás só para conferir o quão perto estavam de serem pegos, porque àquela altura sobraria para ele também se fosse o caso, mesmo que aquela não fosse sua maior preocupação. O moreno por outro lado tentava apenas acompanhar o ritmo rápido do mais alto, ainda soltando um palavrão de vez em quando, completamente emputecido com a ideia de fugir daquela forma.

Não soube ao certo quando conseguiram despistar os outros numa das muitas curvas que fizeram, agora estando a correr pela lateral do campo enorme que usavam nas aulas de Educação Física, mas já estava pronto para gritar que outro parasse, quando então viu para onde ele o estava guiando.

Jeongguk automaticamente tencionou.

— E-espera, Taehyung! – exclamou, num tom de sussurro, um pouco alarmado.

Mas antes que sequer pudesse completar o que diria, o Kim já havia aberto a porta do pequeno depósito que ficava ao lado do campo e o arrastado para dentro do local, fechando a porta rapidamente.

— Que droga, por que fez isso? – irritado era o mínimo que poderia usar para descrever como o moreno estava ao perguntar aquilo.

— Shhh, vão nos ouvir. – o Mim retrucou no mesmo instante e assim que viu que Jeongguk tornaria a falar, pouco se fodendo para os seus esforços, rapidamente o encostou contra a porta, apoiando a mão sobre sua boca enquanto a outra fazia um gesto que exigia silêncio, enquanto o olhava.

Num primeiro momento o Jeon havia se assustado e muito com aquela aproximação repentina e o pensamento inicial que rondava sua mente era literalmente chutar as bolas daquele alfa atrevido. Mas algo em si simplesmente o impediu.

Não sabia exatamente o quê, ou o porquê, mas simplesmente era como se tivesse perdido o controle do próprio corpo, que parecia totalmente rendido aquela proximidade e toque do rapaz, ao aroma forte e marcante, que se tornava ainda mais forte naquela curta distância.

Maldito instinto.

Ficaram ali, se encarando em silêncio, enquanto buscavam regular as respirações e deixá-las o mais silenciosas possível, especialmente quando ouviram as passadas do lado de fora do local.

Taehyung automaticamente ficou um pouco mais tenso do que o normal, enquanto ouvia o burburinho e as vozes agitadas que discutiam para onde seguir já que os haviam perdido, mas o alívio veio quando as vozes se tornaram mais distantes, gradativamente.

Ainda assim, permaneceu em silêncio por mais alguns bons segundos, só por garantia, agora olhando o moreno a sua frente, que retribuía o olhar da mesma forma.

— A-acho... Que foram embora. – disse por fim, num sussurro, quando achou ser seguro, desviando o olhar e logo tratou de afastar-se.

— Idiota. É isso isso que você é, sabia? – o mais baixo disse automaticamente assim que a boca foi destampada.

Ainda assim, permaneceu encostado à porta por mais alguns segundos, enquanto se recuperava. Sentia as pernas meio fracas e necessitou respirar fundo antes de se sentir seguro o bastante para desencostar do seu apoio e seguir até onde alguns tatames azuis antigos estavam empilhados. Bateu de leve a poeira antes de deixar a bolsa ali e em seguida sentar.

— Eu acho que um "de nada por salvar meu traseiro" se encaixaria melhor. Você conhece algum outro xingamento além de "idiota"? – fez uma careta, embora de certa forma já esperasse por aquilo. Somente negava então, suspirando. — E o que está fazendo aí sentado mesmo? Ah, quer saber? Eu não ligo, faz o que quiser.

Disse antes de receber a resposta, um pouco sem paciência para aquilo naquele momento, resolvendo então somente sair dali e ir pra sua casa.

Parece que não foi mesmo uma boa ideia ir até ali.

Porém, durante uma fração de segundo até deixou aquele pensamento de lado quando tentou abrir a porta e falhou miseravelmente.

Com o cenho franzido em confusão tentou de novo e de novo.

Nada.

Mas o que...?

— Era isso que eu estava tentando te dizer. – a voz do outro soou em seguida, contrariada, embora os braços cruzados demonstrassem um conformismo de quem já havia aceitado a derrota. — Essa porta é defeituosa, emperra depois que fecha e só abre pelo lado de fora.

Taehyung grunhiu baixo, xingando baixinho quando novamente tentou abrir a mesma e falhou, chutando a porta.

— Ahh, que merda! – reclamou, indignado, antes de bagunçar os próprios cabelos, a frustração e a inquietação evidentes.

— Pois é.

O Kim suspirou, vendo o moreno encolher os ombros e negar.

— Desculpe. – pediu, num murmúrio, se aproximando. — Como é que está tão calmo?

— Não estou. Mas se eu me deixar estressar, acho que vou cometer um crime. Então você vai dar um jeito por si mesmo. Eu não posso ligar pro Yoongi hyung, ele está ocupado hoje.

