Quando Louis parou em frente a entrada do apartamento, ele suspirou. Foi exaustivo, mas seu coração estava mais leve.
Provavelmente pela parcela de surra que deu no alfa.
Ao abrir a porta, o filhote ômega corre a tempo de agarrar sua perna.
— Mamãe! Spider Luke fez macarrão com queijo!
— É mesmo, filhote? Que delícia, estou morto de fome. — Louis bagunça os cabelos da criança, fazendo o rir. Ele vai até a cozinha lavar as mãos, parando ao lado do alfa.
— O que houve com as suas mãos? — o maior pergunta, encarando os dedos curtos com sangue seco. Louis esfrega com sabão, enxaguando em seguida.
— Longa história. — ele suspira, chacoalhando as mãos, encarando as unhas em seguida.
— Tenho tempo. O que aconteceu na escola? — o alfa diz sério. Ele se aproxima do ômega com as narinas dilatadas, fungando-o. — Que cheiro é esse?
— Você parece um maluco assim, alfa. — Louis ri com a mão no peito do outro, empurrando-o para trás.
— Louis, você foi atacado ou algo assim? Você se machucou? — Luke o analisa, virando o rosto do ômega em busca de arranhões.
— Na verdade, eu quem ataquei. — ele dá uma risadinha, o alfa o olha preocupado, então ele suspira ficando sério. — Precisamos conversar.
— Claro, tome um banho primeiro, você está fedendo, parece que rolou com um alfa na floresta. — o maior ri brincalhão, fazendo Louis corar sem graça.
De fato, rolou.
— Eu já venho. — ele alerta, dando as costas rumo ao banheiro. — Esquente meu macarrão!
Ele recebe um resmungo em resposta, adentrando o cômodo para uma ducha.
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— O macarrão está no ponto. Perfeito. — o ômega elogia, saboreando a massa.
Ele estava esfomeado, sentado na pequena mesa acompanhado do alfa. Seu filhote estava na sala, deitado confortavelmente enquanto assistia seus desenhos prediletos.
— Obrigado. Então, me conte. Estou curioso. — o maior insere o assunto na conversa, apoiando o queixo sobre as mãos juntas, os cotovelos em cima da mesa.
— Claro. — ele bebe um pouco de vinho. Era seu segundo copo. — Uma coisa muito, muito estranha aconteceu hoje. Serei breve. — ele suspira. — Sabe o policial que Henry estava obcecado?
— Claro. — o alfa revira os olhos. — Ele ao menos foi bom na apresentação?
— Eu não sei, eu desmaiei. — ele dá de ombros, bebendo o restante do vinho e se servindo mais.
— O que? Por que? — o alfa fica alarmado, os olhos arregalados para o ômega beberrão.
Louis estava nervoso, o vinho parecia acalmá-lo. Ele estava começando a ficar irônico, típico estado que ficava quando bebia.
— Eu achei que ele tivesse morrido e, de repente ele estava lá e eu pensei que, eu não sei. Eu só — ele bufa, esfregando os olhos com irritação — Eu fiquei nervoso, passei mal e desmaiei, eu nem consegui ver o Henry falar, ele estava uma gracinha vestido de policial e eu perdi. — ele faz um bico, cutucando o macarrão com o garfo.
— Ele quem, Louis? Você está me deixando nervoso. — o alfa suspira, tentando se controlar para acalmar o ômega.
— Harry. — ele sussurra, voltando seus olhos azuis para o alfa preocupado. — Pai do Henry.
A expressão do alfa foi a mesma por cerca de cinco minutos. Os olhos parados, a boca entreaberta e o silêncio cortante. Louis o fitava de volta, bebendo avidamente do vinho.
Seu dia tinha sido uma loucura.
— Alfa? — Louis acena em frente ao rosto do maior, que pisca pela primeira vez.
