Uma Visita ao Hospital II
Aster caminhou pelo prédio, de uma sala para outra e verificou toda a infraestrutura lá, ele anotou tudo nos mínimos detalhes. Enquanto Ramuja o seguia silenciosamente, seu olhar nunca deixou a figura de seu Jovem mestre, que ainda estava ocupado com suas anotações.
Ramuja olhou para o perfil lateral do Jovem mestre, seu traço facial perfeito, a verruga fofa sob seu olho esquerdo, seu cabelo dourado brilhante e fofo cobrindo sua testa, e seus lindos olhos circulares dourados semicerraram-se quando ele inspecionou todas as instalações e equipamentos. Seus lábios estavam firmemente fechados, o que o fazia parecer frio e poderoso.
Ainda assim, quando alguém inspecionou mais dessa pessoa fria, eles puderam ver o quão terna essa pessoa realmente era. Ramuja viu que os olhos indiferentes do Jovem Mestre despertavam preocupação. O jovem Mestre ficava preocupado sempre que via um paciente gravemente doente. Os olhos do jovem mestre se curvaram e seus lábios se animaram ligeiramente quando ele viu um paciente em recuperação que se curvou respeitosamente a ele. Ele estava silenciosamente alegre.
O jovem mestre costumava sussurrar algo para o médico ali, no qual Ramuja captou um pouco da conversa.
'Se aquele paciente for pobre, fale para mim, eu pagarei a conta.'
'Salve-o a todo custo. Eu sei a história de sua família, ele é o único ganha-pão de sua grande família. '
'Ela é mãe de cinco filhos, se não conseguir sobreviver, diga-me, darei ao marido alguma compensação para criar os filhos.'
Ele sussurrou a mesma coisa repetidamente para o médico em cada quarto.
Eu o observei com admiração. O jovem mestre realmente prestava atenção a todos que podia alcançar. Ele pode não ser capaz de salvar a todos, mas ele tentou muito fazer isso. Ele estava atento a todos os aspectos. Perguntei-lhe curiosamente: "Jovem Mestre, por que você é tão bom com todos aqui?"
"Hm?"
"Este servo viu você verificando tudo com muita atenção, ajudando os pacientes, embora alguns deles caluniem o Grão-Ducado silenciosamente."
Aster sorriu. Ele largou o bilhete e olhou ansiosamente para fora e disse: "Porque este lugar é muito nostálgico para mim."
"Nostálgico? Mas isso é hospital."
"Sim, é. Eu passo metade da minha idade aqui", o jovem mestre mostrou um sorriso amargo, "eu era um bebê doente e ainda mais uma criança doente. Eu também passei minha vida de criança aqui. Ainda me lembro do cheiro de remédio, as enfermeiras e minhas babás. Meus pais estavam muito ocupados e tiveram que me deixar sozinho aqui com guardas e babás. Embora, eu entenda a situação deles agora, eu era uma criança malcriada que tinha acessos de raiva com frequência."
“Quando fiquei internado por causa do problema da pele as vezes parecia que estava sendo cozido, principalmente no verão, eu era muito cuidado aqui. Sempre fazia birra porque ficava na sala especial particular no andar de cima. Era enorme, mas vazio "Então, eu ignorei as babás e corri para o andar de baixo e conversei com os pacientes daqui. A maioria deles são adultos ou idosos. Os idosos não sabiam que o duque Harion tinha um filho, então me trataram como uma criança normal."
O jovem mestre enxugou uma poça de lágrimas nos olhos: "Bem, eu os amei, mas os idosos morrerão mais cedo ou mais tarde. Alguns contaram suas histórias sobre sua juventude, outros contaram suas histórias sobre suas famílias, seus netos para mim, e mal podem esperar para ver a família deles. É por isso que sempre desejo que eles se recuperem e encontrem sua família logo."
Ouvi sua história e fui inevitavelmente tocado pela sinceridade do Jovem mestre. Eu havia trabalhado com muitos nobres, e seus filhos eram geralmente mimados, podres e egoístas. Eles não se importavam se um escravo era um homem forte ou uma velha, eles apenas os chicoteavam até que morressem.
O jovem mestre sorriu e disse: "Siga-me, vou lhe mostrar uma coisa".
Segui o jovem mestre até a última sala que não visitamos neste andar. Quando ele abriu a porta, havia pacientes idosos deitados em suas camas. Aster conversou com o médico por alguns minutos e foi direto para o final da sala. Ele se sentou em uma cadeira de frente para uma velha que fechou os olhos.
"Quem está aí?" a velha perguntou. Sua voz estava rouca.
"Vovó, sou eu, Edward," jovem mestre respondeu. Ele segurou a mão dela suavemente e beijou-a piamente.
"Oh? Meu neto! Onde você esteve? Da última vez você só me mandou flores, peh! Eu não preciso de flores lindas! Estou cego mesmo!" vovó disse.
"Sinto muito, vó, estava ocupado trabalhando para outros países. Mas eu sempre mando flores e cartas sobre minhas atividades todos os meses, certo?"
"Ugh, mas eu quero você aqui! Além disso, quando vamos deixar este lugar? Eu me cansei com esses velhos ao meu redor!"
"Vovó, você também está velha," Aster respondeu estranhamente.
"Posso estar velho, mas ainda sou forte! Veja, meu corpo está bem!" a avó balançou a mão trêmula para a esquerda e para a direita e acidentalmente acertou Ramuja, que estava sentado do outro lado da cama.