Cruzou os braços, olhando-o nos olhos muito certo daquilo.

O de fios cinza negou, antes de respirar fundo e pegar o próprio celular, não querendo discutir mais. Se perguntava quem estaria livre, dos seus amigos, para aparecer ali. Hoseok? Jimin? Namjoon?

Na dúvida, enviou para os dois, enquanto sentava no chão mesmo, encostado à porta. Só esperava que alguém aparecesse o mais rápido possível.

...

Aquele pequeno depósito em que haviam entrado, era usado para guardar de tudo, pelo que Taehyung havia notado na falta de opções do que fazer. Bolas, redes, varas, alguns pesos e os tatames sobre os quais Jeongguk ainda estava sentado.

Meia hora. Esse era o tempo que já havia esperado até então e nada de resposta, sequer algum dos amigos havia visualizado suas mensagens e aquilo fez o Kim suspirar, mas frustrado e impaciente do que quando havia entrado ali, ainda guardando o celular mais uma vez enquanto sentia qualquer esperança de sair dali ainda naquela noite se esvaindo aos pouquinhos.

Definitivamente havia sido uma péssima ideia ir até ali, não deveria ter ouvido Yoongi, e, sem dúvidas, não deveria ter se ouvido. Afinal, o que ele queria? Ter uma conversa civilizada com Jeongguk? Tentar entender ele? Serem amigos no final de tudo?

Ou quem sabe só queria dar ponto final naquela história e tentar seguir em frente sem visualizar aquela criatura miúda e atrevida a cada segundo do seu dia.

Fosse como fosse, aquele era um claro sinal do universo de que deveria parar de tentar o que quer que estivesse tentando fazer, porque claramente nada ocorreria de acordo com o seu querer.

Suspirou, mais uma vez, enquanto lentamente voltava sua atenção ao dito cujo, que agora se encontrava abraçando as próprias pernas junto do corpo e mantinha o rosto escondido entre os joelhos.

O surpreendia, e muito, que ele estivesse tão quieto e não fazendo um escândalo e o xingando de todos os nomes possíveis, porque parecia combinar bem mais com ele.

Ou talvez aquela fosse só a ideia que tinha, afinal não era como se de fato conhecesse o garoto sentado há poucos metros de si.

Despertou de sua breve divagação quando então ouviu o barulho peculiar, levando ao menos um par de segundos para notar que se tratava do que parecia ser o ronco do estômago alheio, ao mesmo tempo em que via o mesmo se encolher.

Soltando o ar lentamente, o Kim hesitou um pouco mas acabou levantando e se aproximando de onde o moreno estava.

— Ei. – chamou, enquanto fuçava a própria mochila.

E assim que o mais baixo ergueu o olhar, pronto para perguntar o que ele queria, teve de usar de toda a sua agilidade para que alcançasse a tempo o que ele lhe jogara, antes que atingisse seu rosto.

— O que...?

— É choco pie. Você não é alérgico a chocolate ou assim, não é? – indagou, recebendo a resposta que queria e já esperava quando ele negou lentamente, a confusão ainda sendo visível em seu rosto. — Pois bem, então pode comer.

Jeongguk o olhou com estranheza por um momento, certamente desacostumado aquele tipo de coisa que não viesse do dos seus pais ou Yoongi.

— Você não precisa fazer isso. Eu estou bem. – resmungou, baixinho, desviando o olhar e estendendo a ele de volta o pacote com o bolinho.

— Ah, qual é. A gente nem sabe quando vai sair daqui, ninguém viu minhas mensagens ainda... Pode comer. Eu não ia mesmo.

O acinzentado deu de ombros, vendo que era observado pelo cantinho do olho. Conseguia sentir a indecisão do outro e por mais que não conhecesse bem Jeongguk tinha certeza de que ele era uma pessoa extremamente orgulhosa pelo que demonstrava ser.

O que fez ter de conter o sentimento esquisito de vitória que lhe consumiu quando o viu por fim ceder, e passar abrir o pacotinho com um cuidado que não parecia ser dele.

— Espero que não ache que te devo alguma coisa...

— Não acho, fique tranquilo. – revirou os olhos antes de negar. E mais uma vez hesitou, antes de parar de pensar demais e deixar a mochila no canto, então subindo naquele pequeno monte onde o garoto estava sentado, que com certeza parecia mais confortável que o chão onde antes estava. — Eu não sei porque você faz isso. Eu não sou seu inimigo.

— Você quer mesmo que eu te lembre o contexto em que nos conhecemos? Além do mais, já disse que conheço seu tipinho, se acha que eu baixei a guarda, é só tentar alguma gracinha pra ver o que te acontece. – fez uma careta, ainda focando no que fazia, antes de enfim tirar aquela máscara, a deixando sobre o colo, para que então pudesse dar uma mordida generosa no bolinho.