— Sim? Claro, uau. Isso é, uau. — ele suspira, fitando o vidro límpido da mesa. — Vocês conversaram? — ele volta a olhar Louis, um turbilhão de pensamentos o rondando.
— Prefiro dizer que discutimos. — ele sorri triste. — Mas tudo bem, sim? Eu só preciso processar ainda.
— Digo o mesmo...Ele sabe sobre Henry? — o alfa está curioso, aflito também.
— Sim, sabe. Ele estava na floresta. — Louis revirou os olhos — Conversamos um pouco.
— Ele te atacou? — Luke levanta abrupto, fazendo a cadeira ranger.
— Não, merda. Ele apenas me seguiu para pedir desculpas, me assustei e o ataquei. — Louis ri pouco embriagado — Quase arranquei a orelha dele fora. – ele dá uma risadinha.
Luke rosna baixo, atraindo a atenção do ômega.
— Ele te machucou, Louis? — o alfa está sério, sequer piscando enquanto respira fundo.
— Não! Somos lobos, Luke. Todos parecem iguais, ele apareceu, eu me assustei e o ataquei, ele sequer reagiu. Ele é inofensivo. — o ômega garante.
— Ele é um daqueles alfas puros que estavam presos, não é? — ele se senta novamente, tão atordoado que aflinge Louis através da marca.
— Sim, ele é. Cinco anos em forma de lobo...— o ômega divaga, sendo cortado pelo filhote que aparece coçando os olhos.
— Mamãe, pode ler uma historinha pra eu dormir? — ele suplica com o homem aranha de pelúcia nas mãos.
— Claro, baby. Coloque um pijama e escove os dentes, eu já vou.
O filhote assente, correndo para o quarto.
— Ele já sabe? — Luke murmura contragosto, o sentimento de perda tomando seu peito.
— Não. Eu vou tentar explicar por cima, não acho que ele vá entender muito bem. — o ômega suspira. — Estou perdido.
— Vamos ficar bem, não é?
— Claro que sim. — Louis sorri pequeno, se levantando para por os utensílios usados na lava-louças.
— Mamãe! — o pequeno grita do quarto.
— Estou indo! — Louis diz, se virando e indo até o alfa sentado no mesmo lugar.
— Te espero no quarto. — Luke diz baixo, sorrindo pequeno para Louis.
O alfa estava triste, Louis sentia.
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— E então o lobo mau soprou, soprou e soprou, mas a terceira casinha não caiu. — Louis estava deitado ao lado do filhote na cama da criança, contando a história de dormir daquele dia.
— Porque era de tijolos, né, mamãe? — o ômega piscava olhando para a ilustração do livro, achando fofo os três porquinhos abraçados dentro da construção.
— Isso mesmo, filhote. Então o lobo foi embora e nunca mais voltou, e os três porquinhos viveram felizes para sempre. Fim. — ele fecha o livro, o colocando na pequena cômoda ao lado da cama.
— Você já soprou alguma casa, mamãe? — o filhote se vira lado, cara a cara com Louis deitado no travesseiro da criança.
— Não, baby. Não fazemos isso. — o maior ri, esfregando a ponta dos narizes num beijinho de esquimó.
— Que chato. — ele ronrona, fechando os olhos. — Mamãe? — o filhote sussurra.
— Hum? — Louis responde de olhos fechados, considerando dormir ali mesmo.
— 'Arry machucou a mamãe, por isso que você chorou hoje?
Louis abre os olhos, se deparando com as esferas azuis de seu bebê brilhando sob a luz do abajur, totalmente focadas em si.
— Não, baby. Ele nunca me machucaria, ele é um bom policial, lembra? — ele responde afagando os fios da criança, que assente devagar, incerto sobre. — Preciso conversar com você sobre algo importante.
— Conversa de adulto? — ele sorri grande, empolgado.
