Some Summers After ••Bujeet••

By panda_das_fanfics

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Some Summers After||Bujeet||Yaoi||+18 Querem um conselho de um iludido apaixonado? Gostar de alguém nem semp... More

I Hate Loving U
A Fucking Addict

I Can't Look Away

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By panda_das_fanfics

~Rich-sama/A.L.Sainça

S

ome Summers After 


Capítulo 3

××I Can't Look Away××

 Buford estava prestes a ter um ataque de pânico.

 Não importava o quanto limpasse suas mãos suadas na roupa, elas voltavam a ficar úmidas segundos depois. Suas pernas estavam bambas e ele se esforçava tanto para permanecer em pé, que podia sentir seus joelhos tremerem minimamente e os músculos de suas panturrilhas dando pequenos espasmos. Seu coração batia em uma velocidade anormal e forte o suficiente para seu peito doer. Buford não sentia borboletas no estomago, mas sim grandes elefantes correndo em manada, trombando uns nos outros, caindo, se levantando e correndo um pouco mais.

 Desde que entrou no aeroporto aquela sensação de “eu não deveria estar aqui, quero voltar para casa e preciso de um abraço da minha mãe” o invadiu e não o deixou mais. Ele coça a nuca mesmo que não estivesse sentindo nada para fazer isso, foi apenas mais uma tentativa frustrante de se acalmar.

 Buford olha a seu redor ao caminhar, tomando sempre cuidado para não trombar em ninguém naquele mar de pessoas carregando inúmeras malas. O verão estava chegando ao fim, e com isso, as pessoas que viajaram nas férias a procura de paz e sossego, agora voltavam para aquela maldita e inquieta cidade.

 Uma mulher, provavelmente uma empresária, falava alto ao telefone sobre gráficos de sucessos e discutia, ao mesmo tempo, com um homem ao seu lado sobre algo a respeito de contratos de silêncio e processos a serem feitos. Provavelmente ele era um advogado. O cômico era o fato de que ambos estavam vestindo roupas estampadas e coloridas. A mulher usava um colar de flores, parecidos com aqueles que vimos em filmes do Havaí, enquanto o homem se esforçava em passar um creme na pele, aparentemente, recém bronzeada.

 Um casal parecia encontrar dificuldades ao tentarem carregarem as enormes malas e controlarem suas duas crianças inquietas que não paravam de correr e gritar sobre como estavam com saudade do Mickey e do show da Bela e a Fera. Provavelmente estavam voltando de férias na Disney. Ao lado deles estava um grupo de jovens que riam alto de uma piada feita por algum deles. Todos carregavam grandes mochilas de acampamentos nas costas e portavam roupas leves.

 Buford revira os olhos, nunca gostou de passar seu tempo no campo. Eram muitos mosquitos e insetos inconvenientes que invadiam sua barraca, animais grandes que faziam barulhos assustadores a noite e o pior de tudo: não tem banheiro. Horrível! Péssimo!

 Por alguns instantes, Buford se distrai observando as pessoas ao seu redor. Ele não sabia ao certo onde deveria esperar o indiano. Isabella não especificou nada, apenas disse para que ele entrasse e encontrasse o garoto, enquanto ela ficaria esperando no carro.

 Maldita manipuladora. Se dizia sua melhor amiga, mas na hora de lhe deixar sozinho enfrentando a maior barra da sua vida (lê-se: receber o garoto, pelo qual ele estava perdidamente apaixonado em segredo, no aeroporto) ela ficava no carro ouvindo música. Ele precisava urgentemente reabrir o cargo de melhor amiga e contratar outra para ouvir seus lamentos.

 Quando pensa em procurar um banco para se sentar, ele escuta uma voz chamar seu nome. Não precisava se virar para saber quem era. Todos os pelos de seu corpo se arrepiam e os elefantes em seu estomago parecem terem perdido o controle de vez.

 Ele se vira para encontrar a criatura que fazia seu coração e mente de dois idiotas. Por alguma razão, Afrodite resolveu deixar aquele garoto mais bonito do que nunca durante o período de tempo em que ele estava distante.