"Oh? Eu bati em você com muita força? Sinto muito," vovó se desculpou, "Espere, quem é você? Você não vê que estou me divertindo com meu neto ?!"
"Vovó, está tudo bem, esse é o meu hum... amigo."
"P-Prazer em conhecê-lo", Ramuja disse sem jeito.
"Amigo? Você disse que não tem nenhum amigo e está muito ocupado para encontrar um! Como é que você de repente tem um amigo para te acompanhar?" Vovó perguntou. Ela pareceu pensar em algo e riu depois: "Oh, entendi! Este deve ser o seu namorado? Você gosta de homem? Está tudo bem, está tudo bem, meu falecido irmão se apaixonou por um homem bonito também!"
"V-vovó!"
"Jovem, qual é o seu nome?"
Ramuja olhou para o Jovem Mestre cujo rosto estava vermelho como uma beterraba e respondeu: "Ramuja."
"Ah, Ramuja e Edward! Pela sua voz, você deve ser um homem bonito e forte também! Dê-me sua mão", disse a vovó. Ramuja deu a palma da mão para a velha e ela puxou a mão de Aster. Ela entrelaçou os dedos de Aster e Ramuja e cantou: "Que a última pétala dure até que a morte a arranque."
"V-vovó! Isso é..." Aster instintivamente reagiu,
"O quê? Estou te dando minha bênção! Quem sabe se já estou morto ou não quando vocês dois se casarem?" Vovó compeliu e entoou a mesma frase muitas vezes. Foi uma das bênçãos do mais velho para um novo casal, um ritual único na tradição da Camélia Dourada.
Aster e Ramuja se olharam nos olhos. O círculo dourado de Aster se dilatou e ambos abaixaram suas cabeças coletivamente, com vergonha de olhar um para o outro como o ritual deveria ser.
Depois que a avó terminou de cantar, ela os deixou ir. Eles conversaram por horas até que Aster disse que eles deveriam ir embora.
"Bem, não se esqueça de me visitar frequentemente! Se eu não posso deixar este lugar, então você deveria ficar aqui!" Vovó implorou.
Aster riu e disse: "Vou tentar o meu melhor."
***
Aster estava sentado em uma cadeira enquanto Ramuja estava de pé atrás dele. Aster olhou de lado para Ramuja e corou novamente, "E-Esse ritual não conta para nós, ok? N-Não pense muito!"
Ramuja já considerava aquele ritual seu dia de sorte e não pensou muito depois disso. Ele nunca estaria junto com seu mestre de qualquer maneira, mas parecia que o Jovem mestre era quem pensava demais. Ramuja riu levemente, "Sim, jovem mestre. Mas, ousa este servo perguntar, quem é aquela senhora? E por que se chama Edward?"
Aster se acalmou e respondeu: "Bem, o nome dela é vovó Rita. Ela tem uma doença que a considera uma paciente permanente aqui e eu a conheço há quase nove anos."
"Nove anos?"
"Sim, eu a conheci quando estava hospitalizado, ela era cega e constantemente perguntava onde estava seu neto. Aparentemente, a idade de seu neto era próxima à minha. Para acalmá-la, eu me fiz passar por Edward e ela aparentemente acreditou, e eu ' ainda estou fazendo isso. "
"E quanto à família real dela?"
O jovem mestre mostrou uma expressão amarga combinada com raiva: "Quando fiquei mais velho, pesquisei as informações sobre a família dela e descobri que ela tem apenas um filho, seu filho tinha três filhos, um deles era Edward. Eu acho que ele é o favorito dela? Bem, no final, depois que a vovó Rita foi hospitalizada, ele fugiu com sua família para o Grande Reino Arctyr e deixou Rita sozinha, sem saber que sua família a havia deixado. "
Ramuja ficou chocado ao ouvir que alguém poderia ser tão implacável ao deixar sua velha e doente mãe sozinha neste hospital.
"Bem, eu dou a ela mentiras inocentes, desde que ela seja feliz." Jovem mestre disse, embora seu tom mostrasse tristeza.
"E-Este servo pensa que o Jovem Mestre é uma pessoa muito gentil. Ela parece muito feliz quando está com você", Ramuja tentou iluminar seu mestre. O que o Jovem Mestre respondeu com um leve sorriso.
A atmosfera era triste até que ouviram alguém chamado Aster.
"Aster! Meu Deus, por que você está aqui?"
Aster olhou em volta até que viu uma mulher alta na casa dos cinquenta com um vestido verde e uma máscara cobrindo metade de seu rosto. Ele sorriu e se levantou da cadeira para cumprimentar esta senhora, "É bom ver você, Lady Merse."
"Oh, por favor, apenas me chame de tia Merse," Lady Merse riu e acariciou suavemente a cabeça de Aster, "O que você está fazendo aqui?"
"Fui designado para verificar as instalações do hospital pelos meus pais. Posso perguntar por que tia Merse está aqui?" Aster perguntou educadamente.
"Vou ficar porque o meu marido está hospitalizado, ele está no último andar."
"Oh, devo fazer uma visita ao Senhor, então?"
"Claro, você pode, doce Aster," Lady Merse riu. Ela finalmente conheceu este menino que ela já considerava como seu próprio filho.
Antes que Aster pudesse continuar, ele ouviu o som alto de cadeiras caindo atrás dele. Ele virou a cabeça e ficou surpreso ao ver Ramuja já caiu de joelhos e tremia muito.
Ramuja tremia loucamente, o suor frio corria por seu corpo e sua mente estava entorpecida de medo
'D-Duquesa de Arion!'