— Acho que sim. — Louis ri, beijando a testa do pequeno. — Quando eu era adolescente, eu tinha um alfa muito bonito e educado, cuidava muito bem de mim, não éramos marcados então ele precisou ir pra guerra. Ele era um lobo e soldado muito dedicado, então ele foi, mas deixou uma sementinha na minha barriga. A sementinha era você.
— Sementinha!
— Isso, uma sementinha. Isso faz desse alfa o seu papai, entende isso? — Louis pergunta ao filhote, incerto sobre ele estar entendendo.
Era uma criança esperta, mas ainda sim era um filhote.
— Sim...Meu papai era um lobo grande e preto, como o 'Arry. — ele diz com um sorrisinho.
— Isso mesmo, bom ômega. Um bebê muito inteligente! — Louis sorri alisando o rosto pequeno — Continuando a história...Então eu fiquei sozinho, perdi minha mamãe e minhas irmãs nessa guerra, e o seu papai não voltou, então pensei que ele tivesse morrido, sim? Então conheci o Spider Luke, e ele cuidou de mim e de você, garantindo que vivêssemos bem e fôssemos felizes. Você é feliz, filhote?
— Muito, mamãe. — as presinhas de leite brilham com o sorriso da criança, fazendo Louis suspirar.
— Ótimo. Então, durante a guerra todos os lobos que sobreviveram ficaram presos, e o seu pai era um deles e recentemente eles tiveram sua liberdade. Entende o que isso quer dizer? — Louis tenta ser o mais claro possível, o coração acelerado em seu pequeno peito.
— Que tem mais lobos na cidade, como aqueles da delegacia do tio Liam? — ele franze o lábio, não entendendo os rodeios da mãe.
— Quer dizer que o alfa que deixou você na minha barriga, seu papai, está na cidade. Bem vivo. O que você acha disso? — o ômega mais velho se sente apreensivo, mordendo o lábio inferior.
— Então eu tenho um papai lobo? Ele pode me ensinar a transformar mais rápido! — o pequeno exclama, empolgado com os olhos azuis arregalados.
— Ei! Eu também posso. – Louis resmunga, fngindo seriedade. O filhote ri, beijando a bochecha do ômega.
— Você também, mamãe. Mas e o Spider Luke? Eu gosto dele...— a expressão do filhote muda rapidamente para uma tristonha, as sobrancelhas juntas, confuso.
— Ele continua sendo seu papai de coração, sim? Cuidou de você, te ensinou a andar e escovar os dentes, não é? Ele merece todo seu carinho, não?
– Sim! Ele vê homem aranha comigo. — o filhote ri baixinho. — Henry tem dois papais! — ele faz um dois com os dedinhos.
– Sim, baby. Muito sortudo, não é? — o pequeno ômega acena. — E você quer conhecer seu papai lobo, baby?
— Sim! Sim!
— Ótimo, querido. Mexerei os pauzinhos para isso, certo? Boa noite, filhote. — Louis o cobre, beijando a testa do filho.
— Boa noite, mamãe. – ele boceja. Louis desliga o abajur.
Ao se virar, o ômega enxerga a silhueta de Luke parado na porta.
Eles vão em silêncio para o quarto.
Já de pijamas e deitados lado a lado, ambos encaram o teto.
— Como isso vai funcionar, ômega? — Luke quebra o silêncio.
— Ainda não sei. Não posso falar de cara que Harry é o pai, seria muita coisa pra cabeça dele, não acho que ele entenderia bem. — Louis bufa, esfregando a testa.
— Pretende deixá-lo sair com Henry?
— Bom, sim. Acho que ele quer se familiarizar com o filhote, criar laços. — Louis se sente tímido, nunca pensou precisar ter essa conversa com Luke.
Harry estava de volta, sua alma gêmea, e queria participar da vida do seu filhote.
Passear com ele, talvez tê-lo aos fins de semana em sua casa.
O lobo interior de Luke estava surtando, mas o alfa queria passar segurança para Louis. Além de companheiros, eram amigos.