 Ele havia cortado o cabelo. Pelos Deuses, ele estava lindo de morrer!!! Ele havia feito uma espécie de moicano, com as laterais em degrade. O cabelo em cima parecia um pouco amaçado, mas os cachos não haviam perdido seu brilho. Ele vestia uma calça branca folgada, provavelmente para se sentir confortável durante o longo trajeto do avião, entretanto aquela calça tinha rasgos desgastados da metade das cochas até um pouco mais abaixo dos joelhos. Por estarem desgastados, e a calça provavelmente ser velha, os rasgos estavam muito maiores do que o normal, sendo que o maior deles era quase do tamanho de uma mão. A pele escura de Baljeet estava exposta de uma maneira perigosa demais para a mente criativa de Buford.

 O visual se completava com uma camisa de botões listrada em verde e laranja, que devia ser quase dois números maior o que o corpo de Baljeet, já que estava bem folgada em seu corpo. Os dois primeiros botões estavam soltos, deixando uma parte do dorso do garoto exposto. Em resumo: a visão do pecado e ao mesmo tempo a entrada para o céu.

 - Nossa, você não imagina o quão feliz eu estou em estar de volta. – O garoto comenta assim que chega à frente de Buford, que se encontrava repetindo a mesma frase (“Oi, idiota. Como foi a viajem?”) em sua mente para não correr o risco de acabar gaguejando, ou sem saber o que dizer.

 - Oi, idio.-

 - “Oi, idiota” nada! – Baljeet o interrompe. – Eu quero é um abraço! – Essa frase deixa Buford sem chão. Ele já sabia que Baljeet exigiria um abraço como cumprimento, mas mesmo assim não se sentia preparado.

[You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You feel like heaven to touch
I wanna hold you so Much]
_________________________

[Você é bom demais para ser verdade
Não consigo tirar meus olhos de você
Você é como tocar o céu
Quero tanto te abraçar]

 Ele abre minimamente os braços para receber para mais baixo, e o mesmo se aproxima o envolvendo calorosamente com os braços. Buford deixa seus braços caírem ao redor das costas de Baljeet, enquanto o outro abraçava sua cintura. O cheiro dele continuava o mesmo. O mesmo cheiro que fazia todo o seu mundo balançar.  Os elefantes pareceram se acalmar, talvez fosse o choque, ou talvez fosse simplesmente a capacidade de Baljeet o acalmar, ao mesmo tempo que era o motivo para seus surtos.

 - Como foi a viajem? – Buford pergunta e sente sua garganta arranhando e a boca seca.

 O mais baixo suspira e murmura baixo, mas por estrem muito próximos, Buford conseguiu ouvir muito bem:

 - Como eu disse –, ele afasta a cabeça do peito de Buford, minimamente, para o olhar nos olhos – estou feliz em estar em casa. – Ele sorri.

 Ali estava, o sorriso branco e certinho que Buford identificava ser o “real sorriso de felicidade de Baljeet”, e não aquele que ele dava apenas por educação. Buford o queria beijar naquele momento, mas o garoto se afastou devagar, fazendo com que ele recobrasse a consciência de suas ações.

 - Você veio de carro, ou vamos de taxi? – Baljeet pergunta se abaixando para pegar as duas malas, que anteriormente depositou no chão. Buford o ajuda carregando uma das malas, para que o garoto não levasse todo o peso sozinho.

 - Bella está nos esperando no carro. – Buford fala desviando os olhos do garoto para o chão. Não conseguia o encarrar e falar ao mesmo tempo.

 - Ela também veio? – O sorriso do garoto se abre ainda mais. – Estou louco para dar um abraço nela. Trocamos mensagens quase todos os dias e fizemos ligações algumas vezes.

 Buford sabia disso. Isabella e Baljeet sempre foram próximos, não tanto quanto Buford e Isabella, mas próximos. Eles não eram tão chegados na infância, mas assim que entraram no ensino médio se aproximaram muito. Buford se lembra de algumas vezes não saber se sentia ciúmes de Isabella próxima de mais do garoto que ele gostava, ou se sentia ciúmes de alguém próximo demais de sua melhor amiga.