As bochechas coradas dada a sua falta de jeito embora a feição se mantivesse séria enquanto comia.

Suas papilas gustativas quase fizeram uma festa enquanto sentia o doce desmanchar dentro da sua boca, tendo que conter o suspiro baixinho de plena satisfação enquanto se deliciava. De fato era o que estava precisando, já que sequer havia comido direito naquele dia. Pra ser sincero não estava se alimentando bem durante aquela semana.

Porém sequer pensou muito naquilo, já que sua atenção logo se voltou ao outro, estranhando o fato dele não ter vindo com nenhuma resposta espertinha. E achou ainda mais estranho por ele estar simplesmente ali, para, quieto e o olhando seriamente.

Acontece que Taehyung simplesmente havia travado ao ter o vislumbre do rosto alheio completamente despido do tecido negro ao qual já estava acostumando a associar ao Jeon.

Não lembrava de em algum momento já ter parado para refletir como seria o rosto por baixo daquela máscara, mas nem em suas fantasias mais férteis teria imaginado nada tão delicado quando as feições do garoto realmente eram. Era quase infantil e exalava tanta inocência e calmaria que a expressão as aparências enganam nunca soou tão verdadeira. Desde os olhos grandes e curiosos até os lábios bem desenhados e com uma tonalidade que lembrava pêssegos.

Será que eram tão macios quanto...?

O Kim engoliu em seco diante do rumo que a própria linha de pensamentos estava o levando. Por Deus, era Jeon Jeongguk ali, o que diabos estava pensando?

Despertou, então, somente quando ouviu a voz do garoto soar novamente:

— Mas o que é que você tem? Tá me olhando esquisito. – soltou, sem fazer o menor rodeio.

Bom, aquela era uma pergunta que Taehyung também estava se fazendo naquele momento, mas não era como se fosse admitir nada em voz alta, acabando então por somente suspirar e fechar os olhos, negando rapidamente para afastar aqueles pensamentos estranhos e não muito seguros para a sua saúde mental para bem longe.

— Nada. Não é nada. – murmurou baixinho em resposta, passando de leve a mão na nuca, tentando aliviar um pouco da tensão que sentia, soltando lentamente o ar em seguida. — Olha, acho que já ficou claro para todos os lados que aquilo foi um mal entendido, eu não teria marcado aquele encontro se soubesse do contexto do que havia acontecido.

Disse, curto e grosso, sem deixar brechas para que o assunto anterior prosseguisse, vendo o moreno somente negar, virando o rosto para o lado. Taehyung ponderou um pouco, antes de prosseguir:

— Também... Não gosto que me compare a esse tipo de gente. Não é porque sou alfa, que sou um babaca ou que vou te atacar, ou a qualquer outra pessoa, na primeira oportunidade e depois te culpar. Meu pai era esse tipo alfa e é justamente o modelo do que eu não quero ser. Por isso tento dar um jeito nisso, à minha maneira, mesmo que não seja perfeito. – suspirou, mais uma vez, não se sentindo tão estranho quanto achou que sentiria o seu sentiria ao colocar aquilo pra fora. — Fora que... Minha mãe me ensinou que você só deve fazer esse tipo de coisa com quem gosta de verdade... Então nunca faria só por fazer...

Disse por fim, sequer fazendo menção de olhar o moreno, porque já estava envergonhado por uma vida, ainda que soubesse que aquele não era o tipo de coisa que deveria fazê-lo se sentir envergonhado.

Mas se sentia exposto. Aberto. Para que ele pudesse ler e avaliar suas questões e não tinha a menor ideia do que ele diria.

— Eu... não te conheço e a primeira impressão que tive de você não me mostrou que fosse diferente do que esperava que fosse. Alguns pagam de bons, mas no fundo são uns idiotas... os outros, a maioria, como aqueles que vieram atrás de quebrar as minhas pernas, são abertamente imbecis e não vêem o menor problema nisso, porque são ensinados que podem ser assim e ninguém faz nada. Eu sou desconfiado porque preciso ser, não é simples como você pinta. É por isso que nunca vou abaixar a cabeça pra ninguém. – disse baixinho após alguns segundos de um silêncio ensurdecedor, ainda a olhar o de fios cinza, sem nem saber ao certo porque o havia feito. — E... Também acho que você só deve fazer esse tipo de coisa com quem gosta.

A última parte saiu mais baixinho, sem que conseguisse conter, como uma pequena confissão sussurrada, desviando logo o olhar e enchendo a boca novamente com o restante do doce, mantendo as bochechas cheias numa tentativa de esconder a falta de jeito diante de toda aquela conversa.

Uma cena estranhamente adorável pelo ponto de vista do Kim, mas ele guardaria aquela informação para si mesmo.