— Você confia nele, Louis? — Luke se vira de lado, fitando a silhueta do nariz pequeno.
— Claro que sim. — ele diz convicto.
— Eu não. — o alfa discorda rapidamente.
— Luke, não vamos fazer isso, ok? É o pai dele, é direito dele. — Louis se vira na mesma posição, os narizes quase se tocando.
— Eu sei, mas eu não confio nele.
— Você sequer o conhece, alfa. Isso é ciume.
— Claro que é ciume, ele quer tirar o Henry de mim! — ele resmunga, fechando os olhos com força.
— Henry adora você, isso não vai acontecer, fique tranquilo. Ele só quer ter o filhote dele por perto, participar da vida dele. — Tomlinson acaricia o rosto do alfa, acalmando-o.
— Se eles forem sair juntos, eu estarei no mesmo ambiente. — o alfa impõe, fazendo Louis revirar os olhos.
— Isso não vai dar certo. Harry é um lobo, ele é territorial. — Louis tenta convencer o alfa.
— Não me importa, Lou. Ele passou cinco anos longe de tudo, vivendo apenas entre lobos, não vou confiar o filhote á ele assim, do nada. Eu vou estar lá em qualquer passeio, até que eu sinta que ele é confiável. — ele resmunga — Ele te seguiu até uma floresta, isso não é normal.
— Isso é instinto, Luke. Nos conhecemos desde crianças, brincávamos na floresta. — Louis suspira, fechando os olhos para que o sono o abata. — Sua única condição é estar no mesmo ambiente, certo?
— Dez metros de distância é o limite.
Louis ri baixo.
— Certo. Amanhã converso com Harry.
Luke rosna baixo para o mencionar do nome do alfa.
— Ei, não rosne pra mim. Controle o pinscher que habita em você, alfa.
— Engraçado, Louis. — o alfa desdenha — Quer ouvir algo engraçado? — tenta quebrar o clima tenso.
— Manda ver. — o ômega sorri.
Eles costumavam conversar durante a noite sobre seu dia e trabalho, Louis sabia que era sobre isso. Sempre histórias bobas, mas que o alfa achava super engraçado.
— Taylor, a ômega da administração foi transferida de setor.
— E...?
— Ela dirige nosso caminhão, agora. — Luke ri, negando com a cabeça.
— Não entendi a graça, alfa. Explique.
— Ela dirige o caminhão de bombeiros, Lou. Uma ômega, fêmea, é inédito.
— É demais e nada engraçado! Alfa pateta. Vá dormir, Luke, você parece um velho conservador. — Louis bufa, empurrando o alfa pelo peito.
— Chato. Te mandarei uma foto um dia desses. — ele beija Louis na bochecha. — Boa noite.
— E eu mandarei biscoitos e um parabéns á ela. Boa noite. — Tomlinson suspirou, se virando de costas para o alfa.
Estava pensativo. Harry não iria gostar daquilo, ele conhecia o alfa.
Entendia Luke e entendia que eles eram parceiros e até ali criaram o filhote juntos, sua opinião deveria ser válida, mesmo que Louis fosse a mãe.
Louis sentia que não daria certo, mas sabia que Harry se esforçaria por Henry.
Ele adoraria ver o alfa se esforçar pela sua criança.
Aquecia o peito do menor.
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Segue abaixo um pinscher, alfa do Luke.
Quem gostou bate palma, quem não gostou, paciência. 😜
Estão gostando do desenrolar da história? Estou atendendo as expectativas???? Mais alguém pensando em gastar o réu primário com o Bolsonaro? Eu sim!
Obrigada pelos comentários e votos, espero que a fic cresça, estou apaixonada por ela.
Um imenso obrigada á Soffia por toda ajuda com esse cap e com as ideias malucas que juntamos pra fic. Ilysm. ❤️
Tommo way is all the love. X :)