 Era confuso no começo, mas depois de um tempo ele deixou de sentir ciúmes de Isabella, por ser comum ela ser amiga de muitas pessoas, mas sempre afirmar que ele era o único doido que cabia em seu coração. Os ciúmes por Baljeet foram diminuindo com o passar do tempo em que Buford desistia de tentar algo para mudar a relação de ambos.

 Isabella e Baljeet realmente se comunicaram muito durante das férias. Ela vivia enviando fotos dos amigos, quando se reuniam. (Uma vez quase enviou uma foto em que Buford estava dormindo no colo de Irving, enquanto o ruivo o olhava perplexo com medo de o acordar se movesse um musculo sequer. Buford a proibiu de enviar aquela foto e quase a convenceu a apagar, mas a garota disse que guardaria para recordação.)

 Buford também já presenciou uma das ligações que Isabella e Baljeet fizeram durante as férias. A garota estava na casa de Buford quando o indiano ligou por uma chamada de vídeo. Eles conversaram durante duas horas ao lado de Buford, que apenas falava quando eles comentavam algo. Ele estava ocupado demais olhando de relance para o peitoral de Baljeet exposto sem nada tampando. Aparentemente, o lugar onde o garoto estava era conhecido por suas altas temperaturas, e Buford podia afirmar que nunca amou tanto o calor quanto naquele dia.

[Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The sight of you makes me weak
There are no words left to speak]
___________________________

[Perdoe a maneira como te olho
Não há nada que se compare
Ver você me enfraquece]

 - Por falar nisso -, Baljeet fala, enquanto eles andavam em direção a saída, para encontrarem Isabella – só tive notícias suas e dos outros através da Isabella durante o verão todo! Tudo bem que eu estava estudando, mas eu usava meu celular a noite, sabia? – Baljeet tentava parecer irritado pela falta de atenção, mas Buford sabia que ele realmente não se importava.

 Se você soubesse quantas mensagens eu já quis te enviar...

 - Deixa de ser dramático. – Buford falar rindo e Baljeet o acompanha.

 - Sou um garoto que precisa de atenção, ok?! – Ele fala brincando e dá um soquinho no braço de Buford. – Não ria de um garoto carente!

 Buford estava prestes a fazer mais algumas provocações, mas assim que Baljeet avistou o carro de Isabella, ele saiu correndo em disparada para poder ver a amiga. Ao o ver correndo e quase caindo inúmeras vezes pelo peso da mala, Buford se lembra da frase dita por Baljeet.

 “Você não imagina o quão feliz eu estou em estar de volta.”

 Buford sorri com o canto dos lábios involuntariamente. Você não imagina o quão feliz eu estou por você estar de volta.

(...)

 - Poderia trazer uma porção de arroz também? – Ferb pede ao garçom, que o olha com o mesmo olhar que qualquer um olharia para uma pessoa que acabou de pedir um hamburger x-tudo acompanhado de arroz.

 - Claro. – O atendente escreve o pedido inusitado em seu bloquinho de pedidos e questiona os outros clientes da mesa se querem algo a mais. Após todos negarem, ele se despede e sai.

 Isabella e Phineas riam da cena como dois idiotas.

 - Nunca vou me acostumar com você pedindo hamburger com arroz. – Isabella fala ainda rindo e Phineas tenta tampar a boca para parar de rir, mas não consegue e gargalha ainda mais.

 - Vocês viram a cara do homem? – Phineas pergunta entre risos. – Foi bem assim... – O ruivo arregala os olhos e junta as sobrancelhas. Ele ainda se esforça para fazer uma cara de nojo e espanto enquanto se controlava para não rir, o que apenas deixa a careta ainda mais cômica.

 Buford não se aguenta e acaba gargalhando alto, assim como Vanessa.

 - Não, não. – Vanessa fala sorrindo abertamente. – Foi assim... – Ela faz outra careta com a boca aberta em indignação, arrancando ainda mais gargalhadas daqueles na mesa.

 Ferb também ria, mas se força a parar e tenta forjar uma cara emburrada falando:

 - Meu irmão, minha cunhada, minha namorada e meus amigos. Todos contra mim, que ultrage!