No fim estava surpreso com a resposta do ômega, que ali daquela forma parecia tão pequeno, vulnerável e indefeso, embora o mais alto soubesse bem que ele não era.

Ainda assim, o pensamento o fez sentir uma súbita vontade de pô-lo no colo, o que era esquisito demais até em pensamento. Mas diria que aquilo era puramente instintivo.

— Pois bem... – suspirou, enfim, assim que afastou aqueles pensamentos, umedecendo os lábios. — Não posso falar por todos os outros, somente por mim... também não é como se eu estivesse menosprezando seus motivos. Não precisa confiar em mim só porque estou dizendo, mas pode ver por si só... Até porque se eu quisesse ser um cretino e te machucar, já teria feito.

Assim que acabou, silêncio novamente se fez presente enquanto ambos novamente se observavam, mais como se quisessem desvendar um ao outro e o que quer que acontecesse ali.

Taehyung, em certo momento, até acabou desviando o olhar um pouco mais para baixo quando notou o rosto dele um tanto sujo com chocolate, fazendo menção de esticar a própria mão para limpar, mas se impediu.

— Tá sujo, aqui olha. – disse baixinho, enquanto indicava o local e o moreno levou alguns segundos até se tocar do que ele falava.

Piscou algumas vezes, antes de olhar para baixo como se pudesse visualizar o próprio queixo, embora obviamente fosse uma tarefa impossível. Às cegas então, passou a tentar limpar o mesmo, não obtendo tanto sucesso quanto achou.

— Posso?

O Kim, que somente observava, se ajeitou melhor, de frente a ele, estendendo um pouco o braço enquanto indagava, o que automaticamente chamou a atenção do outro.

E por mais que um pouco desconfiado e hesitante, o moreno afirmou em resposta, afastando as próprias mãos e deixando que ele o fizesse.

Sem muita pressa então e até com um certo cuidado, Taehyung tocou o rosto alheia com uma mão, apoiando-o, enquanto usava a outra para limpar onde quer que estivesse sujo, da forma mais sutil que poderia.

Jeongguk permaneceu quietinho e em silêncio durante todo o processo, olhando o rosto alheio com curiosidade reprimida, e automaticamente molhando os próprios lábios ao passar a língua quando sentiu o olhar do outro sobre eles.

Não sabia o porquê, só o fez. E não sabia porquê também o mais alto parecia mais próximo do que há um segundo atrás, mas por algum motivo não o empurrou.

Era como se estivessem envoltos numa bolha silenciosa e entorpecente, que os fazia somente focar um no outro à medida que o espaço ficava menor e mais se aproximavam.

—A-ah, droga! 'To bem, to bem, cheguei! – a voz agitada soou do nada, assustando os dois que automaticamente se afastaram.

E de repente a bolha estourou.

Taehyung ainda tentava processar o que havia acontecido enquanto agora olhava o ruivo na porta que passava a mão sobre o ombro enquanto fazia uma careta, provavelmente tendo usado-o para forçar a porta, e que também parecia completamente alheio ao que quase havia acontecido ali.

— H-hope? – soou, mais interrogativo do que gostaria.

— É, sou eu... Estavam esperando mais alguém? – o Jung os olhou confuso, tombando a cabeça, se perguntando intimamente se o amigo havia batido a cabeça em algum lugar. — Eu chamei vocês um tempão mas ninguém me respondeu, pensei até que tivessem conseguido sair antes de eu chegar.

— Oh... – foi somente o que o Kim conseguiu dizer, vendo quando o moreno escapuliu e desceu dali de cima.

Suspirou frustrado, enquanto bagunçava os próprios fios, não demorando também a o fazer, sob o olhar curioso e avaliativo do ruivo, que só então se tocou do climão que pairou no ar quando chegou.

Apressado, o Jeon seguiu a saída do local, agarrado a própria mochila, empacando porém assim que ouviu a voz grave do outro.

— Espera. – pediu, antes que pudesse notar o que saia da sua boca. — Você... Uh... Não quer companhia até em casa?

Ao mesmo tempo que disse aquilo quis dar um tapa na própria testa. Qual é, Taehyung.

— N-não precisa. – o moreno limpou a garganta, assim que sentiu a própria voz falhar o pouco, sequer olhando para trás ao responder. Engoliu em seco, fechando os olhos por um momento. — A gente se vê por aí.

E foi o que disse, antes de sumir da vista dos dois alfas.

— Wow... – o ruivo comentou, surpreso, enquanto voltava-se o amigo. — Se vêem depois? Que avanço. O que rolou aqui?

A pergunta pegou o mais alto de surpresa, este que somente negou e voltou-se à porta pelo mesmo lugar onde o Jeon havia escapado. Afinal, era a mesma coisa que estava se perguntando naquele momento.

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