 - Deixa de ser idiota! – Phineas fala jogando uma batata frita em seu irmão, acertando bem em seu nariz. Ferb fica indignado com o ato e joga a mesma batata em seu irmão de volta.

 Buford se distrai rindo da infantilidade dos dois e mal percebe a aproximação de Baljeet.

 - O que está acontecendo? - Ele pergunta rindo, sendo contagiado pelas risadas dos amigos, mas ainda um pouco perdido por ter ido ao banheiro no meio tempo em que os amigos começaram com as imitações.

 Assim que buscaram Baljeet no aeroporto, Isabella e Buford o levaram para um restaurante, onde os irmãos Fletcher e Vanessa já aguardavam. Depois de ficarem um tempo conversando sobre trivialidades, Irving e a namorada chegaram e também se acomodaram no grande sofá.

 As mesas do restaurante eram redondas e cadeiras não existiam. As mesas eram acompanhadas por um sofá preto em formato de meia lua com as pontas quase se encostando, tendo apenas espaço para as pessoas poderem entrar antes de se acomodarem, e para que os garçons pudessem entregar os pedidos com facilidade nas mesas. Era extremamente espaçoso e confortável, muito melhor do que cadeiras duras, e é claro, estar em um sofá dava a Buford uma oportunidade de deixar seu corpo mais próximo ao de Baljeet.

 - Ferb pediu arroz para o hamburger, como sempre. – Baljeet se senta a seu lado e dá uma gargalhada.

 - Se lembra de quando ele pediu para acrescentarem arroz no pedido do McDonald's? – Buford ri ao se lembrar da história.

 - A atendente ficou tão confusa e o Ferb ficou tão puto porquê ele não comeria arroz.

 - O ápice foi quando ele fez questão de ir até um restaurante, pedir apenas o arroz para ter a refeição completa. - Buford e Baljeet se olharam nos olhos e ficaram em silêncio por alguns segundos, até começarem a rir sem controle algum.

 - Não sei por qual motivo vocês acham tão estranho o meu arroz. – Ferb fala. – A metade de vocês come batata com milk-shake!

 - Mas batata com milk-shake é uma larica aceitável socialmente! – Buford fala rindo de Ferb ao ter seu argumento refutado.

 - Isso mesmo! Não fale da batata com milk-shake! – Irving ri entrando na brincadeira.

(...)

 Após todos terminarem de comer, o grupo decidiu permanecer mais um tempo no local, afinal o restaurante não estava muito cheio para que eles precisassem ceder o lugar para outras pessoas e também era um local muito confortável. Passaram cerca de apenas alguns minutos conversando em grupo quando Buford percebeu que os casais pararam de dar atenção para os demais na mesa e começaram a viverem em suas bolhas de romance.

 Aquilo não era novidade alguma para ele, passou quase o verão inteiro daquela forma. Ele agradecia que, pelo menos, dessa vez, eles estavam em um lugar público. Na última vez em que ele inventou de ir a uma festa com os três casais na casa de Irving, Ferb e Vanessa foram para o quarto de hospedes, Isabella e Phineas foram para o quarto dos pais de Irving e o anfitrião e a namorada foram para o quarto do ruivo. Buford, por sua vez, ficou na sala bebendo sozinho jogando um jogo no celular, até perceber que os amigos não sairiam dos quartos tão cedo e foi embora.

 Ele retirou o celular do bolso, abrindo no mesmo jogo que sempre jogava para se distrair nessas situações. Já estava no nível 196. Porém, ser ignorado pelos amigos não era o único motivo para querer jogar. Ele também não sabia o que conversar com Baljeet. Agora que só tinham um ao outro para se distraírem, não queria cometer o risco de ficar nervoso demais e acabar soltando um “Me beija, seu bosta”.

 O jogo lhe distraiu por alguns minutos, mas sempre que lembrava que Baljeet estava a seu lado, sua perna começava a bater no chão automaticamente pela ansiedade. Suas mãos estavam começando a suar novamente e isso o estava incomodando tremendamente.

 Quem esse merdinha pesava que era para causar essas coisas em si apenas estando a seu lado?

 Ele tentou novamente se concentrar no jogo, entretanto, algo chamou sua atenção. Alguém colocou a mão em sua coxa.

 Se lembram dos elefantes no estomago? Pois, é. Eles voltaram com tudo ao Buford perceber que quem estava com a mão em sua coxa era Baljeet.

 Buford não sabia o que fazer. Suas mãos começaram a tremer e seu coração passou a bater muito rápido. Por que a mão dele está aí?

 Enquanto Buford reunia forças para virar a cabeça para o lado e perguntar o que estava acontecendo, Baljeet aperta sua coxa no mesmo lugar onde sua mão já estava e aproxima seu rosto perto ao de Buford.

 - Ei... – Ele fala baixo perto de seu ouvido e Buford sente se arrepiar por inteiro com aquela voz. – Eles sempre fazem isso?

 O quê? Meus divertidamente entrando em pânico por você estar tão perto? Sim, eles sempre fazem isso!

 - O quê...? – Ele vira seu rosto devagar e o para ao perceber que estava a centímetros do roto de Baljeet.

 Estavam tão perto que Buford poderia sentir o cheiro delicioso de seu perfume. Não era um perfume leve e doce, mas sim um perfume amadeirado e um pouco mais forte. Os olhos de Buford percorrem o rosto de Baljeet. Ele admirou as pintinhas em sua bochecha, elas eram tão clarinhas que só eram perceptíveis de perto. Os olhos castanho-escuros eram sua perdição. Ele se sentia afundando em um enorme mar, não conseguindo voltar para cima e desistindo de nadar. Ele se sentia preso naquele olhar, preso a aquele desejo de que Baljeet fosse preso a ele tanto quanto ele era preso a Baljeet.

[There are no words left to speak
But if you feel like I feel
Please let me know that it's real]
_______________________

[Não restam palavras para falar
Então se você sente como me sinto
Por favor, deixe-me saber que isso é real]

 Seus olhos descem até a boca do garoto a sua frente. Ela estava entreaberta. Parecia tão convidativa. Buford precisava beijá-lo, precisava beijá-lo ali e naquele momento.

 Sua mão formigava pela vontade que Buford sentia de usá-la para puxar a nuca de Baljeet e dar um maldito fim a aquela distância torturante. Os lábios de Baljeet se mexiam. Ele falava algo, mas Buford não conseguia assimilar as palavras corretamente com a respiração de Baljeet tão perto de si. 

 Buford levantou sua mão alguns centímetros acima sofá, onde ela anteriormente repousava. Ele queria tocar Baljeet. Precisava tocá-lo. Ele precisava de Baljeet.

 Sua atenção foi desviada quando Baljeet tocou seu ombro e pronunciou seu nome em um tom de voz mais alto dessa vez.

 - Buford? – Suas sobrancelhas se curvam em confusão. – Você está bem? Seu rosto está muito vermelho.

 Buford recobra sua consciência e abaixa rapidamente a mão para de volta ao sofá e ajeita a postura, se afastando apenas um pouco de Baljeet.

 - Sim, estou bem! – Ele responde mais rápido do que gostaria. – É que está calor aqui dentro. Estou morrendo de calor. – Ele fala puxando a gola de sua blusa para frente algumas vezes, como se estivesse se abanado.

 -  Calor? Aqui está um gelo! – Baljeet exclama. – A cidade em que eu estava era terrível de quente, faziam 40°C em alguns dias. – Ele fala horrorizado. – Quando escolhi quais roupas usaria para voltar, esqueci de pesquisar que temperatura estava aqui. Estou morrendo de frio! – Ele abraça o próprio corpo em uma tentativa de se esquentar. – Reparei que muitas pessoas no aeroporto estavam com roupas leves. Deviam estar voltando de algum lugar quente também. Notei a diferença de temperatura assim que cheguei e me arrependo de não ter levado comigo nenhuma blusa de frio.

 - É mesmo? – Buford pergunta ainda com um pouco de nervosismo em sua fala. – Usa a minha. – Ele começa a retirar a blusa de frio preta que usa. – Estou morrendo de calor, não vou usar ela. – Ele a entrega para Baljeet, que ainda o olhava confuso.

 - Tem certeza? Logo, logo você vai começar a sentir frio.

 - Não se preocupe! Eu também estou usando essa blusa -, ele aponta para a blusa preta de tecido fino e de mangas longas que usava, - não tem problema algum.

 Baljeet sorri e agradece, começando a vestir a blusa. Ela era muito maior do que ele, e quanto o garoto fechou o zíper, ficou ainda mais evidente. Buford já usava números grandes em suas roupas, por ser alto, e como sempre preferiu usar roupas mais largas, os números eram ainda maiores. Aquela blusa em específico era a maior que ele tinha, ficava grande até mesmo nele, em Baljeet então – que mesmo sendo alto, não era tão quanto Buford – a blusa ficava enorme.

 - O que perguntou antes? – Buford indaga, tentando tirar de sua mente que quase cedeu aos desejos e chegou perto demais de beijar Baljeet dessa vez.

 - Ah! Perguntei se eles sempre fazem isso quando estão juntos. – Ele fala um pouco mais baixo e aponta para os casais.

 Buford suspira e revira os olhos.

 - Todas as vezes. – Ele responde. – É ainda pior quando estão em um lugar mais privado. Acredite, eles estão se contendo!

 Baljeet ri de nervoso pela fala do outro. Era realmente desconfortável estar em um local com tantos casais sendo tão melosos daquele jeito.

 - Eu sei que eu sempre te digo isso, mas você é tão linda que eu nunca me canso de te olhar. – Ferb fala olhando para Vanessa, que ri passando a mão nos cabelos da nuca de Ferb.

 - A cada dia que passa, eu acho que me apaixono mais por você. – Ela responde arrancando um riso bobo do garoto de cabelos verdes.

 - Eu acho que vou vomitar. – Buford murmura, mas Baljeet escuta.

 - Não antes do que eu. – O indiano comenta e ambos dão uma risadinha.

 - Eu amei as flores que você me mandou essa manhã, amor. – A garota loira sorria enquanto acariciava as mãos de Irving.

 - Eu amo te presentar, querida.

 - O que ele é? – Baljeet pergunta sussurrando. – O namorado dela, ou o Sugar Daddy?

 Buford arregala os olhos pela fala de Baljeet e pressiona os lábios na tentativa de não rir alto demais e chamar a atenção dos casais.

 - Porra, Baljeet! Não diga uma coisa dessas quando eu não posso rir.

 - Eu estou falando sério! – Baljeet dá uma risadinha. – Eu adoro o Irving. Mas não vejo motivo algum para essa garota estar com ele a tanto tempo!

 - Tem razão, ele é muito nerd!

 - Ei! Eu, Phineas e Ferb também somos nerds. – Baljeet ri dando um empurrão fraco no ombro de Buford.

 - Não leve para o pessoal! – Buford ri. – Vocês são nerds, mas não como Irving. Ferb é extremamente estiloso e todo charmoso quando vai conquistar alguém. Phineas é uma das pessoas mais engraçadas que eu conheço e tem ótimos gostos dentro da cultura pop. Isso chama a atenção das garotas! E você consegue ser tudo isso e ainda é bonito! – Buford fala e, ao perceber que deixou mais do que claro que achava Baljeet bonito, ele rapidamente tenta falar outra coisa. – Irving pelo contrario é baixinho, o que não seria tão ruim se a cara dele não fosse tão feia que parecesse estar bagunçada! – Baljeet quase tem uma crise de risos ao ouvir Buford insinuar que Irving tinha uma cara “bagunçada”. Percebendo que sua intenção deu certo, Buford se esforça para o fazer rir mais. – Ser feio e baixinho não é tão ruim quando sua personalidade é cativante. Mas ele consegue ser mimado, insistente demais e inconveniente até mandar parar. Lembra quando ele seguia Ferb e Phineas por todos os lugares alegando que era fã deles e que eles tinham o dever de serem seus melhores amigos?

 - Eu vou morrer! – O garoto fala enfiando seu rosto dentro da blusa de frio, se esforçando ao máximo para não rir de uma forma escandalosa. – Será que ele paga para que ela saia com ele?

 - Eu juro que me pergunto isso todas as vezes que vejo eles juntos!

 Eles começam a rir juntos baixinho. O clima entre eles estava leve. Buford adorava esses momentos. Ele e Baljeet falando um monte de merda sem nenhuma consequência. Era ótimo. Não por estarem falando mal de alguém. Era ótimo por ele estar fazendo aquilo com Baljeet. Vendo o sorriso de Baljeet, sendo o motivo da risada de Baljeet.  

 - Por que andamos com ele? – Bufard se pergunta em voz alta.

 - No final ele é um bom amigo. – Baljeet suspira. – Um saco de pessoa, mas um bom amigo.

 Baljeet estava se sentindo desconfortável no sofá. Ele era grande e confortável, mas não o suficiente para que oito pessoas se sentassem com um bom espaço entre elas. Seu espaço já era pequeno, mas quando voltou do banheiro, os amigos pareceram ocupar cada um mais um pouco, o deixando apertado demais.

 Buford era o pior deles. O mais velho sempre se sentava abrindo as pernas e ocupando quanto espaço pudesse, nesse momento mesmo, o garoto tinha espaço para deitar no banco se quisesse. Baljeet se irrita após tentar se ajeitar e quase cair pela terceira vez.

 - Ei, fecha essas pernas. – O garoto pede para Buford, que o olha com um olhar provocativo.

 - Como?

 - Senta que nem mocinha, idiota!

 - Hahaha! Com essa educação, não mesmo.

 - Oh, perdão, senhor puritano. – Baljeet fala usando sarcasmo. – Poderia, por obsequio, fechar suas belas pernas, para que eu não caia, e me espatife no chão, que nem uma jaca mole?

 Buford não pode se conter e ri sem limites, contagiando Baljeet a rir também.

 - Eu tenho pernas bonitas? – Ele pergunta ainda provocando o garoto. Buford amava cada expressão que Baljeet fazia, mas a “irritada” tinha um espaço maior em seu coração.

 - Não, elas são horrorosas. Parecem perninhas de frango. Só elogiei para massagear o ego de vossa alteza. – Baljeet fala devolvendo o tom de provocação.

 - Ah, é mesmo? – Buford abre ainda mais as pernas, fazendo com que Baljeet se desequilibrasse e quase caísse no chão. – Oh, perdão!

 Baljeet se irrita e já cansado daquela discussão infantil, ele ocorre a outra solução. Se virando um pouco de lado, ele passa ambas as pernas entre as de Buford, ainda deixando o corpo sentado no sofá, mas dessa vez, utilizando menos espaço. Ele passa seu braço esquerdo pelos ombros do outro e apoia seu corpo ali.

 - Se eu cair, te arrasto comigo.

 Buford não podia estar mais surpreso.

 Baljeet sempre foi uma pessoa que não se importava com contato físico. Sempre andava abraçado e de mãos dadas com varias pessoas, abraçava sempre que podia e sempre que tinha a oportunidade estava praticamente deitado no colo de alguém. Era daquela forma que ele demonstrava se sentir confortável perto de alguém. Ele fazia isso com Buford, em algumas ocasiões, e o mesmo sempre se sentia especial quando isso acontecia, mas não o deixava menos nervoso.

 - Idiota! – Buford quase gagueja e pode jurar que seu rosto estava vermelho naquele momento. Ele só esperava que Baljeet não notasse.

 A posição em que Baljeet estava era desvantajosa, pois, se ele caísse, cairia de costas e cabeça no chão. Seria perigoso, caso ocorresse, e por esse motivo -somente esse motivo, Buford passou o braço esquerdo por trás do corpo de Baljeet, para lhe dar apoio e segurança. 

 O mais novo sorri e ambos acabam entrando em uma discussão iniciada por Baljeet sobre o que veganos comeriam, caso virassem zumbis.

 - Somente humanos, é obvio! – Baljeet fala. – Veganos desejam proteger os animais pelo sofrimento que outros humanos os fizeram passar. O ódio por outros humanos seria maior do que qualquer outra coisa.

 - Sua teoria é válida. – Buford fala. – Mas e quando os humanos forem extintos? O desejo irracional por carne vai ser maior do que qualquer filosofia de vida.

 - Minha mãe é vegana. Garanto a você que ela comeria outro zumbi antes de comer uma vaca.

 Ambos riem e iniciam outras discussões inusitadas e triviais para passarem o tempo. Estavam tão confortáveis ali que até se esqueceram de qualquer um ao redor. Eles criaram a sua própria bolha. A bolha das velas em encontros. Apenas uma coisa conseguiu ser irritante o suficiente para distrair os dois ao mesmo tempo: barulho de beijos.

 Isabella e Phineas começaram a se beijar. No meio do restaurante. Na frente de outras seis pessoas.

 - Esse é o limite pra mim. – Buford fala. – Quero ir pra casa.

 - Me leva com você. – Baljeet fala olhando com nojo para o casal.

 Buford olha para Baljeet perguntando em silêncio se ele realmente queria fazer aquilo.

 - Me tira daqui. Agora!

 Buford entende a clara confirmação e ambos se levantam para saírem do estabelecimento. Os amigos na mesa nem repararam na rápida movimentação dos dois, e Buford e Baljeet não viram motivos para chamarem a atenção dos amigos e se despedirem.

 Antes de saírem pela porta, eles pagaram seus pedidos a parte e deixaram o resto da conta para os amigos pagarem seus respectivos pedidos. Buford não via motivos para eles pagarem, deveriam deixar toda a conta para que os seis se virassem. Seria uma ótima punição por sempre o deixarem falando sozinho. Baljeet se sentiu tentado a fazer isso, mas sua moral falou mais alto e ele convenceu Buford a também pagar sua parte da conta.

 Quando já estavam do lado de fora, Buford se arrepende de ter dado sua blusa de frio para Baljeet. Ele não estava com calor antes, apenas deu a blusa para deixar o assunto que “estava vermelho” de lado. Dentro do restaurante não estava tão frio, logo ele conseguiu aguentar tranquilamente, mas fora do restaurante era outra conversa. Porém, é claro que ele não pediria para que Baljeet o devolvesse sua blusa, para que agora ele próprio sentisse frio. A casa de Buford era perto, ele poderia aguentar até chegar lá. Mas tinha a situação de que Baljeet estava com ele.

 - Quer que eu te leve até a sua casa? – Buford pergunta. Era alguns quarteirões acima de sua casa, ele sentiria muito frio se fosse com o garoto e depois voltasse sozinho. Mas deixar que Baljeet fizesse todo o caminho sozinho também não era uma opção.

 - Não. – Baljeet responde e Buford estava prestes a argumentar que iria sim com ele. – Me leva pra sua casa. Está muito frio e tarde demais para andarmos tanto tempo. Não quero ser assaltado.

 Buford poderia implicar com o amigo, dizendo que ele estava se auto convidando para a casa dele. Isso, claro, se Buford tivesse mais de dois neurônios para raciocinar depois dessa afirmação. Baljeet estaria em sua casa.

 - M-mas e suas roupas? – Buford pergunta um pouco sem jeito a primeira coisa que passou pela sua cabeça. – Estão no carro da Isabella. Quer voltar lá dentro e pedir a chave do carro?

 - Nem fodendo! – Eram raras as vezes em que Baljeet falava palavrão. E em cada uma dessas ocasiões, Buford ficava todo abobado e orgulhoso. Aquilo era influência sua. – Se voltarmos é perigoso nunca mais sairmos de lá e acabarmos presenciando um pedido de casamento. – Baljeet ri. – Posso dormir uma noite com essas roupas mesmo. Vai ser desconfortável, mas vai servir.

 Buford concorda em silêncio. Estava nervoso demais para dizer algo.

 E assim eles partiram para a casa de Buford. O mais alto mentalizava em sua cabeça que eles apenas chegariam até sua residência e dormiriam. Mal sabia ele que aquela noite estava longe de acabar.

 ��️‍�� Continua...��️‍��

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